31.7.04

Definindo o "mulherio" (2)

Comprovando o seu bom gosto, este era um dos temas favoritos de Mencken. Algumas reflexões:

Misogynist: A man who hates women as much as women hate one another.

Bachelors know more about women than married men; if they didn't they'd be married too.

No matter how happily a woman may be married, it always pleases her to discover that there is a nice man who wishes that she were not.

Leitura recomendada: In Defense of Women.

Camaleão robotizado?

Vicente Jorge Silva sobre José Sócrates:

Sócrates é um camaleão do oportunismo político, que pesca à direita os apoios do aparelho do PS e à esquerda a caução ideológica junto de figuras tão improváveis como Sérgio Sousa Pinto e António Reis.

Prefiro mil vezes o romantismo «démodé» mas genuíno de Alegre ao novo-riquismo «modernista» e empertigado de Sócrates. Mesmo quando nos irrita com os seus ares de aristocrata «blasé» e eterno diletante da política, Alegre tem uma espessura como personagem que o distingue da inconsistência robotizada de Sócrates (a sua recente entrevista à revista do «Expresso» é, a esse respeito, exemplar).

Definindo o "mulherio"

ALEXANDRE DUMAS - "Säo as mulheres que nos inspiram para as grandes coisas que elas próprias nos impedem de realizar"

AMBROSE BIERCE 1 - "As mulheres seriam muito mais atraentes se pudessemos cair nos seus braços, näo nas suas mäos"

AMBROSE BIERCE 2 - "Dá-se melhor com as mulheres aquele que se dá bem sem elas"

ANATOLE FRANCE - "Eterna insatisfeita: se outras mulheres gostam do seu homem, ela sente-se insegura; mas se as outras o desprezam, ela sente-se infeliz"

ANTOINE DE RIVAROL - "A amizade entre duas mulheres significa apenas uma suspensäo temporária das hostilidades"

CHARLIE CHAPLIN - "Amo as mulheres, mas näo as admiro"

DOUGLAS AINSLIE - "Näo confies nas mulheres. Uma delas pode estar a ser sincera contigo"

FRAN LEBOWITZ - "Mulheres que f.... à primeira säo p...; as que näo procedem assim säo puras. Que maneira antiquada de ver as coisas. Se te cruzares com uma mulher que näo vá logo para a cama contigo, isso näo significa que ela seja bota-de-elástico. É bem provável que seja lésbica"

FRIEDRICH NIETZSCHE - "A mulher foi o segundo erro de Deus"

GEORGE JEAN NATHAN - "O que se designa por intuiçäo feminina é simplesmente a transparência masculina"

GEORGE MEREDITH - "As mulheres seräo a última coisa que o homem conseguirá civilizar"

GLORIA STEINEM - "Uma mulher sem um homem é como um peixe sem uma bicicleta"

H. L. MENCKEN - "Só há uma coisa na qual homens e mulheres concordam: nenhum dos dois confia em mulheres" (foi o que se pôde arranjar, AAA...)

JAMES THURBER - "Odeio mulheres, porque elas sabem sempre onde estäo as coisas"

LAWRENCE J. PETER (o do princípio do dito) - "A maioria das hierarquias foi estabelecida por homens que monopolizaram os escalöes superiores, privando assim as mulheres da sua justa fatia de oportunidades para mostrar a sua incompetência"

LUÍS XIV - "É mais fácil reconciliar a Europa inteira do que duas mulheres"

MARLENE DIETRICH - "Muitas mulheres näo sossegam enquanto näo mudam o seu homem. E quando finalmente o conseguem, ele perde a graça"

MIGUEL CERVANTES - "Entre o sim e o näo de uma mulher, eu näo me atreveria a espetar um alfinete"

NELSON RODRIGUES - "Todas as mulheres deviam ter 14 anos" (a pedofilia, esse conceito entäo desconhecido...)

OSCAR WILDE 1 - "A única maneira de um homem se comportar com uma mulher é fazer amor com ela, se for bonita, ou com outra, se for feia"

OSCAR WILDE 2 - "Um homem pode ser perfeitamente feliz com qualquer mulher, desde que näo viva com ela"

OSCAR WILDE 3 - "Nunca confies numa mulher que diz a sua verdadeira idade. Uma mulher que diz isso é capaz de dizer qualquer coisa"

OSCAR WILDE 4 - "As mulheres amam-nos pelos nossos defeitos. Se os tivermos em grande quantidade, elas perdoar-nos-äo tudo, inclusivamente os nossos enormes intelectos"

OSCAR WILDE 5 - "A história das mulheres é a história da pior forma de tirania que o mundo já conheceu: a tirania do fraco sobre o forte. É a única tirania que consegue durar.

PABLO PICASSO - "Só há duas espécies de mulheres: deusas e capachos"

SAMUEL JOHNSON - "A natureza já deu tanto poder à mulher, que a lei näo se pode dar ao luxo de atribuir-lhe ainda mais poder"

STANISLAW PONTE PRETA - "A mulher ideal é sempre a dos outros"

W. C. FIELDS - "Nunca tentes impressionar muito uma mulher. Se fizeres isso, ela esperará que mantenhas esse elevado padräo pelo resto da vida.

LR 1 - "As mulheres jamais dominaräo o mundo! Nenhuma aceita ser comandada por outra" (Bibliografia: Rivarol, Luís XIV e Mencken)

LR 2 - "Tal como o dinheiro, mais vale tê-las que havê-las"

Definindo o Dinheiro (2)

Correspondendo, espero eu, à confiança que em mim foi depositada pelo LR, aqui ficam mais algumas sábias palavras de H. L. Mencken:

The chief value of money lies in the fact that one lives in a world in which it is overestimated.

MOITA CARRASCO

A missiva de Moita Flores publicada no Independente de ontem, dirigida ao patriota deputado europeu António Costa certamente vai ter desenvolvimentos divertidos.
Lá vou ter que comprar o jornal em férias.
No século XIX, uma carta como aquela daria azo, no mínimo, a duelos de espada ou pistola. Hoje em dia dá direito a uns processozitos nos tribunais que se arrastarão até às calendas gregas.

A NÃO PERDER

As referências e links do CN a propósito da grande mentira que foram os massacres no Kosovo em 1998/99 e as razões para a invasão.

Recorde-se a esse propósito, os partidos do bloco central estiveram de acordo na violação da lei internacional e da Constituição da República, atitude com a qual o PR Jorge Sampaio foi não apenas conivente, mas mesmo apoiante entusiasta: a de envolver tropas portuguesas num ataque militar a um país soberano, sem mandato de quem quer que fosse, sem autorização da AR, sem nada. Pura e simples pirataria e ocupação selvagem.

Passados estes anos os resultados são "animadores": continua tudo na mesma, ninguém se entende, ninguém sabe o que fazer daquela colónia. Prosseguem as acções terroristas, as expulsões, os refugiados, a limpeza étnica. Sob observação cuidadosa e no terreno das tropas da Nato.

Momento de cultura educacional

Já há um membro do governo com um direito a dedicatória de um poema.

Saramago recorda os seus bons velhos tempos de comissário político no Diário de Notícias

Saramago questiona independência do jornalismo

Kerry parte com vantagem

A campanha de John Kerry está a correr bem. Kerry tem boa imprensa e muitos apoios. Em Portugal já ganhou. Já só lhe faltam 50 estados.

Já limpou o seu hectare?

Toda a gente diz que a "floresta" portuguesa precisa é de limpeza. Ora, Portugal tem cerca de 3,2 milhões de hectares de "floresta". Cada trabalhador português no activo terá que roçar o mato e retirar os ramos secos de uma área correspondente a 1 campo de futebol todos os anos, ano após ano, e à mão porque as máquinas não entram pelo meio das árvores. Muitos terão que trabalhar em terrenos montanhosos, sem acessos e a quilómetros da cidade mais próxima. Os fumadores terão que se abster por razões óbvias. Bom trabalho!

Será isto o populismo?

Governo promete nova lei das rendas para Setembro.

30.7.04

SOMOS TODOS MONÁRQUICOS



Os índices de popularidade dos políticos portugueses - os de agora e os de sempre - revelam sem excepção uma regra de ouro da política nacional: o Chefe de Estado, o Presidente da República, recolhe enormes percentagens de simpatia e admiração, destacando-se a léguas percentuais dos líderes partidários e das outras personagens políticas consideradas relevantes.
Esta regra, quase um princípio, aplica-se em relação a todos eles que, sem excepção, antes de terem ascendido à reforma presidencial tinham estado na política activa sem brilho nem proveito, onde provocavam a animosidade ou a indiferença da populaça: Soares abandonou sempre os governos a que presidiu em estado de desgraça, Sampaio não deixou saudades na liderança do PS e muito menos na Câmara Municipal de Lisboa, de onde saíu com uma cidade em declínio vertiginoso, e a Eanes, um obscuro militar de carreira, bastou passear-se mudo e quedo, com cara de poucos amigos, em cima de uma camioneta, para grangear a simpatia e o respeito do bom povo anónimo. Spínola, militar derrotado na Guiné, foi recebido no 25 de Abril como um César triunfante, Costa Gomes conseguia fazer-se respeitar e, indo um pouco mais atrás, embora não variando muito no estilo, até o venerando Almirante Américo Thomaz, que se deixava fotografar a jogar à bola com o netinho, era tido como um «tipo catita» de quem o Doutor Salazar abusava.
Poderá perguntar-se a que razão se deve tanto amor patriótico, quase filial, por semelhantes personagens. Será por obras e actos, por desempenhos e missões, por talentos subitamente revelados, pelo dom da oratória com que eventualmente encantam os súbditos, como o flautista de Hamlin, com as suas notas sublimes, fascinava a rataria? Ou até por relevantes trabalhos dedicados às letras ou às artes, ou por uma abnegada caridade cristã? Não, nada disso se pode encontrar em nenhuma destas vetustas e circunspectas personagens, à excepção provavel do Dr. Soares, mais efusivo, mas que, até ele, ficou irreconhecível durante o seu primeiro mandato de tão pacato que andava.
A verdade é outra: o povo português sempre estimou colocar-se debaixo da alçada paterna, sob a asa protectora de alguém «poderoso», «muito poderoso», que lhe oriente a vida. À falta de melhor, não podendo confiar nos políticos (na gente dos partidos e do governo, entenda-se), as figuras cinzentas, pardacentas e politicamente inócuas que se sentam no cadeirão de Belém, servem à medida. O ar grave de que se revestem ao assumirem funções, agrada, anima e dá esperança. Ao ponto dos mais desvalidos, como outrora se fazia às raínhas, escreverem longas cartas lacrimosas e penitentes às «primeiras damas», cuja «classe» é exaltada com respeito e veneração.
Na verdade, somos um país de monárquicos. E de parolos, também.

Definindo o Dinheiro

ALBERT CAMUS - "Só mesmo um grande snobismo faz com que as pessoas acreditem que podem ser felizes sem dinheiro"

ARISTÓTELES ONASSIS - "Algo que deve ser muito desagradável näo ter"

DOROTHY PARKER - "O dinheiro pode näo comprar a saúde, mas eu contentar-me-ia com uma cadeira de rodas cravejada de diamantes"

JEAN JACQUES ROUSSEAU - "Dinheiro atrai dinheiro. O primeiro franco é, às vezes, mais difícel de ganhar do que o primeiro milhäo"

LEE IACOCCA - "Na Chrysler, ainda fazemos empréstimos à moda antiga: nós pagamo-los"

MARGARET THATCHER - "Ninguém se lembraria do Bom Samaritano se ele tivesse apenas boas intençöes. Mas ele tinha dinheiro também"

OSCAR WILDE - "As únicas pessoas que pensam mais em dinheiro do que os ricos säo, naturalmente, os pobres"

VOLTAIRE - "Tratando-se de dinheiro, todos pertencem à mesma religiäo"

W. SOMERSET MAUGHAM - "O dinheiro é um sexto sentido, sem o qual näo se pode fazer uso completo dos outros cinco".

Enfim, o dinheiro näo é tudo e, muitas vezes, nem sequer é suficiente. Em suma, mais vale tê-lo que havê-lo...

P.S.: AAA, näo encontrei nenhuma citaçäo do Mencken. Mas confio em ti...

O ESTADO NÃO "SOMOS" TODOS NÓS

Não estou de acordo com o pressuposto de onde parte o João Miranda: processar o Estado não é o mesmo que actuar judicialmente contra o contribuinte ou contra o administrado.

O Estado contra quem se interpõe um processo é a máquina (infernal) administrativa que actua pessimamente e que merece todos os castigos e pragas bíblicas - e cuja vítima principal é, aliás, o próprio cidadão.

A faculdade de recurso aos Tribunais contra os actos e omissões da Administração enquanto direito fundamental análogo (CRP, art. 268º, nº 4 e nº 5) constitui um dos maiores avanços da ciência jurídica desde sempre e, actualmente, inscreve-se no núcleo duro do conceito de Estado de direito.

Quando o cidadão faz pagar o Estado pelos erros e ilegalidades que este comete - "pagar" no sentido específico do termo, que é aquele que mais lhe faz doer - é a comunidade no seu todo que fica a ganhar, são os direitos e interesses dos administrados que alcançam a maior salvaguarda possível.

Perdida a esperança de que qualquer reforma da Administração possa vir a ser feita nesta III República - desenganem-se os que ainda permanecem no idílico estado de crença - o único modo desta se poder "emendar" dos seus tiques de prepotência, das suas atitudes de desdém pelos cidadãos, da sua bandalheira incorrigível e generalizada, é através da acção dos Tribunais: repito, fazendo-a pagar por isso.

Se existissem juízes com coragem e sentido liberal de cidadania (que é o único relevante).

O QUE É PENA....

 "Alberto João Jardim Diz Não a Uma Candidatura a Presidente da República"

Advogado processa contribuintes

José Sá Fernandes quer processar Estado

O advogado José Sà Fernandes diz que vai pôr o Estado português em tribunal por causa da vaga de incêndios. Sá Fernandes acusa o Estado de falta de prevenção, falta de ordenamento do território e irresponsabilidade.


Pelo que percebi, Sá Fernandes quer que o estado pague uma indemnização. Esta indeminização reverterá para um fundo que será gerido pelas organizações ambientalistas.

Os contribuintes, que pagaram ao estado as despesas com o combate aos incêndios, em vez de, por incumprimento das obrigações do estado, receberem o dinheiro de volta, ainda vão ter que pagar a indemnização aos ambientalistas.

29.7.04

Paz Perpétua e Liberalismo

FJV comenta os textos de CN sobre o Sudão: HAVERÁ UMA SOLUÇÃO LIBERAL PARA A PAZ PERPÉTUA?

FÉRIAS DO MP

Rogério, cidadão brasileiro, jogador profissional de futebol, obteve ontem uma decisão judicial no seu país que confirmou que era uma jogador "livre" podendo transferir-se do actual clube para outro qualquer.
Hoje, Rogério, viajou para Portugal.

O guarda do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras pousou o jornal "A Bola" quando chegaram os passageiros, olhou para o passaporte, viu o visto, não fez perguntas e disse educadamente: "Bem vindo a Portugal. Tenha uma boa estadia".

Rogério, saiu da sala de desembarque com as suas malas, acompanhado pelo seu empresário e prontamente começou a responder a perguntas de numerosos jornalistas a propósito da anunciada assinatura de contrato como jogador de futebol do Sporting dentro de horas.

A lei portuguesa diz que para o ano de 2004 apenas podem entrar legalmente no país 20 mil cidadãos estrangeiros. Que o IEFP fixará cotas de acordo com as reais necessidades de recursos humanos do país. Que quem quiser contratar um cidadão estrangeiro terá que registar uma oferta de emprego no IEFP e apenas quando tiver a resposta da não existência de alguém com o perfil desejado, é que poderá enviar a chamada "carta de chamada" ou promessa de contrato de trabalho. A lei acrescenta que o cidadão estrangeiro, munido de tal documento deverá solicitar um visto de trabalho no consulado português mais próximo e apresentar tal documento à chegada a Portugal.
Quem pretender entrar em Portugal com visto de turista, mas se suspeite, se prove ou declare que vem para trabalhar é imediatamente expulso. Quem proferir falsas afirmações pode ser acusado criminalmente. Tudo isso está na lei. Tudo isso é diariamente aplicado (infeliz e injustamente), a numerosos cidadãos dos mais diversos países.

Rogério apresentou visto de trabalho?
Rogério declarou  que vinha trabalhar ou que vinha em turismo?

Também hoje parece que chega ou chegou um outro trabalhador estrangeiro, de nacionalidade brasileira (acho, não importa), chamado Diego e que se afirma irá representar o FCP.
E um outro, norueguês, para o Benfica. E certamente muitos outros vieram nas últimas semanas e virão ainda nas próximas. Basta ler os jornais desportivos.
 
Ah, esqueci-me. O Ministério Público não lê jornais desportivos. E está de férias.

O ódio da esquerda internacionalista a Bush

Leitura recomendada: O ódio da esquerda internacionalista a Bush, por FCG.

Hayek Links

Actualização do Hayek Links (via Intermitente).

O Universo é muito grande

Uma perspectiva alternativa (por exemplo, às que vêm sendo expressas aqui, aqui e aqui) sobre a hipótese de uma intervenção militar externa no Sudão, cuja leitura recomendo: O Universo é muito grande, por CN.

Liberalismo científico

A venerável Grande Loja explica (?) porque razão eu e o João Miranda devemos ser considerados neo-marxistas de direita.

Não obstante o meu respeito pelas opiniões expressas na venerável Loja (com a qual, aliás, não raras vezes me encontro do mesmo lado), relativamente a esta matéria específica confesso que considero mais estimulantes as ocasionais labaredas do nosso estimado Dragão do que o ponto de vista dos pragmáticos, cujo inescapável destino o arguto Lord Keynes bem explicou...

Afinal já ardeu mais este ano...

...do que no ano passado. Incrível! Bastou uma semaninha de calor para que os meses de Junho/Julho de 2004 fossem piores do que os de 2003. São ainda os efeitos da dupla de clowns, Figueiredo Lopes / Amílcar Theias a fazerem-se sentir.

P.S. Não tenho grandes expectativas acerca da qualidade do novo primeiro-ministro, mas devo reconhecer que o actual Governo só fica a ganhar quando nos lembramos de algumas abéculas que estavam no anterior, como os dois que citei (entre tantos outros). Mesmo com a entrada do rapaz do corrector ortográfico e tudo...

O paradoxo da falta de meios

Em Portugal, como na Catalunha ou na Califórnia, as "florestas" ardem cada vez mais, apesar de os meios de combate aos incêndios estarem a aumentar. Estranho?

Nem tanto. O fogo é influenciado essencialmente de 3 factores: biomassa acumulada, ambiente (temperatura/humidade) e ignição (causas humanas e naturais). Os meios disponíveis não afectam nem os factores ambientais nem a ignição. Afectam, isso sim, a biomassa acumulada. Quanto mais bem sucedido for o combate aos incêndios, mais biomassa se acumula no terreno.

Numa região com poucos meios para o combate aos fogos, a paisagem tenderá para a representada na figura 1. As zonas mais escuras são zonas que acumularam grandes quantidades de biomassa, as zonas mais claras são zonas com pequenas quantidades de biomassa.


Figura 1

Os fogos podem ocorrer em qualquer parte da paisagem, mas só se propagam nas zonas com mais biomassa. Nas zonas com menos biomassa, os fogos são controláveis com os poucos meios que existem. Os fogos nunca se propagam de umas zonas com grande quantidade de biomassa para outras porque as zonas com pequena quantidade de biomassa funcionam como uma barreira à propagação de incêndios.

Se os meios aumentarem de um momento para o outro, os incêndios incontroláveis diminuem. Mas isso só acontece numa fase inicial. A médio prazo, os incêndios incontroláveis voltam a aumentar porque a quantidade de biomassa acumulada também aumenta. Como todas as áreas passaram a ter elevadas quantidades de biomassa, os incêndios tendem a atingir áreas maiores porque deixaram de existir áreas tampão.


Figura 2

Como o estado tende sempre a financiar a replantação, as áreas ardidas são reflorestadas imediatamente e em simultâneo. Desta forma, o estado contribui para a formação de uma grande área contínua com a mesma idade que estará pronta para arder toda ao mesmo tempo. Deixam de existir zonas tampão, as áreas ardidas são cada vez maiores (figura 2) e são necessários mais meios porque os meios têm que ser proporcionais ao perímetros dos incêndios.

Constituição Europeia

A Espanha decidiu fazer um referendo. A pergunta que vai ser colocada aos espanhóis em Fevereiro do próximo ano é a seguinte:
"Aprova o tratado pelo qual se institui uma Constituição para a União Europeia?"
Aparentemente, a questão não podia ser mais simples. Em Portugal, se algum dia referendo idêntico vier a ser feito, tal pergunta seria inconstitucional. Em contrapartida, a percentagem de espanhóis que conhece o texto do Tratado não deve ser muito superior à de portugueses nas mesmas circunstâncias.

ADSL e Concorrência.

Segundo a notícia do Público de ontém, 28 de Julho, Secção Economia (sem link), há mais um operador de ADSL a sair do mercado.
Aparentemente, a PT que detém as "infraestruturas" tem tido um comportamento que leva, pura e simplesmente, á eliminação de concorrência, reforçando a sua posição dominante. Estaremos, ao que parece, perante uma situação dita de "monopólio natural".

Não interessa, agora, desenvolver o enquadramento jurídico e económico do que se passa. Interessa, sim, (melhor, interessaria, pois até agora, que tenha notado, tem reinado o silêncio!) saber o que pensa a nossa Autoridade da Concorrência sobre o assunto.

Se está em causa, no fundo, a totalidade do mercado relevante português, então haverá também dimensão comunitária e a eventual aplicação do Direito da União Europeia (independentemente do Direito Português), pelo que, à luz do novo regime de aplicação das regras de defesa da concorrência do Tratado CE (Reg. nº 1/2003), tanto poderão intervir as autoridades (assim como, os tribunais) nacionais, como, paralelamente, a própria Comissão Europeia.

Ora, eu sei que a Autoridade da Concorrência ainda deverá estar numa fase de adaptação, pós-instalação...porém, depois da sua espécie de "desaparecimento em combate" no caso do preço dos combustíveis, importará, numa situação (no mínimo) duvidosa como esta, notar a sua presença - nem que seja unicamente para esclarecer o mercado!

PS - a propósito, os utentes do serviços da ADSL, em Portugal (cada vez mais, directa e indirectamente, através e dependentes da PT), parece, à primeira vista, que pagam cerca de 2 vezes mais (em igualdade de circunstâncias) do que em alguns outros Estados europeus que nos são próximos! Isto é, até agora, uma mera conclusão empírica, obtida através da publicidade feita por alguns (dos vários) operadores de França e U.K..

Será mesmo assim? Se for - como julgo que é - aqui temos um dos primeiros efeitos da falta de concorrência....



Oh, the irony!

Banned In Boston! The Ann Coulter Column Too Hot for USA Today:

HUMAN EVENTS has learned that conservative columnist Jonah Goldberg of National Review will be Ann Coulter's replacement for the USA Today convention commentary and has confirmed that Michael Moore will provide liberal commentary during the GOP Convention.

As portagens anunciadas

Contou-me um amigo que, há dias, quando se dirigia do Porto para Viana na IC1, antes de chegar à estação de serviço da Galp imediatamente antes da saída para Viana, avistou um carro da Brigada de Trânsito da GNR. Um dos soldados fez-lhe sinal de paragem. Como a estação de serviço era mesmo ali, o meu amigo entrou lá e parou à espera dos guardas. Afinal quem apareceu foi uma jovenzinha que, sorridente, lhe perguntou se estava disponível para responder a um inquérito. O meu amigo recusou, alegando que estava à espera da GNR que o tinha mandado parar.
- Mas isso foi por minha causa ? esclareceu a quase-adolescente.
- ??!!??
- É. Fizeram-no parar para que responda às minhas perguntas.
- ??!!??
- Diga-me: de onde vem?
- Do Porto.
- Quanto tempo demorou a chegar aqui?
Desconfiado, a olhar para trás, sempre à espera que os anafados GNR's aparecessem, o meu amigo informou:
- Cerca de 45 minutos.
A menina exultou:
- Pois é. E não estava disposto a pagar 9 euros para demorar menos tempo?
- 9 euros?! Bem, isso são quase dois contos. Não estava. Prefiro demorar mais tempo.
Desolada, a garota insistiu:
- E se fossem 7 euros?
- Não. Nem um tostão ou cêntimo mais.
Como os dignos representantes da autoridade não aparecessem, o meu amigo arrancou. Pelo caminho deu consigo a pensar na quantidade de respostas mentirosas que os automobilistas haveriam de dar à pequena para demonstrar que viajaram sempre a 90 km por hora. Nas irresistíveis concordâncias que ela iria obter dos que espreitavam temerosos pela chegada da GNR. No facto estranhíssimo da Brigada de Trânsito mandar parar as pessoas para que respondam a um inquérito dirigido por uma aparente menor. E nos títulos dos jornais e televisões que daqui a algum tempo irão assegurar que os portugueses querem pagar portagens na IC1 (ou como lhe querem agora chamar, A28), que exigem mesmo as portagens entre o Porto e Viana do Castelo - exibindo, claro, os resultados dos inquéritos extraídos desta bonita maneira.

90 ANOS II

Archduke Franz Ferdinand Found Alive! First World War a Mistake!

A pedido de muitas famílias...

Dado o entusiasmo suscitado pela última referência feita a Ann Coulter, aqui fica mais uma.
Num acto que caso tivesse tido por alvo um qualquer colunista politicamente correcto seria inequivocamente considerado pela esquerda bem pensante como uma grave acção de censura, o USA Today recusou-se a publicar um texto de Ann Coulter sobre a Convenção Democrática que o próprio USA Today havia encomendado.

Apesar do veto politicamente correcto do USA Today o texto está, felizmente, disponível para quem o queira ler.

Put the speakers in a cage

Apparently, the nuts at the Democratic National Convention are going to be put in cages outside the convention hall. Sadly, they won't be fighting to the death as is done in W.W.F. caged matches. They're calling this the "protestor's area," although I suppose a better name would be the "truth-free zone."

I thought this was a great idea until I realized the "nut" category did not include Sharpton, Al Gore, Bill Clinton and Teddy Kennedy - all featured speakers at the convention. I'd say the actual policy is only untelegenic nuts get the cages, but little Dennis Kucinich is speaking at the Convention, too. So it must be cages for "nuts who have not run for president as serious candidates for the Democratic Party."

(...)

The nuts in the cages are virtual Bertrand Russells compared to the official speakers at the Democratic Convention. On the basis of their placards, I gather the caged-nut position is that they love the troops so much, they don't want them to get hurt defending America from terrorist attack. "Support the troops," the signs say, "bring them home."

That's my new position on all government workers, except the 5 percent who aren't useless, which is to say cops, prosecutors, firemen and U.S. servicemen. I love bureaucrats at the National Endowment of the Arts funding crucifixes submerged in urine so much - I think they should go home. I love public school teachers punishing any mention of God and banning Christmas songs so much - I think they should go home.

Rede pública, ensino público

Esta é uma matéria sobre a qual tenho algumas dúvidas mas, em todo o caso, recomendo a leitura do artigo Rede pública, ensino público, por D. António Marcelino, Bispo de Aveiro.

28.7.04

A Aliança Franco-Alemã contra o mercado livre

The Franco-German Alliance Against Market Freedom, por Grant M. Nülle.

Inclui uma (muita generosa) referência a Durão Barroso:

Occasional rows aside, the German and French governments have coordinated their positions closely, especially on the composition of the European Commission, the EU's executive body. Rebuffed in their attempts to plant Belgian Prime Minister Guy Verhofstadt, a continental-minded politician viewed as sympathetic to Franco-German plans for a regulations-laden Europe, as the Commission President, Messrs. Chirac and Schröder acceded to the compromise candidate, Portuguese premier José Manuel Durão Barroso. No sooner had the free-market oriented (relatively speaking) and Atlanticist Barroso been confirmed, did France and Germany publicly demand important economic portfolios in the new Commission that will take office this autumn.

While Barroso cannot begin allocating jobs until later in July, Paris is eager to land the competition dossier, as that office has routinely arrested France?s state-directed bailouts, mergers and protection of monopolies benefiting the likes of Crédit Lyonnais, Bull, the leading French computer-maker, Alstom and government-owned Electricité de France.

Germany covets the new "Super Commissioner" for industrial and economic affairs job. Essentially a Commission vice-president, the post would oversee all economic portfolios.


É caso para dizer, very relatively speaking, indeed...

90 ANOS




  • A 28 de Julho de 1914  o Império Austro-Húngaro declara guerra à Servia, na sequência do assassinato em Sarajevo do Arquiduque Franz Ferdinand por um nacionalista sérvio no dia 28 de Junho. O Arquiduque era sobrinho do Imperador Franz Joseph, então com 89 anos  e  seu herdeiro.


  •  
  • Assim se dava início à grande e absurda sangria.

Como o estado matou a sociedade

The Cultural and Spiritual Legacy of Fiat Inflation

Parabéns, Alberto

35? Parecias mais novo, da última vez que te vi...

Definindo a Democracia (2)

É sempre bom recordar também alguns contributos de H. L. Mencken para a questão em causa:

"If x is the population of the United States, and y is the degree of imbecility in the average American, then democracy is the theory that x X y is less than y."

"Democracy is the theory that the common people know what they want and deserve to get it good and hard."

"Under democracy one party always devotes its chief energies to trying to prove that the other party is unfit to rule - and both commonly succeed, and are right."

Definindo a Democracia

Aristóteles - "o governa nas mäos de homens de baixa extracçäo, sem posses e com empregos vulgares"

Clement Atlee (antigo 1º ministro britânico) - "forma de governo que prevê a livre discussäo, mas que só pode ser atingida se as pessoas pararem de falar"

Winston Churchill - "a pior forma de governo, se exceptuarmos todas as outras que vêm sido tentadas de tempos a tempos"

George Bernard Shaw - "a substituiçäo de alguns corruptos por muitos incompetentes"

Woodrow Wilson - "a possibilidade de um camponês se poder tornar rei, näo torna o reino democrático"

Mísera pontaria

A dos homens! Jamais conseguem urinar totalmente para dentro da sanita.

Leituras estivais

Quem terá razäo?

Aristóteles Onassis - "todos os gregos batem nas suas mulheres. Quem sabe bater, sabe amar"

Ou

Nelson Rodrigues - "toda a mulher gosta de apanhar, menos a neurótica. O homem é que näo gosta de bater".

Estatismo entranhado (II)

Resultado da época de incêndios:
Exactamente o mesmo de anos anteriores: mais ajudas públicas para as Corporaçöes de Bombeiros Voluntários, essas eficazes instituiçöes que täo bem previnem e combatem os ditos e que aplicaräo os fundos em investimentos täo relevantes como por exemplo equipamentos de mergulho (!!!).

Medida alternativa:
Extinguir os Bombeiros Voluntários, reduzindo a zero os subsídios públicos. Talvez a sociedade civil se mobilizasse entäo de forma espontânea com vista a uma mais eficaz prevençäo.

O'Reilly entrevista Moore

(via Gran Corona)

Bill O'Reilly entrevista Michael Moore. Transcrição e video.

AH?

Alguém consegue explicar isto?

Realidade Virtual

Não podiam ter ecolhido melhor.
Pedro Pinto, presidente da Associação de Turismo de Lisboa, anunciou que o "casino" da capital será instalado no PAVILHÃO DA REALIDADE VIRTUAL, no Parque das Nações.
Pedro Pinto é, alem de presidente da ATL, verador do Turismo (e das obras) da Câmara da capital.
O pavilhão da REALIDADE VIRTUAL é o sétimo lugar anunciado para a localização do casino.
O pavilhão tem uma arquitectura que pretende dar a imagem de uma antiga fábrica que ruiu.
A decisão final vai caber ao ex-presidente da Câmara. O que dirão Gehry e Jorge Sampaio desta escolha "do anterior executivo"?
[Nota: em 5 de Junho, Santana Lopes anunciara a "instalação definitiva do casino no Jardim do Tabaco. Em menos de um mês, o Governo de Barroso terá escolhido a nova localização...]

GUERRA ABERTA NA PORTUCALENSE

Entre a Reitoria e a Direcção da Cooperativa, segundo o JN (link não disponível) de hoje. Não há dinheiro para salários e as partes recriminam-se reciprocamente.
Este género de situações são recorrentes no ensino superior privado, agravaram-se com a gestão socialista do sector, que ampliou brutalmente as vagas do ensino público sem estabelecer uma complementaridade entre os dois sub-sistemas, e só poderão piorar no futuro.

Na origem de tudo está a natureza cooperativa da maior parte das entidades gestoras, que foi o modelo imposto nos idos da década de 80, no seguimento da crise e do encerramento da Universidade Livre. Na altura, gerou-se a convicção que o ensino universitário era um bem sublime, não sujeito às normais regras de mercado. Vai daí, o então Ministério da Educação obrigou a novas Universidades a assumirem a forma societária cooperativa, resquício do socialismo romântico do século XIX. Obviamente, só poderia dar mau resultado. Nas cooperativas presume-se que todos colaboram para o mesmo fim, generosamente e de forma desinteressada, pelo que a posição de cada um dos sócios é igual: todos mandam o mesmo, trabalhem muito, pouco ou nada, tenham investido um euro ou um milhão deles no negócio. Como se vê, numa sociedade competitiva como a nossa, este é o género de negócio incapaz de atraír sócios: porque haveria alguém de meter dinheiro a sério numa sociedade onde ficará a mandar o mesmo que todos os outros sócios? Por outro lado, a imensidão e dispersão de votos possíveis leva a facilitismos de vária ordem e à tentativa de estabelecimento de acordos sociais para a obtenção de maiorias. Nem sempre esses acordos respeitam o interesse societário, como facilmente se poderá compreender.

Por isso, a situação do ensino superior privado, dos seus professores, alunos e responsáveis, só poderá agravar-se. Razões mais do que suficientes para o Ministério do Ensino Superior, titulado por uma Ministra que já deu provas de não se inibir nas decisões que tem de tomar, modificar o quadro legal vigente, vinculando as instituições existentes a uma redimensionação profunda do sector, nomeadamente, fundindo as muitas que existem em duas ou três.

Jorge Sampaio recebe Jorge Sampaio

Pedro Mexia explica, no excelente Fora do Mundo.

"Milhares de contribuintes prejudicados"...

...Ainda a propósito do nosso équo e eficaz Sistema Fiscal,

será interessante reter esta notícia do Público, de 26 do corrente mês (sem link directo)


Milhares de contribuintes prejudicados
Provedor de Justiça: fisco deve pagar juros por processos anulados e demoras

"A Provedoria de Justiça pediu (...) à administração fiscal que cumpra a lei e pague os juros compensatórios aos contribuintes nos casos de processos tributários anulados ou cuja revisão é demorada.

Em comunicado, o provedor de Justiça, Henrique Nascimento Rodrigues, diz que "abriu um processo específico sobre o caso e pediu o rápido cumprimento da Lei Geral Tributária". Solicitou a colaboração da Direcção-geral dos Impostos e do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Na interpretação da Provedoria de Justiça, a lei "confere aos contribuintes o direito a receberem juros indemnizatórios, pagos automaticamente, em caso de anulação do acto tributário por iniciativa da administração tributária, a partir do 30º dia posterior à decisão.

Além disso, sempre que o fisco demore mais de um ano a atender um pedido de revisão do acto tributário, o contribuinte tem direito a juros compensatórios.

A administração fiscal, segundo a provedoria, tem outra interpretação da lei, pelo que há já "milhares de contribuintes" prejudicados, pode ler-se no comunicado.

O provedor de Justiça compreende que a administração fiscal queira evitar o pagamento desses juros, já que aumentam as despesas públicas e espelham a ineficiência da máquina fiscal.
No entanto, entende que os contribuintes não podem ser penalizados pelo mau funcionamento do fisco".

COMO DIMINUIR A DESPESA DO ESTADO - 1

Extinguir de imediato a "Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais"

Contra a cegueira do estatismo entranhado

Rural/Metro Corporation

As the nation's leading private sector fire protection provider, Rural/Metro is in the forefront of demonstrating how the public and private sectors can come together to provide top notch services for less cost through correctly administered emergency services.

Rural/Metro currently provides fire protection services to more than 25 communities, and responds to more than 60,000 calls annually. Studies have shown that Rural/Metro's fire protection provides residents with a higher degree of safety, while featuring comparatively lower costs. Rural/Metro's emphasis on fire prevention has resulted in an incidence of structure fires that is more than 300% lower than the national average.

In addition to community fire protection, Rural/Metro provides wildland, industrial and aircraft rescue and firefighting (ARFF) services.

Estatismo entranhado

O estatismo é uma coisa tão entranhada na sociedade portuguesa que a minha pergunta anterior chega a ser ofensiva. Afinal porque é que o estado tem que ser responsável pelo combate aos incêndios?

Note-se que, em Portugal, o estado não é só responsável por apagar incêndios nas plantações a que alguns chamam florestas. O estado é responsável pelo ordenamento das florestas, por garantir os preços da madeira queimada funcionando como seguradora grátis e por financiar a replantação.

O estado só não é responsável por aquilo que lhe compete: não é responsável pela actualização dos registos de propriedade dos terrenos florestais, nem pela gestão das florestas públicas nem pela punição dos proprietários negligentes.

Sinceramente não percebo porque é que o estado deve ser responsável pelo combate aos incêndios. Os proprietários florestais são uma minoria da população e são os principais interessados por um combate sério aos incêndios. O estado já mostrou que é incompetente quer para prevenir quer para apagar incêndios, e no entanto toda a gente continua a insistir no mesmo e a pedir mais meios para um sistema ineficaz.

Existem alternativas ao sistema actual de combate aos incêndios. Os incêndios podem ser combatidos com vantagem pelas grandes empresas privadas, por associações de proprietários florestais ou pelas Câmaras Municipais. Todas estas entidades estão mais próximas do problema e têm mais incentivos e mais conhecimentos para realizarem um bom trabalho.

Bagão Félix admite "baixar" o IRS

Bagão Félix admite baixar o IRS...se tiver "folga" orçamental para isso.

A declaração de Bagão Félix, na realidade, atendendo à evolução recente da nossa despesa pública (no mínimo, consolidada em níveis próximos dos 50% do P.I.B., sem tendência para diminuir) e sem que se vislumbrem muitos mais caminhos realistas para o incremento da receita (a retoma, por alguns anunciada, desesperadamente anunciada, não passa, ainda, disso mesmo: um anúncio vago e quimérico!), tal declaração de Bagão Félix - dizia - só pode ser levada à conta de um tímido reconhecimento e de uma vaga declaração de intenções.

Um tímido reconhecimento de que, na verdade, a nossa fiscalidade é irracional e absolutamente injusta.

O sistema fiscal português, o mesmo sistema fiscal que mantém algumas aberrações sem qualquer justificação que não seja o ir (mais ou menos descaradamente) ao bolso dos cidadãos, como é o caso, por exemplo, do "Imposto de selo";
o mesmíssimo sistema fiscal que, só a muito custo e após muitos anos, conseguiu (apenas) mudar o nome do consensualmente apelidado "imposto mais estúpido do mundo" (Guterres dixit), acabando com a velha "Sisa" que se metamorfoseou no púdico I.M.I.T.; o sistema que camufladamente consegue níveis de tributação indirecta espantosos, transformando certas actividades comerciais/económicas não estaduais, nem para-estaduais, em verdadeiras industrias fiscais (vg, o sector automóvel, a revenda de combustíveis, etc., etc.); o mesmo sistema que nos envolve de forma omnipresente, tornando-nos a todos, de forma unilateral, consciente ou inconscientemente, "sócios", "pais", "devedores" do Estado;
essa mesma fiscalidade que nos submerge numa teia de obrigações declarativas e burocráticas que - quando levadas a sério - exasperam qualquer pessoa; o mesmo sistema que retarda ? portando-se como qualquer mau pagador de má-fé ? o cumprimento das suas obrigações de restituição de créditos de imposto aos particulares; o sistema e a adminsitração que, por regra e por tradição dos serviços, indefere em sede de reclamação graciosa qualquer pretensão do contribuinte, por mais razão (objectiva) que a este assista, presumindo-o como dolosamente faltoso e tratando-o, por hábito (pelo menos, nas "primeira impressões") como tal; o mesmíssimo sistema fiscal que não admite a compensação de créditos quando, porventura, é também e simultaneamente devedor do contribuinte; este mesmo nosso sacrossanto sistema fiscal É, DE FACTO, IRRACIONAL E INJUSTO, SENDO UM TRAVÃO AO LIVRE DESENVOLVIMENTO DA ECONOMIA, ALÉM DE REFLECTIR UMA VALORAÇÃO DA REALIDADE, NO MÍNIMO, ININTELIGÍVEL!

E foi isto que Bagão Félix reconheceu timidamente, indirectamente, ao fundamentar e ao exemplificar o porquê da necessidade de diminuir a pressão do IRS, mexendo nos respectivos escalões. Com efeito, a taxa marginal de (salvo erro) 34,6% atinge agregados familiares - portanto, casais, no mínimo, núcleos de duas pessoas (mas, normalmente, mais, considerando os respectivos filhos menores ou a cargo) - que têm rendimentos anuais próximos dos 16.000 Euros (+ ou - 3.200 contos, em moeda antiga). O que significa que (se fizermos as contas que o Ministro referiu) há quem ganhe cerca de 550 Euros/mês e apanhe com esta bonita taxa (dito de outra forma, há quem ganhe a "fortuna" de cerca de 110 contos/mês, e apanhe com essa linda taxa!!).

No fundo, no fundo, o que Bagão Félix disse é apenas um sintoma daquilo que sabemos: temos um dos mais desrazoáveis sistemas fiscais dos países civilizados, pagamos (directa, além de sempre indirectamente, uma enormidade), a nossa fiscalidade serve de instrumento privilegiado para, desde logo, acabar de vez com uma ainda ténue sobrevivente classe média cada vez mais miserável!
O espanto é que ninguém reaja! O espanto é que a generalidade da opinião pública (ou será apenas a "opinião publicada"?) ainda continue a falar de míticas evasões fiscais como se isso fosse a "chave" e o problema da nossa irracional fiscalidade! O verdadeiramente espantoso é que este sistema fiscal sirva para alimentar uma máquina pública-estadual que ? sem ser particularmente estimada ou eficaz ? consuma valores muito próximos da metade de toda a riqueza produzida no país (cerca de 50% do P.I.B. - como já atrás referi!) e ainda não tenha havido uma verdadeira movimentação popular de (legítima) defesa!!!

Às vezes, acho mesmo que somos um "estranho povo"... como dizia o poeta (e diz o fado)!

27.7.04

Populismos II

Santana Lopes mandou 6 secretários de estado para a província. A medida foi imediatamente rotulada de populista. Mas esta medida tem um precedente. Quem foi o outro populista que quando foi primeiro-ministro também mandou 3 secretários de estado para o Porto?

PONTOS DE VISTA?

 
Sobre a mesma questão, nomeadamente a posição frouxa, cobarde e, infelizmente, típica da União Europeia, a impensa dá diferentes pespectivas.

Uma, género Relações Públicas da União Europeia, outra mais crua e realista. E os pointos nos is, por Teresa de Sousa.

Pergunta do dia

Se 88% das florestas portuguesas pertencem a privados, porque é que o estado é que é responsabilizado pelo combate aos incêndios?

Ainda sobre as conspirações

(via SG Buiça)

À atenção do recém-Secretário de Estado da Educação

Este artigo, de José Vítor Malheiros, pode não ter sido escrito a pensar em si, mas...

O Candidato Sócrates

André Abrantes Amaral comenta n'O Observador a entrevista de José Sócrates ao jornal Expresso:

De todo o discurso de Sócrates sobressai a ideia, tão socialista quanto impositiva, que quem alcança os seus objectivos, quem faz fortuna, nunca é pelo estudo e/ou pelo trabalho árduo, mas sim, pela falcatrua. A ideia de que existe sempre 'qualquer coisa' por detrás de tudo aquilo. No fundo, a ideia que todos nos devemos nivelar e para o conseguirmos terá de ser por baixo, pois nunca se consegue dizer a quem não queira para trabalhar que trabalhe, mas é sempre possível impedir, condicionar e prejudicar, quem trabalha.

(...)

O horror ao sucesso (principalmente quando é dos outros) é terrivel e destrói qualquer sociedade, pois corrói toda a vontade que há em inovar, em investir e em melhorar.

Populismos

José Sócrates foi aquele fulano que enfrentou tudo e todos para resolver o problema dos resíduos industriais perigosos. Contra todos os argumentos demagógicos. Agora, dizem que é populista.

PROVAS OLÍMPICAS

O Jogo da Corda é um excelente e saudável jogo, exemplar quanto aos valores desportivos e olímpicos que lhe estão subjacentes.
Esta modalidade tinha tudo para ser popular: pode ser praticada em qualquer tipo de recinto ou superfície, indoor ou ar livre, com tempo seco, chuvoso ou mesmo com neve. Não exige qualquer equipamento específico ou tecnologia. Não tem razões substanciais para distinções de idades ou sexo.
Enfim, mal se compreende que apenas tenha sido modalidade olímpica entre 1900 e 1920.
Mas a tendencial profissionalização do desporto olímpico certamente pretendeu evitar cenas menos edificantes como esta:


(St. Louis, 1904)

Outros desportos olímpicos caíram entretanto no limbo do esquecimento, mas fizeram no seu tempo levantar as multidões. Como a prova de salto em altura sem lanço, os 50 metros debaixo de água ou lacrosse. Meu Deus, o Lacrosse!

PROMESSAS

Não ouvi Santana responder à interpelação de António José Seguro, no debate parlamentar de hoje, sobre se ia cumprir a promessa eleitoral do choque fiscal e rever a taxa do IVA, repondo-a nos 17%, como o governo anterior prometera quando a subiu, ao dizer que ela era uma medida conjuntural e transitória. Há coisas difíceis de explicar e Santana sabe que o estafado argumento da «surpresa com o estado em que o PS deixou as contas públicas» já irrita toda a gente. Por isso terá sido tão pouco convicto ao dizê-lo.
Que sirva, ao menos, para os políticos perceberem que não podem ou, pelo menos, não devem, prometer o paraíso para ganharem eleições quando estão na oposição. Pior, só fazer o mesmo, com os mesmos fins, quando se está no governo. Esperemos que não seja o caso.

SANTANA IRRECONHECÍVEL

No debate parlamentar sobre o «Programa do XVI Governo Constitucional». Os dotes de tribuno esvairam-se. Mesmo perante António José Seguro - a milhas de distância dos seus momentos mais sofríveis - claudicou. O que se passa? Será que se não sente confortável na posição de primeiro-ministro?

Recomendação do dia

Ten Recurring Economic Fallacies, 1774?2004

Falta de meios aéreos

A queixa do dia de ontem foi a falta de meios aéreos. Meios aéreos que há 10 ou 20 anos não existiam. Desde então a área ardida por ano foi aumentando. Estranho ...

Um país só não tem falta de meios aéreos se contratar aviões suficientes para combater todos os incêndios do pior dia do ano. O problema é que, na maior parte dos dias do ano, 90% dos aviões não servem para nada.


Alerta vermelho

A confirmar-se o desaparecimento dos limites de endividamento das autarquias (já comentado pelo Rui A. e pelo Miguel Noronha), essa será a mais danosa de todas as medidas anunciadas, minando um dos poucos mecanismos estruturais de controlo da despesa que tinha sido efectivamente posto em prática nos últimos anos.

Por este caminho, não haverá qualquer contenção orçamental possível...

O mito do fogo posto

Nos telejornais, todos os fogos são postos.

Em Bages, na Catalunha, as coisas são diferentes. 21.9% dos fogos têm causas desconhecidas, 19.6 são causados por relâmpagos, 13.9% são causados por linhas de alta tensão, 6.9 por fumadores, 5.1 por actividades agrícolas, 4.2% por maquinaria, 3.2% por trabalhos florestais, 10.6% por outras causas acidentais e apenas 7.4% são provocados intencionalmente.

Bush e Kerry

(via LRC)

Uma animação didáctica sobre as presidenciais de 2004 nos EUA: This Land.

Incêndios e futebol

Recomendo a leitura do post A CAMINHO DO ZERO, no Abrupto.

26.7.04

A propósito da terceira dimensão da história

Via Aviz, tomei conhecimento deste texto no Nova Frente.

Independentemente de outras considerações, parece-me algo estranho que tantos dos que acreditam nestas teorias não se apercebam de que as mesmas, se fossem verdade, estariam a explicar demais.

Não há nenhum comentário de BOS ao texto que publicou mas creio que, mesmo do ponto de vista por ele adoptado, se esperaria alguma cautela para não cair no erro de tentar descobrir em toda a parte e a todo o custo causas "ocultas"...

Refrescante

Os Coen são capazes de fazer melhor, mas ainda assim é um filme a não perder.


CORTES? AQUI NÃO, OBRIGADO!

  (foto Santiago Ribas)

Senhor Primeiro-Ministro

Tomei conhecimento que Vexa pretende realizar regularmente reuniões do Conselho de Ministros fora de Lisboa, nomeadamente na minha cidade do Porto, para o que terá já determinado a disponibilização das respectivas instalações

Vexa é conhecido por ser célere na tomada de decisões irreflectidas, tendo no entanto o condão de vez em quando fazer o necessário mea culpa, mais ou menos assumido e nem sempre levar por diante o anteriormente determinado. O que certamente muitas vezes evita danos maiores do que a sua concretização. Não deixa de ser uma forma aproximada de sabedoria.

Creia-me Vexa que julgo ser este um caso oportuno para tal atitude, se não sábia, pelo menos avisada. É que, recordo a Vexa, esta cidade é uma cidade orgulhosa da sua história, da sua liberdade e da sua honradez. E não precisa de esmola e muito menos de fantochadas, se me permite a expressão.

Não será com facilidade que aceitará passar a ser uma qualquer espécie de cidade cortesã, onde uma vez por mês Vexa e respectivos ministros, secretários de Estado assessores, motoristas, jornalistas e demais cortesãos "subam" até à nossa cidade, pretendendo dar importância a uma cidade pelo facto de o seu nobre e glorioso nome passar a constar da assinatura das burocráticas leis, portarias e resoluções que Vexa muito bem decidir assinar à beira rio.

Saiba vexa que eu não estou disposto a que a minha cidade sirva para passeios fotogénicos, retratos enquadrados no velho casario, passeatas ostensivas de veículos oficiais a alta velocidade, interrupções de trânsito injustificadas, reforço de medidas policiais com prejuízo da vida urbana normal, já de si difícil, entre outros actos típicos de quando a corte se desloca do sofá para outros poleiros, perdoe-se-me a franqueza

Assim sendo, venho solicitar a Vexa que de imediato abandone a ideia peregrina de insultar esta cidade com a sua presença mensalmente, uma vez que passaremos bem melhor sem ela.

E termino citando o texto do Rei Fernando I, reconhecendo humildemente o direito da cidade de não ter de disponibilizar as suas "palhas" a Reis e fidalgos?.

"Dom Ffernando pella graça de Deos Rey de Portugal e do Algarve o vos Juizes da Çidade do Porto e o todollas outros nossas justiças a que esta carta for mostrada, Saude. Sabede que o Conçelho e homens boons dessa Çidade nos emvyarom dizer que por muytas vezes pelos Reis dante e outrossy por nos, ouverom liberdades que fidalgos nem pralados nom pousassem com elles nem lhis tomassem suas palhas nem lenhas specialmente quando nos hy nom fossemos Ese alguuns destes fidalgos pousassem com alguum sseu amjgo que nom pousassem ne stevesse hy mays que tres djas nem tomasse dss casas de seus vezinhos nem sas cavalariças nem suas palhas nem pousassem com elles. E que ora des que sse esta guerra começou dizem que fidalgos grandes e prellados leyxam dir poussar nos moesteyros e mandar sas companhas aas stalageens ou as que para esto forem e hirem pousar em ellas que hy bem poderiam caber e stam vagas e vam pedir barros (?) na Rua dos Mercadores (?) E nos veendo o que nos pedjam e querendolhjs fazer graça e merçee temos por bem e mandamosvos que lhis aguardades e façades aguardar todo esto por a guissa que por elles he pedjdo E nom conentades o nem huum fidalgo nem prelado nem aoutros pesoas poderossos que sejam que pousem com elles e elles nem suas companhas em nenhuum logar que seio salvo nos ditos moesteiros stalagens aqueles que pertençe em ellas de pousar ?".
Carta de D. Fernando datada de 16 de Dezembro de 1374


Apesar de tudo...

... digam lá se, em relação aos incêndios do ano passado, não sentem saudades do ar másculo e de comando com que Figueiredo Lopes surgia no meio dos "rescaldos", das explicações argutas e imaginosas de Amílcar Theias, da visão metafisicamente optimista de Guilherme Silva acerca dos danos causados e dos remoques entre bombeiros amadores e profissionais.
Este ano a coisa não parece tão má. Mas bom ano será aquele em que já não haja nada para arder. Confiemos, eles estão a fazer por isso.

Estranho país, o nosso...

...que gasta milhões e milhões em submarinos que não servem para nada - escritórios de advogados e intermediários à parte - e quando chegam os incêndios, pontualmente em Julho/Agosto de cada ano, tem de mendigar uns canadairzinhos por esse mundo fora.
Obrigadinho gregos e italianos!

Férias pequeno-burguesas (II)

Entretanto, li no e-mail os chistes irónicos de alguns blasfemos quanto aos erros ortográficos derivados da falta de til - simples justificaçao para chegar a ministro da Educaçao.

Pensando bem, e porque nao? Já se viu que vale tudo...

Férias pequeno-burguesas (I)

1. Para a próxima, terei de indagar se o Hotel oferece acesso à Internet. É lá concebível uma tal falha nos tempos blogosféricos que correm?

2. Aqui estou num cyber-café, misto de tasca espanhola e pub irlandês e com uns miseráveis teclados sem o nosso precioso til - apenas o muito espanhol "ñ"!

3. Vale-lhe (ao cyber) ter Super Bock e café Delta - quem disse que as empresas portuguesas nao(!) entravam em Espanha?

4. Pior ainda, o Blogger aqui nao tem quase nenhuma funcionalidade - ou seja, nao consigo postar a azul, fazer itálicos, links, bolds, etc.

5. Devia era mandar-vos bugiar a todos - mas com 40º à sombra que mais se pode fazer? Ah, a nostalgia do "stress" profissional...

AAAAAAH.....





Síndrome de Estocolmo

40 anos depois, os portugueses continuam a ver o Salazar como um homem extraordinário, como um génio, um superhomem que fez o favor de nos governar. É o chamado síndrome de Estocolmo. O salazarismo ainda vive na cabeça dos portugueses.

NÃO HÁ FOME...

A pouco mais de um ano de eleições, os autarcas recebem uma esperançosa notícia:

«O novo governo tenciona deixar cair os limites aos endividamentos das autarquias» (TSF).

Concorrência entre escolas.

Segundo o JN de hoje, há "concorrência ilegal" entre as escolas públicas e as privadas, promovida pelo próprio Estado (Direcções regionais e, supõe-se, a própria tutela).

Porém, lendo-se a notícia, não se percebe bem onde é que há a dita "concorrência ilegal" (de resto, conceito, em si mesmo pouco rigoroso).

Assim,

1 - O Estado financia certas escolas privadas, de acordo com determinados critérios que se prendem, objectivamente, com a existência - ou não - de oferta pública similar, naquela determinada área geográfica.

2- Os pais preferem, em igualdade de circunstâncias, ou seja, sem necessitarem de pagar proprinas, as escolas privadas às escolas públicas....

3 - ....ainda que, porventura - e sem que tal resulte como um dado absolutamente certo da notícia em causa - tenham que simular, directa ou indirectamente (através da figura dos encarregados de educação que não têm que ser, necessariamente, os pais) outros locais de residência (coincidentes com a área da escola pretendida).

4 - Parece claro que, a existir alguma IRREGULARIDADE (e, maior ou menor violação da legalidade existente), ela seria, eventualmente, dos próprios pais; porém....

5 - estes - a adoptarem, porventura, tal comportamento - fazem-no porque preferem que os filhos estudem em determinados estabelecimentos de ensino e não noutros alternativos (seja lá porque motivo for! - mesmo que seja, segundo alguém citado no texto do JN, porque "parece bem"!).

6 - Dito de outro modo, a existir aqui alguma irregularidade, ela prende-se com uma natural reacção à falta de liberdade de escolha; nada tem a ver com "concorrência ilegal".

7 - Pondo, então, de lado, os eventuais aspectos atinentes à questão da regularidade e eventual ilegalidade (...se existir....não se vê lá muito bem, da notícia em causa, que ela definitivamente exista!)  as questões que se podem colocar são:

- Será ou não legítimo cercear a liberdade de escolha, no que diz respeito á educação?
- Será ou não legítima uma imposição do Estado - que resultará sempre, de um modo ou outro, numa situação de abuso de posição dominante a favor dos estabelecimentos de ensino público e, consequentemente, de distorsão concorrencial - nesta matéria?
- O imperativo (a escolha pública) da educação como bem "semi-público", não seria melhor garantido - quer numa perspectiva financeira, para o Estado e o erário público, quer também, para a salvaguarda do necessário direito/liberdade de escolha - se o "sistema regra", generalizado, fosse precisamente aquele que, seguindo a notícia do JN, pretende ser atacado por alguns "agente educativos" (no caso, sindicatos....)?

Calma, que eles ainda mal começaram

Segundo o Público,
«O novo Governo deverá deixar cair as restrições de endividamento das autarquias impostas pelo anterior Executivo, por causa do controlo do défice público, avança hoje o "Jornal de Negócios".»

Os limites de endividamento dos municípios desempenham várias funções, que não passam apenas pelo controlo do déficit.
O endividamento público, central, regional ou autárquico, é, normamelmente, de longo prazo. Isto significa que se «faz obra» hoje com recurso a receitas futuras. Como parte significativa do investimento público é «não produtivo», as receitas futuras para pagar estes investimentos só podem ter uma origem: impostos. Os limites ao endividamenteo, para além de limitarem a possibilidade de os municípos entrarem em «falência técnica» (deixando-os incapazes de fazer face às despesas correntes e ao chamado serviço da dívida), limitavam o risco de hipotecar os impostos das gerações futuras. O seu fim (a ser verdadeira a notícia avançada) pode conferir às Câmaras um certo alívio imediato. Mas não mais do que isso: um eventual «alívio» imediato. As dores de cabeça futuras são quase certas.
Santana Lopes é o primeiro primeiro-ministro que tem no seu curriculum duas presidências de Câmara, o que lhe dá «outra visão do problema». Mas deve ser também o único que consegiu não terminar nenhum dos seus dois mandatos.

CALMA, QUE ELES AINDA NÃO ACABARAM O "TRABALHO"

"Ainda é muito cedo para que o Sudão sofra sanções pelo abuso dos direitos humanos no Darfur, mas a comunidade internacional acabará por as tomar se a situação não melhorar, avisou ontem o ministro holandês dos Negócios Estrangeiros, Ben Bot, cujo país assegura actualmente a presidência da União Europeia (UE). (...).
Por agora, as sanções não levariam a lado nenhum. Se a situação não melhorar visivelmente, então serão quase que certamente adoptadas", disse muito cautelosamente o ministro holandês, depois de a Rússia, a China, o Paquistão e a Algéria se terem manifestado na sexta-feira contra a simples menção da palavra "sanções" numa proposta de resolução que os Estados Unidos apresentaram na ONU.
(...)
(Público)

Homens incomuns



António de Oliveira Salazar. Os que disseram que ele não passava de um homem comum foram desterrados para o Tarrafal.

Globalização da exploração capitalista

Empresas de tecnologia da informação começam a deslocalizar-se para África.

Tanto também não!

Será que o JPP estava a explanar os seus receios anti-santanistas quando fala deste ardente abraço solar?
A foto é imperdível, mas como estou habituada, nos últimos tempos, a entender tudo o que ele publica como analogias e metáforas contra o Governo PSL chego a temer que JPP ache que ele, Santana, é capaz de invocar o sol...

25.7.04

A EXCELÊNCIA DA MEDIANIA

Na sua primeira grande entrevista, concedida ao Expresso desta semana, na condição de candidato a líder do PS e, por extensão, a primeiro-ministro de Portugal,  José Sócrates, quando interrogado sobre a possibilidade de fazer alguma coisa na vida sem ser política, deu esta espantosa resposta:

«Então não imagino? Pode não acreditar mas tenho qualidade, mérito e currículo para isso. De tal forma que este ano estou a fazer o mestrado em Gestão de Empresas. Só me falta o 4º trimestre para acabar».

Não nos admira que o possível futuro primeiro-ministro dê como exemplo de «qualidade e mérito» a sua vocação um pouco tardia para um curso de início de carreira académica. Seguramente não terá sido essa a razão que o levou a tão ciclópicos trabalhos. Nem que aparentemente desconheça que um mestrado não finda com a conclusão da parte lectiva, mas com a apresentação e defesa de uma dissertação, que é uma pequena tese especializada num tema escolhido. Sócrates também não aspira à pasta do Ensino Superior e quem para lá for que se preocupe com essas minudências.
Não podemos, contudo, deixar de estranhar que o candidato ache, a seu próprio respeito, que inspira sérias reservas quanto à sua «qualidade», ao ponto de admitir que os outros, neste caso os jornalistas do Expresso, não acreditem nela. Que raio: «pode não acreditar mas tenho qualidade»!? Parece um pouco forte. Um pouco mais de confiança não lhe faria mal nenhum.

Abertura oficial da estação parvinha

Começaram os incêndios.

Novidades, novidades, ...

Michael Schumacher conquista Grande Prémio da Alemanha

Homens e mulheres comuns.

Escrevia ontém, Helena Matos, no Público, que "A democracia implica aceitarmos que somos governados por homens e mulheres comuns. Mais, implica aceitarmos que nós mesmos somos um povo comum, sem destino providencial, seja ele o Quinto Império, o Estado Novo ou o socialismo à portuguesa".

No meio do zapping às notícias, jornais e revistas do fim-de-semana, submerso numa espécie de sonolenta sauna (perdão), tarde... com 30 graus à sombra, foram os "homens e a as mulheres comus" com que a H. Matos tenta descrever a democracia que mais me retiveram a atenção. Concerteza, também devem sentir o cansaço do calor...

Reflexão nocturna

Sempre achei que a designação JEEP (jovens empresários com elevado potencial) irremediavelmente gay.

24.7.04

AUTARQUIAS - 3

"(...) Maló de Abreu, do PSD, condenou os que procuram a lei para "justificar tudo" e "entravar" os processos e apelou aos deputados para que decidam mais com o coração e a razão e menos agarrados à Lei (...)" (JN

A lei, esse permanente entrave ao bom governo.

AUTARQUIAS - 2

" (...) O Tribunal de Contas criticou o facto da fiscalização da construção das habitações sociais ter sido contratada pelo próprio empreiteiro, mas paga pela Câmara Municipal de Matosinhos. Narciso Miranda disse que o preço a que a autarquia comprou as habitações fixado pelo Governo, estava incluído o terreno, a construção e a fiscalização. Nenhum problema. (...).(JN)

Era capaz de ser boa ideia que para a próxima, o visto do Tribunal de Contas fosse substituído pelo visto do empreiteiro e pago pela Câmara.

AUTARQUIAS - 1

No JN: "O Edifício Transparente e o viaduto do Parque da Cidade foram construídos parcialmente em terreno privado. A propriedade de 5968 metros quadrados pertence ao consórcio de empresas, que detém uma parte significativa de parcelas no parque. Ontem, as sociedades apresentaram uma acção no Tribunal Cível contra a Câmara do Porto e a Casa da Música/Porto 2001, a exigir a restituição do terreno livre de construções ou o pagamento de uma indemnização superior a 11 milhões de euros."

Ou seja, em terrenos que não pertencem nem à Câmara, nem à porcaria da Sociedade Porto 2001, mandou-se construir um edíficio que passados 5 anos ainda ninguém sabe para que serve ou o que fazer com ele.

Alguém pagou a sua construção: nós.
Alguém vai pagar a indemnização: nós.
Alguém vai pagar a sua demolição: nós.

Não sei, mas o Ministério Público está de férias de vez? A lei geral deixou-se de aplicar?

Ensaio do dia

Rationalism in Politics (Michael Oakeshott) - Partes 1 a 3

Rationalism in Politics (Michael Oakeshott) - Partes 4 e 5

A ler por todos os que querem estimular a sociedade.

Orgasmo múltiplo

Número de vezes que a palavra incentivo(s) aparece no programa do XVI Governo -- 32

Número de vezes que a palavra incentivando aparece no programa do XVI Governo -- 13

Número de vezes que a palavra incentivar aparece no programa do XVI Governo -- 5

Número de vezes que a palavra incentivará aparece no programa do XVI Governo -- 3

Número de vezes que a palavra estímulo aparece no programa do XVI Governo -- 17

Número de vezes que a palavra estimular aparece no programa do XVI Governo -- 10

Número de vezes que a palavra estimulando aparece no programa do XVI Governo -- 5

Número de vezes que a palavra estimuladas aparece no programa do XVI Governo -- 1

23.7.04

As maiorias absolutas não se pedem, conquistam-se

Sócrates pede maioria absoluta nas legislativas

Um Romântico, o Delfim e um sorriso Pepsodent



Tais são as opções com que o PS se debate após Vitorino ter recusado o tapete vermelho que lhe estendiam: a nostalgia soixante-huitard de Alegre, que ainda julga possível mudar o mundo e as pessoas aplicando modelos que prometem o céu na terra; o descendente da "família real republicana e laica", que julga chegado o seu momento e, ameaçando usar o punho, lá foi apresentando o futuro delfim Jonas a tudo quanto era jornalista; finalmente, a réplica rosa de Santana que, em devido tempo, tratou de fazer uma encenação televisiva com muitas mulheres, não vão existir dúvidas?

Falta um candidato liberal. José Lamego podia fazer esse papel mas recusou ir à luta no habitual e irritante calculismo de evitar "derrotas" no curriculum. Para a próxima será a sua vez,
Caro Irreflexões? Para avançar e ir à luta, bem entendido!

Enfim , com tais opções, gostaria que ganhasse o Poeta. Pode ser antiquado e demodé, mas é convicto e elevaria o nível da política. Infelizmente, Jorge Coelho tem o aparelho sob controle...

Há aqui qualquer coisa estranha:

Os desempregados qualificados inscritos nos centros de emprego vão ver as suas prestações de desemprego substituídas por trabalho público, segundo o programa do novo Governo Constitucional da República Portuguesa entregue pelo novo primeiro-ministro português, Pedro Santana Lopes.
"Prestações de desemprego substituídas por trabalho público"? Interpretações possíveis (espero que o Programa esteja melhor redigido do que a notícia...):
1. Os "desempregados qualificados" vão receber trabalho em vez de dinheiro (literal);
2. Os "desempregados qualificados" vão ter de trabalhar para continuarem a receber dinheiro do Estado;
3. Em vez de dinheiro, o Estado vai passar a oferecer aos "desempregados qualificados" experiência profissional gratuita, para ajudar a completar curricula.
Vão ser necessárias, pelo menos, duas teses de doutoramento (ou duas Portarias...) para se perceber o que são os "desempregados qualificados" e o "trabalho público"

Update: Versão completa e oficial do Programa do XVI Governo Constitucional (pdf)

O Mestre


Carlos Paredes
1925-2004

Zé Manel dixit



No Público de hoje, link não disponível:

A minha ambição é ter nada menos do que 24 supercomissários. Quero que a minha equipa inclua, se possível, 8 mulheres entre os 24. A independência da minha Comissão é essencial para a sua credibilidade.

Mas porquê 8 mulheres? Por que não 24? Ou zero? Pode até acontecer que nenhuma aceite. E serão porventura as mulheres a dar independência e credibilidade à Comissão? Vai sendo tempo desta gente deixar de nos mencionar de forma tão gratuita...

Liberdade? Não, obrigado!

Todos os anos é a mesma coisa: os saldos. Os saldos metem muita confusão. Fazem-se foruns na rádio e na televisão. Porque não são saldos mas promoções ou porque afinal são rebaixas. Porque são feitos antes do prazo. Porque são ilegais. Porque há dumping. Porque não há fiscalização. Porque o comerciante sai prejudicado. Porque o consumidor é enganado. E acima de tudo porque essa coisa do mercado, da liberdade de vender e de comprar a um preço acordado entre comprador e vendedor é uma coisa complexa, e a bem dizer, uma ideia de ingleses.

REGRESSO À NORMALIDADE

Terminado um breve período de férias, pela primeira vez usufruído no mês de Julho, durante o qual mantive a minha ligação à blogosfera por sinais vitais mínimos, preparo-me para o regresso à normalidade que o remanso balnear me fizera esquecer.
Neste espaço curto de tempo não se passou nada de extraordinário: Santana feito primeiro-ministro, dizem, numa cerimónia onde nervosamente "saltou" algumas páginas do discurso de posse; Barroso, presidente da Comissão Europeia; Alegre, Sócrates e Soares (filho com o alto patrocínio do pai) transformados em putativos candidatos à liderança do PS e, por extensão, hipotéticos sucessores de Lopes à frente do governo da Nação. Uma Nação pequena com um governo enorme. Tão grande, tão grande, que levou o Dr. Lopes, num acesso marialva, a dizer ao seu antecessor: «o meu é maior que o teu!». Ao que José Barroso aquiesceu. Na Dra. Maria de Belém Roseira, a quem sempre me habituara a ver um modelo de virtudes familiares e conservadoras, nasceu uma alma de esquerdista revolucionária e, segundo algumas vozes caluniadoras, o Ministério da Educação passará a sê-lo stricto sensu, porque terá de começar a sua missão evangelizadora e educativa dentro de portas, nos seus mais altos responsáveis. E, por falar em Portas, o líder do partido mais democrata-cristão do continente europeu viu a sua posição na hierarquia do Estado reforçada, conquistando importantes ministérios da República e lugares em catadupa no aparelho do poder. Um ou outro amargo de boca, a Dra. Caeiro, neta e bisneta de prussianos, da Defesa para os Espectáculos («onde melhor servirá Portugal»), fartamente compensados com o xeque-mate feito ao Rei das Berlengas, em fim de ciclo que antecipará o seu eterno retorno.
Tanta pacatez e bonomia fez-me tomar uma decisão: não escrever sobre política nacional, enquanto as coisas não voltarem a animar.



EXCELÊNCIAS DO ESTADO

Isto é maravilhoso!

"Decreto-Lei n.º 176/2004 de 23 de Julho: Altera a orgânica do XV Governo Constitucional.

Bom. Muito Bom.
A Lei orgânica do Governo de Durão Barroso foi alterada por Decreto-Lei aprovado em Conselho de Ministros no dia 27 de Maio, promulgado pelo Senhor Presidente em 12 de Julho. Referendada pela primeira-ministra em exercício no dia 15 de Julho. E foi publicado hoje, dia 23 de Julho.

E o Governo tinha sido demitido no dia 7 de Julho!

In Extremis



Este popular rapazinho com ar imberbe, "dono" do Código de Estrada embora não o respeite, conseguiu "recuperar" em cima da hora da tomada de posse o lugar de Secretário de Estado da Administração Interna.
A pasta havia sido atribuída a um boy laranja que, já aperaltado para a cerimónia da posse, tomou conhecimento da traição do Lóló, obrigado aqui a corresponder aos desejos do Paulinho. A culpa, ao que parece, terá sido ainda da Tegui.
Quem é o laranjinha atraiçoado, quem é??? É do Porto e do FCP...

Sinais dos tempos

A Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa anuncia o seu Curso de Filosofia nas páginas do Blitz.

Coerência na Europa e em Portugal

É de registar a coerência de Ana Gomes:

Como deputada ao PE, votei em consciência e em coerência com o que penso e publicamente tenho dito e escrito sobre José Manuel Durão Barroso, o homem e a sua política como Primeiro-Ministro.
Depois de anunciados os resultados da votação, fui cumprimentar o novo Presidente da Comissão Europeia e disse-lhe: "Espero que sejas melhor para a Europa do que foste para Portugal".

22.7.04

Inquietações partilhadas

Inquietações pertinentes de António Torres:

Promete Bagão ... "reforçar a justiça social", "fazer mais justiça social", etc.
Há uma inquietação que chega com estas palavras vagas e que desperta algumas perguntas simples.
Qual é a medida que permite aferir e afirmar que uma situação é injusta ou mais injusta, em que domínios, relativamente a quem ou a que sectores ?
Como pensará o governo "reforçar" a coisa, "fazendo" mais justiça ?

(...)

Este palavreado mostra que os modelos da esquerda foram absorvidos pelos nossos governantes e continuam a ser as referências.
A única diferença é a sintonia pelo politicamente correcto, porque o Mundo mudou.

(...)

E o problema é que não emergem na sociedade sectores que recusem o conformismo e deitem isto às urtigas. Estamos todos mais ou menos acomodados.

Deixem jogar o Mantorras

Mantorras detido por alegado uso de passaporte falsificado

UM ALEGRE CANDIDATO

Já imaginaram um governo chefiado por Manuel Alegre?

JMB

Assumindo uma vertente social-democrata parcialmente desconhecida a nível interno, o novo presidente da Comissão Europeia defendeu a seguinte ideia:

"A União precisa de recursos financeiros à altura da sua ambição política. Não podemos ter mais Europa por menos dinheiro, especialmente se pretendemos dar aos novos Estados-Membros provas do mesmo nível de solidariedade que demonstrámos, no passado, às regiões menos desenvolvidas. Contudo, devemos igualmente poder mostrar aos contribuintes que o dinheiro que confiam à Europa é gasto de forma prudente."

De onde surge esta "ambição polÍtica"? Não faço ideia. Para que serve? Gostava de saber. Sobretudo se a querem realizar com o meu dinheiro.

Curiosamente, JMB consegue fazer um discurso de aceitação sem falar da principal Política europeia, aquela onde se torram entre 50 a 75% do orçamento comunitário, aquela onde é por demais evidente que o dinheiro dos contribuintes não é gasto de forma "prudente". Nem sequer razoável. A Política Agrícola Comum. Esse monstro.

Não é estranho que o principal responsável e gestor de um orçamento de tão significativa dimensão, nem por uma vez tenha proferido a palavra "Agricultura"?
Afinal sempre é a principal área de actuação da sua futura Comissão. Não tem nada a dizer sobre o assunto? Tristeza.

Mr. President/Mr. le Président/Senor Presidente

Segundo a Lusa,o anúncio dos resultados da votação no Parlamento Europeu, que elegeu hoje José Barroso Presidente da Comissão Europeia, teve de ser atrasado por logos minutos, dado o "desaparecimento" do candidato eleito.
Diz a Agência:
"Temos a obrigação de cortesia de esperar, mas não podemos fazê-lo de forma indefinida", afirmou o presidente do PE, Josep Borrel, que perguntou por várias vezes: "Alguém sabe onde está Durão Barroso?".
Borrel, espanhol, a dizer "Durão"?
Se é verdade, é a segunda vitória de José Manuel num só dia: fazer um espanhol pronunciar o dificílimo ditongo com que termina o seu primeiro apelido.
Já os outros eurodeputados encontraram uma forma mais simples de ultrapassar as dificuldades linguísticas: chegaram mesmo a bater palmas e nas mesas para chamar o ex-primeiro-ministro ao plenário, que acabou por chegar alguns minutos depois.
Parabéns José, e bom trabalho.

The Injustice of Insider Trading Laws

Excelente artigo de Andrew Bernstein do Ayn Rand Institute:

In a free society a company belongs to its owners--the shareholders--not to the government. The owners have the moral, and must have the legal, right to decide if corporate executives--their employees--will be permitted to trade on or disseminate "inside," i.e., proprietary information. Indeed, the owners have the moral right to decide if corporate executives will even be permitted to own stock in the company.

(...)

Opponents of insider trading claimed that the practice is unfair because information is not available equally to all market participants. For example, if an executive is permitted to purchase stock on the basis of news that he alone knows will increase its value, an "injustice" is done to other shareholders or potential shareholders who do not possess that information.

But by what standard is this unjust? Contrary to the egalitarian premise giving rise to opposition to insider trading, individuals have no more right to information they have not earned than to wealth they have not earned. Should a talented analyst, for example, be forced to make his research publicly available if it would otherwise give him a competitive edge on the market? The mere fact of participating in the financial markets does not confer upon one a right to the hard-won knowledge of others.

In a free market, corporate policy on insider trading would be knowledge available to the public. If a potential investor held that the practice involved too much risk to the value of a stock, he could refuse to purchase the stock of companies permitting the practice. And companies desiring to prohibit the practice among their employees would be free do so by contractual agreement. They would have the moral and legal right to bring civil charges against an executive who violated his contractual obligations.

(...)

Laws against insider trading violate the right of shareholders-owners to decide the manner in which their company will be run. It is right that a company's owners decide what practices their executives will be permitted to engage in regarding the proprietary information that belongs to them.

Sobre o mesmo assunto recomendo também a leitura do artigo Onde está o crime no Insider Trading?, de Carlos Novais.

Provocação azul

QUE BEM FICA, por VLX, no Mar Salgado.

Os Trabalhos do Presidente Barroso (1)

Artigo de JPP no Público:

Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) vai ser um teste ao novo presidente da Comissão em dois aspectos fundamentais. Um é o próprio conteúdo do Pacto e as pressões para a sua revisão. Veremos se o novo Governo português se junta aos socialistas e aos governos faltosos, pondo em causa a validade do Pacto e exigindo ou a sua suspensão, ou a alteração do seu conteúdo, de modo a permitir políticas mais expansionistas.

(...)

O problema da "Cimeira de Lisboa" não é a relevância das suas intenções, nem do problema de modernização tecnológica da economia europeia que suscita. É passar ao lado de qualquer análise de fundo dos problemas estruturais que explicam o atraso europeu, em particular os do sacrossanto "modelo social europeu", uma receita a prazo para todos os desastres. Veremos se o presidente Barroso consegue atacar o problema de frente, ou se vai querer o melhor de dois mundos e não conseguir nenhum.

Direito de resposta (2)

Pedro Guedes respondeu no Último Reduto à questão que levantei aqui sobre uma sua hipotética inclinação santanista.

Direito de resposta

Resposta do Nortadas ao post Queiroseano de Sara Muller.

Um mundo inteiro por tutelar

Apesar dos 19 ministérios e 38 secretários de estado, ainda existem sectores da vida nacional que o estado não tutela: os assuntos da estratosfera, as antigas sopeiras, as plantações caseiras de haxixe, os namorados, o tuning, os videntes e curandeiros, os Blogs, os avecs, metade das festas populares, a comida macrobiótica, as revistas femininas, a dieta dos morangos, a moda, a literatura light, a música Pimba, o sexo no automóvel, a obesidade, as festas privadas, as jantaradas, as infidelidades, o amor, a vida sexual das abelhas, a migração das andorinhas, os sismos e a salinidade da água do mar.

Fez mal em aceitar

Não tenho nada contra a senhora, mas a verdade é que não deveria ter aceite aquela transferência apressada. Sem culpa, foi exposta a ridículo diante do país todo. O que é bastante para uma filha e neta de militares.
Já agora, existirão "artistas" na sua árvore geneológica?

Democracia sob tutela militar

Jorge Sampaio vetou nome de Teresa Caeiro

Mendes Cabeçadas, Chefe de Estado Maior-General das Forças Armadas, informou, quarta-feira, Jorge Sampaio que Teresa Caeiro não «tinha perfil» para secretária de Estado da Defesa.


Link via Bloguitica.

update: Mudança de Teresa Caeiro sem interferência de Mendes Cabeçada

DÍVIDAS

Há que ser justo.
88 milhões de euros de dívidas na Câmara de Lisboa é muito dinheiro.
Mas 70 milhões em Vila do conde é bem capaz de ser pior. (via O Vilacondense)
E devem existir outras câmaras onde o "rácio" seja ainda pior.

(I)mobilidade e renovação das "nossas" elites?

Um amigo chamou-me, recentemente, a atenção para um facto muito característico no "nosso" meio político: há um grupo relativamente reduzido de pessoas que, sendo todas mais ou menos conhecidas umas das outras, tendo maioritariamente tido, todas elas, experiências sociais e tipos de vida semelhantes, frequentando habitualmente os menos lugares e movendo-se, familiar e preferencialmente (quase em exclusivo), pelo mesmo "circuito" Lisboeta (de instituições, de escritórios, de clubes, de restaurantes e outros espaços públicos e de lazer), divide, desde o "25 de Abril", o Poder. Por Poder entenda-se, não só o conjunto de cargos de poder político directo, propriamente dito - nomeadamente, os que resultam de eleições - mas, principalmente, as funções e os órgãos que se assumem como estrutura ou staff daquele (Secretários e Subsecretários de Estado incluídos, mas, também e principalmente, assessores, adjuntos, chefes de gabinete, secretários qualificados, responsáveis por recursos humanos, por funções de colaboração vária aos decisores políticos, cargos de chefia em Institutos Públicos, sociedades de capitais públicos, etc., etc.).

Mais, referia-me esse amigo - invocando as teses pessoais defendidas por um dos mais reputados e interessantes académicos da nossa "praça" - que, além do mais, essa espécie de grupo ou "casta" que, de um modo geral, vai repartindo maioritariamente, entre si, o dito Poder (os vários poderes ou a verdadeira estrutura do Poder), acabava por ser muito fechado, quase familiar e instintivamente avesso à renovação. A sucessão de pais para filhos, nos respectivos cargos, lugares e funções era frequente. Curioso - notava esse amigo meu - era o facto de quase todos se conheceram, directa ou indirectamente, desde pequeninos; serem ainda "primos" ou "tios" e, ainda que tal familiaridade não fosse tão grande como isso, procurarem sempre, face a terceiros, solidarizarem-se, como que de uma "corporação" (de Poder? Social? Económica? de "vizinhos"?) se tratasse!
E apontava-me exemplos que, no mínimo, eram bizarros: a recém licenciada nomeada para um conselho de administração de uma sociedade de capitais públicos que, por acaso, era sobrinha de um recente ex-ministro; ou, o caso de um jovem, também recém licenciado, que começava a sua vida profissional, desde logo, como assessor do Presidente de um Instituto Público, sendo que o seu "nome de família" era emblemático num certo circuito financeiro; ou o da outra jovem de 23 anos, claro que também recém licenciada, nomeada para a administração de um Hospital público que, por acaso, era filha de um conhecido deputado; ou o Secretário de Estado que, sem nenhum percurso académico ou profissional relevante, sem nenhuma visibilidade ou ligação política, sem possuir alguma (ínfima que fosse) experiência na área da tutela da respectiva Secretaria de Estado era, por acaso, familiar de alguém muito importante, num certo sector de negócios, em Portugal. E os exemplos poderiam continuar....chamava-me a atenção esse amigo com quem tive a referida conversa.
Além disso - continuando a reportarmo-nos ao referido académico da ?nossa praça? ? o Poder (e os vários poderes) têm sido, em Portugal, sobretudo, uma espécie de domaine reservé de um grupo eminentemente familiar (ou que actua numa lógica para-familiar), desde há pelo menos, 200 anos a esta parte!

Grupo esse que, invariavelmente, tem em comum, também, uma certa proveniência "micro- lisboeta", uma capacidade económica considerável, independentemente até do trabalho (bom ou mau) efectivamente exercido e, last but not the least, a interessante coincidência de serem todos familiares ou parentes, mais ou menos chegados, de alguém que também desempenhou funções e ocupou cargos, no mínimo, tão decisivos (e de poder), ao longo de várias eras da nossa história contemporânea - "atravessando" reiteradamente vários regimes - desde a Monarquia Constitucional, passando pela implantação da República, sobrevoando o Estado-Novo e chegando ao pós-"25 de Abril".

Curioso e enigmático era o facto - dizia tal académico sempre "presente" nesta conversa - de nunca nenhum sociólogo, historiador ou mesmo jornalista ter desenvolvido e clarificado (comprovado, acrescentaria eu) estas teses. No fundo, nunca ninguém tenha "pegado" nesta possível radiografia das elites - aparentemente, estáveis e muito pouco permeáveis à renovação - do poder em Portugal....





Incentivos numa economia fechada

A propósito dos comentário do PMF a este post.

1. A Terra é, para todos os efeitos práticos, uma economia fechada.

2. Não há comércio interplanetário nem investimento extraterrestre.

3. Pelo que teremos todos que viver com o que temos.

4. O capital e o trabalho disponíveis a cada momento é finito. (chamemos capital a tudo o que pode ser usado para criar riqueza excepto o trabalho. Estou aqui a incluir recursos naturais e o conhecimento acumulado pelas pessoas e pelas instituíções).

5. Nenhum governo pode injectar recursos na economia mundial para estimular a oferta ou o consumo ou o que quer que seja porque todos os recursos disponíveis já estão na economia mundial.

6. A riqueza per capita produzida a cada momento dependerá essencialmente do capital disponível.

7. Não é possível produzir mais riqueza per capita com o mesmo capital (um dia de trabalho é finito e o ócio vale para muitas pessoas mais que a riqueza material).

8. Logo, se toda a riqueza produzida for consumida, não há crescimento porque o capital disponível não pode aumentar/melhorar.

9. O capital disponível só pode aumentar/melhorar se parte do capital existente for usado para produzir mais capital ou para melhorar o capital existente.

10. Ou seja, só há crescimento se parte da riqueza produzida não for consumida mas poupada e acumulada sob a forma de mais/melhor capital.

11. Logo, se um hipotético governo mundial conseguir estimular o consumo, o resultado é menos poupança e menos crescimento.

12. Para estimular o consumo, o governo mundial tem que tirar de um lado para dar do outro. O governo mundial não pode pedir dinheiro emprestado ao FMI Interplanetário nem pode contar com o investimento extraterrestre. Todos os recursos existentes estão na economia que se pretende estimular.

13. Ou seja, o governo mundial só poderá incentivar o consumo se desviar recursos do investimento. Para incentivar uma coisa tem que desincentivar a outra.

14. Note-se que só pode haver investimento se parte do consumo for retardado.

(continua um destes dias)