31.1.06

Never surrender


«We do not apologise for printing the cartoons. It was our right to do so», Flemming Rose, editor de cultura do Jyllands-Posten.
(ver contexto)

Coisas que fascinam:

«Presidencais:TC tem resultados diferentes do Stape»: «Segundo disse à Agência Lusa o sub-director geral do STAPE, Jorge Miguéis, «esta é uma situação normal».

Zapping

Avisem-me quando o governo decidir acabar o presente intervalo para publicidade. Obrigado.

Nomeações


Para os Oscares. (via contrafactos&argumentos)

Destaque para as 3 de George Clooney: actor secundário, realizador e argumento.

Certificação e condecorações

Bill Gates "honrado" com distinção da Presidência portuguesa


Microsoft vai apoiar formação de 50 mil elementos das forças de segurança



Microsoft e Estado querem formar um milhão de portugueses em cinco anos


Misturar negócios com condecorações é a forma mais rápida de desvalorizar uma condecoração.
HELENA MATOS "Precisamente"

Nem toda a gente embarca em modismos. A ler, no Choque Ideológico.

SE AINDA NÃO COMPROU VÁ JÁ AO QUIOSQUE MAIS PRÓXIMO


E, por todas as razões e mais algumas, dedique especial atenção à crónica londrina do nosso venerável consultor, André Azevedo Alves.

Choque Tecnológico: soluções chave na mão

José Sócrates e Bill Gates assinam 18 projectos do Plano Tecnológico

Sobre o casamento

O outro dia na televisão passava uma reportagem sobre duas senhoras que pretendem casar. Uma com a outra. A partir de um determinado momento, a reportagem deixou de falar em igualdade perante a lei e passou a falar de aceitação social. Não sei se por culpa de quem fez a reportagem, mas de facto a ideia que passou foi a de duas senhoras que mais do que o reconhecimento legal da sua relação pretendiam o reconhecimento social dos vizinhos, do patrão e dos trolhas que as vêem passar na rua. Devem imaginar que esse reconhecimento se consegue por decreto. Suspeito por isso que antes da separação entre o casamento e o estado, vamos passar por uma fase de desvalorização da instituição do casamento, a qual será cada vez mais uma convenção entre os noivos e o estado e cada vez menos uma instituição reconhecida pela sociedade civil. Até que, um destes dias, uma instituição religiosa qualquer chegue à conclusão que tem mais ganhar em termos de respeitabilidade e reconhecimento social se deixar de reconhecer os casamentos do estado passando a oferecer os seus próprios como alternativa.

Leitura recomendada

A profissionalização da Blogoesfera (I)

A profissionalização da Blogoesfera (II)

31 DE JANEIRO DE 1891


31 de Janeiro, proclamação da República no Porto - 1891
A proclamação da Republica das janellas da Camara Municipal
Grav., Bertrand Dete in A Ilustração, Paris 1891, vol. 3, p. 73, BN J. 1505 M.

[...] o Partido Republicano tem-se alastrado, não porque aos espíritos democratizados aparecesse a necessidade de implantar entre nos as instituições republicanas, como as únicas capazes de realizar certos progressos sociais - mas porque esses espíritos sentem todos os dias uma aversão maior pela política parlamentar, tal como ela se tem manifestado, com o seu cortejo de males, nestes derradeiros tempos.
Eça de Queirós «Novos factores da política portuguesa», in Revista de Portugal, 1891

Bem-vindo

Vasco Pulido Valente

Bem Prega Frei Tomás II

Parece que fumou, mas não inalou.

JORNAL DINAMARQUÊS PEDE DESCULPA *

Depois de uma fúria fundamentalista e de algumas rendições supostamente bem-pensantes, o Jyllands-Posten cedeu. Apesar da boa posição de princípio do governo dinamarquês.
Que estranho e anacrónico está a ficar o mundo em que estamos...

* O Gabriel tem razão - as "desculpas" do jornal dinamarquês não o foram realmente. Ver aqui.

Bem feito

A Biblioteca Digital da Imprensa Periódica Vilacondense disponibiliza, em formato digital e com acesso livre, todas as edições de 46 títulos de jornais e revistas publicados em Vila do Conde, entre os anos de 1871 e 1983.

Desconcertante SOLIDARIEDADE CANINA!

Desse grande humanista, amigo dos animais (não, já não estou a falar de galináceos), RICARDO, o guarda-redes da selecção nacional:

"Foi uma mudança (a pata de cão recortada no cabelo). Todos sabem que adoro cães. E os doberman TAMBÉM são vítimas de grandes injustiças ao longo da vida, achei que lhes devia esta homenagem".

(com a devida vénia de "Lapidar" in "A Bola", Ed. 31.01.06, p.9)

Blogs recomendados:

Seis excelentes blogs, dos fotojornalistas do Público (dica do Ponto Média):
Adriano Miranda
David Clifford
Fernando Veludo
Gonçalo Santos
Miguel Madeira
Pedro Melim

MOMENTO MISERÁVEL

Bill Clinton, the former US President, added his voice, telling a conference in Qatar that he feared anti-Semitism would be replaced with anti-Islamic prejudice. He condemned "these totally outrageous cartoons against Islam".
HOJE SINTO-ME DINAMARQUÊS

Bem Prega Frei Tomás

As passas perdidas.

111 969

A wikipédia em português ultrapassou os 100 mil artigos.

Trata-se mesmo da Wikipédia em português e não da wikipédia portuguesa ou brasileira ou angolana. Este projecto fez mais pela comunidade língua portuguesa que todos os governos dos países da CPLP juntos.

Lei alemã obriga Google à auto-censura

Busca no Google imagens relativas ao site nazi-lauck-nsdapao.com:

Google.com - 496 entradas

Google.de - zero entradas

Absent from Google's French and German listings are Web sites that are anti-Semitic, pro-Nazi or related to white supremacy

Palestina, liberdade e responsabilidade

A acção de uma organização ou de um indivíduo está sempre limitadas pelos meios que dispõe e pela acção de outras organizações ou indivíduos. Assim, atinge-se espontaneamente um equilíbrio em que a liberdade (positiva) é automaticamente limitada pela escassez de recursos e pela diversidade de agentes. A responsabilidade é uma consequência natural da liberdade, mesmo no «estado da natureza». A capacidade de uma pessoa ou organização para maximizar os recursos à sua disposição depende da sua capacidade para estabelecer relações proveitosas com outras pessoas ou organizações, o que implica a necessidade de se estabelecerem relações pacíficas. Essa necessidade deixa de existir a partir do momento em que uma ou várias partes passam a ter acesso a recursos ilimitados. Recursos ilimitados geram guerras ilimitadas. O conflito Israelo-Palestiniano prolongou-se no tempo e atingiu as dimensões que atingiu porque as partes dispõem de recursos ilimitados fornecidos por aliados externos. Israel dispõe de recursos praticamente ilimitados fornecidos pelos Estados Unidos e os palestinos sempre dispuseram de recursos ilimitados fornecidos pelos seus aliados árabes.

(In)segurança Social

Diz-se que os problemas da Segurança Social se devem à queda da natalidade. O que não se diz é que é suposto que a Segurança Social garanta a segurança. Daí o nome. A segurança, por exemplo, contra coisas relativamente imprevisíveis como a evolução da natalidade. Ora, se a Segurança Social não consegue sequer garantir a segurança contra variações na natalidade é porque tem erros de concepção. São esses erros de concepção que deviam estar a ser discutidos e não a necessidade de aumentar artificialmente a natalidade. Fazer filhos por motivos puramente instrumentais é uma coisa feia.

O capricho dos ricos

O estatismo condiciona de tal forma o pensamento que até num debate sobre Liberalismo somos forçados a discutir de acordo com o quadro mental estatista. No seu editorial sobre o Liberalismo, José Manuel Fernandes dá-se ao trabalho de discutir se um país pobre pode ser liberal. O simples facto de uma questão como esta merecer atenção mostra até que ponto o estatismo está entranhado. Até as elites informadas, e minimamente familiarizadas com o liberalismo, acreditam, ou pelo menos dão atenção à falácia de acordo com a qual o Estado é um contribuinte líquido da Sociedade Civil pelo que o Liberalismo é uma espécie de luxo dos ricos. Em vez de ser visto como aquilo que é, um fardo alimentado pela Sociedade Civil, o Estado é visto como um benfeitor dessa Sociedade Civil. O Liberalismo seria então um capricho de gente rica para quem todas as necessidades básicas estão satisfeitas.

Ver também:

liberalismo e pobreza nacional

30.1.06

Blasfémia

Um escritor dinamarquês, Kåre Bluitgen, teve dificuldade em encontrar um ilustrador para um seu livro que abordava a vida do profeta Maomé. Sabendo-se que para aquela religião a representação artística da forma humana é proibida e em especial a relativa à figuração do Profeta, os 3 ilustradores que contactou recusaram tal encargo, por receio das suas vidas.
O jornal de maior tiragem da Dinamarca, o Jyllands-Posten, sabendo do caso, entendeu que tal constituia uma limitação da liberdade de expressão. Convidou então 40 artistas para apresentarem ilustrações. Receberam e publicaram 12 cartoons, alguns dos quais relacionando o Profeta com os actos de violência, que por vezes são cometidos em seu nome.
A sua publicação suscitou de imediato reacções da comunidade muçulmana local, depois expandiu-se ao Paquistão, India, Egipto, num total de 11 países. Já é assunto da Conferência Islâmica, e da ONU. A Líbia encerrou a sua embaixada em Copenhaga e a Arábia Saudita chamou o seu embaixador. Entretanto, iniciou-se um boicote aos produtos da Dinamarca e da Noruega em alguns países. O jornal lamentou posteriormente que a sua atitude tenha involuntariamente ofendido algumas pessoas, mas reafirmou o princípio da liberdade de expressão. A Confederação da Indústria Dinamarquesa acusou já o jornal de provocar graves prejuízos ao país. Mas o director deu a única resposta digna: «não pode, nem pedirá desculpas».
Como é frágil a liberdade.

O médico é que decide

«Manuel Alegre não diz se vai à comissão política do PS»
GOOGLE: BEM NA AMÉRICA


Bob Englehart, Hartford, Connecticut -- The Hartford Courant,

MAS MUITO MAL NA CHINA...



Mike Lane, Caglecartoons.com

Minister of Silly Laws

O Diário Económico publica hoje a nova Lei das Rendas. São 9 páginas inteiras, a 6 colunas e a fonte pequena. Um absurdo de complexidade e de excesso de regulamentação. Os advogados esfregam as mãos de felicidade.

A perda

José Medeiros Ferreira, informa (avisa) que «Não tenham dúvidas de que a presidência da República será ,para além de um orgão de soberania, um centro de poder.».
Pois.
Até ouvi dizer que houve eleições, directas, com uns milhões de votos em vários candidatos. E que um deles ganhou.
Será certamente meramente académica, a hipótese de um orgão de soberania eleito directamente não ser um «centro de poder». Mas pronto.

Pergunta do dia

Será assim tão utópico, juvenil (ou de mestre?) defender intransigentemente a liberdade e responsabilidade individuais?
O FIM DO TAU-TAU

Por razões que não alcanço, terminou uma das minhas leituras quotidianas.

Não Blasfemarás

No editorial de hoje, no Público, José Manuel Fernandes escreveu:

«Blogues como Espectro, Blue Lounge, O Insurgente, Portugal Contemporâneo ou Causa Liberal, entre outros, têm trocado ideias sobre se a eleição de Cavaco Silva favorece ou não a afirmação de uma alternativa não keynesiana nem social-democrata, também não obrigatoriamente ligada à direita tradicional (que em Portugal nunca foi liberal e sempre preferiu o proteccionismo, da mesma forma que preferia o paternalismo autoritário à responsabilidade individual), antes moderna e visceralmente anti-estatista.»
Num ou noutro local e em e-mails, há quem se refira à não inclusão do Blasfémias na lista de blogues que JMF refere. Na realidade, nem sei se já aqui debatemos muito a afirmação da alternativa não-keynesiana, não social-democrata, não direita-tradicional ligada à eleição de Cavaco Silva. É certo que gostamos de debater alternativas não-keynesianas, não sociais-democratas, não direitistas, não esquerdistas, não estatistas e não politicamente correctas, mas não sei se alguma vez o debate foi feito no estrito âmbito da eleição de Cavaco Silva. O Público é um jornal muito preciso nas suas citações.

Na realidade não é preciso ir por aí. A verdadeira razão para a não inclusão do Blasfémias na lista era outra. Encontrei-a aqui:
«O Livro de Estilo do PÚBLICO estipula que "não são admissíveis as obscenidades, blasfémias, insultos ou qualquer tipo de calão, excepto quando são essenciais à fidelidade da notícia ou da reportagem - e após consulta do editor."»
Está explicado. No Público, Blasfémias não.

Aforismo do Dia

Não há culturas mais ou menos civilizadas, há apenas pequenas diferenças culturais.

Bem

Uma boa iniciativa de Rui Araújo, a existência do Blog do provedor do Público.
Apenas sugiro que ali não sejam apenas colocados os textos semanais, mas inverter a sua função: publicar ali os textos e emails enviados pelos leitores e, tanto quanto possível, que sejam ali respondidos e comentados pelo Provedor. A página semanal no jornal funcionaria como «destaque» do que de mais relevante no blog fosse publicado.

BUROCRACIAS

O tema é recorrente.
A nossa "luso burocracia" é uma característica nacional. Não é uma simples burocracia, como outra qualquer. Nem sequer é uma burocracia neutra, um instrumento de organização racional, tal como foi descrito e teorizado por Max Weber.
Não! A burocacia nacional é interventiva; pretende "ginasticar" os seus destinatários (ou seja, os cidadãos) na difícil arte da "paciência oriental".
Bem vistas as coisas, faz-nos um favor que, muitas vezes, não compreendemos: falando de paciência, vai-nos preparando para a terrível competição Chinesa. Pena é que só sejamos por ela (pela burocracia) exercitados neste item (o da paciência)!

Voltando à teoria de Weber, esta descrevia sete princípios fundamentais, estruturantes da própria ideia de burocracia, a saber:

1- Formalização: existem regras definidas e protegidas da alteração arbitrária ao serem formalizadas por escrito.
2 - Divisão do trabalho: cada elemento do grupo tem uma função específica, de forma a evitar conflitos na atribuição de competências.
3- Hierarquia: o sistema está organizado em pirâmide, sendo as funções subalternas controladas pelas funções de chefia, de forma a permitir a coesão do funcionamento do sistema.
4 - Impessoalidade: as pessoas, enquanto elementos da organização, limitam-se a cumprir as suas tarefas, podendo sempre serem substituídas por outras - o sistema, como está formalizado funcionará tanto com uma pessoa como com outra.
5- Competência técnica: a escolha dos funcionários e cargos depende exclusivamente do seu mérito e capacidades, havendo necessidade da existência de outras formas de avaliação objectivas.
6- Separação entre propriedade e administração: os burocratas limitam-se a administrar os meios de produção, não os possuem.
7 - Profissionalização do funcionário.

Estes princípios visavam, na teoria de Weber, propiciar a máxima racionalização e eficiência de uma qualquer organização. Será interessante, com um espírito de curiosidade histórica e académica, comparar o modo geral do funcionamento da nossa burocracia, com os princípios referidos. Começando, desde logo, pelo da competência técnica e pelo da profissionalização do funcionário que, pressupõe-se, implicará correspectivamente a sua adequada preparação.

PS - Claro que este post não tem nada a ver com uma parte significativa das notícias de hoje, na nossa imprensa....Estas serviram apenas de pretexto lateral. Com efeito, as medidas anunciadas são positivas, no entanto, uma andorinha não faz a primavera ....neste caso, ainda nem sequer começou a voar.

Mas que nos traz alguma esperança, lá isso traz!

Timings Perfeitos

Ver as fotografias n'A Outra Metade.
O filme no Bomboxy Mory (click na imagem de baixo).

Neve

Ate a neve é pobrezinha em Portugal. Cai por umas horas e esvanece-se num instante. É um problema grave, uma evidente falha da mercado que exige intervenção correctiva por parte do estado. O governo teima em ignorar a falta de capacidade dos nossos nevões. Num país como Portugal, a neve não tem viabilidade sem apoios públicos. Embaixo, fotografia de neve a sério, com centro de decisão em Espanha.


Sierra Nevada, Abril de 2004. Mais neve aqui.

Para os melómanos

Uma interessante síntese biográfica de Mozart, disponível no Kosta de Alhabaite.

Ontem, andei assim


Surpreendido no meio da A1. Pára, arranca, o carro a deslizar, a pelissar, a 2 km por hora, 2 horas para chegar a uma saída a apenas 5 km...... Receio, medo. Umas bestas aceleradas espatifadas na berma ou no meio da via. Carros abandonados.
E ainda me vem falar da «beleza natural».....

A ciência dos números e do cálculo, de Platão até hoje.

A obra "A República", de Platão, no seu Livro VII, contém uma interessante menção ao que hoje designaríamos por Matemática. Buscando aquilo que fosse capaz de elevar a alma "até à realidade", de arrastar "a alma do que é mutável para o que é essencial", mantendo, contudo, o aspecto pragmático de "não ser inútil a guerreiros", o autor coloca em primeiro plano "aquela ciência comum, da qual se utilizam todas as artes, todos os modos de pensar, todas as ciências - e também aquela que é preciso aprender entre as primeiras": a "ciência dos números e do cálculo".

Tal ciência seria necessária a uma pessoa, ainda segundo o mesmo texto, "se quiser ser um homem". Dado que a "ciência dos números e do cálculo" poderia "conduzir à verdade" uma das figuras do diálogo, Sócrates, sugere à outra, Gláucon, que "se determinasse por lei este aprendizado".

Para Platão, seria defensável chegar "à contemplação da natureza dos números unicamente pelo pensamento, não cuidando deles por amor à compra e venda, como os comerciantes e retalhistas, mas por causa da guerra e para facilitar a passagem da própria alma da mutabilidade à verdade e à essência".

O autor conclui ainda que "os que nasceram para o cálculo nasceram prontos, por assim dizer, para todas as ciências, e que os espíritos lentos, se forem instruídos e exercitados nele, ainda que não lhes sirva para mais nada, de qualquer maneira lucram todos em ganhar maior agudez de espírito".

Teria Platão, neste caso, razão, será a "ciência dos números e do cálculo" necessária a alguém que queira "ser um homem"? Ou terá razão K.R. Popper (A sociedade aberta e os seus inimigos, Vol.1), escrevendo sobre Platão, quando diz que "grandes homens podem cometer grandes erros"?

Será verdadeira a alegação de Platão, segundo a qual a capacidade para o cálculo nasceria com cada um de nós, podendo embora ser treinada através do estudo?

A "ciência dos números e do cálculo" tornou-se algo de utilidade incontestável no mundo contemporâneo, e um dos principais cometimentos da civilização humana, a Ciência e o correspondente método científico, baseiam-se, em larga medida, nas ciências matemáticas. De facto, com elevada frequência, toma-se por comprovado aquilo que for passível de demonstração através de números, ou seja, através de prova factual, empírica. A chegada do Homem à lua servirá de paradigma de aplicação prática de cálculos complexos, aplicados à tecnologia apropriada, derivada da Ciência.

O desenvolvimento da electrónica e da informática, elas próprias altamente dependentes das ciências matemáticas, vieram, de alguma maneira, encerrar o círculo, na medida em que tornaram acessível o cálculo matemático à generalidade das pessoas. Mediante a utilização de programas informáticos disponíveis generalizadamente, qualquer pessoa pode executar cálculos que assombrariam, porventura, o próprio Platão.

Poderá justificar-se uma nota para comentar o facto de que o texto de Platão critica a utilização do cálculo em razão do "amor à compra e venda", em boa consonância com a filosofia política geral do autor, o qual visaria, ainda segundo o seu crítico K.R. Popper, "a paralisação e a subversão de uma civilização que reprovava".

Salvo melhor opinião, tal como acontece com escritos de outros autores, porventura com especial relevo para a "Política" de Aristóteles, a rejeição de alguns aspectos cruciais do pensamento de cada autor não nos deve, de maneira nenhuma, levar à rejeição do conjunto do pensamento expendido pelo autor. Idêntico raciocínio levaria à rejeição da vasta maioria dos escritos do século XX, muitos dos quais são baseados em pressupostos hoje frequentemente reconhecidos como errados, entre os quais a "luta de classes", por um lado, e o não reconhecimento da igualdade de direitos e de dignidade entre as pessoas, por outro lado.

Haverá ainda lugar para o pensamento sem base numérica? Sem dúvida que sim: na Filosofia, na Arte, no pensamento Jurídico. A própria "República" constitui uma demonstração intemporal da força do pensamento abstracto sem suporte empírico. Será notável, na nossa opinião, a capacidade de Platão para, em alguma medida, antecipar a importância decisiva dos números para o progresso da Humanidade. Tal fenómeno poderá ser mais do que mera coincidência: é que existem, no momento presente, inúmeros seguidores, quer de Platão, quer de Aristóteles, muito embora parte considerável dos mesmos possa nunca ter lido nenhum texto destes dois grandes pensadores.

José Pedro Lopes Nunes

Nota: "A República" encontra-se publicada pela Fundação Calouste Gulbenkian (tradução de Maria Helena da Rocha Pereira), edição da qual foram retiradas as citações constantes neste texto.

Virtudes Liberais

A propósito deste post de Paulo Pinto Mascarenhas [citação: O liberalismo não é só de boca nem se aprende só nos livros. Pratica-se - e a verdade é que a prática de alguns não coincide com o que vão citando das velhas sebentas.], vale a pena lembrar que o liberalismo não é uma religião nem uma filosofia pessoal. Ser liberal não é sinónimo de virtude. As duas coisas estão em planos totalmente distintos. O liberal não se julga o dono da virtude nem afirma estar na posse do caminho virtuoso. O liberalismo não procura novos cidadãos possuidores das virtudes liberais, que nem sequer existem. O que os liberais defendem são instituições políticas respeitadoras de determinados princípios, tão abstractas quanto possível, compatíveis com qualquer que seja a natureza humana e onde cada um tenha a liberdade de agir e seja responsabilizado pelos seus actos. As virtudes que possam emergir de tais instituições políticas são uma consequência espontânea da adequada conjugação de liberdade e responsabilidade.

The Moral Matrix

««The Moral Matrix»» é um mau teste político. Mistura questões de facto, questões morais, e questões políticas. Como o liberalismo implica a rigorosa separação destes três tipos de questões, só por acaso é que o teste pode caracterizar correctamente as posições políticas de um liberal.

Será a teoria do Aquecimento Global falsificável?

Um dos nossos leitores escreveu o seguinte nos comentários:

é o que dá não saber do que se fala. a teoria do aquecimento global prevê precisamente um desregulamento climático que passa por exemplo pela que queda de neve e temperaturas negativas onde isso não costuma acontecer



O que este leitor quer dizer é que qualquer evento meteorológico digno de nota é uma prova do Aquecimento Global. Ora, se é assim, haverá algum evento hipotético que possa ser usado como prova de que a teoria está errada? Será a teoria do Aquecimento Global falsificável? Se não for falsificável, será uma teoria científica?

As melhoras

Desejo daqui as melhoras a Manuel Alegre, que terá metido baixa. Safou-se de boa. Se tivesse passado à segunda volta teria passado a campanha de cama.

29.1.06

Canal Memória II

global climate change is likely to have played a significant role in triggering the heat wave that Europe experienced in 2003

Canal Memória

Aquecimento global é arma de destruição maciça

Sir Houghton exemplifica a sua tese com a vaga de calor que atingiu a Índia, este antes da época das monções: «Quando esta vaga de calor assassino começou a baixar já tinha morto 1.500 pessoas, ou seja, metade das vítimas dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque».

Empatas...

Como é possível jogar tão mal???!!!

Injustiças

Neva em quase todo o lado. Em Fátima, em Lisboa, em Évora, nas praias da Figueira, no Algarve, em Bragança, na Guarda, nas encostas do Marão. Só não neva no Porto.

Está visto, é o "aquecimento local" que vitima os incréus...

Será Luís Represas um Novo Nostradamus?

Neva Sobre a Marginal.

Cortesia Petar Pismestrovic, Kleine Zeitung, Austria,

"LÁ" COMO CÁ


Cortesia Copley News Service

Quem os mandou eleger o Isaltino?

Neva na Amadora, neva em Sintra, neva na Portela. Em Oeiras, nada.

Benfica Perde na Luz

Milhões de Portugueses Enregelados

28.1.06

«Transversal»

O repouso em movimento.

Saldos

«Autarquias violam regra e contratam 4 mil pessoas», diz o DN.
O título da notícia é até cómico pela ingenuidade do que tenta dizer. Que o governo faz o seu papel, mas as autarquias...
A peça lá adianta que «as autarquias contrataram 3920 trabalhadores em 2005 e aposentaram apenas 1870». Ou seja, o saldo é 2050....e não 4 mil. É certo que as autarquias não cumpriram a «regra» de por cada 2 saídas contratar apenas um funcionário. Na prática utilizou-se uma «regra» inversa.
No entanto, o Estado central «Para um total de 10 091 aposentações, a administração central (ministérios) admitiu 6068 funcionários». Lá está, a «regra» também não foi cumprida, existindo em desvio de cerca de 20%. Mas pronto, a peça dá o tom do que se pretende: «a administração central, sem militares, registou no último ano uma quebra de 4 mil funcionários, quando comparadas as admissões e as aposentações, aproximando-se da regra que o Governo impôs a si próprio de contratar menos trabalhadores do que aqueles que aposenta». Ah? Como é? Sem militares? Pois, «em 2005 realizaram-se 6374 admissões para os ramos militares e de segurança». Bom, temos afinal na Adm. Central um saldo de + 2351 funcionários. O que é superior ao saldo das autarquias. Lá se vai o título....
Conclusão, o Estado (central+autarquias) contratou 16.362 novos funcionários. Aposentaram-se 11.961. Saldo de mais 4401. No entanto, o «cenário está ainda subavaliado, porque apenas traduz a realidade dos funcionários inscritos na CGA, não abrangendo as admissões feitas através do contrato individual de trabalho. O Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE) estima, por alto, que aqueles possam andar pelos 30 mil». Tch!!! Não há forma de se conseguir encaixar o título!
Seria igualmente oportuno lembrar o compromisso de «diminuir, em pelo menos 75 mil efectivos, o pessoal da Administração Pública, ao longo dos quatro anos de legislatura» feito por Sócrates e pelo Partido Socialista. Restam 3 anos para diminuir os 75 mil + saldo de 2005......

De tudo isto sobra o mais relevante que é os contribuintes estarem já a suportar liquidamente mais de 46 mil novos vencimentos.....

Parabéns

Dois anos a Tugir em Português. Thanks!
Um prazer diário.

FOI MERECIDO, JCD !

Intervalo

Discussão dogmática II

-- Este quadrado é cinzento.




-- Não é nada, é branco e preto.

-- É cinzento.

-- Se reparares bem, é composto por pequenos pontos brancos que alternam com pequenos pontos pretos. É branco e preto. Basta ampliar um bocadinho. Olha:




-- Lá estás tu a defender o atomismo reduccionista. Só consegues ver o mundo a preto e branco. Ignoras sempre os tons de cinzento.

SOBRE O LIBERALISMO (essa tenebrosa utopia que afasta os "práticos")

Os liberais, a utopia e a passarada, pelo Miguel, n' O Insurgente.

"Já agora, que liberais utópicos exigem «a abolição imediata do SNS»?", por CN, na Causa Liberal.

mouzinho da silveira: um «mestre do liberalismo», pelo Rui, no Portugal Contemporâneo.

A revolta contra os Mestres

Maria Filomena Mónica sobre o ambiente no ISCTE em 1975:

Os alunos entendiam determinar tudo, da selecção dos docentes ao conteúdo disciplinar [...] Na segunda reunião do Conselho Directivo, abordou-se a institucionalização de uma «escola ao serviço do povo». A certa altura, um dos alunos propôs que, como forma de eliminar o conteúdo classista do ensino, trouxessemos alguns proletários para as aulas.

[...]

As ideias de Pierre Bourdieu, sobre a assimetria de poder dentro da instituição escolar, haviam penetrado no corpo estudantil. Mesmo os que não tinham lido as suas obras -- a maioria -- estavam a par da tese que afirmava serem os professores uns autocratas, os quais deveriam aprender com os alunos, portadores estes de novos, e supõe-se que melhores, saberes.

Manamana

PELA ENÉSIMA VEZ...

Quando alguém se desagrada ou se sente especialmente visado ou ofendido com alguma posta no Blasfémias, a última coisa que deverá presumir é uma responsabilidade solidária dos membros deste blogue. Todos os defeitos ou as eventuais virtudes de um texto recaem, inteirinhos, no seu autor concreto. Não se transmitem por simpatia ou por difusão sobrenatural aos restantes membros do Blasfémias.
Não é à toa que defendemos o individualismo - praticamo-lo, também, sempre que possível.
Temos algumas causas comuns - mas não estamos na crença das glórias ou das culpas comunicadas por direito natural algo deslocado.
Resumindo: se alguém está magoado com um dos blasfemos faça o favor de não atingir, por causa disso, na sua justa sanha, aqueles que nada tiveram com a situação.
A boa educação também passa por aí...

Um VEGETARIANO não pode ser líder do PSD!

Quem o diz, implicitamente, é o recém auto-demissionário líder da Distrital do Porto, Marco António Costa, pretendendo fazer a apologia das "directas":

"Com as directas, os candidatos à liderança terão de se aproximar dos militantes do partido, ir a muitos jantares, comer muita carne assada, afirmou.

Para o presidente do PSD/Porto, as directas levarão a que a força da carne assada se imponha aos políticos de gabinete que detestam os militantes de base e preferem fazer política nos jornais e na televisão".

Discussão dogmática I


-- Aquela árvore é verde

-- Não, é azul.

-- É verde.

-- É azul.

-- É verde.

-- És um dogmático.

27.1.06

LEITURAS DE SERÃO

Agradeço a todos os que, directa ou indirectamente, me abriram as portas para este universo cultural.
Vou tentar aí descortinar alguma pista para perceber melhor a subida discussão acerca da natureza etérea ou pragmática do liberalismo. Mas o mais certo é encontrar nessa bíblia um artifício para me furtar ao debate. Com uma imensa pretensão de elegância, é claro...

Redução das obrigações fiscais (II)

Simplificação administrativa ou emergência (reforço?) do Big Brother?

Redução das obrigações fiscais*

Para compensar o aumento de impostos,
Governo quer acabar com declarações de IRS
«A informação recebida pela administração fiscal das entidades patronais e das entidades bancárias será suficiente para efectuar a declaração [sic] de cada contribuinte» (via causa liberal)

*declarativas

Campo minado



1. «O ex-ministro da Presidência [António Vitorino], tinha garantido, na sua audição, que nunca propusera a solução indemnizatória para pôr fim a um conflito que se arrastava havia mais de uma década, mas apenas a criação de uma comissão tripartida para tentar desbloquear a situação.»

2. «Mas Vitalino Canas, que enquanto secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros (PCM) assumiu a coordenação do processo, quando Vitorino deixou o Governo (em Novembro de 1997), remeteu para o seu antecessor a abertura para aceitar o pagamento de uma compensação.»

3. «A comissão de inquérito ouviu [] João Cravinho, ex-ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, MEPAT, desmentir aquilo que havia sido dito na véspera por António Vitorino e Vitalino Canas, ex-secretário de Estado da PCM que herdou o dossier Eurominas».
(citações do Público)

4. «Narciso Miranda chamou ontem a si a decisão de reiniciar, em 2000, as negociações com a Eurominas que terminariam com o pagamento de uma indemnização de 12 milhões de euros. «

LEITURA IMPRESCINDÍVEL (actualizado)

Sobre a reiterada tentativa de fazer-dogma-atacando-os-supostos-dogmas-dos-outros, um excelente texto do Helder, Lá Vamos Nós Outra Vez, n' O Insurgente.

Já agora, também me parece oportuna a referência do CN, Hans-Hermann Hoppe em 10 Lições (Audio), na Causa Liberal.

AS DÚVIDAS DE HELENA MATOS

Pós Debate, no Choque Ideológico. Pelas 22h, frente a Ivan Nunes, veremos se há mais dúvidas ou se já existem respostas.

Reduzir a despesa é que não!

O primeiro-ministro Sócrates justifica os recentes aumentos de impostos sobre os combustíveis com estas singelas palavras: «Encontrámos um défice de 6,83% em 2005, e essa é a razão para o aumento dos impostos».

Evidentemente, «Posteriormente, o ISP será ainda actualizado em função da taxa de inflação esperada para este ano, pressupondo-se por isso mais um aumento do imposto em 2,3%.».

Esta «lógica» é imparável e algures, num futuro não muito distante, um outro primeiro-ministro virá justificar novos aumentos de impostos. Por causa do défice herdado, à custa da OTA, do TGV, do Choque Tecnológico, das Scut, dos subsídios às empresas....).

Os mestres da moderação

Homenagem a Pierre Menard




Se eu me guiasse por alguns faróis da moderação que iluminam a blogosfera, já me tinha provavelmente albergado à sombra do radicalismo. Intolerância por intolerância, antes a velha esquerda anarquista do que este arrivismo ideológico que passa por moderação. Basta ler certas coisas que se escrevem, por aí, para se perceber que, para os seus mais zelosos apóstolos, a moderação?não é moderada. É um intricado de regras invioláveis e de certezas iluminadas. Uma luta feroz pela imposição da ortodoxia moderada. E um campeonato pueril de exibições mesquinhas e de egos mal ajustados. Ser mais moderado do que qualquer outro moderado é o grande desígnio que anima certos moderados. A moderação é o exclusivo de uns tantos: há sempre alguém, de cartilha em punho e de dedinho em riste, disposto a zelar pelos princípios da seita. O mínimo desvio e a mais leve heterodoxia são imediatamente denunciados pela pena fácil dos mestres. Os mestres, na sua prodigiosa sabedoria, conhecem, apenas, um único caminho: os moderados, se quiserem ser moderados, têm que pensar segundo cânones moderados que foram criteriosamente estabelecidos pelas autoridades moderadas entretanto, designadas. E os cânones são apertadinhos. Não dão azo a deambulações do espírito. Nem a tergiversações doutrinais. A coroa de glória dos mestres é apanhar um moderado em falta. Denunciá-lo na praça pública. Apontar-lhe a ignorância. E mostrar, pelo caminho, a sua superior inteligência de mestre. O mínimo que se pode dizer é que esta gente, coitada, faz pior à moderação que todos os apologistas do radicalismo.

Fundamentalismos

Miguel Cadilhe defende a saída de 200 mil funcionários públicos

Teria a direita liberal e não fundamentalista a coragem e a convicção necessária para assumir como sua esta ideia do keynesiano e Social Democrata Miguel Cadilhe?

A frágil liberdade

1. O Conselho Constitucional francês deu parecer positivo a uma nova lei anti-terrorista, que prevê, entre outas coisas que os dados de acesso a telecomunicações (o que inclui páginas de internet consultadas, emails recebidos/enviados, chas, sms, chamadas telefónicas, etc), possam ser acedidos por uma «pessoa qualificada do ministério do Interior» ( e não por um juíz).
A obrigação de retenção de dados, que já existe genéricamente e que foi recentemente reforçada por uma directiva do Parlamento Europeu, recai agora em França sobre todos os fornecedores de serviços, sejam as empresas telefónicas e ISP's, mas também cibercafes, restaurantes ou outros locais de acesso público, os quais deverão registar os dados de cada utilizador.

2. «Rui Pereira, coordenador da Unidade de Missão da Reforma Penal (UMRP), levantou anteontem, no Porto, o véu sobre algumas propostas de alteração do Código Penal e do Código de Processo Penal (...) Quanto à violação do segredo de justiça, que considera estar a levar a um "descrédito sobre a justiça", defendeu a penalização de quem tenha contacto ou tome conhecimento de elementos processuais reservados» (Público)

Tal incluí os «leitores» pois que também eles «tomam conhecimento de elementos processuais reservados»? Haverá retirada de jornais de circulação, interrupção de emissão televisiva e radiofónica, supressão/suspensão de blogs?

Por coincidência (ou não?), ainda há poucos dias, PedroF, no Contrafactos&Argumentos fazia eco de uma decisão judicial norte-americana nesse sentido: «Persons who have unauthorized possession, who come into unauthorized possession of classified information, must abide by the law," said Judge T.S. Ellis III. "That applies to academics, lawyers, journalists, professors, whatever».
E peguntava, muito oportunamente: «quanto tempo vai passar até ocorrer uma decisão semelhante em Portugal?». Pelo andar da carruagem, muito pouco....

3. A ler também: «Crime financeiro duplicou em Portugal no último ano vs. "Parlamento aplaude defesa do fim de escutas telefónicas a crimes como a corrupção"»

ANALOGIA CERTEIRA

«A aplicação de fundos europeus em Portugal vem padecendo do mesmo problema das ajudas humanitárias a algumas ditaduras de África. Beneficiam a oligarquia local, a sua má aplicação garante, de forma perversa, que no futuro mais fundos virão; mas raramente são aplicados nos fins e para os objectivos a que se destinam».
Paulo Morais, Diário Económico

Aos «mancebos»:

Em anúncio publicado na imprensa nos últimos dias, o Ministério da Defesa apela ao «Recenseamento militar» para os cidadãos que completam 18 anos em 2006, afirmando que o mesmo «é obrigatório».

O que é falso.
Em letras pequeninas, no mesmo anúncio se diz: «Para as cidadãs o recenseamento militar é facultativo».

Ora, há que ter presente o Artigo 13º da CRP:
«(Princípio da igualdade)
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.»

Assim, caros mancebos, tal «dever» não vos pode ser imposto, nem em caso algum poderão vir a ser prejudicados pelo não cumprimento de uma «obrigação» a qual viola flagrantemente a Constituição.

Louvável

A aprovação pelo PSD de uma proposta do secretário-geral Miguel Macedo em terminar com o pagamento colectivo de quotas, de acordo com o Público de ontem (link não disponível). Fica agora vedado que um militante - geralmente um testa-de-ferro de um candidato a qualquer cargo interno - pague as quotas de um conjunto de outros militantes, todos pertencentes ao "sindicato de voto" do mesmo candidato.

Medidas como esta são sempre de registar, embora não me custe a crer que foi sobretudo o receio da "cacicada menezista", que não razões de equidade, o principal objectivo da sua implementação.

O Mundo Imperfeito

"Porque protestam estas pessoas?" - perguntou Maria Antonieta.
"Têm fome. Pedem pão." - respondeu o cocheiro.
"Se não têm pão, comam croissants."


Numa 'March Against Child Labour' em Nova Iorque, a repórter pergunta a uma criança que acompanha os pais:
«Sabes porque é que estás aqui?». O miúdo respondeu: «Sei, é para protestar contra o trabalho infantil dos meninos que são obrigados a fazer Nikes no Vietname». A repórter insistiu: «Tens pena desses meninos?». A criança concordou: «Sim, acho que os meninos do Vietname também deviam poder jogar na Playstation e ver televisão, depois da natação.»

Estima-se que no Mali, 55% das crianças entre os 10 e os 14 anos trabalhem. No Brasil serão mais de 15% e no Bangladesh cerca de 1/3. No Quénia são mais de 40%. Na China, cerca de 10%. Em todo o terceiro mundo a fotografia é a mesma, o trabalho infantil é não só uma triste realidade, como é, muitas vezes, a normalidade.

Milhões de crianças vietnamitas trabalham, nos arrozais, nas sweatshops, em fábricas de vão de escada que fornecem multinacionais e, principalmente, em casa. Serão os pais vietnamitas gente sem coração nem amor pelos filhos?

É fácil para um europeu do século XXI manifestar a sua indignação por estes números e exigir medidas para banir o trabalho infantil. Infelizmente não é possível acabar com o trabalho infantil gritando em manifestações ou publicando decretos-lei. A solução, a única solução, é o tempo. É esperar que os países mais pobres se desenvolvam, enriqueçam, e que os pais das futuras gerações consigam alimentar os seus filhos sem precisar de sacrificar a sua infância.

A ideia de que se podem castigar os países/empresas onde há trabalho infantil, através de embargos comerciais, essa sim, constitui um crime contra a pobreza. O miúdo do Vietname que passa a noite a coser bolas para a Nike, subcontratado por um qualquer subcontratado de um subcontratado da Nike, é invejado pelo filho do vizinho que trabalha 10 horas por dia nos arrozais ou nas minas e que também gostava mais de coser bolas em casa. Não só pagam melhor, como é uma bênção para os pais vietnamitas ter um filho a trabalhar em casa.

Se o ocidente decide de cátedra impedir a importação de produtos vietnamitas por causa do trabalho infantil, está apenas a tirar os miúdos de casa e a mandá-los de volta para os arrozais. A alternativa nunca é a Playstation ou os Morangos com Açúcar. É apenas mais pobreza e mais trabalho.

É óbvio que devemos sensibilizar, lamentar e por vezes exigir. Mas não podemos impor a quem nada tem que morra à fome em nome do nosso bem-estar intelectual.

E um ocidental, não pode fazer nada para acabar com este drama? Pode. Por exemplo, pode exigir o levantamento de todas as barreiras alfandegárias que impedem os países mais pobres de iniciar a sua longa caminhada na senda do desenvolvimento. Pode exigir o fim da PAC, o fim dos subsídios às empresas do mundo desenvolvido, o fim da ultra-regulação proteccionista.

Mais importante ainda, podemos também deixar de lhes vender "amanhãs que cantam". Há trabalho infantil no Vietname mas já não há na Coreia do Sul. No Laos, o trabalho infantil é generalizado mas em Singapura todas as crianças vão à escola. No Cambodja quase todas as crianças trabalham mas na Malásia o número tem-se reduzido significativamente. Ainda há muitas crianças chinesas a trabalhar mas já muito poucas em Taiwan. Será preciso explicar as diferenças entre os que ainda têm e os que deixam de ter?

26.1.06

Never Say Never Again

Não estará na altura da Mandala mudar o nome do boneco 'Acabado Silva', no contra-informação?

Mulheres do Sul

Mário Soares, presidente entre 1986 e 1996, é casado com Maria Barroso, natural da Fuzeta, Algarve.
Jorge Sampaio, presidente entre 1996 e 2006, é casado com Maria José Rita, natural de Vila Real de Santo António, Algarve
Aníbal Cavaco Silva, presidente a partir de 2006, é casado com Maria Cavaco Silva, natural de Loulé, Algarve.

Três décadas de Algarve no leito presidencial?

A ler

A "subsidiarite" ruinosa, aqui bem retratada por Paulo Morais.

O caso Google

The Internet treats censorship as a malfunction and routes around it.
John Perry Barlow


O Google tinha 2 opções:

1. Não entrar na China;

2. Entrar na China sujeitando-se às regras de censura impostas pelo governo chinês.

A segunda alternativa é aquela que melhor serve a causa da liberdade de expressão na China porque contribui para o aumento do número de canais de acesso à informação, precisamente aquilo de que os chineses precisam para contornar a censura que as autoridades chinesas fazem à internet. A primeira alternativa só serviria para tornar a censura chinesa mais eficiente.

AI, AI...

A MELHOR MANEIRA DE TUDO FICAR NA MESMA:«O liberalismo mitigado deve ser a aposta da direita para os próximos anos... Não se trata de querer privatizar tudo e mais alguma coisa, de acabar com a segurança social e com o sistema nacional de saúde, ou de outros niilismos megalómanos».

A CONFUSÃO: «depois de reduzido Estado às suas tarefas fundamentais... depois de tudo isso, poderemos, então, voltar a ser conservadores. Conservadores-liberais, bem entendido».

Realmente, assim quase que é melhor o soneto que a emenda. Ou, pelo menos, equivalem-se.

Leitura recomendada

Thomas Hazlett: Google?s beautiful China paradox

MUITO POR CAUSA DE AVEIRO (mas não só)

Todas as Generalizações São Falsas...

Reformas Administrativas

«O Estado foi condenado a pagar seis milhões de euros à Câmara de Santo Tirso devido à criação do concelho da Trofa», noticia a TSF.
«O juiz Pedro Lima da Costa considerou que os seis milhões de euros que o Estado vai ser condenado a pagar «é o valor que a autarquia teve de suportar de forma indevida, por omissão da lei', aquando da criação do município da Trofa, pelo facto de ter ficado com um quadro de pessoal sobredimensionado».

Não entrando em minudências jurídicas de natureza processual, pergunto-me porque há-de o "Estado", isto é, o contribuinte, suportar a alegada irresponsabilidade dos deputados que aprovaram a criação daquele e de outros concelhos? Não deveria haver aqui direito de regresso?

Hamas


Muitos comentadores têm salientado o lado positivo da vitória do Hamas nas eleições palestinianas, argumentando que é preferível ter o Hamas do lado da política do que do lado da guerrilha. O Hamas, no poder, seria obrigado a moderar-se.

Talvez. Até lá, recomenda-se a leitura do Hamas Covenant.

Extractos selecionados:

"Israel will exist and will continue to exist until Islam will obliterate it, just as it obliterated others before it."

"The Islamic Resistance Movement believes that the land of Palestine is an Islamic Waqf consecrated for future Moslem generations until Judgement Day. It, or any part of it, should not be squandered: it, or any part of it, should not be given up."

"The Movement is but one squadron that should be supported by more and more squadrons from this vast Arab and Islamic world, until the enemy is vanquished and Allah's victory is realised."

"The Islamic Resistance Movement aspires to the realisation of Allah's promise, no matter how long that should take. The Prophet, Allah bless him and grant him salvation, has said: 'The Day of Judgement will not come about until Moslems fight the Jews (killing the Jews), when the Jew will hide behind stones and trees.'"

"Initiatives, and so-called peaceful solutions and international conferences, are in contradiction to the principles of the Islamic Resistance Movement. Abusing any part of Palestine is abuse directed against part of religion. Nationalism of the Islamic Resistance Movement is part of its religion."

"There is no solution for the Palestinian question except through Jihad. Initiatives, proposals and international conferences are all a waste of time and vain endeavors."

"After Palestine, the Zionists aspire to expand from the Nile to the Euphrates. When they will have digested the region they overtook, they will aspire to further expansion, and so on. Their plan is embodied in the "Protocols of the Elders of Zion", and their present conduct is the best proof of what we are saying."

"The day the Palestine Liberation Organization adopts Islam as its way of life, we will become its soldiers, and fuel for its fire that will burn the enemies."

"Under the wing of Islam, it is possible for the followers of the three religions - Islam, Christianity and Judaism - to coexist in peace and quiet with each other. Peace and quiet would not be possible except under the wing of Islam. Past and present history are the best witness to that."

Como pode Israel negociar com quem pensa, escreve e pratica o que se escreve acima? Talvez esteja na altura de chamar o Dr. Mário Soares, recentemente liberto de outras obrigações, para iniciar as conversações.

O Estado Filantropo ou a Síndrome de Estocolmo

Escreve ccs :

Em Portugal, a ?sociedade civil? é um produto do Estado que a emprega e a subsidia e lhe garante o essencial. O país, na sua generalidade, ?sociedade civil? incluída, remedeia-se à custa do Estado. Ao contrário do que os liberais apregoam, o Estado, entre nós, não está na origem dos problemas: é chamado à resolução dos mesmos, com natural espalhafato.


Creio que há nesta tese uma inconsistência qualquer. A não ser que o estado tenha uma mina de ouro, que pelos vistos não tem, não se percebe onde é que vai buscar os recursos para apoiar a sociedade civil. Será que o vai buscar à Sociedade Civil via impostos? E os impostos não são um fardo para a sociedade civil? E o desperdício e as injustiças que essas transferências arbitrárias criam não destroem ainda mais qualquer hipótese de uma Sociedade Civil autónoma? Afinal, se a despesa pública é considerada uma ajuda à Sociedade Civil, então, pela mesma razão, os impostos têm que ser considerados um custo imposto pelo estado à sociedade civil. No fundo, estamos a falar de uma conta de subtrair. Se o estado cobra 50% da riqueza nacional à sociedade civil, distribuindo, num cenário optimista, 30% (ficando com 20% para despesas "burocráticas"), então é só fazer as contas:

30%-50%=-20%

O saldo é negativo. A Sociedade Civil sai a perder. A ajudas deste tipo dispensam-se. Podemos parar de fingir que o estado ajuda a Sociedade Civil com uma fracção do dinheiro que lhe consegue sacar.

25.1.06

Pub.

Alemanha quer penalizar deslocalização de empresas dos países ricos para Portugal

Alemanha quer penalizar deslocalização de empresas dentro da União Europeia

O melhor é fechar outra vez as fronteiras.

A riqueza da Europa também foi produzida por crianças



Colheita da batata, Dorset, Inglaterra, década de 1950.

Uma cena semelhante poderia ter sido fotografada no Minho na década de 1980.

Nota: A escolha das famílias dos países em desenvolvimento nunca é entre colocar os filhos na escola ou colocá-los a trabalhar, mas entre colocá-los a trabalhar numa fábrica (onde normalmente ganham mais) ou na agricultura (onde normalmente ganham menos). Aqueles que desejam um mundo em que os países em desenvolvimento não têm trabalho infantil querem uma utopia pela qual nenhum país europeu passou.

ANALOGIAS CANADIANAS


Quem será o protagonista da similitude nacional?
(Quanto às eleições no Canadá subscrevo aquilo que o AAA escreveu n' O Insurgente)

Momentos de Glória

Mr. Bárrôso na Assembleia Nacional francesa. (Video completo aqui)

1. Notícia na TF1. (tem um link para o noticiário da TF1 - Pour aller plus loin- e também vale a pena ler os comentários).

2. No Le Figaro: "JOSÉ MANUEL BARROSO a fait preuve hier d'une remarquable pugnacité pour défendre, dans l'hémicycle de l'Assemblée, «l'Europe des projets», «une Europe qui gagne». En présence de plusieurs ministres français et du seul commissaire français à Bruxelles, Jacques Barrot, le président de la Commission européenne s'est exprimé dans un français remarquable, et n'a pas hésité à moucher les présidents des groupes de gauche, Alain Bocquet (PCF) et Jean-Marc Ayrault (PS)."

Comentário Final: "A l'issue de la séance, Jean-Louis Debré semblait conquis : «On n'a jamais autant et aussi bien parlé de l'Europe. Le dialogue a été direct, vif, incisif. Certains attendaient un technocrate, ils ont eu un vrai politique. Il les a cloués !»"

Bravo, Mr Barroso!

Mas em Portugal, escrevem-se coisas destas: "Os deputados da Assembleia Nacional francesa (AN) criticaram, ontem, a visão liberal que Durão Barroso conduz para a Europa e exigiram respostas, convidando-o a assumir as responsabilidades."

Nem o Le Monde foi tão enviesado na história...

Café Blasfémias: Democracia versus Concorrência

Ontem, no Café Blasfémias em Aveiro discutiu-se liberalismo. Dado que algumas pessoa presentes foram bastante críticas do liberalismo, a discussão tornou-se bastante interessante.

Uma das linhas de argumentação seguidas contra o liberalismo foi tentar mostrar que, em termos de liberdade interna, uma empresa e o estado são semelhantes, pelo que as empresas não podem ser consideradas instituições liberais. Segundo esta linha de argumentação, o funcionário de uma empresa não é proprietário do seu posto de trabalho e é obrigado a obedecer a ordens dos seus superiores não podendo recusar-se a fazer determinadas tarefas.

Claro que esta linha de argumentação esbarra numa diferença fundamental entre um estado e uma empresa: o estado detém um monopólio legal sobre um vasto território enquanto que as empresas estão sujeitas a concorrência real ou potencial dentro desse mesmo território. Enquanto o estado, dentro de um determinado teritório, só pode ser limitado pelos processos democráticos, as empresas são limitadas pela concorrência.

Argumentou-se que os processos democráticos são tão limitadores do poder do estado como a concorrência é limitadora do poder das empresas. Mas obviamente isso não é verdade. Imagine-se dois países em tudo idênticos, excepto na forma como está organizado o mercado de telefones móveis. No primeiro país, existem 3 companhias de telefones em concorrência. Qualquer grupo que consiga resolver problemas técnicos de limitação do espectro pode criar uma quarta rede, desde que não interfira com as já existentes. Os utilizadores têm o direito de mudar de companhia a todo o momento, a não ser que se tenha comprometido por contrato a não o fazer. Nenhuma empresa tem um monopólio legal do que quer que seja e todas as relações são contratuais. No segundo país, só existe uma empresa que tem o monopólio legal sobre a actividade. Ninguém pode fazer uma empresa ao lado. Os utilizadores não podem escolher entre empresas, mas podem votar de 4 em 4 anos na administração da empresa. Em qual destes países o utilizador médio conseguirá uma melhor relação qualidade/preço?

Algumas diferenças entre os dois sistemas:

Sistema concorrêncial:

- cada um escolhe aquilo que lhe diz respeito, elevada probabilidade de as preferências individuais serem respeitadas;
- as escolhas são feitas todos os dias;
- concorrência potencial pode influenciar os preços.
- sistema descentralizado, risco reduzido
- mecanismos de feedback rápido, tempo de correcção de erros baixo.

Sistema democrático:

- a maioria escolhe por todos, baixa probabilidade de as preferências individuais serem respeitadas;
- as escolhas só podem ser feitas de 4 em 4 anos;
- não existe concorrência potencial;
- sistema centralizado, risco elevado;
- mecanismos de feedback lento, erros demoram pelo menos 4 anos a ser corrigidos.

AVEIRO

Debate, polémica, blogues, boa disposição, convicções abaladas, ideologias datadas, e muitos dogmas questionados. Tudo isso e muito mais aconteceu ontem à noite no Teatro Aveirense que, gentilmente, nos convidou para aí realizarmos mais uma edição do Café Blasfémias.
Ou me engano muito ou Aveiro está a ficar cada vez mais bonita. E mais Blasfema.

«Café Blasfémias», ontem, em Aveiro


Do porquê de os blogs de cariz liberal terem uma elevada preponderância entre os blogs políticos e a simultânea constatação que tal «popularidade» não tem correspondência no discurso comunicacional e político «externo» foram os motes iniciais para mais uma edição do «Café Blasfémias», desta feita na cidade de Aveiro.

Mas as mais de 50 pessoas que estiveram na Cafetaria-Bar (recomenda-se) do renovado Teatro Aveirense, muito livremente, levaram a conversa e debate para outras áreas, com igual «sumo»: «o que é isso do liberalismo», «Estado versus cidadão», «a segurança social», «que funções deve ter o Estado», «a mão invisível», «liberalismo, liberalidade e relativismo», «sistema de ensino» e mais uma mão cheia de temas que levaram o debate a patameres plenos de interesse e de viva e franca participação.
Com participantes de tão boa qualidade, incentivadores e provocadores, dá vontade de tomar muitos outros «Cafés» em Aveiro..... e noutros palcos.

"Convivência urbana" e "arrendamento de serviços"

Não, não serão só neologismos. Por cá, também já se falou nisto!

Apesar de tudo, já agora, também não ficaria mal de todo pensar-se numa Autoridade/Entidade Reguladora do sector....

(N)..OTÁRIOS?

Os Notários ameaçam processar o Estado Português.

Aparentemente, envolveram-se numa aventura chamada (peseudo)liberalização, em que existem restrições à livre iniciativa económica (desde logo, na vertente "liberdade de acesso" e na liberdade de conformação da sua actividade pelos preços...que continuam fixos e tabelados).

Aparentemente, envolveram-se e investiram de acordo com o simulacro de liiberalização/privatização, pressupondo que quem os convidava iria manter uma série de obrigações burocráticas, economicamente ineficientes (de resto, bem vistas as coisas, injustificáveis!)

Descobriram, agora, numa perspectiva corporativa, que o Estado não será propriamente uma pessoa confiável! De facto, não é......ainda que tenha toda a razão!

Liberdade Económica - I

Porque é que em Inglaterra se conduz pela esquerda?

24.1.06

Recriminações ao eleitorado

Escreve Vital Moreira hoje no Público (link não disponível):

E Mário Soares? Para as grandes personagens, as ocasionais derrotas, mesmo as mais pesadas, são uma simples nota de rodapé numa grande biografia. A sua determinação quase quixotesca nesta derradeira luta política só pode impressionar, acrescentando mesmo uma aura de injustiça e ingratidão histórica face ao seu sacrifício pessoal. E se porventura Cavaco Silva confirmar a sua vocação de ingerência na área governativa, e Alegre não resistir a explorar dentro do PS a sua posição eleitoral, ainda veremos Soares a proclamar, com razão: eu não dizia?

Eu diria que:
  1. Um apego excessivo ao poder representa muitas vezes uma enorme mancha no curriculum das grandes personagens. Helmut Kohl constitui, a esse título, um dos exemplos mais flagrantes.
  2. Uma determinação quixotesca é mais risível e caricata do que impressionante.
  3. Os eleitores não votam por razões de gratidão ou de justiça por actos passados ou sacrifícios pessoais (só é penitente quem quer), mas (e muito bem) em função de expectativas futuras. Se assim não fosse, Churchill teria sido 1º ministro vitalício.
  4. É muito provável que Cavaco se venha a revelar um Presidente interventivo. So what? Estará a corresponder às expectativas dos 86% de eleitores que votaram em candidatos com perfil intervencionista.

You heard it here first! - III: Anti-dumping social e ambiental?

A propósito da China no contexto do Comércio (e - porque não dizê-lo? - no contexto da Comunidade Internacional), o nosso leitor AMNM, escreve que:

"(...)Da mesma forma que a UE impõe normas de qualidade e segurança aos produtos cuja comercialização é permitida dentro das fronteiras da UE, deverá passar a impor normas sociais, ambientais e energéticas, semelhantes às a que estão obrigados os produtores da UE.Apenas dessa forma será possível garantir a concorrência efectiva e livre (ao menos no que respeita a estes factores de produção) entre os produtores da EU e os exteriores".

Questão: Será legítimo, numa perspectiva (tendencialmente) liberal, imporem-se restrições deste género?

Pela reorganização do espectro político português

PETAC - Partido dos Estalinistas e Trotskystas Atordoados mas não Convencidos resultante da fusão da ala alegrista do PS, do BE, do PCP e dos renovadores.

PEC - Partido do Extremo Centro resultante da fusão dos socratianos, dos mendistas, dos soaristas e dos marcelistas com o alto patrocínio de Cavaco Silva.

PDPNL - Partido da Direita Populista às segundas, quartas e sextas, Nacionalista às terças quintas e sábados e Liberal ao Domingo também conhecido por Partido Do Portas Não te Livras resultante da fusão dos santanistas, dos menesistas ,dos portistas e de alguns vestígios do PND.


Assim as coisas ficam melhor organizadas com as pessoas com afinidades entre si no mesmo partido.

Boomerang

CIA montou sistema de rapto e tortura "por encomenda" na Europa

Aquilo que começou por ser uma forma de atingir os Estados Unidos ou acaba abafado ou acaba por atingir os governos e os serviços secretos europeus.

Utopia de Robin dos Bosques

O socialistas acreditam que a sociedade que mais favorece os pobres é aquela que cobra impostos elevados, dos quais os pobres estão por regra isentos. Acontece que os socialistas nunca perceberam muito bem como funciona a economia e até aspiram a criar uma nova livre da ditadura da lei da oferta e da procura. Se percebessem também perceberiam que um sistema em que o estado cobra impostos elevados altera totalmente o regime de incentivos característico de uma sociedade livre. Os agentes económicos deixam de estar motivados pelo lucro, o que os levaria a produzir bens e serviços que as pessoas valorizam, e passam a estar motivados pelas benesses concedidas pelo estado. À medida que os impostos sobem, os ricos passam-se todos para o aparelho de estado e deixam de existir ricos a quem cobrar impostos. Os impostos são cobrados pelos ricos aos pobres, pobres que terão que viver numa economia estagnada porque quando o lucro deixa de ser um incentivo a economia deixa de crescer.

Café Blasfémias: em Aveiro


Passadas as emoções das eleições presidenciais, será tempo de regressar aos temas verdadeiramente importantes.
Assim, já na próxima terça-feira, retomamos o espaço de debate, aberto e livre do «Café Blasfémias», desta vez na cidade de Aveiro.

O tema será «O Debate Liberal e a Blogosfera», e terá lugar no dia 24 de Janeiro, pelas 21.30 Horas, no Café Bar do Teatro Aveirense.
(ver localização aqui)


Estão todos convidados, não é preciso inscrição, apareçam e participem.

À Espera de um Milagre

Tomou posse...
«O Gabinete da Bolívia, formado por intelectuais de esquerda, mulheres, mineradores, camponeses, sindicalistas e indígenas, enfrenta grandes desafios, como conseguir que o país abandone o primeiro lugar na lista dos mais pobres da América do Sul.»

CHIRAC ANUNCIA QUE EXISTE


Cortesia Ann Telnaes

You heard it here first! - II: VEIO PARA FICAR?

A propósito do que nota o João Miranda, aqui, trancrevo um pequeno artigo de Outubro de 2005 (já foi publicado na nossa imprensa):

A Renault lançou em 2005, no mercado francês, o seu novo Dacia Renault Logan.
A comercialização deste automóvel, em França, foi algo inesperada, na medida em que - salvo erro - ainda em 2004, ou seja, cerca de um ano antes, o Presidente da marca francesa tinha declarado que dificilmente tal veículo teria interesse para os mercados da Europa ocidental. Na verdade, o Logan resulta de uma pareceria (muito frutuosa) estabelecida entre o construtor francês e a Dacia - uma fábrica de automóveis romena que, desde há décadas, produz e comercializa, sob licença da Renault e para o respectivo mercado nacional, automóveis.
Ora, o grande argumento comercial do Logan reside no seu preço: a partir de 7.500 Euros é possível comprar um, "novinho em folha". Claro está que o dito automóvel nada tem de inovador já que aproveita a mecânica do tradicional Megane e, além disso, prescinde de tudo o que seja acessório corrente (nem vidros eléctricos tem!). Ah! - importa não esquecer o pormenor - é todo produzido nas fábricas romenas da Dacia, onde o salário médio é de 200 Euros/mês.
Mas, o que é que precipitou a comercialização (com muito sucesso, diga-se!) deste novo Dacia Renault?
Um argumento de peso e de preço!
Soube-se que a Geely - construtor chinês de automóveis - prepara-se para comercializar os seus veículos na Europa. Sucede que os futuros carros chineses, da classe do Logan (utilitários/familiares) poderão ser comercializados a um preço-base de 3.000 Euros, sendo que, já hoje em dia, em certos mercados, é possível, pelo preço do Logan (cerca de 7.500 Euros, ou um pouco mais), adquirir-se um "todo-o-terreno" chinês, de topo de gama!
Claro que, por enquanto, tais veículos chineses têm muitas deficiências, sobretudo, ao nível da segurança passiva....mas, há aqui algo, nesta guerra comercial, que nos faz recordar, de algum modo, a entrada, nos mercados europeus, das marcas japonesas, nos anos de 1970. Também eram carros sem grande imagem, nem "estatuto" de mercado, não seriam bonitos e, provavelmente, se as exigências de segurança fossem as que se requerem hoje em dia (e bem!), talvez tivessem, inicialmente, sido considerados automóveis não muito seguro....Porém, parafraseando o slogan publicitário de uma afamada marca japonesa, nesses idos anos de 1970, "vieram para ficar"!
Como será com os Chineses?
Nos automóveis e em todos os produtos de grande consumo? Com a adesão à OMC, será que a China, definitivamente, também "veio para ficar"?

AGORA TAMBÉM ESTOU AQUI

Choque Ideológico é o novo blogue do programa da RTPN com o mesmo nome.
A partir de agora, para além das Blasfémias, alguns dos meus vitupérios também poderão aí ser encontrados em animada contenda com aquela heterodoxa equipa de comentadores.

Notas Finais

1. Estão a votar nas duas freguesias em que, no passado Domingo, grupos de cidadãos voltaram a sobrepor o seu direito à indignação à liberdade dos outros. "Se o presidente da junta não me arranja os esgotos, o Chico não vota". Puro terceiro mundismo, este tipo de atitude que sempre teve ilustres adeptos cá em Portugal.

2. Já se sabe, nem todos os candidatos têm muito jeito para contas. Imagino as perguntas, esta manhã: "Ó Maria... telefona aí ao Coelho e pergunta-lhe se ainda vai dar para apanhar o Alegre...", ou "E esta gente lutadora, terá na ponta das suas canetas o alento que amplificará a voz num grito de gargantas que clamam pela segunda volta?"

3. No último dia de campanha, Jerónimo de Sousa falava nos "neo-liberais que aplaudem a política de aumentos de impostos de Sócrates". Que confusão. Se aqueles a quem Jerónimo chama ignorantemente neo-liberais são simplesmente liberais, ninguém mais do que eles está contra o aumento de impostos. E a confusão de Jerónimo é ainda maior porque quem quer aumento de impostos é quem pede mais despesa pública e mais intervenção do estado e nesse grupo inclui-se sempre o partido do Jerónimo.

4. Enquanto a campanha nos distraía, a despesa pública do sub-sector estado continuava a crescer a ritmos insustentáveis, no primeiro ano de contenção socialista.

"Do lado da despesa registou-se um aumento de 8,2% no ano passado, face a 2004, para os 41,5 mil milhões de euros. Este aumento resultou da conjugação de uma expansão da despesa corrente em 8,8%, para 38 mil milhões de euros, e da de capital em 1,6 por cento, para 3,4 mil milhões de euros."

E ainda faltam as autarquias. E a OTA e o TGV. Continuem assim. O abismo é já ali à frente.

Presidencialismos

"...investimentos como os da OTA e do TGV, mesmo não existindo restrições orçamentais, só devem ser realizados se a totalidade dos benefícios sociais, ao longo de toda a vida dos projectos, for maior do que os respectivos custos sociais."

Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República eleito.

1. Existem restrições orçamentais.
2. Os custos sociais são incomparavelmente maiores que os benefícios.

E agora, o quê?

Casuísmos

Governo vai reforçar apoio ao microcrédito

OGoverno vai reforçar o apoio ao microcrédito com incentivos fiscais, para os promotores de pequenos projectos, mas também através da facilitação de meios técnicos e logísticos. O compromisso foi ontem assumido pelos ministros das Finanças e do Trabalho e Solidariedade Social, na conferência de encerramento do ano internacional do microcrédito, que ontem decorreu no Fórum Tecnológico, em Lisboa, e onde se assinalou o êxito da meta, traçada oito anos antes, de levar o microcrédito a 100 milhões de pobres em todo o mundo.


Casuísmo? Não faz mal. Para o ano já não será ano internacional do microcrédido e já se poderá taxar o microcrédito para subsidiar outra coisa qualquer. A Heliofísica, por exemplo. Para o ano é o Ano Internacioanal da Heliofísica. Para o ano, o governo prometerá reforçar os apoios à Heliofísica, que também merece. Os heliofísicos também têm direito a incentivos ficais e `a facilitação de meios técnicos e logísticos. Pelo menos para o ano. Acho mesmo que o estado tem feito questão de dificultar os meios técnicos e logísticos todos os outros anos para que os heliofísicos para o ano notem a diferença. Este ano vou pedir um micro-crédito para estudar heliofísica de modo a estar em condições de receber os subsídios do próximo ano.

You heard it here first!

O Geely pode ser muito barato, mas é inseguro, para além de ser feito por criancinhas esfomeadas exploradas pelo grande capital.

23.1.06

Um problema de transparência entre governo e governados

Razões de mercado poderão justificar perfeitamente que para funções similares existam grandes disparidades de remuneração.
Mas, não se analisando agora em pormenor se o presidente da Reserva Federal dos EUA e o Governador do Banco de Portugal exercem funções similares, a alegação de que o primeiro terá um vencimento de 272.628 euros e o segundo de $171.900 é relevante, em termos políticos, pelo facto de nos EUA, como convém, tal informação ser do conhecimento e escrutínio público e em Portugal não. O que deixa transparecer a usual falta de rigor e vigilância que deveria existir para com os orgão executivos por parte dos representantes dos cidadãos e dos contribuintes.
E já agora, a Comissão de Vencimentos do BP, constituída por Miguel Beleza, Rui Vilar e António Pinto barbosa já apresentaram algum relatório de «reanálise das condições remuneratórias e demais benefícios, incluindo prestações de reforma, dos membros do Conselho de Administração» pedido em Julho do ano passado?

Classificação Final do Blasfem and Win



A pedido de várias famílias (em número superior a 2 e inferior a 4), lista-se a classificação completa do grande concurso Blasfem and Win Presidenciais 2006. Há algumas alterações em relação à anterior classificação. Agora já estão todas as freguesias e a emigração e eliminaram-se alguns duplicados.

Qualquer queixa em relação aos resultados deve ser feita directamente para o site da empresa (link não disponível) ou para os escritórios centrais em Torba, Vanuatu, para um Apartado cujo número não me recordo agora.~

Obrigado a todos os participantes.

1. libertas d= 2,17
2. Fidel d= 4,12
3. Edmundo d= 4,26
4. RTP/Antena 1/Católica Boca de Urna d= 4,30
5. TVI/Intercampus Boca de Urna d= 4,36
6. Fernando Sá d= 4,43
7. Raul Picasinos d= 4,54
8. Ze Tone d= 4,57
9. SIC/Eurosondagem Boca de Urna d= 4,57
10. pre cog d= 4,60
11. LordDogs d= 5,03
12. Salvador d= 5,17
13. vic d= 5,23
14. Antonio Moreira d= 5,28
15. RAF d= 5,40
16. Joseph Little People d= 5,66
17. Rui Castro d= 5,73
18. PRB d= 5,83
19. Pedro Oliveira d= 5,83
20. Arsénio d= 5,86
21. fvaz d= 5,96
22. xatoo d= 6,22
23. vocifer d= 6,27
24. Católica/RDP/RTP/Público Última Sondagem d= 6,57
25. rodrigo d= 6,57
26. LA-C d= 6,66
27. Aximage/Correio da Manhã Última Sondagem d= 6,77
28. josé mexia d= 6,77
29. Leonel Vicente d= 6,83
30. pedro d= 6,93
31. Dr. Merkwurdigliebe d= 6,94
32. CL d= 7,03
33. Doutor Zeca d= 7,03
34. fred33 d= 7,12
35. Marktest/DN/TSF Última Sondagem d= 7,26
36. José Miguel Gama d= 7,43
37. Sondagem Blasfémias d= 7,53
38. nomar d= 7,57
39. el_Sniper d= 7,66
40. rf d= 7,75
41. plus d= 7,77
42. Vasco Gabriel d= 7,78
43. D. Sebastião d= 7,83
44. msn d= 7,97
45. Bento Barbosa d= 7,99
46. phil d= 8,07
47. João Vasco d= 8,17
48. maio d= 8,43
49. kapa d= 8,43
50. JJ d= 8,57
51. Serafim d= 8,70
52. luis manuel dias d= 8,75
53. João Cúcio d= 8,77
54. Daniel Rodrigues d= 8,84
55. Renato Morais d= 8,87
56. Pés de Chumbo d= 8,97
57. AMI d= 8,97
58. Honni soit qui mal y pense d= 9,08
69. mentat d= 9,10
60. pedroromano d= 9,23
61. FV d= 9,26
62. contradito d= 9,26
63. AAA d= 9,30
64. f_miranda d= 9,52
65. José Filipe Amado Nunes Vicent d= 9,66
66. Vasco Portugal d= 9,70
67. hevel d= 9,74
68. o bes sabe d= 9,82
69. jcd d= 9,84
70. Intercampus/TVI Última Sondagem d= 9,94
71. mhm d= 9,97
72. taganho d= 10,00
73. Bruno Gonçalves d= 10,17
74. Isabel M. d= 10,22
75. CAA d= 10,26
76. Gabriel Silva d= 10,43
77. N d= 10,57
78. Filipe Covas d= 10,70
79. cmonteiro d= 10,82
80. Tonibler d= 10,83
81. Miss Pearls d= 10,85
82. Pedro Morgado d= 11,05
83. NG d= 11,26
84. parca d= 11,30
85. Daniel Ferreira Polónia d= 11,31
86. AMN d= 11,37
87. Filipe Oliveira d= 11,40
88. rmgv d= 11,43
89. Manuel Pinheiro d= 11,53
90. Aposta da Joana no Semiramis d= 11,57
91. Expresso/RR/SIC Eurondagem Última Sondagem d= 11,77
92. homemDASneves d= 11,80
93. David Oliveira d= 12,09
94. FA d= 12,26
95. Filipe Nunes Vicente d= 12,26
96. cordobes d= 12,28
97. JAP d= 12,44 99
98. Filipe d= 12,77
99. Sir Francis Drake d= 13,05
100. lourenço d= 13,36
101. Helder Brito d= 13,44
102. player 2006 d= 13,57
103. tina d= 13,66
104. Cirilo Marinho d= 13,86
105. Pedro Santos Cardoso d= 14,06
106. Blitzkrieg d= 14,26
107. JAJ d= 14,57
108. anti-comuna d= 15,17
109. Rodrigo d= 15,17
110. João Alves d= 15,20
111. fulana_de_tal d= 15,66
112. nra no Aspirina B d= 16,03
113. ricardo jorge d= 16,70
114. liberalman d= 16,86
115. GM d= 16,86
116. Àtila o Huno d= 17,26
117. arrebenta d= 17,66
118. jose barros d= 17,86
119. Mcarvalho d= 19,14
120. antonio d= 19,57
121. JN / Pitagórica Última Sondagem d= 19,67
122. António P d= 21,03
123. Patrick Blease d= 21,57
124. JCV d= 23,66
125. Socialista impossível d= 23,97
126. joão delgado d= 25,06
127. jagoz_ze d= 28,74
128. cris d= 34,46
129. Sondagem Insurgente d= 38,86
130. Souza d= 44,64
131. Mário d= 89,86