O J. (agora em versão "Nova Burda"), tem razão quando diz que "(...) o facto de os blogues terem deixado de ser mediáticos acaba por legitimar o seu próprio estatuto de contrapoder e, significativamente, reforça a sua legitimidade num país onde os media oficiais, se quiserem sobreviver, têm de lambuzar quem está no poder.(...)"
De facto, tal como na internet em geral, a força ou antes, o interesse geral que possa despertar esta forma de comunicar tem exactamente a ver com o relativo "anonimato", as redes que se criam, o diferente, e sobretudo a fundamentação. Se alguma relevância tem não é pelos "cabeças de cartaz". Mas pelo conjunto total dos J., dos LR e tantos outros (sem desprimor!).
A internet também não é relevante por causa de as grandes marcas como a Ford, a Chevigon e quejandas terem uma loja online. A sua relevância é derivada de eu conseguir em segundos encontrar um sujeito em Minas Gerais que colocou online uma receita que me interessa, ou um texto de um escritor do século XVI.
Um exemplo da diferença e da relevância do blogs é a utilização dos links.
Os jornalistas, nas suas publicações online (e basta consultar o Público para o confirmar), em qualquer texto omitem sempre referências exteriores. São incapazes de colocar um linkezinho que seja para a instituição de que falam, para o comunicado de que dão noticia, para o site de um partido, de uma empresa. Nada de nada.
Pelo contrário, nos blogs portugueses, uma vez que cada um de nós tem de conquistar permanentemente a sua "autoridade", criou-se a saudável prática de que sempre que se comenta alguém, alguma notícia, ou instituição, refere-se a dita cuja, mediante a inserção do respectivo link. Tal prática abona em muito pela autoridade dos próprios blogs, dado que quem os lê pode refazer os mesmos passos, consultar as mesmas fontes que o autor e assim avaliar por si mesmo da validade das opiniões e pontos de vista do blog. E esse é o grande desafio que os blogs colocam aos jornalistas.
Daí serem também os blogs uma forma de contrapoder.