8.3.04

REGRESSO AO PASSADO



No habitual exercício de auto-biografar a sua liderança no CDS-PP, Manuel Monteiro regressa hoje ao tema, desta vez nas páginas do Público, para nos contar o episódio do seu «não apoio» a Cavaco, nas presidenciais de 1996. Eis algumas passagens: «Entrei num jogo em que nunca devia ter entrado. (...) sempre entendi que o partido devia apoiar o prof. Cavaco Silva e disse-o dentro do partido. Mas percebi que a animosidade era muito grande e que era particularmente testemunhada por Paulo Portas (...) Peço a Paulo Portas que vá a minha casa e digo "foi um erro que cometi. Não posso culpar ninguém, só há aqui uma forma de limpar este erro, já não posso voltar atrás. A única pessoa que pode neste momento dar a cara és tú". Ele dizia: "Não me podes pedir isso. Fiz do combate ao Cavaco a luta da minha vida"».
A oportunidade e a elegância destas declarações, certamente desinteressadas, é por demais evidente. Só que, neste exercício auto-biográfico, Monteiro esquece-se, uma vez mais, do essencial: ninguém que não seja completamente ininputável perde um segundo do seu tempo a tentar perceber porque se zangaram os Srs. Monteiro e Portas, nos idos de 1996-98. É matéria sem interesse político ou histórico, que tem contornos telenovelescos mexicanos. Poderá, quando muito, dizer respeito a ambos, ainda que, nos últimos tempos, pelo menos em público, o Dr. Portas nos tem poupado ao tema. Seria bom que alguém com bom senso, próximo do líder da Nova Democracia o convençesse a terminar definitivamente com este intragável folhetim Tide.