5.3.04

A subjectividade parlamentar do clítoris II

Na linha da importante e fundamental discussão clítoriana protagonizada por alguns anatomistas, perdão, deputados á A.R. - designadamente, por um tal Sr. Paiva do CDS-PP que entende, aparentemente, ser uma coisa de somenos essa bizantinisse do prazar sexual - importa lembrar o seguinte:
- as unhas, directamente e para além da respectiva função estética, não se ligam a nenhuma "função essencial", pelo que, reconhecendo-se tal papel estético,"para além disso, a sua mutilação não afecta nenhuma função vital", nomeadamente, reprodutiva" - cortem-se, portanto, livremente, as unhas!
- a maioria dos dedos, directamente e para além duma relativa função motora auxiliar, não se ligam a nenhuma "função essencial", pelo que reconhecendo-se-lhes, no entanto, tal papel motor-funcional auxiliar (quiçá, também estético), para além disso a respectiva mutilação não afecta nenhuma função vital", nomeadamente, reprodutiva - cortem-se, por conseguinte, a maioria dos dedos (um só dedo deve-nos bastar, se formos probos e nos preocuparmos apenas com o essencial!).
- o apêndice (esse estranho órgão que, normalmente, lembra-nos a sua existência dramaticamente, em momentos de crise, vulgo, apendicite), também não se liga a nenhuma "função essencial" ( um capricho da natureza e do corpo humano) e que se saiba, não parece afectar nenhuma outra função, seja ela "reprodutiva" ou não! - há que ser salazaristicamente poupado, desprezar o essencial, apertar o cinto e deixarmo-nos de apêndices meramente acessórios, não funcionais e consequentemente, desnecessários. Apertemos, portanto, o cinto da anatomia humana, e cortemos todos (sem excepção) os nossos apêndices. Há que criar uma linha no SNS especial, "tipo urgência (do essencial) apêndice" ou,"apêndice out"!...

- enfim, para muita gente - designadamente, para muito deputados à nossa A.R., a "cabeça" também parece não desempenhar nenhuma função essencial (e ainda bem para a comunidade que não se reproduzem ou clonam tais cabeças!), ...
logo, caro Sr. Paiva, porque não cortarem-se as respectivas cabeças?!