Em campanha: O Manel e a Nossa Senhora de Fátima
O Partido do Diga-o-Manel anda enraivecido com uma campanha da Coligação do Zé-Manel, onde a Virgem de Fátima faz, naturalmente por via indirecta, um apelo ao voto nos partidos do governo, mais ao menos nestes termos: «Não deixes que expulsem o meu Filho da Europa!». A lancinante suplica segue acompanhada por uma lista dos deputados europeus da última legislatura que votaram favoravelmente a referência ao Cristianismo no Tratado da Constituição Europeia. Os do PSD e do CDS, obviamente.
Ora, se considerarmos que a lista da Coligação é liderada por um «Deus», compreendemos, em parte, as intimidades que esses partidos evidenciam com a corte celestial, pelo que o nosso Manel perde quase toda a razão.
O resto vai-se com a teologia que ele mesmo reivindica nestas eleições europeias. É certo que ainda não o vimos clamar aos céus por votos e deputados eleitos. Nem a pedir, pelo menos por enquanto, a intervenção da Virgem nos resultados do partido. Mas, quando o ouvimos a pedir o voto ao bom povo português para que a soberania portuguesa não fuja para Bruxelas, o discurso parece-nos repleto de espiritualidade e transcendência mística.
Na verdade, eu que quase sou ateu, creio mais facilmente na Nossa Senhora de Fátima do que na soberania nacional.