A administração da PT anunciou uma espécie de contra-opa, propondo-se comprar uma determinada percentagem de acções próprias a um preço superior ao da oferta da Sonae. A administração da PT não está a dar absolutamente nada aos accionistas, uma vez que são eles que se vão comprar a si próprios.
Se a PT adquirisse no mercado acções próprias ao preço da cotação, a operação seria neutra. Ninguém ficava a ganhar e ninguém perderia. Acontece que a administração da PT anunciou um preço e uma quantidade. Como a cotação (que reflecte, para todos os efeitos, o valor real da empresa) está abaixo da oferta da administração, isto significa que um grupo de accionistas será beneficiado e outro será prejudicado, porque após a aquisição, a cotação das acções da PT terá que descer. ###
O preço oferecido funciona como uma miragem para sinalizar aos accionistas menos preparados que o actual preço oferecido é baixo e, assim, recusarem a oferta do clã Azevedo.
A administração da PT já criou valor para os accionistas ao conseguir um aumento do preço oferecido pela Sonae, o que não impede que a barragem de atitudes e acções anti-OPA que têm desenvolvido, à custa dos accionistas pareçam muito pouco éticas. Em causa parece estar apenas a defesa dos postos de trabalho da própria administração, o orgulho ferido daquele que é comprado.
Porque é que não deixam, simplesmente, a decisão para o mercado? Afinal, se a gestão actual é tão eficaz e tão capaz, nenhum accionista quererá vender à Sonae.