O liberalismo é uma corrente filosófica e política que tem como ideal realizar uma sociedade onde a liberdade individual é maximizada nas relações sociais e a coerção é minimizada. Como o Estado representa o monopólio da coerção, o grau de liberalismo prevalecente numa sociedade tem sido frequentemente medido de uma forma que é inversamente proporcional à intervenção do Estado na sociedade.###
É possível imaginar uma sociedade em que cada pessoa, sem excepção, cumpre escrupulosamente as obrigações que tem para consigo - a primeira das quais é a obrigação de se sustentar a si próprio - e, sobretudo, as obrigações que tem para com os outros. Estas obrigações incluem, não apenas as obrigações contratuais, mas também aquelas que resultam dos seus actos espontâneos (v.g., a obrigação de cuidar dos seus filhos) e ainda as chamadas obrigações morais (v.g., tratar bem os outros, não os insultando ou agredindo de outra forma).
Esta sociedade praticamente não necessita de Estado - excepto, talvez, para a proteger de ameaças externas - e é, por isso, uma sociedade imensamente liberal.
Pelo contrário, é possível imaginar uma sociedade onde cada pessoa, de uma forma generalizada e sistemática, não cumpre as suas obrigações - nem aquelas que possui para consigo próprio e menos ainda aquelas que possui para com os outros. Nesta sociedade, o Estado vai estar presente praticamente em todos os aspectos da vida social e esta é uma sociedade imensamente iliberal.
O âmbito da intervenção do Estado numa sociedade é a consequência directa do grau de liberalismo prevalecente nessa sociedade e este mede-se pela disposição das pessoas para cumprirem as suas obrigações. Uma sociedade onde as pessoas cumprem as suas obrigações generalizadamente é uma sociedade liberal e o seu Estado é, em consequência, pequeno. Pelo contrário, numa sociedade onde as pessoas não cumprem generalizadamente as suas obrigações é uma sociedade iliberal e o seu Estado acabará, a prazo, por se tornar um monstro.