«Na investigação que o jornal PÚBLICO dedicou às habilitações de José Sócrates existe um pormenor que, melhor que a parolice dos títulos académicos, ilustra uma certa forma de exercer os cargos de poder: enquanto ministro e secretário de estado, José Sócrates tratava dos seus assuntos pessoais, no caso pedidos de equivalência universitária, em papel timbrado do Ministério do Ambiente.
A questão não é o valor do papel timbrado. De igual modo se pode e deve dizer que não tem a menor importância para as funções de primeiro-ministro que o cidadão José Sócrates tenha terminado a cadeira de Análise de Estruturas e Betão Armado e Pré-Esforçado. O que a investigação do PÚBLICO revela é o mundo patético dumas fábricas de canudos e duns gabinetes ministeriais cujos titulares se comprazem a mandar faxes em papel timbrado para tratar dos seus pessoalíssimos e comezinhos assuntos.
Esquecem que o poder dura menos que uma folha de papel.»
*PÚBLICO, 27 de Março