Certo dia, há quatro ou cinco meses atrás, o blasfemo LR perguntou-me se aquele comentador que aparecia no blogue com o nick HO era eu. Surpreendido, respondi-lhe que não. E, após um momento de reflexão, acrescentei: "Mas olhe que, às vezes, gostaria de ser".###
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O HO é o intelectual por excelência, o mais fino e elegante de todos os intelectuais que passam pelo Blasfémias - embora, reconhecidamente, não passem muitos intelectuais pelo Blasfémias. Talvez uma espécie de Antero de Quental. Possuindo uma profissão que eu imagino não possa ser outra que a de professor, o HO é o tipo de homem que gosta genuinamente das ideias, que acredita que as ideias possuem consequências, e que se apresenta sempre irreprensivelmente preparado para as debater.
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Embora a sua formação seja muito provavelmente em História, o HO possui interesses alargados, sendo capaz de citar um economista liberal com a mesma precisão com que cita um filósofo grego ou um historiador romano.
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As citações do HO são a marca distintiva dos seus comentários. Sendo um homem de vastíssima leitura, o HO possui um admirável espírito de síntese e de fidelidade aos autores que cita. Não existem muitas pessoas como ele que são capazes de resumir numa citação de sete linhas a tese central de um livro possuindo quinhentas páginas. Aqueles dos seus leitores que não leram o original, podem estar confiantes que as citações do HO resumem o pensamento do autor.
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Numa postura que é sempre exemplar para com os outros intervenientes no debate, e tendo como propósito invariável o de contribuir para o debate, e jamais o destruir, eu fico por vezes a pensar como o HO seria reconhecido e apreciado num desse países mais ao Norte, seja na Europa seja na América. Mas exercendo a sua actividade intelectual em Portugal, ele faz-me, às vezes, imaginar o que seria ter o Cristiano Ronaldo a jogar futebol por uma equipa do Texas.