22.3.07

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Lesões no cérebro geram escolhas morais anormais
A equipa do neurocientista António Damásio quis saber se as emoções são ou não essenciais ao funcionamento do nosso eu moral. Você sabe que uma dada pessoa tem sida e que tenciona deliberadamente infectar outras. Algumas dessas pessoas irão com certeza morrer. As duas únicas opções que você tem são deixar que isso aconteça ou matar a pessoa. Você carrega no gatilho?A mera hipótese de virmos a ser confrontados com uma escolha destas, mesmo que retoricamente, provoca-nos arrepios, tal é a nossa aversão natural à ideia de tirar a vida a outro ser humano. No entanto, há pessoas que respondem pela afirmativa quando este cenário imaginário lhes é colocado. E essas pessoas, que basicamente não hesitariam em obliterar uma vida humana "em nome do bem colectivo", apresentam lesões numa região do seu cérebro necessária à produção de emoçõesPÚBLICO

Calculo que este não venha a ser o tema do dia. Nem sequer dos próximos dias. Mas esta associação entre as nossas escolhas morais e a presença de lesões cerebrais tem um lastro na nossa História. Durante boa parte do século XIX e XX os tribunais encheram-se de descrições do facies dos acusados que, independentemente das suas culpas, tinham estampado no rosto ou em certas características físicas - como uma dupla dentição - a tara ou a anormalidade que os levara a cometer os actos de que vinham acusados.
Este artigo é provavelmente uma versão muito simplificada daquilo que Damásio quer dizer mas seja como for esta matéria merece enorme atenção.
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