As comunidades rurais são pequenas comunidades de uma ou duas centenas de pessoas em que todos se conhecem. O facto de todos se conhecerem torna possível o controlo da reputação de cada indivíduo pelos restantes. É assim possível que prevaleça uma ética de pequena comunidade em que todos se ajudam uns aos outros. Não é estranho que essa ética seja aquela que é preconizada pelas religiões tradicionais porque as sociedades rurais tradicionais, as instituições tradicionais e as religiões tradicionais são o produto do mesmo processo evolucionário.
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As comunidades urbanas são comunidades de milhares ou milhões de indivíduos. Não é possível que estes indivíduos se conheçam todos uns aos outros, o que favorece o free riding. Uma sociedade urbana que viva de acordo com os princípios das religiões tradicionais, que tendem a preconizar o altruismo como comportamento virtuoso, está condenada à tragédia dos comuns porque, como ninguém se conhece pessoalmente, não existem registos fidedignos de reputação e a retaliação (descentralizada) em relação aos prevaricadores não pode ser utilizada como meio para punir o free riding.