São um caso único na história da humanidade. Uma pequena minoria - ainda hoje apenas 15 milhões de pessoas ou 0,25% da população mundial; representam uma das mais antigas tradições culturais da história da civilização; dispersos pelos mais variados lugares do mundo; frequentemente perseguidos, confiscados, oprimidos, mortos. E sempre capazes de renascer e prosperar.
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Em condições normais, qualquer cultura com uma história assim atribulada já teria desaparecido há muito. Porém, a nação judaica continua aí, sempre vigorosa e influente. Que laços, que espécie de cimento nacional, manteve este povo assim unido e forte, apesar da separação permanente e das muitas vicissitudes da história? A resposta não poderia ser outra - a sua religião e o seu Deus. ###
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A história da nação judaica deixou traços culturais profundos e admiráveis no carácter do seu povo. Não podendo impôr-se pela força dos seus números nem pela das armas, os judeus cedo compreenderam que uma das poucas armas que possuíam para ascender ou adquirir poder nas sociedades onde chegavam era a do saber e da força do intelecto.
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Por isso, numa tradição que recua, pelo menos a Maimonides (1135-1204) - nascido em Córdoba e uma espécie de S. Tomás de Aquino da tradição judaica - os judeus produziram uma plêiade extraordinária de intelectuais e cientistas que se prolongou até ao presente.
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Ao mesmo tempo, a natureza da sua aliança com Deus e provavelmente as condições de opressão em que viveram uma boa parte da sua história, tornaram-nos particularmente aptos para identificar e explorar com êxito inigualável todas as oportunidades para ganhar a vida. Por isso, por onde quer que passaram, eles produziram invariavelmente uma elite de homens de negócios de estatura invejável. Esta propensão para os negócios estendeu-se à academia, a tal ponto que 38% dos Prémios Nobel da Economia pertencem a judeus, principalmente americanos.
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A par de traços culturais admiráveis como estes, os judeus também desenvolveram outros que os tornaram menos apreciados aos olhos dos povos que os receberam. Gostaria aqui de tratar apenas um. Não possuindo, pela pequenez dos seus números, qualquer peso político nas comunidades onde chegavam, eles desenvolveram uma capacidade extraordinariamente elaborada de actuar na política pela via da influência, da manipulação, da pressão - pela via, enfim, daquilo a que hoje chamaríamos lobby, e a que o seu poder financeiro prestava, em geral, uma ajuda considerável.
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Em 59 a.C. Cícero já se queixava, não apenas do seu "espírito de clã", mas também da sua desproporcional "influência nas assembleias" (1). Esta capacidade, cultivada ao longo de milénios ao ponto de se tornar uma arte, permanece ainda hoje, mas agora com uma importância crítica, porque se exerce naquele país que está destinado a decidir o futuro próximo da humanidade - os EUA.
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Num estudo recente, sob o título The Israel Lobby and the US Foreign Policy (2), os professores John Mearshmeier e Stephen Walt, da Universidade de Harvard, vieram revelar a dimensão e a influência do lobby judaico na política externa americana. Em breve, a tese dos autores é a de que a política externa americana, como a guerra do Iraque e o combate ao terrorismo, está ao serviço de um país estrangeiro - Israel.
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Apesar da sua reputação e de pertencerem àquela que é geralmente considerada a melhor universidade do mundo, aparentemente os autores não conseguiram encontrar nos EUA um editor respeitável disposto a publicar o seu estudo, o qual acabou por ser publicado em Londres pela London Book Review.
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