Ao atravessar a Rotunda da Boavista vi as pessoas apinhadas e molhadas nas paragens de autocarros. É dia de Greve Geral. Quis saber porquê. Fui ver a página da CGTP na internet. Fala em “precariedade”, “desemprego”, “flexigurança” e “desigualdades”. É difícil imaginar colecção de conceitos mais genéricos. Não se percebe uma causa para esta greve. No fundo, será porque se está contra “isto”, o Governo e o resto. Não me parece o modo mais sensato de justificar este direito – pior só mesmo os que insinuam que quem trabalhou apoia o Governo socialista.
Volto a olhar para a gente amontoada. Nos rostos vejo a resignação indiferente de quem sabe que não é parte nas bulhas entre sindicatos e políticos. Estes últimos só entenderiam a sua situação se porventura os seus motoristas fizessem greve. O que não deve ter acontecido.
* Publicado no Correio da Manhã