26.5.07

Deus nem sempre escreve por linhas tortas

Pedro Adão e Silva escreveu http://ocanhoto.blogspot.com/2007/05/morder-o-isco.html um post que é um exemplo de como certos sectores socialistas reagem quando são confrontados com os abusos de poder deste governo.
Se analisarmos o post de Pedro Adão e Silva verificaremos que para ele a directora da DREN não é uma comissária política nem perseguiu ninguém. Trata-se simplesmente duma pessoa inábil politicamente o que reforça o seu perfil de técnica rodeada de políticos derrotados que lhe prepararam uma armadilha. ###

A história do Professor destacado na DREN que foi suspenso e recambiado para a escola de origem (onde, parece, não estava há dezanove anos – o que não deixa de servir para nos questionarmos sobre o fenómeno dos professores destacados para os serviços centrais e regionais do Ministério da Educação) tem todo o ar de estar mal contada.

*não podendo estar mais de acordo com Pedro Adão e Silva sobre «o fenómeno dos professores destacados para os serviços centrais e regionais do Ministério da Educação» não deixa de ser interessante que logo nas primeiras linhas o professor castigado já tenha sobre si o ónus de estar destacado e de provavelmente a história estar mal contada.

Basta saber que muitas das direcções regionais dos Ministérios são lugares de poder partidário por excelência, para perceber que o que esta história esconde é provavelmente uma luta entre novos e velhos poderes nos serviços. A este propósito, não é nada irrelevante que o professor em causa tenha sido até há pouco deputado pelo PSD.

*Ora aí está o professor Charrua transformado em comissário político na DREN. Um comissário dos velhos poderes. Infelizmente não diz Pedro Adão e Silva se a directora da DREN foi colocado por razões partidárias. O Charrua certamente que sim.

Contudo, se continua a ser pouco claro o que aconteceu (e tende a parecer-me que o que tem sido apelidado de anedota sobre o primeiro-ministro será certamente um epifenómeno), uma coisa resulta simples: a directora-regional mordeu o isco. Foi provocada, provavelmente a sua liderança afrontada de modo sistemático e caiu numa esparrela fácil.

*Nesta fase o Charrua que estava destacado e não devia estar que depois passou a comissário político derrotado pelos novos poderes na DREN – poderes esses que não diz Pedro Adão e Silva se são ou não tão políticos quanto os do Charrua – passa de vítima a urdidor duma cabala. Ou seja o Charrua conta a anedota presumindo (ou quem sabe em cumplicidade) que o seu único interlocutor a ia contar à directora da DREN. Na sequência dessa denúncia o Charrua já sabia que a directora o ia suspender e processar. Daí ao caso mediático vai um passinho. Neste momento o Charrua já está um Maquiavel.

Mas o facto de se tratar de uma esparrela não diminui em nada a sua responsabilidade. Pelo contrário, revela a sua fragilidade e, acima de tudo, revela falta de capacidade para ultrapassar os problemas e gerir com bom senso as dificuldades.

*A directora que ao contrário do Charrua nada tem a ver com colocações políticas tem de facto um problema para Pedro Adão e Silva : é uma ingénua.

E, no fim, o que é mais grave, ajuda a dar corpo à ideia, que se tem tornado surpreendentemente popular, de que se vive em Portugal um clima de pouco pluralismo e de diminuição das liberdades de expressão, só comparável ao Estado Novo. Uma ideia, aliás, que é violentamente insultuosa para aqueles que sofreram na pele a inexistência de liberdade de expressão.

A comparação com o Estado Novo ou com alguns períodos da I República não é justificável. O que não quer dizer que não se viva actualmente em Portugal um clima de diminuição das liberdades de expressão. E como aconteceu no passado os professores são os primeiros contam-se entre as primeiras vítimas dessa diminuição das liberddaes

Por tudo isto, contributos como o da directora-regional da DREN, entre o excesso de zelo e a falta de inteligência na gestão, são mesmo a última coisa que era necessária.

Que era necessária a quem e a quê? A Sócrates? Mas o que tem a directora da DREN a ver com o Governo?