Uma grande diferença entre um processo político e uma economia de mercado é que enquanto o processo político sobre-valoriza um factor de cada vez, uma economia de mercado toma todos os factores ao mesmo tempo em consideração. Num processo político não tem que haver coerência. Numa economia de mercado tem sempre que haver coerência porque esta é imposta pela escassez de recursos. Este fenómeno explica porque é que a mesma pessoa pode tomar hoje com toda a convicção posições políticas que estão em contradição com posições que tomou no passado em relação a outro assunto qualquer.
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Este fenómeno é mais do que evidente no caso da nova lei do fumo em locais públicos. O mercado tem mostrado que o fumo é um factor pouco relevante na escolha de um restaurante. As pessoas no mercado têm que fazer escolhas reais entre múltiplos factores, e normalmente não valorizam a questão do fumo. Mesmo que tenham uma opinião política negativa em relação ao fumo, essa opinião raramente se reflecte na acção.
Existe uma contradição entre aquilo que as pessoas valorizam no jogo político e aquilo que valorizam na realidade. No jogo político consideram sociedades idealizadas onde não existem restrições pelo que o fumo emerge como um problema prioritário. Na realidade sentem os efeitos da escassez de recursos e são obrigadas a considerar muitos outros problemas para além do fumo. Por exemplo, poucos irão a um restaurante onde se come mal e paga caro só porque nesse restaurante não há fumo. E poucos deixarão de ir com os amigos a um determinado restaurante por causa do fumo.