Blasfémias

Liberdade

29.6.07

O Porto não é de fados *

Não gosto de fado. Sobretudo do ‘choradinho’. Recuso os queixumes funcionais das carpideiras. Não gosto de lamentos inconsequentes. Rejeito a masturbação da dor tornada compulsividade obsessiva.
No fado, o gemido mais ou menos melódico deixa de ser um meio para constituir o único fim. O fado é a apologia da desventura, é o elogio babado do infortúnio. Mas o pior do fado é a crença irracional num destino sempre magoado e arrependido. O fado aniquila o alento e o rasgo essenciais para se sair da aflição – o fado exalta e eterniza a desgraça.
No último ‘Prós e Contras’, o Porto cantou um triste fado abdicando de toda a sua diferença. O diagnóstico dos males está feito há muito – calemos o fado! Agora, o que importa é o Porto voltar a ser aquilo que sempre foi a sua marca: depender apenas de si, ser senhor do seu próprio destino.


* Publicado no Correio da Manhã.
CAA à(s) 18:30
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