Ainda era aluno e ouvia os meus professores protestarem contra o regime jurídico das universidades.
Quando passei a ensinar as críticas eram unânimes: a ‘autonomia’ tinha secado financeiramente o Ensino Superior; os funcionários e alunos controlavam cerca de 50% dos órgãos de topo; o processo de eleição dos reitores era um conluio permanente com grupos de interesse; as universidades estavam sujeitas a um infernal labirinto orgânico.
Finalmente surgiu um projecto de reforma do tão criticado estado de coisas. Mas, de imediato, muitos dos censores passaram à condição de defensores inflamados do ‘tudo-como-dantes’. Estiveram anos a exigir a mudança e agora vociferam contra o esforço de alteração. Acabamos sempre, ‘pavlovianamente’, por preferir o mal que está em relação à incógnita melhoria que aí vem. A recusa da inovação chama-se conservadorismo.
* Publicado no Correio da Manhã