Quando me falam em ‘liberais portugueses’, vejo nessa paisagem o predomínio de duas espécies: primeiro, militantes de seitas religiosas cuja alegada aversão pela intervenção dos poderes públicos não significa um amor pela Liberdade – pelo contrário, move-os, sobretudo, o esforço de substituir o papel do Estado pela supremacia da organização das suas crenças; depois, existe um reduzido mas influente grupo que anseia por reconhecimento social, sonha com um liberalismo ornamentado com chapéus de coco, aspira à suprema felicidade do convívio com lordes ingleses e que confunde liberalismo com um esquema vagamente iniciático (estilo Harry Potter) só possível a um pequeno número de eleitos.
Invariavelmente, ambas as tendências acabam por cobrir de ridículo a maioria das iniciativas positivas que encetam. Por cá, o Estado continuará a fazer o que lhe apetece.
* Publicado no Correio da Manhã.