Eu, que considero o poder do Estado a maior ameaça à nossa Liberdade, que enjoo (no sentido físico da expressão) o conservadorismo nacional, centralista, irremediavelmente beato e granítico na sua essência, posso ser rotulado dentro dos cânones ligeiros do costume? É muito difícil, esse esforço seria sempre incompleto.
Se me disserem de direita, olho à minha volta e vejo demasiados caturras reaccionários a quem qualquer hipótese de evolução social ou política horroriza à partida. Se me quiserem de esquerda, vejo a adoração profana pelo Estado como resposta para todos os problemas e uma persistente cegueira, feita de fé muito deslocada, perante os sucessivos maus resultados da sua receita estatista.
Esta lógica de falso combate entre ‘socialistas’, ‘direita’, ‘esquerda’ e as acusações mútuas de ‘politicamente correcto’ cada vez mais me aborrece.
* Publicado no Correio da Manhã em 21. VIII. 2007