Pelo que percebi, o Governo quer acabar com os capelães que prestam serviço nos hospitais. O novo serviço de assistência espiritual terá que ser solicitado pelo doente por escrito e será prestado por membros das várias entidades religiosas. Os novos prestadores de serviço receberão à tarefa e passarão recibos verdes.
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Esta medida faz todo o sentido e só peca por falta de ambição. Uma nova fé tem que expulsar do território conquistado os representantes da fé antiga. Quanto mais não seja por mero instinto de sobrevivência. A nova fé não precisa dos representantes das antigas superstições para prestar assistência espiritual. Agora existem os psicólogos, os psiquiatras (e as respectivas versões pedo) que, com o tempo, tomam o lugar dos sacerdotes da Igreja Católica. Se antigamente um padre era suficiente, agora é necessária uma equipa de psis com licenciatura e formação científica.
Há, no entanto, um pequeno problema no horizonte. Uma pessoa que está com dificuldades de saúde num hospital só terá algum conforto espiritual se for iludida. É verdade que os psis desempenham esse papel na perfeição. Mas os doentes reais que frequentam os hospitais públicos são em grande parte velhos semi-analfabetos que tendem a acreditar mais nas superstições antigas do que nas modernas. Ao afastar os capelães dos hospitais, o Estado reforça a sua posição entre as várias religiões, mas presta um mau serviço ao cliente, o que poderá criar alguma erosão da quota de mercado no longo prazo.