Alice Ferreira saiu do Hospital de Penafiel com uma bebé que não era sua, passando por seguranças que nada lhe perguntaram. Alice não confessou o mal que tinha feito: se uma familiar não a tivesse denunciado, provavelmente aquela criança nunca conheceria a sua verdadeira mãe.
Entretanto, a Inspecção-Geral da Saúde assegurou que o Hospital não teve qualquer culpa no sucedido e acusou a mãe de negligência – como sempre, o Estado defende o Estado e culpa as pessoas.
No julgamento que agora decorre, o procurador disse que “os motivos que levaram ao crime são compreensíveis”. E não pede prisão para a raptora. Alice diz que procurava um milagre quando cometeu o crime. Afinal, encontrou-o: a Justiça portuguesa, que gasta milhões à procura de uma criança inglesa, aqui conclui que “foi um drama para toda a gente”. Pois foi. Sobretudo para o País com uma Justiça destas.
* Publicado no Correio da Manhã em 20 de Setembro de 2007