Caro Dr. Pacheco Pereira,
Vamos supor que algum intelectual renomado, vá lá, um fazedor de opiniões para além da própria, a propósito do processo Casa Pia (I e II), dos ditos daqueles dois advogados casapianos ou dos seus livros, das revelações retardadas da dra. Catalina, das juras dos políticos das últimas décadas sobre a atenção desvelada que deram ao assunto, se lembrava de sentenciar:
- «que há um "meio" muito pouco saudável EM LISBOA, que se tem vindo a criar nos últimos 20 anos, que goza de consideráveis cumplicidades e complacências, policiais e políticas, no PS e no PSD, onde tudo acontece e parece que nada acontece, e que, quando se diz aquilo que é uma evidência, cai o Carmo e a Trindade»;
ou:
- «… Numa também típica reacção "italiana" - os mafiosos dos Sopranos quando são perseguidos pelos seus crimes respondem que se trata de uma perseguição aos italo-americanos -, levantam-se vozes indignadas a defender, imaginem, LISBOA E O BENFICA…»;
e ainda:
- «… E é exactamente por isso que a doença que grassa já há uns anos (…) me preocupa e não me cala. Não foi o PORTO que a inventou, foram LISBOETAS que a fizeram e que a mantêm com todos os maus argumentos e com a única lógica que conhecem, a do poder e a do dinheiro, com a mesma dimensão do Bada Bing. Tenho a veleidade de considerar que, falando desta doença e destes "meios", sirvo melhor a minha terra…».
Como ficariam o Carmo e a Trindade acima citados? O que julgariam os lisboetas de tais analogias? O que sentiriam ao verem-se envolvidos na subtil leviandade de se tomar a parte pelo todo?
Só fiz este exercício para que se saiba o injusto murro no estômago que alguns, como eu, sofreram ao ler o seu texto.