Portugal tem vindo a acentuar uma das suas principais características: o paradoxo!
Na verdade, somos o país campeão mundial dos paradoxos e não só..... também dos equívocos, das contradições e do “fingimento” (infelizmente, mais no sentido do “faz de conta” tipo “esperteza saloia”, do que em sentido poético ou Pessoanino!)
O Estado finge que é uma entidade “de bem”, em consequência elege alguns “cavalos de batalha” que, na realidade, são sobretudo panaceias ilusórias para justificar o seu próprio mau funcionamento. Exemplo: a velha, estafada e exagerada “estória” de que o grande problema com que Portugal (em rigor, o Estado português) se debate é a evasão fiscal, quando, na realidade, mitificando e hiperbolizando tal evasão, evita-se enfrentar o problema real da exagerada e descontrolada despesa pública (que consome o equivalente a quase metade do P.I.B. oficial português), assim como esquece-se a incapacidade de o próprio Estado se regenerar e promover a eternamente proclamada e anunciada “reforma da administração pública” – que, contudo, continua por empreender!
Além disso, o que o Estado pretende exigir aos cidadãos (e bem!) é precisamente o contrário do que faz: quer-se, do cidadão-contribuinte, rigor e comportamento cívico-fiscal responsável; o Estado, em contrapartida, não cumpre as suas obrigações nesse mesmo plano, atrasando quase ad-eternum os reembolsos de I.V.A. e os acertos apurados a favor dos contribuintes, não paga atempadamente a fornecedores, não cumpre – relativamente aos seus próprios trabalhadores – com as obrigações em sede de Segurança Social (v.g., episódio da retenção das contribuições devidas à Segurança Social pelo Ministério da Justiça), não fiscaliza o que é da sua responsabilidade fiscalizar, etc., etc...
Alguns dos paradoxos portugueses, são-nos publicitados, este fim-de-semana, pelo Expresso, aludindo quer a um estudo da ANEOP, quer a um relatório da Comissão Europeia. Assim, ficamos a saber, em letra de forma (o mesmo é dizer, em jeito de conclusões cientificamente fundamentadas por estudos e relatórios oficiais) que somos o país que apresenta o menor rendimento «per capita» da União Europeia, que tem os automóveis mais caros devido à carga fiscal existente entre nós e que a sua macrocéfala capital – Lisboa – ocupa o 4º lugar na tabela das mais caras, conseguindo, neste particular, ser mais cara do que Madrid, Berlim, Roma e até mesmo em certos aspectos, Londres (com a desvalorização da Libra face ao €uro) e Viena. Segundo um outro estudo do “The Economist”, também referido pelo mesmo semanário Expresso, “se existisse um índice de vaidade, Portugal bateria a concorrência europeia” – e isto porque em virtude dos preços caros (caríssimos!) praticados entre nós, gastamos, em vestuário, mais do que todos os outros povos da União Europeia: ou seja, cerca de 8% do nosso P.I.B.... E tudo isto, relembre-se, dispondo os portugueses do menor rendimento «per capita» da União Europeia....
Ora, digam lá se somos ou não um enorme, gigantesco, incompreensível e misterioso paradoxo?!