30.9.06

Deputados que levam a sério o Expresso

Zita Seabra estava a preparar um projecto de lei que considera(va) «justo, necessário e inadiável». Um semanário publicou uma notícia sobre o assunto. O projecto «justo, necessário e inadiável» foi imediatamente abandonado porque a notícia «desvirtua completamente o sentido original» do dito projecto. A Sr.a deputada promete agora «encontrar outras formas e outros momentos de defesa» do seu abortado projecto justo, necessário e inadiável.###
Afinal, o novo zénite ainda não tinha sido atingido.

E para o fim de semana

Quem não conseguiu apanhar o Expresso tem sempre este excelente documentário chamado "Loose Change" (muito recomendado, faz revelações bombásticas que vão mudar a sua forma de ver o mundo, não perca) em DVD.

PS - Isto devia passar na televisão. É preeciso alertar as novas gerações.

Separação de poderes com hierarquia

É curioso que se diga que o presidente do Supremo é a 4ª (ou a 3ª) figura do estado. Decidam-se, ou há hierarquia ou há separação de poderes. Separação de poderes com hierarquia é que não faz sentido.

PORTO, a cidade menos competitiva

Alguns amigos estranharam o último lugar no estudo hoje divulgado no Público (sem link). Eu nem por isso. A decadência sente-se para além das estatísticas. O Porto fenece, envelhece, ausenta-se. O cidadão é açoitado diariamente pelo déficite de qualidade de vida Os poderes públicos locais incrementam a mediocridade do declínio - o Rui Rio de hoje é uma cópia anacrónica do Fernando Gomes de outrora. O Porto está uma cidade onde sobrevivem os velhos. Mais os bairros sociais onde os rendimentos advêm da droga e dos benefícios estatais criados para que tudo fique na mesma. E os postais de outras eras para turistas pouco exigentes.
As alternativas, que as há (fora dos partidos, entenda-se), não parecem ousar. Assim, nada irá mudar excepto para pior.

Bush faz florescer dezenas de Lomborgs

Os anúncios do presidente Bush já fizeram mais pelo ambientalismo céptico do que todos os livros e conferências do Lomborg. Até já aparecem no Blasfémias comentários criticando a produção de etanol a partir do milho e o uso do ambiente para ganhar votos. E há mesmo quem lembre o bom exemplo das empresas privadas e critique a intervenção pública nas questões ambientais.

Quem sabe, sabe. (II)

Oh Diabo.

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Nota: Saco Emprestado.

Quem sabe, sabe.

«E é assim que se apanha um mentiroso. Obviamente, não havia escolha alguma a fazer. O Público nunca caberia num saco berliner. A não ser dobrado. E o jcd não ia querer amarrotar a crónica da Helena Matos, pois não?

João Morgado Fernandes, Director Adjunto


Caro jmf, não teria problema nenhum em dobrar o Público, mas não é necessário. O Público cabe perfeitamente dentro do saco do Sol, o que poderá constatar pela imagem anexa.

O único jornal que não cabe muito bem dentro destes sacos é mesmo o DN. É fácil de ver a diferença. O Público só traz um pequeno suplemento, o DN vem com o governo todo atrás.

IMPERDÍVEL, ainda sobre Mises







A biografia de Ludwig von Mises aqui.
Por Murray N. Rothbard.

Decisão Difícil

Esta manhã, uma decisão difícil. Chovia. De um lado com filme, já visto e revisto. Do outro sem filme. Felizmente, uma enorme caixa de cartão facilitou a escolha. Pareceu-me ser publicidade com jornal dentro. "O que não traz caixa, por favor". Poupa-se o trabalho de encontrar uma papeleira onde caiba aquilo. Foi assim que decidi qual o melhor saco para transportar o Público.

só sábios éramos sete...

Diz o Expresso (aquele DVD que sai aos sábados com um jornal) que Paulo Portas e Marcelo Rebelo de Sousa voltaram a ter ideias em conjunto. Já tínhamos saudades! Pois lembraram-se, agora, de uma coisa genial: propor um pacto sobre o aborto entre o PSD e o CDS, do qual resulte o arquivamento de todos os processos que existem contra as mulheres indiciadas por essa prática. Seria, segundo a mesma autorizada fonte, uma maneira feliz de calar o «sim», retirando-lhe o seu principal argumento. Só falta dizerem que raio querem fazer à lei e para que é que ela serve, transformada que ficaria num verdadeiro aborto legislativo. É caso para dizer que se calhar andam os dois a apanhar sol a mais.

é pá,

e não é que o Prof. Marcelo tem um blogue e não é o Blasfémias!

Eu Ainda Sou do Tempo...

1947. É anunciado o Plano Marshall. Os EUA irão doar à França 2488 milhões de dólares para a reconstrução e ainda emprestam mais uns trocos. Dólares da época. Os franceses agradecem.

Todos? Não. Um grupo de irredutíveis gauleses luta contra a entrada do capital inimigo. O Partido Comunista Francês cria o grito "Yankees Go Home".

Desde essa altura até hoje, mantém-se petrificados no tempo, o que até pode constituir uma fortíssima evidência contra o evolucionismo.

A imagem: Cartaz do Partido Comunista Francês, feito por subscrição pública dos empregados das fábricas Renault.

Non! La France ne sera pas un pays colonisé!

Nota: Post modificado. Um bom amigo sentiu-se incomodado com uma frase que constava neste texto. Alterei-a.

29.9.06

Convertido à capitalização?

É o que parece inferir-se desta posta de Vital Moreira. É pertinente a sua afirmação que Há quem esteja habituado a serem os outros a pagar as suas regalias próprias. Deduzo portanto que rejeitará o sistema redistributivo de reformas defendido pelo governo, obrigando as gerações vindouras a pagar as nossas pensões (e provavelmente também a sua), a coberto de uma suposta e forçada "solidariedade intergeracional".

Estaremos perante um inesperado apoiante do sistema de capitalização defendido pelos bétinhos do Beato?

O defensor da Liberdade




"Governments become liberal only when forced to by the citizens"



Ver aqui. E aqui. Também aqui. E, ainda, aqui. Por fim, aqui.

A culpa, claro, é toda nossa...

José Saramago tem coerência. É comunista. Bateu-se por isso. Saneou. Fez campanhas. Marchas. Libelos. Praticou tudo o que um comunista musguento acha como dever. Sem vacilar. Nunca permitiu que o tempo e a história alterassem uma vírgula no seu catecismo.
Apoiou as práticas dos regimes do Leste, sofreu com a Queda do Muro de Berlim, rosnou odiosamente perante as manifestações de júbilo dos povos que, finalmente, conheciam a liberdade. Exaltou guerrilhas e assassinos de todos os tipos e cadastros. Ao longo da sua vida manteve constante o seu desprezo pela Liberdade e uma indisfarçável ternura por crenças, ditaduras e regimes que fazem do terror um instrumento banal.
Agora o Horror mostra uma nova face. Mas Saramago não desarma - o mundo é feito de equações simples para os homens de muita fé. Limita-se a enquadrar as novas realidades nos velhos e apertados esquemas do seu estalinismo indefectível.
Ontem, em San Sebastián, propôs um Pacto Entre o Islão e o Cristianismo. Mas acrescentou esta inacreditável fundamentação para o terrorismo islâmico:
«El escritor asoció el despertar del fanatismo islámico en Occidente al "desprecio y la autosuficiencia con que siempre hemos tratado todo lo que tiene que ver con los árabes y los asiáticos. Los veíamos como un paisaje donde sólo acudíamos a sacar y, claro, se han cansado"».

Avassalador!

é o Editorial, de hoje, 29 de Setembro, de JOSÉ MANUEL FERNANDES, no PÚBLICO (link não disponível).

O visado é NORONHA DO NASCIMENTO, sobre quem, JMF, diz, entre outras coisas que "(...) O homem (Noronha do Nascimento) não fez a coisa por pouco: ao mesmo tempo que vestiu a pele do sindicalista (pediu que lhe aumentassem o salário e que dessem menos trabalho aos juízes...), pôs a sobrecasaca de subversor do regime (ao querer sentar-se no Conselho de Estado) e acrescentou o lustroso (pela quantidade de sebo acumulado) chapéu do resistente às reformas no sector da justiça"

PS - Por indicação, em comentário, do nosso leitor JPA e com a devida vénia ao Câmara Corporativa, aqui está trancrito o dito Editorial.

Pequena informação

Informa-se a geração "Loose Change" que as fotografias do JCD mais abaixo são de campas de soldados americanos que morreram para libertar a França e não de campas de soldados americanos que morreram para conquistar a França. Obrigado.

Para evitar inflamar o ódio dos agressores

TODOS OS AUTORES DESTES CRIMES SÃO PESSOAS SUSCEPTÍVEIs DE SE SENTIREM OFENDIDAS POR VEREM CONDENADOS E DENUNCIADOS OS SEUS ACTOS.
LOGO PARA EVITAR O INFLAMAR DO ÓDIO PERGUNTO EM QUE MATÉRIAS DEVEMOS MODERAR A NOSSA INDIGNAÇÃO

Apartheid
Racismo
Violência doméstica
Discriminação e perseguições com base nas opções sexuais
Pedofilia
Violação
Terrorismo
Crimes cometidos em nome de ideologias totalitárias como o nazismo, o comunismo e o fascismo
Violência nas cadeias
Uso da tortura por exércitos e forças de segurança
Perseguição por razões ideológicas

Socialismo em forma legal (15)

DR 189 SÉRIE I de 2006-09-29
Portaria n.º 1068/2006
Ministérios da Administração Interna e das Finanças e da Administração Pública
Fixa as taxas a cobrar pelos serviços prestados pela Direcção-Geral de Viação e revoga as Portarias n.os 890/2003, de 26 de Agosto, e 1135-A/2005, de 31 de Outubro.

ainda há esperança!

Lula em queda, depois de faltar ao segundo (e último) debate televisivo com os outros candidatos.

ludwig von mises: 125º aniversário do nascimento



29 de Setembro de 1881 - 10 de Outubro de 1973.
(Com os devidos agradecimentos ao Miguel e ao Insurgente, pela lembrança).

Robert Redeker

Diz quem sabe que as avestruzes não metem a cabeça na areia. Provavelmente as avestruzes não o fazem. Mas nós, os humanos, sim.

Hoje ao ler o Portugal Diário dei com este título «Maomé: professor francês obrigado a esconder-se». Na notícia dava-se conta do sucedido a Robert Redeker, «Um professor de filosofia do ensino secundário do sudoeste da França [que] está escondido sob protecção policial, há mais de uma semana, depois de receber ameaças de morte por um artigo contra o Islão que publicou no jornal Le Figaro».

Engana-se quem julgar que o caso Robert Redeker tem merecido grande destaque em França. Algumas breves alusões à retirada duma edição do Figaro no Egipto e na Tunísia e nada mais. A imprensa ignora olimpicamente o caso até que um jornal regional La Depeche du Midi entrevista Redeker:

«Le prof de philo menacé par des islamistes»

Hoje o Figaro dedica finalmente um editorial e um artigo ao assunto.
Leiam-se os comentários a esses textos e percebe-se como o medo nos transforma em caricaturas. Para que não restem dúvidas o ministro da Educação manifestou a sua solidariedade para com Robert Redeker mas aconselhou-lhe prudência. Ler o artigo de REdeker no site do Figaro também é impossível

Dúvida conceitual - II

O que será que vai sair daqui?

Se o que se pretende é criminalizar todo o tipo de "enriquecimento sem causa", a solução será, talvez, excessiva e inadequada; se o objectivo for criminalizar o enriquecimento cuja causa seja, já de si, um facto criminoso, parece desnecessário, correndo-se, então, o risco de se complexizarem e sobreporem regimes legais...o que acabará por dificultar a respectiva aplicação.

###Suspeito, vagamente, que a pretexto da luta contra a corrupção, tenha passado pela cabeça de alguém a necessidade de criação de mais uma presunção: a de que todo o enriqueciemnto será, por princípio, um ilícito criminal, até prova em contrário...

Ora, independentemente da maior ou menor probabilidade (ou mesmo possibilidade) dessa situação e para além de todos os preconceitos que ela também encerra, a inversão do ónus da prova que tal hipotética presunção acarretaria, significaria o reconhecimento de que o Estado e, em particular, a investigação criminal, entre nós, eram incapazes de descobrir e de perseguir, eficazmente, a corrupção....Logo, por princípio e para o Estado, todos seriam corruptos, cabendo-nos a todos provar que não!

Dúvida conceitual

Quem vive em união de facto poderá ou não festejar este novo "dia"?

Colleville Sur Mer

Fotografias feitas no Cemitério Americano de Colleville-sur-Mer, junto a Omaha Beach.

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28.9.06

Robert Fogel e a escravatura

propósito das ideias de Robert Fogel sobre escravatura citadas pelo Prof. Arroja:

Fogel's most famous and controversial work is Time on the Cross a 1974 two-volume quantitative study of American slavery co-written with Stanley Engerman. In the book, Fogel and Engerman argued that slaves in the American South lived better than did many industrial workers in the North. Fogel based this analysis largely on plantation records and claimed that slaves worked less, were better fed and were whipped only occasionally. Time on the Cross created a fire-storm of controversy, and many mistakenly considered Fogel an apologist for slavery. In fact, Fogel objected to slavery on moral grounds; he thought that on purely economic grounds, slavery was not unprofitable or inefficient as previous historians had argued, such as Ulrich B. Phillips. A survey of economic historians concludes that 48 % "agreed" and another 24 % "agreed with provisos" with Fogel and Engerman's argument that "slave agriculture was efficient compared with free agriculture." In addition, 23 % "agreed" and 35 % "agreed with provisos" with their argument that "the material (rather than psychological) conditions of the lives of slaves compared favorably with those of free industrial workers in the decades before the Civil War."

Perda de tempo

Das várias leituras da entrevista de Pedro Arroja a Fernanda Câncio, não sei o que mais espanta. Talvez a confusão entre juizos de facto e juizos de valor. Foi há 12 anos que, nessa mesma entrevista, Pedro Arroja tentou explicar a diferença :

Estou aqui a falar de estudos documentados, prémios Nobel, e as pessoas riem-se, porque não é aceitável. Eu acho admirável a capacidade de levar a razão humana a este ponto.


Perda de tempo. Quem não percebe a diferença entre juizos de facto e juizos de valor tratará a expressão "a escravatura não foi má para os negros em termos económicos" como um juizo de valor equivalene a "a escravatura foi boa" e reagirá emocionalmente. Que essa atitude continue a ser a norma nas discussões públicas em Portugal só vem provar que um dos objectivos das intervenções do Prof. Pedro Arroja, conseguir que os factos sejam avaliados de acordo com a razão e não de acordo com as emoções, nunca chegou a ser atingido.

Solução para o Idomeneo

Eu tenho uma solução para o Idomeneo. O encenador pretende decapitar em palco Buda, Jesus Cristo, Maomé e mais uns deuses gregos sem importância. Ora, como é fácil de ver, todos podem ser decapitados à vontade excepto o Maomé. Pois que todos sejam decapitados excepto o Maomé. Não consigo imaginar melhor crítica ao islão e, de qualquer das formas, nenhum extremista islâmico vai meter bombas na ópera de Berlim só porque o encenador, não decapitando Maomé, anda a insinuar que o islão é violento e não respeita a Liberdade de Expressão.

Para acabar de vez com os empresários incompetentes.

Portugal tem um problema com os maus empresários. Temos uma administração pública do melhor e um governo super eficiente que até está quase a resolver o precalço do défice mas este ruim empresariado luso está a deitar tudo a perder.

O Blasfémias reconhece que a todos os blogues é exigida uma missão de responsabilidade social e não pode ficar alheio ao esforço nacional para liquidar o empresariado defeituoso. É nessa óptica que, gratuitamente, nos associamos a todos os que denunciam este estado de calamidade nacional como o Diário de Notícias, o Dr. Jorge Coelho, o Dr. Vital Moreira e o Daniel.

Deixamos aqui algumas alternativas/sugestões/propostas que oferecemos graciosamente ao governo, cuja aplicação poderá ajudar a nação a livrar-se desse cancro pátrio que são os empresários ineptos.

A primeira medida a tomar só terá impacto para o futuro, mas não há tempo a perder. Trata-se da interdição integral dos maus empresários, a partir de agora. É obrigatório exigir que nunca mais um mau empresário se atreva a criar uma empresa. Isto é tão relevante que até deveria vir na constituição, nos Direitos, Liberdades e Garantias. ###

Resolvido o problema para a próxima geração, ficamos com o problema da transição. E desde já se deve tomar uma medida que só peca por tardia, a substituição imediata dos maus empresários por bons empresários. Para evitar compadrios na nomeação dos bons empresários, caberá ao governo proceder a estas nomeações.

Assim que já não houver ninguém disponível nas concelhias para substituir os maus empresários, avança a terceira medida, o encerramento imediato de todas as empresas sobrantes geridas por maus empresários.

Chegaremos a este ponto com um país diferente e já só nos resta uma pequeníssima dificuldade, garantir a qualidade dos vindouros empresários, para que a primeira medida sugerida possa ser devidamente consumada com sucesso. O método a adoptar passa pela selecção desses futuros líderes da economia por via de um exame de admissão.

Os que no futuro quiserem ser bons empresários (uma redundância, a partir do momento em que o problema estiver resolvido) terão que provar a sua aptidão empresarial antes de iniciarem actividade, exibindo os seus conhecimentos nas diversas variáveis relevantes que definem com precisão as características do perfeito empresário:

1. Responsabilidade social.
2. Aposta em empregos exclusivamente vitalícios em empresas exclusivamente vitalícias.
3. Pagamento de salários ao nível dos países mais ricos (não há qualquer problema de insolvência porque os novos empresários só estarão autorizados a investir em empresas vitalícias, conforme ponto anterior)
4. Desinteresse por Ferraris.
5. Respeito integral pelas directivas governamentais para o desenvolvimento, directivas que apontarão aos empresários quais os sectores estratégicos e de alto valor acrescentado, escolhidos pelo ministro da economia.
6. Produção exclusiva de produtos de qualidade que possam ser oferecidos a reis estrangeiros
7. Investimento permanente em todas as novas tecnologias experimentais eficientes que permitirão competir com as melhores empresas estrangeiras, apoiadas por muita mão-de-obra especializada, para fomentar o emprego de qualidade.
8. Contratação de muitos filósofos, historiadores, psicólogos e sociólogos formados em universidades públicas para garantir que a intervenção social da empresa esteja em permanente avaliação do seu processo contínuo de integração empresa/comunidade.

É assim que se faz. Se à nossa excelente organização administrativa do estado e às suas irrepreensíveis instituições juntarmos um empresariado com a qualidade que este documento propõe, Portugal seria um país diferente. Muito diferente.

arrojafobia (em actualização)

Aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. E mais: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. E mais ainda: aqui, aqui e aqui.
Em apenas seis dias e sem ter escrito uma palavra. Notável!

Oposição ao Empresariado V

Miguel Madeira, a propósito do relatório do WEF escreve:

um bom/mau resultado nos sub-items "instituições privadas" ou "eficiencia do mercado de trabalho" é sinal de competencia/incompetencia dos gestores privados.


Por uma questão didáctica, vamos aplicar estas ideias a Angola. Certamente que se se analisar os resultados de Angola se descobrirá que os gestores privados angolanos são péssimos. A má classificação nos sub-items de "instituições privadas", que incluem ética empresarial e responsabilidade perante os accionistas, ou nos sub-items de eficiência do mercado de trabalho, que incluem gestão profissional, produtividade, fuga de cérebros e emprego feminino, seriam prova de péssima gestão. Claro que se alguém for dizer isto a um gestor angolano ele nem sequer percebe do que é que se está a falar.
###
Depois da coisa bem explicadinha e depois de o gestor angolano se parar de rir da acusação de incompetência ele começaria a explicar umas coisas simples sobre o que é a actividade empresarial. Em primeiro lugar, começaria por explicar que se encontra descapitalizado, por vários motivos, desde a guerra à corrupção no seu governo. Explicaria que se seguisse qualquer tipo de ética empresarial seria trucidado pelo mercado que existe. Explicaria que nem vale a pena falar em accionistas tendo em conta que só depois do fim da guerra é que se criaram as condições para o lento desenvolvimento de mercados de capitais. Explicaria de seguida que não lhe serviria de nada contratar gestores profissionais porque o preço que eles cobram não se adequa às necessidades que a empresa tem e que não vale muito a pena falar em produtividade enquanto a empresa não acumular capital e enquanto a população não estiver preparada para lidar com equipamentos sofisticados. Explicaria que não está nas suas mãos evitar a fuga de cérebros tendo em conta que as condições de mercado não exigem a contratação de pessoas com elevadas qualificações e elevados salários pelo que a sua cotratação seria um erro de gestão. Explicaria finalmente que o emprego feminino é essencialmente uma questão cultural fora do seu controlo.

Este exemplo de Angola tem uma função didáctica. Visa mostrar que numa economia não se pode avaliar a competência dos empresários com base em items que dependem das características gerais do mercado. A função de um gestor é maximizar o lucro da sua empresa com base nas condições gerais de mercado, muito dependentes do capital acumulado pela economia no passado. Isto são factores que os gestores não controlam, não podem controlar.

Toda esta questão está minada desde o princípio porque uma certa esquerda (Diário de Noticias, Daniel Oliveira , Vital Moreira) , não percebendo nada dos mecanismos do mercado, resolveu olhar maniqueisticamente para a competitividade inventando uma competição estúpida entre gestores privados e governantes. Ao contrário do que essa esquerda parece pensar, o mercado não é uma construção racionalista dos gestores. Os gestores gerem empresas de acordo com o mercado que existe, não mudam directamente o mercado. E o mercado evolui pela a acumulação progressiva de capital e pela competição entre empresas. É a acumulação progressiva de capital que leva as empresas a entrar em negócios cada vez mais sofisticados.

Mas as empresas só podem entrar em negócios cada vez mais sofisticados se o estado deixar. Se o estado for ineficiente, se cobrar impostos muito acima do que produz, se criar muitas barreiras ao desenvolvimento dos negócios, o resultado é um estado rico e um sector privado descapitalizado. É o que temos em Portugal. Acho ridículo, por exemplo, que o DN compare o investimento público em ciência e tecnologia com o investimento privado para concluir que o sector público é melhor. É que o investimento público em ciência e tecnologia é pago pelo sector privado via impostos. Percebe-se facilmente que não é lá muito justo comparar a performance de um sector público improdutivo que vive da cobrança de impostos com um sector privado produtivo que é continuamente descapitalizado pela cobrança de impostos.

Sai um integrista para a mesa do canto


"Etonnons-nous ensuite que des musulmans intégristes viennent perpétrer des attentats" -
foi assim que exprimiu a sua indignação uma visitante da exposição do fotógrafo japonês Nobuyoshi Araki. A exposição em causa foi inaugurada a 26 de Setembro no museu de Charleroi e desde então tem gerado alguma polémica, nomeadamente entre os habiantes do bairro que não gostam do cartaz gigante que a publicita e onde se vê uma rapariga asiática nua.

Oposição ao Empresariado IV

Mas eu percebo. É chato quando os empresários não produzem riqueza à taxa a que os estatistas gostariam que o estado a consumisse. Criam-se défices e essas chatices economicistas.

27.9.06

A Jornada

Estas duas noites de bola correram bem aos meus amigos portistas e benfiquistas e bastante mal ao Sporting por causa da relva artificial. Os benfiquistas estão felicíssimos porque perderam por um mas o Porto perdeu por dois. Os portistas alegram-se porque perderam em Londres mas o Benfica perdeu em casa. Só os sportinguistas é que se podem queixar da má sorte por causa da relva artificial. O Sporting já estava a perder ao fim de 5 minutos por causa da relva artificial. Não vi a primeira parte, mas contaram-me que a relva artificial prejudicou muito o desempenho dos valorosos leões. Na segunda parte, o Sporting só conseguiu marcar um golo, porque a relva artificial não deixou marcar mais. Nem jogou mal, apesar da relva artificial, mas poderia ter jogado melhor não fora a relva artificial. Quando um jogador cospe para a relva não artificial, a coisa é absorvida e vira adubo líquido. Ao que consta, a relva cresce mais luzidia. Na relva artificial a coisa entranha-se e contribui definitivamente para afectar o rendimento das equipas constituídas por brilhantes jovens jogadores com critérios rigorosos de higiene pessoal, como é a nossa. Como o Bayern foi ganhar ao Inter, o Sporting está só em segundo, com 4 pontos apenas, por causa da relva artificial.

Bring statistics to life

Um tal de Hans Rosling dá uma aula verdadeiramente excepcional e de uma forma absolutamente fascinante sobre algumas das mais radicais alterações do mundo em que vivemos. (via o excelente Rabbit's blog)

Nem sei o que destacar mais: a capacidade e ritmo comunicacional, as técnicas gráficas, a força dos dados ou a profundidade e significado das alterações demonstradas.

Nota1: é longa, mas vale a pena.
Nota2: o autor tem um blog.

ESTÁ QUASE...


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(Tópicos de uma intervenção de Fevereiro de 2006)

PT - O ALBERGUE DO REGIME

  • Por vezes penso que o negócio das telecomunicações está para este regime como o negócio do bacalhau estava para a ditadura - hoje, os Henriques Tenreiros têm outros nomes mas os baronatos são mais ou menos os mesmos;
  • Esta iniciativa da SONAE constituiu, até agora, o maior elogio implícito ao equilíbrio político actual do país;
  • O mesmo empresário que há pouco mais de um ano declarou que não iria mais investir em Portugal, prepara-se para fazer o maior investimento privado da história económica portuguesa - demonstra uma clara confiança no funcionamento das instituições políticas e não só;
  • Belmiro de Azevedo é uma personagem à parte no mundo dos grandes empresários nacionais - não integra a Corte do regime, não cresceu graças aos favores do Estado, não os pede e não os recebe, não se submeteu à tradicional lógica de mimética estatista que aflige o funcionamento de tantas empresas portuguesas - para já, estão aqui em jogo duas visões antagónicas do país e do mercado;
  • A PT nunca deixou realmente de ser uma empresa para-estatal:
        • - Pela golden-share que fez com que o Estado mantivesse um poder de gestão essencial;
        • Pela teimosa manutenção de privilégios que impede uma concorrência eficaz;
        • E, sobretudo, por ao longo dos anos se ter feito da PT o Albergue do Regime (a par da CGD), uma espécie de El Dorado para os empregados do sistema que já não se sentem bem com as meras regalias de funcionário público;
  • Há uma fantástica coincidência entre o discurso dos sindicatos e a prosa de estatista ofendido com que o presidente da PT nos brindou na passada terça-feira;
  • Será realmente que a PT serve o interesse nacional? (nesta dimensão não sei o que é isso ? soa-me a chavão, a simples pretexto) Eu gosto de aplicar o critério do consumidor: por exemplo, a PT exige aluguer do telefone fixo, a Clix não;
  • O Governo não deverá impedir o funcionamento do mercado e deve abster-se de intervenções desequilibradoras;
  • A grandeza deste caso faz com que os empresários e a finança internacional estejam atentos àquilo que o Governo português irá fazer - caso o mercado seja condicionado, o seu livre funcionamento asfixiado, um sinal muito negativo estará a ser dado;
  • E tudo o que de bom se terá, eventualmente, conseguido com a recente visita de Bill Gates será lamentavelmente perdido - e o país dará uma imagem anacronicamente socialista que afastará interesse e investimento.

Público à venda?

Apesar de ainda ser apenas uma proposta de decisão, aparentemente a Autoridade da Concorrência (AdC) pretenderá que «a Sonaecom aliene as participações disponíveis em conteúdos» no âmbito do processo de aquisição da PT.

Did you know?

* Agriculture contributes about 2% to the Gross Domestic Product of the 30 OECD countries. Farmers in these 30 countries receive support in various ways equivalent to 1.1% of their GDP.

* Support to farmers in OECD countries totals 280 billion USD annually. By contrast, official development assistance from OECD countries to developing countries amounted to 80 billion USD in 2004. Bilateral development assistance from OECD countries to farmers in developing countries amounted to 3 billion USD in 2001.
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* OECD countries dominate world trade in agriculture - with over 70% of exports and 75% of imports; least developed countries account for only about 1% of world agricultural imports and exports.

* Food prices measured at the farm gate in OECD countries are 30% higher than in international trade.

* Public support for farmers in OECD countries costs a family of four on average nearly 1,000 USD per year in higher prices and taxes.

* More than 70% of farm support in OECD countries is provided in the form of trade distorting market price support and payments linked to production, all of which are inefficient in terms of bolstering farm incomes: Of every $1 in price support, only $0.25 ends up in the farmer's pocket as extra income. The rest is absorbed by higher land prices, fertiliser and feed costs and other factors.

* In most OECD countries, farm households have higher-than-average incomes.

* The biggest and richest 25% of farmers receive 90% of all support provided in the U.S. and 70% in the EU. Tens of thousands of small farm households benefit little from current farm policies.

* Nearly all OECD countries apply tariffs on certain agricultural imports that exceed the value of the product.

* Brazil provides less support to its farmers than any OECD country except New Zealand. China gives only slightly more, exceeding only New Zealand and Australia among OECD countries.

* About 75% of the world's poor live in rural areas, and many are dependent on agriculture.

* Cutting all agricultural tariffs and subsidies by 50% would set off a chain reaction in realignments of production and consumption patterns across economies that OECD analysts estimate would add an extra 26 billion USD to annual world income, equivalent to just over four dollars a year for every person on the globe.

Fonte: OCDE

Retratos - 2

«E no entanto, milhões sobreviveram ao verão», no Insurgente.

Insegurança Socrática

O discurso de Sócrates no parlamento está a demonstrar que o nosso primeiro não está muito preparado neste assunto.

1. Primeiro, explicou que o aumento de dívida pública para suprir as necessidades de fundos poriam em causa a sustentabilidade do estado português e o perigo de alteração do rating. A sustentabilidade do estado português já está em causa porque a dívida do estado aos futuros pensionistas já existe, não estando apenas escriturada. As agências de rating não costumam ser ceguinhas, nestas coisas. Num caso, há dívida não escriturada. No outro caso há dívida escriturada e coberta por fundos de pensões. (Não sei porque é que os próprios fundos de pensões não podem ser financiados directamente por dívida pública, até porque os fundos de pensões são importantes subscritores de emissões do estado. Na fase de transição teriam uma rentabilidade inferior. À medida que os pagamentos ao abrigo da parte não capitalizada fossem diminundo, a dívida iria sendo amortizada.)

2. Comparou a rentabilidade dos fundos de pensões desde 1990 (5,5%) com o aumento médio das contribuições para o sistema público, que foi superior a 6%. Não só uma coisa nada tem a ver com outra, como o argumento só pode funcionar a favor da proposta do PSD. Num caso compara rentabilidades. Num outro compara capitais. Num caso, cria-se valor. No outro, aumentam impostos. Fez a comparação duas três vezes.

3. Sócrates pensa que os fundos de pensões são investidos integralmente na Bolsa. Não tem a menor noção de como se gere um fundo de pensões. Além disso, sugeriu que um fundo de capitalização daria origem a uma pensão 60% inferior às do método actual. Se assim fosse, o método actual só poderia levar à tragédia, porque significaria que o aumento de impostos teria que ser 60% superior à soma dos montante dos descontos actuais com os ganhos da capitalização, algo que é, obviamente, insustentável.

4. Explicou que os mercados sobem e descem e que por isso não há segurança nos fundos de pensões. Se, por acaso, os fundos de pensões não valorizassem ao fim de 36 anos, imagine-se só em que estado lastimável estaria a economia e as finanças públicas para fazer face às obrigações assumidas.

Sócrates parece estar muito mal assessorado neste tema.

A Mais Importante Reforma

Sócrates anunciou a Mais Importante Reforma da Segurança Social dos últimos 30 anos, a reforma que vai resolver o problema da sustentatabilidade por algumas décadas. A última grande Mais Importante Reforma da Segurança Social foi há menos de 10 anos e também tinha resolvido o problema da sustentabilidade por algumas décadas. Daqui a meia dúzia de anos, um governo do PSD fará uma outra grande Mais Importante Reforma da Segurança Social para garantir a sustentabilidade por mais algumas décadas. Faz parte das funções dos governos. Fazer as Mais Importantes Reformas da Segurança Social de vez em quando.

Speech

Um grande discurso de um grande líder.
Posso discordar de algumas soluções e de parte do fundamento ideológico. Mas acho notável como, pragmaticamente, mas sem descurar motivações ideológicas, consegue enquadrar os desafios, delinear objectivos, motivar e tudo fazer para os alcançar. Num tempo de líderes amorfos e cagarolas, dá gosto ler coisas como estas:
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«The scale of the challenges now dwarf what we faced in 1997. They are different, deeper, bigger, hammered out on the anvil of forces, global in nature, sweeping the world.

In 1997 the challenges we faced were essentially British. Today they are essentially global.

The world today is a vast reservoir of potential opportunity. New jobs in environmental technology, the creative industries, financial services. Cheap goods and travel. The internet. Advances in science and technology.

In 10 years we will think nothing of school-leavers going off to university anywhere in the world.
But with these opportunities comes huge insecurity.

In 1997 we barely mentioned China. Not any more. Last year China and India produced more graduates than all of Europe put together.

10 years ago, energy wasn't on the agenda. The environment an also-ran.

10 years ago, if we talked pensions we meant pensioners.

Immigration hardly raised.

Terrorism meant the IRA.

Not any more.»

Ou esta:

«And of course, the new anxiety is the global struggle against terrorism without mercy or limit.

This is a struggle that will last a generation and more. But this I believe passionately: we will not win until we shake ourselves free of the wretched capitulation to the propaganda of the enemy, that somehow we are the ones responsible.

This terrorism isn't our fault. We didn't cause it.

It's not the consequence of foreign policy.

It's an attack on our way of life.

It's global.

It has an ideology.

It killed nearly 3,000 people including over 60 British on the streets of New York before war in Afghanistan or Iraq was even thought of.

It has been decades growing.

Its victims are in Egypt, Algeria, Indonesia, India, Pakistan, Turkey.

Over 30 nations in the world.

It preys on every conflict.

It exploits every grievance.

And its victims are mainly Muslim.

This is not our war against Islam.

This is a war fought by extremists who pervert the true faith of Islam. And all of us, Western and Arab, Christian or Muslim, who put the value of tolerance, respect and peaceful co-existence above those of sectarian hatred, should join together to defeat them.

We used to feel we could shut our front door on the problems and conflicts of the wider world. Not any more.

Not with globalisation. Not with climate change. Not with organised crime. Not when suicide bombers born and bred in Britain bring carnage to the streets of London . In the name of religion.

A speech by the Pope to an academic seminar in Bavaria leads to protests in Britain.

The question today is different to the one we faced in 1997.

It is how we reconcile openness to the rich possibilities of globalisation, with security in the face of its threats.

How to be open and secure.»

Governo salva 1 100 000 hectares de floresta

Via French Kissin descubro este parágrafo de um artigo do JN:

Melhorias no combate poderão ajudar a explicar o facto de se ter estado, este ano, longe da dimensão dos grandes incêndios dos últimos três anos, que chegaram a antigir os 30 mil hectares. Este ano, o maior registado - a 8 de Agosto, em Arcos de Valdevez - ficou-se nos 5.690.


Curiosamente, na mesma notícia, num parágrafo anterior pode ler-se:
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Ao panorama meteorológico (com índices de severidade próximos dos de 2003, mas inferiores a 2004 e 2005), Cardoso Pereira, do Instituto Superior de Agronomia, junta outra variável. "Não devemos esquecer, embora não me admire que os políticos tentem ignorar, que nos últimos cinco anos arderam um milhão e 100 mil hectares de floresta", destaca. "Áreas que, além de não arderem, funcionam como barreiras".


Nos últimos 5 anos arderam 1 100 000 hectares de floresta. Quantas zonas florestais com mais de 30 mil hectares é que restam? Será assim tão estranho que não tenha ardido nenhuma? Num momento em que a área florestal de maior risco já ardeu quase toda, qualquer governo que atribua a redução da área ardida às suas políticas fará um brilharete. Mas só se deixa enganar quem quer.

O que é que a Helena leu?

O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial está aqui, e não tem nada a ver com o que Helena Garrido escreve no seu editorial e que até foi tema de uma Antena aberta na Rádio Contribuinte. Ah, o jornal era o DN, mas, não sei bem porquê, esta última informação parece-me redundante.

Oposição ao Empresariado III

Para se perceber a perversão dos argumentos de Helena Garrido:

A Coreia do Norte é um país sem empresas privadas sofisticadas, sem investigação no sector privado, empresas privadas mal administradas, empresas privadas que não absorvem tecnologia e sem ética empresarial. Conclusão: a culpa da má imagem da economia norte-coreana é do sector privado e dos empresários locais. Se eles tivessem um sector privado mais forte e eficiente a economia estaria muito melhor. Faz sentido?

Oposição ao Empresariado II

A própria ideia de uma oposição ao empresariado é uma perversão do sistema democrático. Numa democracia quem tem poderes públicos é eleito para representar os interesses do eleitor. É natural que o eleitor peça contas a quem gere mal os assuntos públicos. E é natural que o eleitor faça propostas em públicos para resolver problemas públicos. Mas o empresariado, uma classe difusa e heterogénea, não tem poderes públicos nem representa o eleitor. Os empresários pagam impostos para que os eleitos cuidem dos seus interesses e não o contrário. Os empresários não devem nada ao eleitorado e como tal são apenas responsáveis perante os seus clientes e parceiros de negócios. As críticas e pedidos de contas ao empresariado são absurdas, quer porque a função de empresário não é uma função pública, quer porque a actividade se encontra aberta à concorrência.
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Um pedido de responsabilidades públicas a entidades privadas é uma inversão total das relações entre governantes e governados e dos princípios de responsabilização dos eleitos. De repente são os defensores dos governantes que pedem contas aos governados, quando deveria ser ao contrário. São os governantes que são pagos para exercer uma função que visa proteger o interesse dos governados. Não são os governados que têm a obrigação de fazer o que os governantes ou outros governados querem que se faça.

Oposição ao Empresariado

Já tinhamos observado na blogosfera um movimento espontâneo de oposição aos empresários e gestores cujo objectivo principal é a desresponsabilização do governo e do sector público pelo estado da economia. Esse movimento ganha nova forma com a manchete do DN de hoje onde se pode ler "Privados prejudicam imagem da economia portuguesa". É um título extraordinário tendo em conta que os privados só podem fazer aquilo que o estado os deixa fazer. Admiro por isso quem, olhando para a economia portuguesa, conseguiu separá-la em duas e atribuir determinadas responsabilidades aos privados. Este editorial de Helena Garrido talvez ajude a perceber que extraordinários raciocínios terão levado a tão estranha conclusão.
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Assim, logo no primeiro parágrafo afirma-se:
O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial é uma vergonha para os gestores e empresários portugueses e um elogio às instituições públicas. Portugal desceu do 31.º lugar para o 34.º entre 125 países fundamentalmente por causa do mau funcionamento das instituições privadas. Afinal, a fraca imagem do País deve-se em grande parte ao sector privado.

Bastante definitivo, não? (Note-se que o problema é a imagem e não os factos em si) Helena Garrido deve ter provas para o que diz. Quais serão? A resposta parece vir logo no parágrafo seguinte:

O pior indicador de Portugal é o que está relacionado com o baixo crescimento e os défices público e externo.

Pera lá, isto do défice público deve ter a ver com o estado não? E se calhar os outros dois problemas estão directamente relacionados com o défice público. Por um lado, um país com défice público insustentável costuma ter que importar bens para satisfazer o consumo público e o consumo privado por ele induzido. Por outro, um país que teve durante muito tempo um défice público insustentável acabará por cair na crise económica porque esse défice induz actividades económicas insustentáveis. Pelo que se conclui que o pior indicador de Portugal afinal é da exclusiva responsabilidade do estado.

Mas Helena Garrido pensa que não:
O défice público, um dos problemas do País que podem ser directamente atribuídos aos governos, está em vias de resolução.

Como? Importa-se de repetir? O défice real nos últimos 5 anos esteve sempre acima dos 5%, o ano passado esteve acima dos 6%, este ano vai estar nos 4.6% e só em 2009, daqui a 3 anos, o défice estará nos 3%. Ora 3% não é um défice resolvido nem coisa que se pareça. Um défice resolvido é um défice médio de 0% ao longo do ciclo económico, o que nunca aconteceu em Portugal nos últimos 30 anos nem vai acontecer nos próximos 10. Acresce que o défice está a ser resolvido não por redução de despesa mas por aumento da receita canibalizando a economia privada. Ou seja, o pior para a economia nem é o défice mas a forma como esse défice terá que ser resolvido: por aumento de impostos.

O que leva Helena Garrido a descartar as responsabilidades do estado é a extrardinária crença na compartimentação económica. Helena Garrido acredita que o peso do estado na economia não limita o desenvolvimento da economia privada. Acredita que as empresas podem investir e desenvolver-se mesmo quando o estado lhes cobra impostos para pagar políticas insustentáveis, mesmo quando o estado através de défices públicos insustentáveis induz opções empresariais erradas e mesmo quando o estado impõe todo o tipo de barreriras e regulamentos irracionais.

E Helena Garrido continua:

Se a reestruturação do Estado for conseguida, o sector privado passa a ser o grande problema do País, aquele que contribui também para o fraco crescimento e o défice externo.

É uma frase extraordinária, tendo em conta a primeira frase deste editorial: "O relatório sobre competitividade do Fórum Económico Mundial é uma vergonha para os gestores e empresários portugueses e um elogio às instituições públicas." Afinal em que ficamos? O problema principal é a reestruturação do estado, que mal começou, ou é o sector privado? Helena Garrido volta a responsabilizar os privados pelo défice externo, o que demonstra um certo desconhecimento do funcionamento da economia de mercado. Um bom empresário não tem a missão patriótica de exportar para o estrangeiro. Limita-se a adequar a sua estratégia à procura, pelo que se o estado estiver a gastar acima das suas possibilidades tenderá a satisfazer a procura interna primeiro.

Um ponto interessante deste discurso de oposição ao empresariado é a pergunta que Helena Garrido faz:
Mas muitos de nós colocamos frequentemente a questão: porque são as empresas estrangeiras em Portugal competitivas e as nacionais não o conseguem ser?

Bem, deve ser um problema genético não? Ou então o mistério tem a ver com um processo de selecção: as empresas estrangeiras que se expandem para o estrangeiro são as melhores dos respectivos países. E são também empresas que, ao contrário das nossas, não foram esmifradas pelos respectivos governos. Mas nós até temos empresas competitivas. Os bancos, por exemplo. Poderiamos até ter mais se todas as empresas nacionais tivessem os mesmos incentivos fiscais que a Auto-Europa.

Helena Garrido ainda acrescenta:
Os gestores e empresários de Portugal têm urgentemente de olhar menos para o Estado e de tratar melhor dos seus negócios. Não será fácil. As fragilidades das instituições privadas reflectem a falta de formação em áreas hoje tão importantes como a economia e as finanças e uma atitude geral que se focaliza demasiado nos problemas e pouco nas soluções.

O quê? Falta de formação? Mas então em Portugal a educação e a formação profissional não são da competência do estado? O que é que Helena Garrido sugere? Que empresas que já pagam impostos para sustentar o ineficiente Ministério da Educação devam ainda usar fundos próprios para melhorar a formação dos seus empregados?

A novilíngua

No programa «Bom dia Portugal» noticia-se a substituição pela ópera de Berlim do «Idomeneo». Esta substituição é explicada como uma forma de evitar ferir a susceptibilidade dos muçulmanos tanto mais que Hans Neuenfels que dirigia esta esta encenação de «Idomeneo» segundo a RTP é "conhecido pelas suas provocações".
Esta é a novilíngua do nosso tempo. Nos jornais, nas televisões, nas palavras de cada um ela pulula.
O censurado e perseguido passa a provocador
A censura passa a acto de respeito
O medo é travestido em sinal de tolerância
A capitulação passa gesto de boa vontade
A intolerância chama-se susceptibilidade
Os intolerantes já nem precisam de ameaçar. Primeiro horrorizaram-nos os seus actos
Agora já pensamos como eles. Pomo-nos no lugar deles. Vasculhamos o que escrevemos, dizemos e fazemos em busca do menor sinal, som ou traço que os possa ofender. Rasuramos o que possa suscitar aquilo que antigamente se designava como fúria e ódio e que agora, na novilíngua, se designa como reacção duma susceptibilidade ofendida

26.9.06

Função dissuasora dos tribunais

Ao contrário do que parece pensar maradona, a função mais importante de uma acção em tribunal num caso de danos causados por um medicamento não é a compensação da vítima mas o efeito que essa acção tem no comportamento das farmacêuticas. Dado que nenhuma empresa está no mercado para perder dinheiro, a mera possibilidade de uma acção em tribunal tem um efeito dissuasor sobre comportamentos negligentes. Aliás, são essas acções que hoje em dia nos EUA levam as farmacêuticas a ter cuidados que são superiores aos exigidos pela FDA e que dissuadem qualquer tentativa de corromper o processo de aprovação de medicamentos.

Retratos

«Carris? Buc you!», no Adufe.
A não perder, o delicioso diálogo com a funcionária.....

Princípio da subsidariedade

Parlamento Europeu quer mais zonas verdes nas cidades europeias

A União Europeia agora quer retirar competências às câmaras municipais?

Formas socialistas de olhar para a economia de mercado

A esquerda tem um ideal de empresário que anda muito próxima de um certo ideal idílico que muitos confundem com liberalismo. A esquerda espera que o empresário goste da concorrência, que deteste subsídios, que tenha projectos para salvar o país, que crie emprego, que não compre Ferraris, que seja patriota. E depois desilude-se. Quando o empresário não corresponde a esta imagem idealizada de Super-Homem o esquerdista protesta. Critica o empresário como se ele tivesse uma qualquer obrigação social de corresponder a esse ideal. Como se a eficácia do capitalismo dependesse das qualidades pessoais de alguém em particular. Esta atitude de fé cega na humanidade é ainda mais ridícula se se tiver em conta que vivemos num país semi-socialista onde estado torpedeia a concorrência, incentiva o subsídio, bloqueia todos os projectos que não os seus, impede a criação de emprego e desincentiva o investimento. Não gostam da economia privada que temos? Pois essa economia privada é filha do estado semi-socialista que temos. Não esperem que os empresários sacrifiquem os seus interesses ao bem comum. Essa é a forma socialista de olhar para a economia de mercado.

Nem sempre o MEDO tem a cor da prudência

Ópera de Berlim cancela produção de "Idomeneo", de Mozart, com medo do ofender os muçulmanos, radicais ou moderados (quanto a estes últimos, dão-se alvíssaras a quem os encontrar...).
A partir daqui só nos resta fazer uma revisão completa da nossa cultura para ver se conseguimos passar no apertado crivo dos islâmicos...

O Blasfémias Feito Pelos Seus Leitores

Não há Tanques em Budapeste

Li e não gostei, pelas incorrecções factuais e de raciocionio, do texto do José Medeiros Ferreira publicado hoje no DN, "Não há tanques em Budapeste".

Há um desconhecimento, natural, da parte de JMF da realidade que o leva a tomar conclusões erradas. O pacote Gyurcsany, com excepção da redução de algumas subvenções do estado (p. ex. aos preços do gás), não é baseado em cortes nas prestações sociais mas sim em aumento de impostos ? brutais no caso dos pequenos empresários; e na racionalização dos funcionários públicos ? que representam cerca de 1/4 da população activa e cujo peso excessivo é por todos reconhecido. Do mesmo modo o discurso de protecção social não foi enxertado mas é programático porque uma importante base social do partido socialista hungaro é a população não activa ? não há partidos relevantes à esquerda dos socialistas. O raciocionio de JMF, baseado numa deriva liberal do PS hungaro, está completamente errado. É tudo uma questão de ciclo politico ? que começa agora e termina daqui a 4 anos.

Mas não são só erros factuais que me causam espécie no artigo. É enervante a manipulação feita pelo JMF para atingir os seus propósitos. As direitas social-nacionalistas não são fenomenos emergentes na Europa Central, são recorrentes. JMF sabe suficientemente de história para perceber que a sua radicalização resulta de momentos de crise económica e agitação social grave. Ora, o equilibrio orçamental, minora os efeitos das crises. JMF também é não é ingénuo e sabe que a manutenção do equilibrio económico não implica a redução das prestações sociais mas sim implica abdicar de uma certa ideia de "estado forte" ao serviço de clientelas e de uma classe politica que pretende manter a todo custo a sua relevância e status quo. A diminuição do estado é a unica solução para manter as reais e necessárias obrigações do Estado. Algo vai errado na social democracia europeia quando a lógica de poder se sobrepõe a tudo.

Daniel Marques
Budapeste - Hungria

Reduzir 200.000 funcionários públicos?

Confesso que esperava mais ambição e objectividade dos bétinhos do Beato. Tinham obrigação de saber que o Estado, por si só, jamais fará uma reforma perenemente estruturante. Se de facto pretendem fazer algo pelo País, deveriam apresentar-se desde já como candidatos à compra, em mercado aberto, de todas as escolas, universidades e hospitais públicos. Dariam assim um contributo efectivo e precioso à redução de mais de 300.000 funcionários públicos.

Minuto Verde (II)

O Minuto Verde é um programa diário de um minuto que a RTP transmite todas as manhãs. Ensina-nos a defender o ambiente e mostra-nos como poupar água, como poupar combustível, como poupar energia, o que fazer ao lixo e outras coisas do género. Mostra-nos quais as acções relevantes que nos ajudam a todos a contribuir para um mundo melhor.

Hoje, enquanto centenas de milhares de automóveis, engarrafados em intermináveis filas de trânsito devido à greve do metro, atiravam para a atmosfera doses extra de gases tóxicos, Francisco Ferreira da Quercus explicava-nos como podemos dar um contributo decisivo para a protecção ambiental do planeta reduzindo em 5% o brilho do ecrã dos laptops.

Aí é que está o problema...

Como pergunta Vital Moreira aqui.
Por outro lado, também hoje, no seu artigo no Público (link indisponível) temo que Vital Moreira tenha dotado o Compromisso Portugal de uma riqueza doutrinária e de propósitos que me parecem longe de corresponder à realidade. Conscientemente ou não, muitas vezes são os adversários que escolhem e robustecem os seus supostos inimigos vislumbrando nestes distinções e qualidades que mais ninguém consegue enxergar. Julgo ser o que se passa no texto do Público - o "Compromisso..." foi enobrecido injustificadamente em terrenos que os próprios não suspeitam pisar.
Mas pode ser que eu esteja enganado.

O que é nacional é bom

Ao contrário da habitual louça da Vista Alegre, Cavaco Silva terá oferecido ao Rei Juan Carlos de Espanha um PDA. Parece que o PDA tem um chip de design americano, peças feitas na Formosa, montado na China, sistema operativo da Microsoft adaptado para português na Irlanda. Tanto barulho para quê? Pelos vistos uma componente qualquer do software, suponho que o software de navegação por GPS (sistema americano, uma vez que o Galileu ainda não está operacional) é de uma empresa portuguesa. Ah, e Letizia Ortiz está grávida.

Eu ainda sou do tempo

em que os espectadores de documentários esperavam ver um retrato isento, fiel e objectivo da realidade. Com contraditório e essas coisas ...

Economicismo socialista

Ainda sobre este post do Rui A.

Remédios inovadores estão proibidos

Pois é, os socialistas dizem-se contra o economicismo, mas, por razões economicistas, os serviços públicos de saúde só prestam tratamentos médios para pessoas médias, com doenças médias. Os tratamentos de ponta para pessoas invulgares com doenças atípicas não têm lugar no sistema. Ou antes, até têm, mas só beneficiam aqueles que têm cunhas atípicas dentro do sistema.
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Isto é uma consequência do mesmo igualitarismo que leva o estado a penalizar as melhores universidades. Como todos têm que ter tratamentos iguais, os medicamentos excessivamente caros ou são atribuidos a quem tem a cunha certa ou têm que ser pura e simplesmente proibidos dentro do sistema.

From each according to his abilities, to each according to his needs

Governo penaliza boas universidades

As universidades com melhor desempenho vão receber menos dinheiro no Orçamento Económico 2007. O objectivo é que, apesar dos cortes nos financiamentos, o Governo consiga garantir o financiamento das instituições com pior desempenho. A notícia é avançada hoje pelo Diário Económico.

Serviço Público

A republicação, por Fernanda Câncio, da entrevista que ela fez a Pedro Arroja há mais de uma década, no seu estilo fogosamente militante. Os temas abordados continuam em aberto e mantêm plena actualidade, o que mostra como são longos e árduos os trilhos do liberalismo. Mas a luta continua...

25.9.06

critérios de gestão iv

Saúde pública tem mais vantagens para os cidadãos: O Ministério da Saúde proibiu os hospitais de comprarem medicamentos novos, que são muito mais caros em relação aos existentes. Fica, também, demonstrado que o Estado Social, ao contrário do Estado Liberal, não se rege por míseros interesses economicistas, mas por elevados valores de protecção e de assistência social.

Minuto Verde

Amanhã, milhares de automóveis vão arrastar-se por filas intermináveis nas várias entradas de Lisboa e muitos outros vão poluir o coração da cidade em viagens que normalmente se fazem em transporte público. Gostava de ouvir a Quercus, o Partido dos Verdes e outros grupos ecologistas tomar posição perante tamanho atentado ecológico, organizado por meia dúzia de cidadãos irresponsáveis a quem a lei concede o poder absolutamente desproporcionado de lixar a vida a toda a gente na sua luta egoísta por benesses para si e para o pequeno grupo que representam. Amanhã, o protocolo de Quioto está suspenso.

Lembretes

1. Quando é que as forças da ONU começam a cumprir a Resolução 1701 na parte que se refere ao desarmamento de forças fora do controlo do governo do Líbano?

2. Para quando uma manifestação pela paz contra o desarmamento do Hezbollah?

3. Para quando uma manifestação pela paz e pelo reconhecimento do estado de Israel pelo Hamas?

4. Já viram este documentário chamado "Loose Change"? Contém denúncias graves relacionadas com o 11 de Setembro.

critérios de gestão ii

Qualquer vulgar gestor de uma empresa privada sabe que na composição do seu orçamento não deverá afectar mais do que 35% a 40% da receita a salários. Acima desta última percentagem a empresa entra na zona laranja, para além dos 50% está decididamente em red alert, e se ultrapassar os 60% é melhor começar a fazer contas à vida noutro lado.
Ora, segundo o Correio da Manhã, a empresa «Estado português» gasta 61% das suas receitas em impostos directos e indirectos com salários. O que dá para perceber o estado em que o Estado está.

critérios de gestão i

As várias tentativas de reformar o sector público e a sua administração, adequando-os às regras praticadas pela iniciativa privada, levadas a cabo por este e pelos governos imediatamente anteriores, tem um único significado: ao invés do que nos andaram a tentar convencer durante décadas, o sector privado é e funciona melhor do que o sector público.

Que ni se les ocurra?!

«Portugal tiene 8.000 ? de deficit, cultura,lengua,etc, diferente a España,estariamos pagando veite años para que se pusieran a la par. Muy bonito,pero no»

«Que ni se les ocurra.Cada vez que viajo por el sur de Portugal.además de percibir el desastre que está produciendo la agricultura subvencionada, me llama poderosamente la atención sus casas sin rejas en las ventanas.Lo que daría por poder vivir otra vez sin rejas. Como viven ellos.»

Estes são alguns dos comentários à sondagem do SOL sobre o desejo de vários portugueses de passarem a ser súbditos de Juan Carlos. Vale a pena ler tudo aqui.


especialistas em cabeças de alfinete

Há uns bons vinte anos, algumas inteligências raras decidiram fomentar o desmembramento das chamadas «licenciaturas de banda larga» em centenas de licenciaturas de especialização. Não querendo ofender ninguém, o facto é que das Engenharias clássicas, do Direito, da Filosofia, da História, da Matemática, etc., nasceram e floresceram centenas de licenciaturas sobre saberes que anteriormente eram ensinados nos últimos anos como cadeiras ou áreas de opção.
Daí resultaram duas coisas: milhares de especialistas em coisas que muito facilmente se desactualizaram com o correr do tempo, e a dispersão de alunos por inúmeros cursos. Resultou, ainda, um número desmesurado de instituições de ensino superior público e de professores contratados, que agora não têm alunos. É que, na verdade, o mercado é como o algodão: nunca se engana. E, ao fim destes anos, as pessoas já perceberam que esses cursos não lhes são úteis e preferem não os frequentar a ter de o fazer só para dizerem que são licenciados.
A actual recessão do ensino superior público deve-se tão-somente a isto. Pelo que se torna necessário e urgente regressar à formação de base em banda larga e deixar as especializações para os mestrados e doutoramentos. E é sobretudo ter coragem política para enfrentar os interesses corporativos que vão oferecer resistência a que isto se faça.

O papel! Qual papel? O papel!

Graças às nossas excelentes auto-estradas é hoje possível em menos de 3 horas meter num papel 4 assinaturas de 4 pessoas diferentes localizadas em 3 cidades diferentes. A burocracia está igual, os meios para fazer cumprir os seus ditames é que não param de evoluir.

DE a) A d)

Subscrevo todos os pontos enunciados por Helena Matos, nesta posta, a propósito do aborto.
E estou farto das tomadas de posição de agenda peregrina deste tipo de "associações" de que a seita se serve para interferir no jogo político. Sejam os seus membros autênticos auto-seviciados ou simples idiotas úteis.

Socialismo em forma legal (14)

DR 185 SÉRIE I de 2006-09-25
Portaria n.º 1057/2006
Ministérios do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, da Economia e da Inovação, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas e da Saúde
Sujeita ao pagamento de taxas o requerimento de emissão, alteração, renovação e actualização de licença ambiental relativo às instalações que estejam fora do âmbito de aplicação do Decreto-Lei n.º 69/2003, de 10 de Abril.

Riqueza, Pobreza, Moralidade, Imoralidade

O debate anda animado, aqui.

OTISMOS...

Mário Lino: "Não há alternativas à Ota".
Claro que não, excepto se considerarmos abrir uma breve hipótese ao bom-senso...

casa assaltada, trancas à porta

Os senhores reitores das Universidades públicas portuguesas, reunidos numa prosaica instituição que dá pelo nome de CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas), andam com os nervos à flor da pele por causa da falta de alunos e dos consequentes e anunciados cortes orçamentais para as «suas» universidades.
O CRUP foi, ao longo dos últimos anos, uma instituição nefasta ao ensino superior português. Quer por se ter sempre oposto a todas as intenções sérias de o reformar - como a criação de um sistema auto-sustentado parcialmente por propinas aproximadas dos custos reais do serviço prestado - quer por ter funcionado como um lobby poderoso junto do Ministério, contribuindo para um crescimento do sector em número de instituições e de cursos de que o país não necessitava. Para isso, os senhores reitores não hesitaram nunca em socorrer-se da pressão dos estudantes, numa aliança frequente e contra-natura com as suas associações, a quem é também devida uma boa parte do estado lastimável a que o ensino superior português chegou.
Andam agora por aí a lamentar a falta de dinheiro e a exigir reformas profundas. Eu dou já, para começo de tamanho ímpeto reformista, três sugestões: a extinção do CRUP, a revisão da lei sobre associações de estudantes, retirando-lhes os privilégios de que dispõem, e o aumento real das propinas acompanhado pela criação do «cheque-educação» para os alunos sem recursos.

Respeitinho

As famílias numerosas dominarão o mundo. Hoje são poucos, amanhã serão muitos.

Paz na Estrada

Nos próximos 4 dias, Manuel Pinho integra a comitiva presidencial em visita oficial a Espanha.

Já cá faltava o pecado do negócio

«Aborto: Famílias Numerosas pedem saída de Correia de Campos A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) pediu hoje a demissão do ministro da Saúde, acusando-o de «falta de bom-senso» por defender a despenalização do aborto e querer incentivar os hospitais a praticá-lo, de acordo com a lei. (...) Para a APFN, as declarações do ministro revelam «cegueira e falta de senso», uma vez que o aumento do número de abortos vai reduzir a «dramática» taxa de natalidade em Portugal, «financiando o gigantesco negócio das clínicas abortivas», através de dinheiros públicos. » DIÁRIO DIGITAL

A questão da interrupção voluntária da gravidez já é enervante que chegue mas quando à temática do aborto se junta o problema do negócio então o melhor é emigrar.
Sobre esta posição da APFN cabe perguntar se o aborto passará aser aceitável caso seja praticado apenas em hospitais públicos ou por clínicas/ parteiras falidas?

Como o aborto é assunto que nos vai acompanhar desde já explico a minha posição
a) sou a favor da descriminalização
b) sou a favor da realização de interrupções voluntárias de gravidez em clínicas privadas e também em hospitais públicos. Aliás as mulheres devem poder escolher se o preferem fazer no privado ou no público
c) uma boa parte dos abortos praticados em Portugal são o resultado de decisões tomadas por mulheres com meios económicos. As operárias têxteis abandonadas pelo patrão e pelo namorado no início da gravidez são um cartaz neo realista que pouco tem a ver com a realidade.
c) uma - mas não a única - razão que me leva a ser a favor da descriminalização é o facto de considerar que um aborto a acontecer deve acontecer o mais cedo possível. A descriminalização
pode contribuir para isso.
d) a questão dos números de abortos praticados em Portugal é sempre uma espécie de mistificação. Mas convém notar que não só os métodos contraceptivos como o aparecimento da pilula do dia seguinte terão contribuído para alterar esses números fossem eles quais fossem

Aviso

O sobe&desce do Público é para ler com o jornal virado ao contrário. Obrigado.

O que é isto?

«Sem-abrigo portugueses abandonam instalações no Mundial de futebol
Selecção foi a quinta equipa a deixar uma escola onde as casas-de-banho não têm portas e os duches são tomados em carrinhas»
PÚBLICO

Soluções políticas para reduzir as emissões de CO2

1. Manter escolas, maternidades e tribunais abertos em pequenas localidades.

2. Cancelar a construção de novas estradas.

3. Colocar portagens nas SCUT.

4. Deixar de subsidiar a portagem da ponte 25 de Abril.

5. Reintroduzir as portagens nas áreas metropolitanas de Porto e Lisboa.


Não é interessante que o mesmo governo que tem um plano nacional de combate às emissões de CO2 tem muitas outras políticas que têm como consequência o aumento das emissões de CO2?

Vitórias do Compromisso Portugal

A ideia de reduzir em 200 mil o número de funcionários públicos está a ser criticada por ser desumana. Mas parece que ninguém acredita que esses funcionários sejam realmente necessários.

Evolucionismo vs. Criacionismo: o estado do debate VI

Partindo do princípio que existe uma definição de "adaptado" que é diferente de "aquele que tem sucesso reprodutivo" como explicar o comportamento altruista dos pais em relação às suas crias? Como explicar a vida extremamente curta de algumas espécies? Será a morte uma adaptação?

Evolucionismo vs. Criacionismo: o estado do debate V

Sobre a questão das tautologias na teoria da evolução leiam o que Ludwig Krippahl escreve em Evolução, Tautologia, e Teorias Testáveis.

24.9.06

MAS QUE RAIO... (8)

















Cortesia Stuart Carlson
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Leonella Sgorbati, enfermeira num hospital de crianças em Mogadishu, morta em nome da religião e de um deus que todos afirmam querer a paz.

Mais uma denúncia

Revelações surpreendentes: plano dos Estados Unidos por detrás do Tsunami no Índico.

Suécia? Sem Abrigo?

Mundial dos Sem Abrigo: Portugal goleou a Suécia

Aposto que o estado social sueco providencia ruas com ar condicionado.

Para que servem as proibições?

Os PDM, os Planos de Ordenamento, as Reservas Ecológicas ou Agrícolas, a proibição de construção em áreas ardidas, e todas as demais medidas socializantes de ordenar e condicionar a propriedade privada, a quem servem afinal?
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Dizem sempre os promotores dessas iniciativas legislativas que coartam a liberdade individual que se age em nome do famoso «interesse público»: seja a defesa dos valores ambientais, dos bens estéticos definidos oficialmente ou a diversidade e preservação de uma qualquer fauna ou flora.
Ainda que fosse essa a pia intenção, a prática demonstra que se trata apenas de os temporários detentores do poder público intermediarem a transferência de bens de uns cidadãos para outros. Limitando a liberdade de uns cidadãos em favor de outros. De forma geral, quem é responsável pela salvaguarda ou aplicação dessa leis aprecia mostrar-se implacável com o cidadão comum. Mas sempre que se anunciam projectos grandiosos que apenas poderão ver a luz do dia se todas essas leis forem alteradas ou ignoradas, não há um detentor de cargo público que não entenda ser seu dever tudo fazer para a sua concretização.
Querem um exemplo? Se um cidadão tiver um terreno classificado como agrícola e ali quiser construir uma casa de habitação ou de férias não o poderá fazer. Mas se anunciar que no mesmo terreno pretende construir não uma, mas 250 apartamentos, um country club, um golf e um Hotel, todas as autoridades farão fila à sua porta para lhe disponibilizarem o seu auxílio e boa influência.
Repare-se neste projecto: o presidente da Cãmara torna-se um «agente» do investidor, os ministros derrogam por despacho as leis e proibições que continuam a valer para os outros coitados, o Estado apressa-se a classificar tal projecto como essencial, o que na prática equivale a um salvo conduto perante o normal emaranhado de autorizações e prazos burocráticos. Anuncia-se a rápida adequação de PDM e outras formas de planificação territorial ao projecto. E mesmo quando algum organismo dá (certamente por falha de comunicação política) um parecer que possa colocar em causa o empreendimento, em poucos meses, os técnicos altamente qualificados descobrem que afinal existe uma outra claúsula mais permissiva ou que «milagroasamente» o promotor anunciou a intenção de «alterar» o projecto.
Em suma, o interesse público cede por um preço, mas que apenas será considerado quando seja realmente significativo e não uma mera bagatela.