25.9.06

Já cá faltava o pecado do negócio

«Aborto: Famílias Numerosas pedem saída de Correia de Campos A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) pediu hoje a demissão do ministro da Saúde, acusando-o de «falta de bom-senso» por defender a despenalização do aborto e querer incentivar os hospitais a praticá-lo, de acordo com a lei. (...) Para a APFN, as declarações do ministro revelam «cegueira e falta de senso», uma vez que o aumento do número de abortos vai reduzir a «dramática» taxa de natalidade em Portugal, «financiando o gigantesco negócio das clínicas abortivas», através de dinheiros públicos. » DIÁRIO DIGITAL

A questão da interrupção voluntária da gravidez já é enervante que chegue mas quando à temática do aborto se junta o problema do negócio então o melhor é emigrar.
Sobre esta posição da APFN cabe perguntar se o aborto passará aser aceitável caso seja praticado apenas em hospitais públicos ou por clínicas/ parteiras falidas?

Como o aborto é assunto que nos vai acompanhar desde já explico a minha posição
a) sou a favor da descriminalização
b) sou a favor da realização de interrupções voluntárias de gravidez em clínicas privadas e também em hospitais públicos. Aliás as mulheres devem poder escolher se o preferem fazer no privado ou no público
c) uma boa parte dos abortos praticados em Portugal são o resultado de decisões tomadas por mulheres com meios económicos. As operárias têxteis abandonadas pelo patrão e pelo namorado no início da gravidez são um cartaz neo realista que pouco tem a ver com a realidade.
c) uma - mas não a única - razão que me leva a ser a favor da descriminalização é o facto de considerar que um aborto a acontecer deve acontecer o mais cedo possível. A descriminalização
pode contribuir para isso.
d) a questão dos números de abortos praticados em Portugal é sempre uma espécie de mistificação. Mas convém notar que não só os métodos contraceptivos como o aparecimento da pilula do dia seguinte terão contribuído para alterar esses números fossem eles quais fossem