25.3.07

Os amigos do ministro podem apresentar-se para discutirmos o assunto?

O 'Correio da Manhã' traz hoje uma entrevista com o ministro Santos Silva. Esta entrevista é um documento essencial para se perceber a auto-imagem quer de Santos Silva quer do governo de que faz parte. Mas há mais. O ministro Santos Silva diz que o Estatuto dos Jornalistas nasceu pq ele, Santos Silva, não consegue «conviver com observações de jornalistas que muito prezo, qualificados e com escrúpulo profissional reconhecido pela sua classe (...) que se queixavam recorrentemente de serem confundidos com o jornalismo de sarjeta. »
Voltarei a este texto. Mas para já pergunto-me se o ministro tem consciência que justifica esta legislação por causa de não ser capaz de conviver com as observações dum grupo de jornalistas que diz prezar. Mas quem é esse grupo? Quem são os queixinhas sarjetófilos? E se outro grupo considerar precisamente o contrário? E que confiança podemos ter num ministro que não consegue - é ele quem o diz - resistir a simples observações?

«O novo Estatuto é um remédio para as violações deontológicas?
– Não é um remédio, é um instrumento que a classe não tinha e que passará a ter. O que não consigo é conviver com observações de jornalistas que muito prezo, qualificados e com escrúpulo profissional reconhecido pela sua classe, como as que tive logo no início das minhas funções, que se queixavam recorrentemente de serem confundidos com o jornalismo de sarjeta.

Jornalistas de sarjeta?
– Não digo jornalistas de sarjeta. Digo o jornalismo de sarjeta. Sabe o que é o jornalismo de sarjeta? É o jornalismo que teima em não respeitar os artigos 25 e 26 da Constituição. E que diz que a integridade moral das pessoas é inviolável, que a todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, à capacidade civil, à cidadania, ao bom- -nome e reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar, e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.

Os jornalistas são os grandes culpados dessas violações?–
Não disse isso. Ouvi e ainda ouço muitas observações críticas de jornalistas qualificados que se queixam de serem confundidos com o jornalismo de sarjeta pela simples razão de a classe não dispor de nenhuma capacidade de sancionar violações grosseiras do Código Deontológico que a própria classe aprovou. O que eu digo é que com este Estatuto a classe vai ter capacidade de as sancionar se quiser e da maneira como sempre defendeu privilegiando as sanções morais e só em situações limite outras formas de sanção, nomeadamente pecuniárias ou de suspensão. »


http://www.correiodamanha.pt/noticia.asp?id=235924&idselect=229&idCanal=229&p=200