Nos países de tradição protestante, a liberdade de expressão é um meio para chegar à verdade. Não surpreende, por isso, que os maiores defensores modernos da liberdade de expressão fossem autores desta tradição, como John Stuart Mill e outros. Pelo contrário, nos países de tradição católica o meio para chegar à verdade é a autoridade, não a liberdade de expressão.
O que faltou analisar foi os méritos próprios de cada um destes métodos de se chegar à verdade, independentemente da cultura do povo onde o método é implementado. Por exemplo, Pedro Arroja não explica como é que uma autoridade, mesmo num país de cultura católica, consegue chegar à verdade se não existir liberdade de crítica. Será inspiração divina? Terá nascido ensinado? Não precisa de ser confrontada com argumentos contrários? Também não explicou que garantias é que podemos ter de que aquilo que uma autoridade alega ser a verdade é de facto a verdade. É que existe uma diferença entre "opinião oficial" e "verdade", tal como existe uma diferença entre "consenso" e "verdade". Aliás, tendo em conta o estado em que se encontrava a academia portuguesa há uns anos atrás, temo que o método de determinação da verdade por decisão da autoridade estabelecida seja uma das principais causas do atraso intelectual do país.