2.5.07

Intervencionismo repugnante

Não sou fumador. Nunca o fui. Acresce que o fumo do tabaco em cafés, restaurantes e noutros lugares de acesso público me causa bastante incómodo. E, neste momento, com dois filhos pequenos, a necessidade de sair de casa com a família em qualquer circunstância e para qualquer fim, por causa do fumo do tabaco, levanta problemas tácticos de monta.
Mas a lei que PS e PSD querem aprovar é repugnante. Condicionar coercivamente os proprietários a fazerem aquilo que os prejudica, que desagrada à esmagadora maioria dos seus clientes e que é perigosamente susceptível de criar incidentes desagradáveis (caso venha mesmo a ser aplicada), revela um intervencionismo estatal tirânico. É um desrespeito insuportável pela propriedade privada.
Esta lei não deixa uma verdadeira margem de escolha - impõe de modo insindicável a moral de alguns ao comportamento de quase todos. Quer ser pedagógica mas só consegue ser despótica. Pretende ser "limpa" e "verde" mas traz a polícia e sanções desproporcionadas para os espaços da intimidade de cada um.
É uma lei anti-democrática na sua essência - meia-dúzia de "activistas", graças à falta de pudor dos detentores do poder público, adquirem o direito-sem-direito de oprimir a imensa maioria das pessoas que não se revê na sua forma de encarar a vida.
Mas isso não lhes importa - nem aos moralistas nem aos políticos de cariz intervencionista. Eles julgam-se na razão, total, sem qualquer rebuço. Eles acreditam que o Estado não passa de uma máquina dotada de poder de coacção, i.e. de força bruta, capaz de infligir os seus parâmetros de vida, as suas opções e os seus valores, ao resto da sociedade. Esta fica sem qualquer remédio: ou passa à situação, mais cómoda, de crente ou será castigada...
Mas onde é que eu já ouvi isto?