Naquele debate futeboleiro da Sic-Notícias o "professor" Seara brindou-nos com estas pérolas unilaterais:
«O princípio da igualdade exige que os clubes sejam tratados de forma equitativa senão há desigualdade. É mentira o que estou a dizer? É mentira isto?»
«Um jogo transmitido por 20 câmaras televisivas não é o mesmo que um que não é transmitido por nenhuma. É verdade ou mentira isto?»
Um exemplo de diálogo protagonizado pelo autarca de Sintra:
«Isso faz-me lembrar uma coisa que um ilustre jurista dos órgãos de jurisdição desportiva disse um dia.
- Quem, "professor" Seara?
- Não digo. Mas ele sabe quem é...»
A quem possa interessar....
Quem não viu ontem a cerimónia dos Óscares que se iniciou à uma da manhã, pode ver a repetição da mesma, hoje, à uma da manhã....
Hope
O primeiro ministro libanês demitiu-se.
Bom sinal. As manifestações de rua (supostamente proibidas pelo poder oficial), onde milhares de pessoas perderam definitivamente o medo (o único sustentáculo dos opressores), afinal, resultam. Talvez pela primeira vez num país do médio oriente.
Para acompanhar as impressões de quem vive em Beirute (e em português), vale a pena ler A Nata!, dica de a Rua da Judiaria.
Dito e feito
A Portugal Telecom vendeu a Lusomundo Media ao grupo Controlinveste de Joaquim Oliveira, por 300,4 milhões de euros.
Dentro de algum tempo se saberá o que fica na mão de JO e o que será passado a terceiros. Com uma« pequena» percentagem, claro.
Dentro de algum tempo se saberá o que fica na mão de JO e o que será passado a terceiros. Com uma« pequena» percentagem, claro.
Regresso
O Fonte das Virtudes, um dos blogues mais genuinamente Portuense e mais assanhadamente Portista que o Blasfémias está de volta. Esperemos que em grande forma (hoje é dia para testá-la!...) e para ficar.
Bem (re)vindo Pedro!
Bem (re)vindo Pedro!
Ideias para um programa de governo liberal II
1. Não acredito que a Confederação da Indústria Portuguesa esteja interessada nas medidas 5, 14, 15, 16, 18, 19 e 21.
2. As medidas 1, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 16 e 20 são compatíveis com o programa do PS.
3. Hoje, o Causa Nossa está mais liberal que o habitual (eu sei que não é difícil). Será que vem aí um governo neo-liberal com Vital Moreira na pasta da Saúde?
2. As medidas 1, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 16 e 20 são compatíveis com o programa do PS.
3. Hoje, o Causa Nossa está mais liberal que o habitual (eu sei que não é difícil). Será que vem aí um governo neo-liberal com Vital Moreira na pasta da Saúde?
Democracia em Cascata
Uma das maiores interrogações a propósito da intervenção americana no Iraque diz(ia) respeito às consequências para a região da criação de um Estado democrático, com eleições livres e com um parlamento e um governo eleitos. Teria a implantação da democracia no Iraque um "efeito dominó", "arrastando" para a democracia os estados mais ou menos autocráticos vizinhos?
É, obviamente, cedo para retirar conclusões. A situação no próprio Iraque permanece tremendamente conturbada. O atentado desta manhã (o mais grave desde o fim proclamado da guerra é apenas um exemplo), mas, apesar de tudo e contra muitas expectativas, as eleições realizaram-se na data prevista e não há notícias de irregularidades graves.
Em todo o caso, o caminho para a democratização dos Estados vizinhos começa a ser visível.
No Líbano, 50.000 pessoas (segundo a oposição, 20.000 de acordo com o Público e as forças policiais) manifestam-se contra o regime pró-sírio e confraternizam com os militares.
Ao mesmo tempo, no Egipto, Hosni Mubarak, propõe uma revisão da constituição que acabe com o actual método de eleição presidencial, que, pura e simplesmente, impede qualquer candidatura alternativa à do presidente em funções, abrindo o caminho para eleições livres.
São pequenos passos. Muito pequenos, ainda. Mas passos impensáveis, não há muito tempo.
É, obviamente, cedo para retirar conclusões. A situação no próprio Iraque permanece tremendamente conturbada. O atentado desta manhã (o mais grave desde o fim proclamado da guerra é apenas um exemplo), mas, apesar de tudo e contra muitas expectativas, as eleições realizaram-se na data prevista e não há notícias de irregularidades graves.
Em todo o caso, o caminho para a democratização dos Estados vizinhos começa a ser visível.
No Líbano, 50.000 pessoas (segundo a oposição, 20.000 de acordo com o Público e as forças policiais) manifestam-se contra o regime pró-sírio e confraternizam com os militares.
Ao mesmo tempo, no Egipto, Hosni Mubarak, propõe uma revisão da constituição que acabe com o actual método de eleição presidencial, que, pura e simplesmente, impede qualquer candidatura alternativa à do presidente em funções, abrindo o caminho para eleições livres.
São pequenos passos. Muito pequenos, ainda. Mas passos impensáveis, não há muito tempo.
Ideias para um programa de governo liberal
Publicado originalmente no Domingo Liberal
1. Congelamento dos salários da função pública até que o número de candidatos à função pública iguale o número de funcionários públicos com as mesmas qualificações com vontade de sair para o sector privado.
2. Privatização de todas as empresas públicas e distribuição da receita por cada contribuinte.
3. Liberalização total do regime de propriedade das farmácias.
4. Liberalização total da abertura de grandes superfícies.
5. Eliminação de todos os subsídios às empresas e redução dos respectivos impostos em igual valor.
6. Colocação de portagens em todas as auto-estradas que as não têm.
7. Descongelamento das rendas de casa.
8. Aumento progressivo das propinas combinado com um imposto especial sobre licenciados a reverter para a respectiva faculdade.
9. Liberalização da Segurança Social que permita a competição entre o sistema público e o sistema privado.
10. Municipalização das escolas do básico e do secundário.
11. Colocação no domínio público de todas as obras artísticas produzidas ou financiadas pelo estado.
12. Financiamento dos municípios exclusivamente por impostos municipais. Liberdade total para a fixação de taxas para os municípios.
13. Tornar a taxa de IRC competitiva com as taxas da Irlanda e dos países bálticos.
14. Extinção do Ministério do Turismo e do Ministério da Economia.
15. Transferência de qualquer responsabilidade sobre estratégia económica, opções de investimento, criação de clusters, desígnios nacionais e defesa de centros de decisão nacionais do estado para a sociedade civil.
16. Defesa imparcial da concorrência. Eliminação de toda a legislação proteccionista e dos privilégios dos ?campeões nacionais?. Separação da TV-Cabo e da Rede Fixa da PT.
18. Congelamento de todos os grandes empreendimentos públicos em fase de projecto (TGVs, OTAs e similares).
19. Eliminação dos apoios públicos à reflorestação. Transferência das competência sobre ordenamento florestal e respectiva política fiscal para os municípios. Eliminação de ajudas directas do estado central. Liberdade total para os municípios estabelecerem a sua própria política florestal.
20. Aumento dos salários dos detentores de cargos políticos e dos gestores públicos.
21. Eliminação dos subsídios às energias renováveis. Integração do custo ambiental nos impostos sobre combustíveis. Impostos sobre os combustíveis ambientalmente neutros. Inclusão das petrolíferas no mercado de emissões de CO2.
1. Congelamento dos salários da função pública até que o número de candidatos à função pública iguale o número de funcionários públicos com as mesmas qualificações com vontade de sair para o sector privado.
2. Privatização de todas as empresas públicas e distribuição da receita por cada contribuinte.
3. Liberalização total do regime de propriedade das farmácias.
4. Liberalização total da abertura de grandes superfícies.
5. Eliminação de todos os subsídios às empresas e redução dos respectivos impostos em igual valor.
6. Colocação de portagens em todas as auto-estradas que as não têm.
7. Descongelamento das rendas de casa.
8. Aumento progressivo das propinas combinado com um imposto especial sobre licenciados a reverter para a respectiva faculdade.
9. Liberalização da Segurança Social que permita a competição entre o sistema público e o sistema privado.
10. Municipalização das escolas do básico e do secundário.
11. Colocação no domínio público de todas as obras artísticas produzidas ou financiadas pelo estado.
12. Financiamento dos municípios exclusivamente por impostos municipais. Liberdade total para a fixação de taxas para os municípios.
13. Tornar a taxa de IRC competitiva com as taxas da Irlanda e dos países bálticos.
14. Extinção do Ministério do Turismo e do Ministério da Economia.
15. Transferência de qualquer responsabilidade sobre estratégia económica, opções de investimento, criação de clusters, desígnios nacionais e defesa de centros de decisão nacionais do estado para a sociedade civil.
16. Defesa imparcial da concorrência. Eliminação de toda a legislação proteccionista e dos privilégios dos ?campeões nacionais?. Separação da TV-Cabo e da Rede Fixa da PT.
18. Congelamento de todos os grandes empreendimentos públicos em fase de projecto (TGVs, OTAs e similares).
19. Eliminação dos apoios públicos à reflorestação. Transferência das competência sobre ordenamento florestal e respectiva política fiscal para os municípios. Eliminação de ajudas directas do estado central. Liberdade total para os municípios estabelecerem a sua própria política florestal.
20. Aumento dos salários dos detentores de cargos políticos e dos gestores públicos.
21. Eliminação dos subsídios às energias renováveis. Integração do custo ambiental nos impostos sobre combustíveis. Impostos sobre os combustíveis ambientalmente neutros. Inclusão das petrolíferas no mercado de emissões de CO2.
"Olho vivo" no Blasfémias
VM está muito preocupado com a dimensão do gabinete de Santana Lopes.
E diz que ainda bem que "o regabofe está quase a acabar".
No Verão voltamos a conversar: quero ver qual vai ser a "dimensão" do gabinete de José Sócrates e, eventualmente, do de Vital Moreira, que "vox populi", aparece como "ministeriável" na Saúde (?).
E diz que ainda bem que "o regabofe está quase a acabar".
No Verão voltamos a conversar: quero ver qual vai ser a "dimensão" do gabinete de José Sócrates e, eventualmente, do de Vital Moreira, que "vox populi", aparece como "ministeriável" na Saúde (?).
Al-Limiano
O Presidente da Internacional Socialista, à revelia do direito internacional e sem mandato da ONU, colabora com a potência ocupante e dá aula sobre democracia em Bagdad graças à sua grande experiência em situações políticas pantanosas e retiradas unilaterais.
E Ana Gomes não exige o imediato regresso de Guterres?
E Ana Gomes não exige o imediato regresso de Guterres?
Primárias
«Portugueses querem Marques Mendes na liderança do PSD»
(...) Das 600 pessoas entrevistadas, os eleitores da CDU e do BE são os mais convictos de que Marques Mendes é o melhor líder para o PSD (...)
(...) Das 600 pessoas entrevistadas, os eleitores da CDU e do BE são os mais convictos de que Marques Mendes é o melhor líder para o PSD (...)
27.2.05
AS ESCOLHAS DE MARCELO III
Um amigo chamou-me a atenção para a expressão utilizada pelo professor quando se referiu às várias coligações camarárias entre o PSD e o CDS dizendo que «essa questão terá de ser tratada com um bisturi». Não foram pinças mas bisturi.
Simples gaffe ou acto falhado?
Simples gaffe ou acto falhado?
As escolhas de Marcelo II
O Professor Marcelo encontrou finalmente um adversário à altura:
-Mas professor, só diz isso porque está a puxar a brasa à sua sardinha.
E assim se esvaziou o programa. O Marcelo só tem piada se puder puxar a brasa à sua sardinha dizendo de vez em quando «eu até estou à vontade para o dizer ...». Assim não tem piada. Não calem o professor Marcelo. Deixem-no falar.
-Mas professor, só diz isso porque está a puxar a brasa à sua sardinha.
E assim se esvaziou o programa. O Marcelo só tem piada se puder puxar a brasa à sua sardinha dizendo de vez em quando «eu até estou à vontade para o dizer ...». Assim não tem piada. Não calem o professor Marcelo. Deixem-no falar.
AS ESCOLHAS DE MARCELO
Uma jornalista hiper-nervosa, o professor com um ar cada vez mais de apresentador, um formato desengraçado, a política relegada para o finzinho da coisa. As habituais referências já relidas e treslidas acerca da "coragem" e do "exemplo" do Papa pelo facto de estar doente, as entediantes interpretações sobre o conflito do Médio Oriente, o cuidado em evitar a crise no seu partido. Enfim, a léguas do que já nos habituou.
Pelo menos por enquanto, o pessoal da TVI deve estar a rir-se (corrigido).
Insurgências
Um grupo de distintos liberais resolveu agrupar-se num novo blog: O Insurgente.
A constelação de autores inclui o AAA, o Miguel Noronha (que encerrou o Intermitente), o regressado João Noronha do extinto Valete, e ainda os autores do Super Flumina, do FCG vindo do Picuinhices e de André Abrantes Amaral de O Observador. Uma equipe de peso. Boa sorte.
Chineses fazem greve porque querem ser explorados
Workers riot for the right to work overtime:
(Via Blog da Causa Liberal)
The main cause for the riot was the limitation on working hours at the factory. The shorter hours have been requested by US companies so as to avoid criticism from various groups on long working hours. However, the mainly migrant workforce want to work longer hours so they can earn more.
(Via Blog da Causa Liberal)
Tapando o sol com uma peneira!
Santana Lopes acha que os maus resultados eleitorais do PSD (também) se devem ao facto de alguns militantes terem criticado o seu "consulado". Não terem todos, unanime e acriticamente, feito uma campanha eleitoral activa e militante, defendendo-o e defendendo o seu governo.
Disse, inclusivamente, que: "Se o PPD-PSD tivesse tido como o CDS ou o PS todos os militantes, todos os ex-líderes, unidos a fazer campanha à volta de quem se candidatou o resultado teriam sido um pouco melhor".
Ora, para além de, em parte, o exemplo escolhido para a comparação (o caso do CDS-PP que, afinal, baixou o seu peso eleitoral) não ser particularmente feliz e abonatório para Santana Lopes, este continua - como muita gente - a não querer ver o essencial: mais do que as campanhas eleitorais (cujo significado em termos de movimentação de votos será quase nulo - vg., novamente, CDS-PP), mais do que a existência - ou não - de críticas e facções internas (democraticamente saudáveis e enriquecedoras), hoje em dia, vota-se, quase exclusivamente, para derrubar governos maus (voto penalizador).
E o critério - para o leitor comum - é a sua concreta situação económica.
Assim, o que Santana Lopes e muita gente, continua a não querer entender é que o(s) governo(s) do PSD (mancomunado com o CDS-PP) foi, na perspectiva dos portugueses eleitores, mau! Muito mau mesmo, a avaliar pelos resultados de 20 de Fevereiro....tão simples como isto!
Õra, é sobre isto, sobre as razões disto, que o PSD e, desde logo, Santana Lopes, deveriam pensar...e não propriamente em proto-desculpas desresponsabilizantes...
Disse, inclusivamente, que: "Se o PPD-PSD tivesse tido como o CDS ou o PS todos os militantes, todos os ex-líderes, unidos a fazer campanha à volta de quem se candidatou o resultado teriam sido um pouco melhor".
Ora, para além de, em parte, o exemplo escolhido para a comparação (o caso do CDS-PP que, afinal, baixou o seu peso eleitoral) não ser particularmente feliz e abonatório para Santana Lopes, este continua - como muita gente - a não querer ver o essencial: mais do que as campanhas eleitorais (cujo significado em termos de movimentação de votos será quase nulo - vg., novamente, CDS-PP), mais do que a existência - ou não - de críticas e facções internas (democraticamente saudáveis e enriquecedoras), hoje em dia, vota-se, quase exclusivamente, para derrubar governos maus (voto penalizador).
E o critério - para o leitor comum - é a sua concreta situação económica.
Assim, o que Santana Lopes e muita gente, continua a não querer entender é que o(s) governo(s) do PSD (mancomunado com o CDS-PP) foi, na perspectiva dos portugueses eleitores, mau! Muito mau mesmo, a avaliar pelos resultados de 20 de Fevereiro....tão simples como isto!
Õra, é sobre isto, sobre as razões disto, que o PSD e, desde logo, Santana Lopes, deveriam pensar...e não propriamente em proto-desculpas desresponsabilizantes...
26.2.05
Thank you
Peter Benenson, fundador da Amnistia Internacional faleceu ontem, aos 84 anos de idade.
A ele se deve a origem da maior e mais relevante organização internacional na defesa dos direitos humanos, especialmente no que concerne aos prisioneiros políticos.
Foi a partir de uma pequena notícia de jornal, no início dos anos 60, que referia que dois jovens estudantes portugueses tinham sido condenados a 7 anos de prisão por terem feito um brinde à liberdade, que despoletou neste advogado inglês o desejo e a ideia de fazer algo mais do que apresentar um simples protesto diplomático. E inventou o apelo da sociedade civil, das populações livres em favor daquelas que aspiram à liberdade. Muitos milhares de prisoneiros políticos de todo o mundo, e sem qualquer distinção de regime político, viram as suas condições de detenção melhoradas quando as autoridades começavam a receber apelos insistentes em favor de alguém que o próprio regime queria ignorar e abafar. A partir desse momento, aquele preso tornava-se incómodo, porque muito mais dificilmente poderia desaparecer. Muitos foram libertados, as suas sentenças revistas ou anuladas. Tudo isso valeu a pena.
A ele se deve a origem da maior e mais relevante organização internacional na defesa dos direitos humanos, especialmente no que concerne aos prisioneiros políticos.
Foi a partir de uma pequena notícia de jornal, no início dos anos 60, que referia que dois jovens estudantes portugueses tinham sido condenados a 7 anos de prisão por terem feito um brinde à liberdade, que despoletou neste advogado inglês o desejo e a ideia de fazer algo mais do que apresentar um simples protesto diplomático. E inventou o apelo da sociedade civil, das populações livres em favor daquelas que aspiram à liberdade. Muitos milhares de prisoneiros políticos de todo o mundo, e sem qualquer distinção de regime político, viram as suas condições de detenção melhoradas quando as autoridades começavam a receber apelos insistentes em favor de alguém que o próprio regime queria ignorar e abafar. A partir desse momento, aquele preso tornava-se incómodo, porque muito mais dificilmente poderia desaparecer. Muitos foram libertados, as suas sentenças revistas ou anuladas. Tudo isso valeu a pena.
Limitações interessadas
Em Portugal apenas existe uma rede de televisão por cabo com dimensão nacional, a TVCabo, propriedade da Portugal Telecom. Tal monopólio assume uma indiscutível dimensão política, uma vez que as opções que realiza não se pautam por critérios estritamente económicos e de mercado.
Veja-se o que se passa com o processo relativo ao projecto «Porto Canal», uma iniciativa de um grupo de empresários, com provas dadas na antiga NTV e que, segundo a imprensa, conseguiu agrupar um significativo e relevante número de investidores que poderiam garantir a viabilidade financeira do projecto. O certo é que o projecto encontra-se encalhado perante a atitude da Portugal Telecom à qual não lhe interessa minimamente a existência de um canal produzido e direccionado ao norte do país. Não se trata de uma questão de gestão económica (pois que existe mercado, financiadores, e meios técnicos, para além de que o risco sempre cairia naqueles empresários). É tão só uma opção política. A de recusar uma voz alternativa sobre a qual o poder central não teria o controle. A TVCabo não está muito preocupada sobre a viabilidade económica da transmissão do sinal de certos canais, como o «Viver» ou a «RaiUno». São canais residuais e que completam(??) o pacote de serviços.
Veja-se o que se passa com o processo relativo ao projecto «Porto Canal», uma iniciativa de um grupo de empresários, com provas dadas na antiga NTV e que, segundo a imprensa, conseguiu agrupar um significativo e relevante número de investidores que poderiam garantir a viabilidade financeira do projecto. O certo é que o projecto encontra-se encalhado perante a atitude da Portugal Telecom à qual não lhe interessa minimamente a existência de um canal produzido e direccionado ao norte do país. Não se trata de uma questão de gestão económica (pois que existe mercado, financiadores, e meios técnicos, para além de que o risco sempre cairia naqueles empresários). É tão só uma opção política. A de recusar uma voz alternativa sobre a qual o poder central não teria o controle. A TVCabo não está muito preocupada sobre a viabilidade económica da transmissão do sinal de certos canais, como o «Viver» ou a «RaiUno». São canais residuais e que completam(??) o pacote de serviços.
Mas a existência de um canal, que poderia colmatar uma grave lacuna em termos informativos, fidelizar rapidamente um público especifico e ser uma alternativa credível ao centralismo informativo, isso é algo que «não interessa nada».
Estes blogs são do Norte, carago!!
O Nortugal. Recomendo especialmente os posts «Movimento cívico regional» e «Linha Alfândega - Campanhã (existente desde 1888)».
A Baixa do Porto
O VILACONDENSE
Avenida dos Aliados
A Baixa do Porto
O VILACONDENSE
Avenida dos Aliados
Leitura essencial
Na rúbrica "Livros e Ideias" (págs. 69 a 71) da Nova Cidadania (n.º 23), Carolina Cordeiro faz uma (excelente, como, aliás, seria de esperar) análise do livro de Fareed Zakaria, O Futuro da Liberdade: A Democracia Liberal nos Estados Unidos e no Mundo, da Gradiva.
A ideia de que existem "democracias iliberais", onde se "combinam eleições com autoritarismo e negação dos direitos dos individuos face ao Estado" é uma evidência que um certo Ocidente insiste em ignorar. Infelizmente, ainda temos quem defenda de uma forma acrítica o carácter redentor da aliança Democracia/Estado como expressão de liberdade
A realidade, contudo, apresenta-nos um cenário distinto: hoje vivemos em parte sob o jugo das "ditadura eleitas", onde nem sempre democracia e liberdade são duas faces da mesma moeda.
Recomendo a leitura da Nova Cidadania deste trimestre, em especial a rúbrica "Livros e Ideias".
(PS. Não me responsabilizo pela urticária que a leitura do dossier Buttiglione possa provocar em algumas mentes mais sensíveis).
A ideia de que existem "democracias iliberais", onde se "combinam eleições com autoritarismo e negação dos direitos dos individuos face ao Estado" é uma evidência que um certo Ocidente insiste em ignorar. Infelizmente, ainda temos quem defenda de uma forma acrítica o carácter redentor da aliança Democracia/Estado como expressão de liberdade
A realidade, contudo, apresenta-nos um cenário distinto: hoje vivemos em parte sob o jugo das "ditadura eleitas", onde nem sempre democracia e liberdade são duas faces da mesma moeda.
Recomendo a leitura da Nova Cidadania deste trimestre, em especial a rúbrica "Livros e Ideias".
(PS. Não me responsabilizo pela urticária que a leitura do dossier Buttiglione possa provocar em algumas mentes mais sensíveis).
O erro da decisão de Sampaio e a previsivel chantagem da esquerda nas próximas eleições presidenciais
No passado dia 23 de Fevereiro, publiquei um post onde alertava para o facto da decisão presidencial reforçar desnecessariamente a vertente "presidencialista" do nosso sistema de governo, apelando a que, nas próximas eleições presidenciais, o valor da estabilidade seja corporizado de uma forma ainda mais vincada pela máxima, para mim indesejável, "Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente".
Ontem, o JM, cita Rui Ramos, num artigo divulgado na quinta-feira, onde este enfatiza precisamente, embora num enquadramento distinto, o mesmo aspecto, do risco que existe da esquerda exigir a eleição de um Presidente do quadrante da esquerda, como garantia de estabilidade.
Vi muitos comentários que refutam esta ideia e consideram inexistir este risco. O tempo encarregar-se-á de nos demonstrar quem tem razão.
Ontem, o JM, cita Rui Ramos, num artigo divulgado na quinta-feira, onde este enfatiza precisamente, embora num enquadramento distinto, o mesmo aspecto, do risco que existe da esquerda exigir a eleição de um Presidente do quadrante da esquerda, como garantia de estabilidade.
Vi muitos comentários que refutam esta ideia e consideram inexistir este risco. O tempo encarregar-se-á de nos demonstrar quem tem razão.
Jornalismo de recados: quando a notícia é a notícia
Há publicações em que a notícia e o comentário é que são a notícia. O que interessa verdadeiaramente não é o conteúdo da notícia ou do comentário. O que interessa verdadeiramente é a existência da notícia ou do comentário. Por isso, as verdadeiras notícias deste fim de semana são:
Socialistas moderados atacam candidatura de Ferro Rodrigues
Expresso continua a fazer campanha por Cavaco Silva
Expresso diz a António Guterres que o melhor é desistir
Grupos económicos exigem despesa pública
Comunicação Social avisa Sócrates de que o caso Freeport ainda não acabou
Mário Soares avisa Sócrates que devegovernar à esquerda cumprir o programa do Bloco de Esquerda
Jornalistas da secção de política do Público imploram a Sócrates para não repetir o guterrismo
Bloco de Esquerda não sabe muito bem o que fazer com a vitória
Director do Expresso finge não acreditar em terceiras vias
Socialistas moderados atacam candidatura de Ferro Rodrigues
Expresso continua a fazer campanha por Cavaco Silva
Expresso diz a António Guterres que o melhor é desistir
Grupos económicos exigem despesa pública
Comunicação Social avisa Sócrates de que o caso Freeport ainda não acabou
Mário Soares avisa Sócrates que deve
Jornalistas da secção de política do Público imploram a Sócrates para não repetir o guterrismo
Bloco de Esquerda não sabe muito bem o que fazer com a vitória
Director do Expresso finge não acreditar em terceiras vias
É a crise, pá
A revista Executive Digest acabou, segundo noticia hoje o Público «por o modelo se encontrar esgotado».
É estranho, que, uma a uma, as diversas revistas de carácter económico tenham vindo a fechar. Primeiro a «Valor» e a «Fortuna e Negócios», depois a «Ideias e Negócios» e agora a «Executive». Resta apenas a vetusta «Exame», bem ancorada no Grupo Impresa e numa significativa e sustentável carteira de assinantes fiéis.
Sendo certo que grande parte da informação económica especializada se encontra concentrada nos 2 jornais diários («Jornal de Negócios» e «Diário Económico»), ainda assim, e atendendo à especificidade do formato revista (que possibilita diferentes abordagens), é significativo que o mercado publicitário e de leitores force à existência de uma única publicação especializada. É também um facto que diz muito da actual falta de dinamismo de todo o tecido empresarial e da conjuntura económica que o país atravessa.
O que este país precisa é de um choque de construção civil
No Expresso:
Não sei se este é o projecto político de José Sócrates, mas, se vem no Expresso, é de certeza este o pensamento de gente muito influente neste país. E isto é muito preocupante.
A CONSTRUÇÃO do aeroporto da Ota e o TGV são as grandes apostas estratégicas do Governo Sócrates para contrariar o abrandamento da actividade económica e cumprir a meta de reduzir em 150 mil o número de desempregados fixada na campanha eleitoral. O PS acredita que estes grandes empreendimentos - apresentados como os dois novos desígnios nacionais, na esteira da Expo-98 e do Euro- -2004 - serão as alavancas do desenvolvimento do país na próxima década, esperando que funcionem como uma gigantesca injecção de adrenalina aplicada no coração de uma economia em quebra.
Não sei se este é o projecto político de José Sócrates, mas, se vem no Expresso, é de certeza este o pensamento de gente muito influente neste país. E isto é muito preocupante.
25.2.05
Leitura recomendada
20 de Fevereiro: O enterro dos cavaquismos por Rui Ramos
Destaque:
Via Intermitente
Destaque:
Para arrasar o Dr. Santana, os cavaquistas-que-não-se-riam permitiram-se tudo: celebraram o golpe presidencial de Dezembro de 2004 e "apostaram" numa vitória das esquerdas. Animava-os uma visão: o seu Dr. Cavaco em Belém, em 2006, a desfazer as legislativas de 2005 para lhes entregar as chaves de S. Bento. Provavelmente, estão a viver a última ilusão. Devido ao precedente de Dezembro de 2004, fará todo o sentido que a maioria parlamentar socialista peça ao eleitorado a garantia de que poderá governar sem rasteiras de um Presidente hostil e, devido aos poucos meses que terão passado sobre as legislativas, fará todo o sentido que o eleitorado lhe dê essa garantia. Em suma, o cavaquismo-que-não-se-ria caiu na mesma cova em que julgou estar a enterrar o cavaquismo-que-chorava. Sepultados os cavaquismos com as honras devidas, talvez as direitas venham a aproveitar a oportunidade para criarem uma verdadeira alternativa política e intelectual à hegemonia das esquerdas. Ou talvez não.
Via Intermitente
O Ambientalista Liberal - salvar a floresta tropical comprando-a
Balam Na Project:
Aceitam doações. Por apenas 50 dólares qualquer um pode salvar 1 acre de floresta tropical. O dinheiro será usado na aquisição de áreas florestais e para pagar os custos burocráticos. Muito engenhosos estes ecologistas liberais.
São as chamadas soluções utópicas.
The second step is the establishment of the Balam Na protected area?a partnership between Wildtracks and three private stakeholders, protecting a total of approximately 750 acres of rainforest and 100 acres of wetlands.
The third step involves negotiations with a large private landowner, for the possible acquisition of a portion of land needed to complete this biological corridor linkage.
With your last donation, we were able to make the all-important down payment to the Government towards the purchase of Balam Na Tracts as "freehold" property? for greatest long-term security.
Aceitam doações. Por apenas 50 dólares qualquer um pode salvar 1 acre de floresta tropical. O dinheiro será usado na aquisição de áreas florestais e para pagar os custos burocráticos. Muito engenhosos estes ecologistas liberais.
São as chamadas soluções utópicas.
E há quem acredite que a regulação é amiga da concorrência
Instituto Nacional de Aviação Civil proíbe Air Luxor de iniciar voos entre Lisboa e Ponta Delgada
Nota: A Air Luxor propõe-se voar para os Açores sem subsídios.
Via Jaquinzinhos.
Nota: A Air Luxor propõe-se voar para os Açores sem subsídios.
Via Jaquinzinhos.
O Ambientalista Liberal - privatização das baleias
Privatize the Whales:
Allowing whales to be owned by individuals, groups or communities would be the surest way to ensure their continued survival. Owners could benefit from measures they took to protect their whales, whether for hunting, whale-watching or merely for the satisfaction of knowing they were protected. Just think of the numbers of whales that Greenpeace could ensure would never be hunted if it put all of the millions it spends on its propaganda campaigns into retiring harvest rights for whales or otherwise directly protecting them.
Privatizing whales may seem farfetched, but in fact the technological obstacles to an ownership program are rapidly disappearing. Back in the heyday of whaling, it was simply not feasible to exert ownership over living whales, but the whalers did construct an elaborate set of rules that governed harpooned whales. Readers of "Moby Dick" will be reminded of clearly marked harpoons that carried different rights of proprietorship over a whale depending on the speed of the current and the type of whale. In 1993, scientists tracked a single blue whale for 43 days over 3,200 kilometers (1,984 miles) based solely on its individual song. Other advanced technologies such as satellites and unmanned submersibles could be even more effective if given the chance.
ASSIM CONTINUAMOS COMO SE NADA FOSSE...
Hoje, dia 25 de Fevereiro, quase 3 meses passados da dissolução da AR e da demissão do Governo, 5 dias após as eleições e um dia depois de ter sido indigitado um novo primeiro-ministro, foi publicado no Diário da República o D.L. nº 53/2005 - que aprova a orgânica do Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território.
Fechar a boca
No Brasil, ocorre uma discussão acalorada motivada pelas estranhas declarações do presidente Lula, que afirmou conhecer casos de corrupção na administração anterior. E mandou abafar o assunto, segundo o seu próprio relato:
«Eu me lembro de um momento, logo no início do governo, quando um alto companheiro meu, de uma função muito importante, foi prestar contas de como tinha encontrado a instituição em que ele estava trabalhando. E ele me dizia simplesmente o seguinte: "Presidente, a nossa instituição está quebrada, estamos falidos. O processo de corrupção que aconteceu, antes de nós, foi muito grande. Algumas privatizações que foram feitas em tais lugares levaram a instituição a uma quebradeira" (...). Eu disse ao meu companheiro: "Olha, se tudo isso que você está me dizendo é verdade, você só tem o direito de dizer para mim. Para fora, feche a boca e diga que a nossa instituição está preparada para ajudar no desenvolvimento deste país».
Estas atitudes pagam-se caro. É justo.
Adenda: ver também no Estadão
«Eu me lembro de um momento, logo no início do governo, quando um alto companheiro meu, de uma função muito importante, foi prestar contas de como tinha encontrado a instituição em que ele estava trabalhando. E ele me dizia simplesmente o seguinte: "Presidente, a nossa instituição está quebrada, estamos falidos. O processo de corrupção que aconteceu, antes de nós, foi muito grande. Algumas privatizações que foram feitas em tais lugares levaram a instituição a uma quebradeira" (...). Eu disse ao meu companheiro: "Olha, se tudo isso que você está me dizendo é verdade, você só tem o direito de dizer para mim. Para fora, feche a boca e diga que a nossa instituição está preparada para ajudar no desenvolvimento deste país».
Estas atitudes pagam-se caro. É justo.
Adenda: ver também no Estadão
LIVRAI-ME DA TENTAÇÃO
Há um infeliz defeito, cada vez mais banal entre os comentadores e bloguers, em que tento (e espero) nunca cair: atacar as posições políticas de alguém usando para tal particularidades ou imperfeições físicas.
PORTO DISCORRIDO
Definitivamente o Porto é uma cidade de tertúlias. De discussão, de polémicas organizadas ou não. Cada vez mais, descubro espaços portuenses onde a conversa nascida do puro prazer de a ter é o ponto de ordem. Há tertúlias políticas, literárias, musicais, com ou sem agenda e, algumas, até com reserva mental. São os blogues presenciais em que a oralidade prevalece face à distância da escrita ainda não ultrapassada pela tecnologia. Tenho o gosto de participar em várias.
Graças a um amigo, hoje (ontem) descobri mais uma no restaurante Casa de 3 (Cedofeita). Os blogues foram o tema mas a conversa correu livre, escondendo as horas que foram passando. Para repetir.
Graças a um amigo, hoje (ontem) descobri mais uma no restaurante Casa de 3 (Cedofeita). Os blogues foram o tema mas a conversa correu livre, escondendo as horas que foram passando. Para repetir.
A vez dos "não-candidatos".
O PSD está com preocupantes parecenças com o Benfica, em véspera de eleições para a respectiva Presidência! Há sempre inúmeros candidatos, candidatos putativos, candidatos falados (mas não confirmados) e "não-candidatos" (também tão falados como os candidatos propriamente ditos!).
Ao contrário do que, a propósito do Benfica, invariavelmente, alguns jornalistas e comentadores, acreditam (ou gostam de acreditar), sempre achei que tal "instabilidade" e "desvalorização" de candidaturas e "pré-candidaturas", é sinal de algum desnorte e de que algo vai mal (muito mal, por vezes) nas respectivas instituições.
É sinal de crise! E só em tempos de crise é que alguns - aqueles que, em condições normais, não teriam nem perfil credivel, nem estofo, para tais andanças - ousam assumir-se (e têm espaço para tal!) como "candidatos" (seja em partidos políticos, clubes de futebol ou em qualquer outra entidade ou instituição).
Depois dos dois primeiros candidatos (Marques Mendes e Menezes), surgem, agora e por outro lado, os primeiros dois "não-candidatos": Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio.
E, como não poderia deixar de ser, atendendo aos tempos que correm, lá surgem também, pela voz autorizada de um "não - candidato", o rumor e a expectativa de outras novas candidaturas...
Ao contrário do que, a propósito do Benfica, invariavelmente, alguns jornalistas e comentadores, acreditam (ou gostam de acreditar), sempre achei que tal "instabilidade" e "desvalorização" de candidaturas e "pré-candidaturas", é sinal de algum desnorte e de que algo vai mal (muito mal, por vezes) nas respectivas instituições.
É sinal de crise! E só em tempos de crise é que alguns - aqueles que, em condições normais, não teriam nem perfil credivel, nem estofo, para tais andanças - ousam assumir-se (e têm espaço para tal!) como "candidatos" (seja em partidos políticos, clubes de futebol ou em qualquer outra entidade ou instituição).
Depois dos dois primeiros candidatos (Marques Mendes e Menezes), surgem, agora e por outro lado, os primeiros dois "não-candidatos": Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio.
E, como não poderia deixar de ser, atendendo aos tempos que correm, lá surgem também, pela voz autorizada de um "não - candidato", o rumor e a expectativa de outras novas candidaturas...
24.2.05
O Ambientalista Liberal XIV
(continuação)
A teoria liberal deve ser aplicada cuidadosamente a cada caso. Observações superficiais sobre os problemas não ajudam à sua compreensão e resolução. Perante um problema ecológico, a pergunta que deve ser feita é: qual é o direito de propriedade que está a ser violado ou qual é o common? Alguns exemplos:
Eucaliptos: o problema dos eucaliptos deve-se, por um lado ao apoio do estado à indústria florestal, e por outro à inexistência de direitos de propriedade sobre a água. Se as indústrias florestais não fossem subsidiadas, a pressão para a plantação de eucaliptos seria menor. E se os plantadores de eucaliptos tivessem que pagar a água que consomem, o negócio não seria tão atractivo.
Aquecimento Global: o problema do aquecimento global é um problema de emissão de gases de estufa para um common global. A atribuição da culpa a este país ou aquele não vai resolver o problema porque cada país tem um incentivo para emitir gases de estufa que é superior ao incentivo para não emitir porque os ganhos são nacionais e as perdas globais.
Destruição de propriedades de valor ambiental: pode resultar da má alocação dos direitos de propriedade que impede a exploração do valor ambiental. Por exemplo, na costa algarvia há zonas em que vários proprietários competem para explorar a vizinhança da praia não tendo que pagar nada por essa utilização.
Destruição de propriedades de alegado valor ambiental: aqueles que alegam valorizar um determinado bem ambiental não estão dispostos a comprar esse bem. Por exemplo, embora muitos ecologistas sejam a favor dos parques nacionais, pouco estariam dispostos a pagar uma entrada para os visitar.
Suinicultoras de Leiria: O rio não é de ninguém e o estado não pode intervir porque não quer prejudicar os interesses económicos dos eleitores.
Água de consumo humano: É subsidiada. Por isso é que a água é desperdiçada e as empresas de água não têm muito interesse em processar os poluidores a montante para garantir a qualidade do seu input e a redução de custos de tratamento.
Pesticidas: É um problema de propriedade dos rios e das águas subterrãneas. Os agricultores não têm que pagar os custos de poluição a jusante. Para além disso, toda a agricultura é subsidiada e ineficiente. Os agricultores têm poucos incentivos para fazer uma gestão racional dos seus recursos e muitos nem são necessários.
Espécies em extinção: se elas são realmente valiosas para alguém, então o que os ecologistas têm que fazer é comprar os seus habitats e criar parques naturais. Parte das receitas para a compra e manutenção podem ser obtidas através do turismo ecológico.
Pescas: Os pescadores não são os proprietários dos cardumes. A gestão da pesca deve ser feita pelas próprias associações de pescadores.
(continua)
A teoria liberal deve ser aplicada cuidadosamente a cada caso. Observações superficiais sobre os problemas não ajudam à sua compreensão e resolução. Perante um problema ecológico, a pergunta que deve ser feita é: qual é o direito de propriedade que está a ser violado ou qual é o common? Alguns exemplos:
Eucaliptos: o problema dos eucaliptos deve-se, por um lado ao apoio do estado à indústria florestal, e por outro à inexistência de direitos de propriedade sobre a água. Se as indústrias florestais não fossem subsidiadas, a pressão para a plantação de eucaliptos seria menor. E se os plantadores de eucaliptos tivessem que pagar a água que consomem, o negócio não seria tão atractivo.
Aquecimento Global: o problema do aquecimento global é um problema de emissão de gases de estufa para um common global. A atribuição da culpa a este país ou aquele não vai resolver o problema porque cada país tem um incentivo para emitir gases de estufa que é superior ao incentivo para não emitir porque os ganhos são nacionais e as perdas globais.
Destruição de propriedades de valor ambiental: pode resultar da má alocação dos direitos de propriedade que impede a exploração do valor ambiental. Por exemplo, na costa algarvia há zonas em que vários proprietários competem para explorar a vizinhança da praia não tendo que pagar nada por essa utilização.
Destruição de propriedades de alegado valor ambiental: aqueles que alegam valorizar um determinado bem ambiental não estão dispostos a comprar esse bem. Por exemplo, embora muitos ecologistas sejam a favor dos parques nacionais, pouco estariam dispostos a pagar uma entrada para os visitar.
Suinicultoras de Leiria: O rio não é de ninguém e o estado não pode intervir porque não quer prejudicar os interesses económicos dos eleitores.
Água de consumo humano: É subsidiada. Por isso é que a água é desperdiçada e as empresas de água não têm muito interesse em processar os poluidores a montante para garantir a qualidade do seu input e a redução de custos de tratamento.
Pesticidas: É um problema de propriedade dos rios e das águas subterrãneas. Os agricultores não têm que pagar os custos de poluição a jusante. Para além disso, toda a agricultura é subsidiada e ineficiente. Os agricultores têm poucos incentivos para fazer uma gestão racional dos seus recursos e muitos nem são necessários.
Espécies em extinção: se elas são realmente valiosas para alguém, então o que os ecologistas têm que fazer é comprar os seus habitats e criar parques naturais. Parte das receitas para a compra e manutenção podem ser obtidas através do turismo ecológico.
Pescas: Os pescadores não são os proprietários dos cardumes. A gestão da pesca deve ser feita pelas próprias associações de pescadores.
(continua)
Cedros
O recente assassinato de Rafik Hariri, antigo primeiro ministro libanês, aparentemente foi a gota de água que o povo libanês aguardava para se revoltar contra a ocupação militar por parte da Síria. Se a pressão dos EUA, de Israel, e da União Europeia tem sido firme, por se terem apercebido que o momento seria propício a resolver uma questão com mais de 3 décadas, quem tem sido verdadeiramente corajoso são os libaneses, com as suas manifestações de rua.
E parece que estão a conseguir resultados. Sem recorrerem a bombas, suicidas e outras formas de assassinato.
E parece que estão a conseguir resultados. Sem recorrerem a bombas, suicidas e outras formas de assassinato.
O país está de tanga
Sócrates avisa PS de que virão tempos difíceis
Lá se vai o discurso da confiança.
Sócrates revelou também alguma precaução ao falar do futuro, ao afirmar que vêm aí "tempos difíceis", e que por isso, é preciso ter noção da realidade e não embarcar em optimismos excessivos.
Lá se vai o discurso da confiança.
star wars
Faltam 3 meses!
Estreia a 19 de Maio.
Entretanto, foi já revelado o contexto inicial do filme:
Episode III
REVENGE OF THE SITH
War! The Republic is crumbling under attacks by the ruthless Sith Lord, Count Dooku. There are heroes on both sides. Evil is everywhere.
In a stunning move, the fiendish droid leader, General Grievous, has swept into the Republic capital and kidnapped Chancellor Palpatine, leader of the Galactic Senate.
As the Separatist Droid Army attempts to flee the besieged capital with their valuable hostage, two Jedi Knights lead a desperate mission to rescue the captive Chancellor.
War! The Republic is crumbling under attacks by the ruthless Sith Lord, Count Dooku. There are heroes on both sides. Evil is everywhere.
In a stunning move, the fiendish droid leader, General Grievous, has swept into the Republic capital and kidnapped Chancellor Palpatine, leader of the Galactic Senate.
As the Separatist Droid Army attempts to flee the besieged capital with their valuable hostage, two Jedi Knights lead a desperate mission to rescue the captive Chancellor.
É a chamada democracia representativa de tipo ocidental
O JPH fala de uma direita anti-democrática e conservadora que tem uma má relação com o princípio da soberania popular.
No entanto, esse sentimento em relação à soberania popular é levado à prática em muitas das democracias parlamentares da europa ocidental. Há muitos democratas por esse mundo fora que entendem que entre eleições, a soberania popular está representada no Parlamento, independentemente de entretanto existir ou não «correspondência entre a maioria parlamentar e o país eleitoral». É por isso que em muitos países nem sequer existe a possibilidade de dissolução do parlamento a meio da legislatura. Aliás, o próprio Presidente Sampaio, que não é propriamente um homem da direita anti-democrática e conservadora, era até há bem pouco tempo um dos grandes defensores do parlamentarismo e do cumprimento dos mandatos.
O princípio de que os mandatos são para cumprir aplica-se qualquer que seja a maioria parlamentar e o governo em funções. Vai chegar o dia em que a actual maioria socialista vai deixar de corresponder ao país eleitoral. Um dia o PS vai descer nas sondagens ou perder uma eleição intermédia. Quando isso acontecer muitos dos que agora são contra a dissolução do Parlamento a meio do mandato continuarão a sê-lo.
No entanto, esse sentimento em relação à soberania popular é levado à prática em muitas das democracias parlamentares da europa ocidental. Há muitos democratas por esse mundo fora que entendem que entre eleições, a soberania popular está representada no Parlamento, independentemente de entretanto existir ou não «correspondência entre a maioria parlamentar e o país eleitoral». É por isso que em muitos países nem sequer existe a possibilidade de dissolução do parlamento a meio da legislatura. Aliás, o próprio Presidente Sampaio, que não é propriamente um homem da direita anti-democrática e conservadora, era até há bem pouco tempo um dos grandes defensores do parlamentarismo e do cumprimento dos mandatos.
O princípio de que os mandatos são para cumprir aplica-se qualquer que seja a maioria parlamentar e o governo em funções. Vai chegar o dia em que a actual maioria socialista vai deixar de corresponder ao país eleitoral. Um dia o PS vai descer nas sondagens ou perder uma eleição intermédia. Quando isso acontecer muitos dos que agora são contra a dissolução do Parlamento a meio do mandato continuarão a sê-lo.
O Ambientalista Liberal XIII
(continuação)
Uma das criticas que é feita ao capitalismo é que os capitalistas, para obterem lucro, estão dispostos a tudo, inclusive a destruir os recursos naturais que geram o lucro. Por exemplo, um agricultor não estaria interessado em investir em métodos de conservação do solo porque o que lhe interessa não é conservar a sua propriedade em bom estado mas sim maximizar a produção agricola para vender o mais possível.
O problema desde raciocínio é que pressupõe que um capitalista está interessado acima de tudo em maximizar as receitas. O que um capitalista pretende é, depois de descontado o seu consumo, maximizar o valor dos seus activos, quer eles estejam sob a forma de dinheiro vivo, quer eles estejam sob a forma de propriedades. Ora, o valor de uma propriedade depende do seu estado de conservação e um capitalista que destrói o seu próprio capital para maximizar a receita está a empobrecer-se. Um capitalista tem mesmo um incentivo para melhorar o estado de conservação das suas propriedades porque se o fizer está a ficar mais rico.
Um agricultor não tem nenhum interesse em destruir o solo das suas próprias propriedades para produzir um bocadinho mais e ganhar um bocadinho mais porque o dinheiro em excesso seria conseguido às custas do valor da sua própria propriedade porque o valor de mercado de um terreno agrícola é tanto maior quanto maior for o seu estado de conservação.
No entanto, quem explora temporariamente uma propriedade que não é sua terá tendência para maximizar as receitas à custa do estado de conservação e do valor da propriedade. Isto acontece porque quem explora uma propriedade está interessado em maximizar os seus activos e não os activos do dono da propriedade.
(continua)
Uma das criticas que é feita ao capitalismo é que os capitalistas, para obterem lucro, estão dispostos a tudo, inclusive a destruir os recursos naturais que geram o lucro. Por exemplo, um agricultor não estaria interessado em investir em métodos de conservação do solo porque o que lhe interessa não é conservar a sua propriedade em bom estado mas sim maximizar a produção agricola para vender o mais possível.
O problema desde raciocínio é que pressupõe que um capitalista está interessado acima de tudo em maximizar as receitas. O que um capitalista pretende é, depois de descontado o seu consumo, maximizar o valor dos seus activos, quer eles estejam sob a forma de dinheiro vivo, quer eles estejam sob a forma de propriedades. Ora, o valor de uma propriedade depende do seu estado de conservação e um capitalista que destrói o seu próprio capital para maximizar a receita está a empobrecer-se. Um capitalista tem mesmo um incentivo para melhorar o estado de conservação das suas propriedades porque se o fizer está a ficar mais rico.
Um agricultor não tem nenhum interesse em destruir o solo das suas próprias propriedades para produzir um bocadinho mais e ganhar um bocadinho mais porque o dinheiro em excesso seria conseguido às custas do valor da sua própria propriedade porque o valor de mercado de um terreno agrícola é tanto maior quanto maior for o seu estado de conservação.
No entanto, quem explora temporariamente uma propriedade que não é sua terá tendência para maximizar as receitas à custa do estado de conservação e do valor da propriedade. Isto acontece porque quem explora uma propriedade está interessado em maximizar os seus activos e não os activos do dono da propriedade.
(continua)
Todos diferentes, Todos iguais!
Luis Filipe Menezes é candidato à liderança do PSD. Diz que quer recentrar o partido no centro-esquerda e nos valores sociais da social-democracia.
Marques Mendes também é candidato à liderança do PSD. Diz, por seu turno, que quer uma viragem à esquerda e a "reconquista do centro social democrata".
Seria interessante perguntar a estes primeiros candidatos à liderança do PSD como qualificariam as políticas, de facto, seguidas pelo(s) último(s) governo(s)liderados, precisamente, pelo PSD...
Marques Mendes também é candidato à liderança do PSD. Diz, por seu turno, que quer uma viragem à esquerda e a "reconquista do centro social democrata".
Seria interessante perguntar a estes primeiros candidatos à liderança do PSD como qualificariam as políticas, de facto, seguidas pelo(s) último(s) governo(s)liderados, precisamente, pelo PSD...
A DIALÉTICA, SEGUNDO MARQUES MENDES
Ontem, o André Abrantes Amaral perguntou se não era chegada a hora dos liberais e do liberalismo nos partidos da direita portuguesa, dado o evidente fracasso dos mesmos nas últimas eleições.
A resposta, magnífica, é-nos dada pelo preclaro candidado Marques Mendes que, segundo a Visão, confirma a sua candidatura à liderança do PSD e defende uma viragem à esquerda do partido.
Espantado, caro André? Ingenuidade sua. Repare no brilhantismo do raciocínio: Sócrates é de esquerda, Sócrates ganhou as eleições com maioria absoluta, logo, para ganhar as eleições com maioria absoluta, é preciso ser de esquerda (onde é que eu já li isto?).
Está a ver como é elementar, caro André?
A resposta, magnífica, é-nos dada pelo preclaro candidado Marques Mendes que, segundo a Visão, confirma a sua candidatura à liderança do PSD e defende uma viragem à esquerda do partido.
Espantado, caro André? Ingenuidade sua. Repare no brilhantismo do raciocínio: Sócrates é de esquerda, Sócrates ganhou as eleições com maioria absoluta, logo, para ganhar as eleições com maioria absoluta, é preciso ser de esquerda (onde é que eu já li isto?).
Está a ver como é elementar, caro André?
Hugo Chavez radiante com os resultados eleitorais em Portugal...
Quer encontrar-se com José Sócrates em breve. Já falou com Jerónimo de Sousa, e diz que fica satisfeito com o peso de ecologistas, marxistas, e outras forças de esquerda.
Já agora: para quando as declarações de Fidel?
Já agora: para quando as declarações de Fidel?
23.2.05
Onde é que isto vai parar...
Carlos Magno, ontem, dizia que Marques Mendes era um bom candidato porque, entre outros aspectos, tinha um "boneco simpático no Contra Informação"...
Eu gostava de dizer alguma coisa divertida sobre isto mas, não sei porquê, não me sai nada...
Eu gostava de dizer alguma coisa divertida sobre isto mas, não sei porquê, não me sai nada...
Reflexão vespertina
O que interessa mais aos leitores de jornais?
a) o nome dos futuros ministros do Governo PS; ou
b) o nome do próximo candidato à liderança do PSD?
a) o nome dos futuros ministros do Governo PS; ou
b) o nome do próximo candidato à liderança do PSD?
Pergunta do dia
Faz sentido que um líder partidário, amanhã candidato a primeiro-ministro, seja apenas escolhido por uma nomenklatura de 1.000 boys e girls?
A pequenez de uma figurinha
Este rapaz apresentou-se hoje como candidato à liderança do PSD e, como é habitual no seu discurso, com um chorrilho de lugares comuns. Vejam-se os seus objectivos (esta palavra entrou decididamente na moda):
- Reconquistar o centro social-democrata;
- Reabilitar e enriquecer o debate político e as ideias;
- Liderar uma oposição parlamentar "com firmeza" e sentido de "serviço público";
- Ter uma agenda política própria;
- Implementação de estratégias para as autárquicas e presidenciais
O grande derrotado destas eleições: Jorge Sampaio
Em Julho de 2004, e perante a ida de Durão Barroso para Bruxelas, Jorge Sampaio viu-se, pela primeira vez, confrontado com a necessidade de optar entre a designação de um novo primeiro-ministro e a dissolução da Assembleia da República, acompanhada da convocação de eleições gerais antecipadas.
Optou o PR por convidar PSL a formar governo. À data, Jorge Sampaio justificou a sua decisão enfatizando, e cita-se, "a importância da estabilidade política enquanto factor de desenvolvimento nacional e de regular funcionamento das instituições democráticas". Para o PR, tal estabilidade política significava, "em primeiro lugar, que os cidadãos, quando são chamados a eleger os seus representantes na AR, têm, por essa via, a possibilidade de escolher, indirectamente, um Governo para os quatro anos seguintes; em segundo lugar, que, ao longo desses quatro anos, o Governo, com respeito das regras constitucionais, deve ter a possibilidade de realizar, livre e responsavelmente, o programa sufragado nas eleições; e, finalmente, que, no termo da legislatura, os eleitores julgarão a actividade do Governo".
Mais reafirmou o PR ser importante salvaguardar a continuidade de um conjunto de políticas consideradas essenciais: a Europa, a política externa, a defesa, a justiça, bem como as políticas de consolidação orçamental.
A decisão presidencial não foi pacífica, tendo causado as reacções mais diversas, de apoio a repúdio, atingindo um grau de dramatização tal - cuja expressão mais visível foi corporizada pela Dr.ª Ana Gomes - que indiciava um ambiente político na segunda metade da governação bastante crispado.
Os primeiros meses do novo elenco governativo confirmaram esse receio, tendo sido dissecados de uma forma pouco comum pelas oposições, media e sociedade civil, não concedendo a PSL o "período de graça" de que gozam habitualmente os que se estreiam no poder. A generalidade dos agentes que não se conformaram com a decisão presidencial iniciaram imediatamente um processo de corrosão politica, de efeitos surpreendentemente imediatos.
Para o desgaste acelerado da imagem do executivo contribuíram, também, alguns dos seus responsáveis, a começar pelo primeiro-ministro, que se deixou entrelaçar por uma teia crescente de inabilidades políticas - como a gestão da constituição do novo executivo onde, a par de excelentes elementos, foram integrados, em lugares-chave, pessoas próximas de PSL, com pouca experiência política; o adiamento do apoio do PSD a Cavaco, acompanhado de um afastamento de lugares relevantes na governação dos seus apoiantes - e fait divers - apelidados pomposamente de "factos políticos" - de pouco interesse para os assuntos vitais do Estado, mas que dificultaram ainda mais a avaliação feita pelos portugueses da actual governação - como "os casos Marcelo", o afastamento de Manuela Ferreira Leite do Congresso, a famosa "sesta", as pretensas presenças em casamentos e eventos sociais, o caso "Mira Amaral", numa lista infindável que deixou estupefacto o mundo mediático.
No plano da governação, porém, o executivo funcionava com normalidade, dando até a sensação que existiria uma dinâmica superior ao governo que o precedeu. Num curto período, o governo apresentou um conjunto de iniciativas que obedeciam ao programa delineado e que estaria a ser "tutelado" por Jorge Sampaio, em área sensíveis como a habitação (com a famosa "Lei das Rendas"), a justiça, os transportes e as finanças públicas.
É, portanto, num contexto virtual de instabilidade política que o Presidente da República opta - um pouco surpreendentemente, até - por dissolver a Assembleia da República, após um período incompreensível de suspense - dado o hiato entre o anúncio da dissolução, antes de ouvido o Conselho de Estado, e sem transmitir previamente a sua intenção ao Presidente da Assembleia da República, e a comunicação ao país.
Em Dezembro, JS tinha, por um lado, um Governo em exercício a funcionar com normalidade; por outro lado, porém, este Governo encontrava-se politicamente fragilizado, e cada vez mais isolado. O processo de degradação havia subido de tom sobretudo após a escolha de JS para liderar o Partido Socialista, o que permitiu ao Presidente da República passar a dispor de uma verdadeira alternativa que Ferro Rodrigues, em Julho, não representava.
JS será sempre um derrotado; a sua decisão marca de uma forma irreversível o seu mandato. Não caio na tentação de considerar que JS fez um "frete" ao PS; mas não posso, racionalmente, e em consciência, deixar de alertar para a carga negativa que a sua decisão acarretou, e que não fica sanada com o presente resultado eleitoral, pela seguinte ordem de razões:
a) Porque ela é incoerente, face à decisão tomada em Julho de 2004; na verdade, todos os argumentos utilizados por Jorge Sampaio nessa data mantinham-se intactos em Dezembro;
b) Porque ela revela uma valoração superior do património mediático face a um juízo efectivo da governação por parte do PR, criando um precedente na nossa prática constitucional gerador de instabilidade; no futuro, corremos o risco dos governos se preocuparem mais em governar para o reforço do seu património mediático, do que para cumprirem os seus programas eleitorais;
c) Na verdade, ela representa um precedente grave, introduzindo um elemento de instabilidade no nosso sistema político, sendo, a partir de hoje, incerta a governação, mesmo com apoio parlamentar; até à data, para governar, bastava ter maioria no Parlamento; agora, adicionalmente, é necessário obter o "beneplácito" presidencial; significa, também, que os governos passarão a sentir que não é essencial governar num horizonte de quatro anos, pois podem ser julgados liminarmente no período intermédio;
d) Porque reforça desnecessariamente a vertente "presidencialista" do nosso sistema de governo, apelando a que, nas próximas eleições presidenciais, o valor da estabilidade seja corporizado de uma forma ainda mais vincada pela máxima, para mim indesejável, "Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente".
Optou o PR por convidar PSL a formar governo. À data, Jorge Sampaio justificou a sua decisão enfatizando, e cita-se, "a importância da estabilidade política enquanto factor de desenvolvimento nacional e de regular funcionamento das instituições democráticas". Para o PR, tal estabilidade política significava, "em primeiro lugar, que os cidadãos, quando são chamados a eleger os seus representantes na AR, têm, por essa via, a possibilidade de escolher, indirectamente, um Governo para os quatro anos seguintes; em segundo lugar, que, ao longo desses quatro anos, o Governo, com respeito das regras constitucionais, deve ter a possibilidade de realizar, livre e responsavelmente, o programa sufragado nas eleições; e, finalmente, que, no termo da legislatura, os eleitores julgarão a actividade do Governo".
Mais reafirmou o PR ser importante salvaguardar a continuidade de um conjunto de políticas consideradas essenciais: a Europa, a política externa, a defesa, a justiça, bem como as políticas de consolidação orçamental.
A decisão presidencial não foi pacífica, tendo causado as reacções mais diversas, de apoio a repúdio, atingindo um grau de dramatização tal - cuja expressão mais visível foi corporizada pela Dr.ª Ana Gomes - que indiciava um ambiente político na segunda metade da governação bastante crispado.
Os primeiros meses do novo elenco governativo confirmaram esse receio, tendo sido dissecados de uma forma pouco comum pelas oposições, media e sociedade civil, não concedendo a PSL o "período de graça" de que gozam habitualmente os que se estreiam no poder. A generalidade dos agentes que não se conformaram com a decisão presidencial iniciaram imediatamente um processo de corrosão politica, de efeitos surpreendentemente imediatos.
Para o desgaste acelerado da imagem do executivo contribuíram, também, alguns dos seus responsáveis, a começar pelo primeiro-ministro, que se deixou entrelaçar por uma teia crescente de inabilidades políticas - como a gestão da constituição do novo executivo onde, a par de excelentes elementos, foram integrados, em lugares-chave, pessoas próximas de PSL, com pouca experiência política; o adiamento do apoio do PSD a Cavaco, acompanhado de um afastamento de lugares relevantes na governação dos seus apoiantes - e fait divers - apelidados pomposamente de "factos políticos" - de pouco interesse para os assuntos vitais do Estado, mas que dificultaram ainda mais a avaliação feita pelos portugueses da actual governação - como "os casos Marcelo", o afastamento de Manuela Ferreira Leite do Congresso, a famosa "sesta", as pretensas presenças em casamentos e eventos sociais, o caso "Mira Amaral", numa lista infindável que deixou estupefacto o mundo mediático.
No plano da governação, porém, o executivo funcionava com normalidade, dando até a sensação que existiria uma dinâmica superior ao governo que o precedeu. Num curto período, o governo apresentou um conjunto de iniciativas que obedeciam ao programa delineado e que estaria a ser "tutelado" por Jorge Sampaio, em área sensíveis como a habitação (com a famosa "Lei das Rendas"), a justiça, os transportes e as finanças públicas.
É, portanto, num contexto virtual de instabilidade política que o Presidente da República opta - um pouco surpreendentemente, até - por dissolver a Assembleia da República, após um período incompreensível de suspense - dado o hiato entre o anúncio da dissolução, antes de ouvido o Conselho de Estado, e sem transmitir previamente a sua intenção ao Presidente da Assembleia da República, e a comunicação ao país.
Em Dezembro, JS tinha, por um lado, um Governo em exercício a funcionar com normalidade; por outro lado, porém, este Governo encontrava-se politicamente fragilizado, e cada vez mais isolado. O processo de degradação havia subido de tom sobretudo após a escolha de JS para liderar o Partido Socialista, o que permitiu ao Presidente da República passar a dispor de uma verdadeira alternativa que Ferro Rodrigues, em Julho, não representava.
JS será sempre um derrotado; a sua decisão marca de uma forma irreversível o seu mandato. Não caio na tentação de considerar que JS fez um "frete" ao PS; mas não posso, racionalmente, e em consciência, deixar de alertar para a carga negativa que a sua decisão acarretou, e que não fica sanada com o presente resultado eleitoral, pela seguinte ordem de razões:
a) Porque ela é incoerente, face à decisão tomada em Julho de 2004; na verdade, todos os argumentos utilizados por Jorge Sampaio nessa data mantinham-se intactos em Dezembro;
b) Porque ela revela uma valoração superior do património mediático face a um juízo efectivo da governação por parte do PR, criando um precedente na nossa prática constitucional gerador de instabilidade; no futuro, corremos o risco dos governos se preocuparem mais em governar para o reforço do seu património mediático, do que para cumprirem os seus programas eleitorais;
c) Na verdade, ela representa um precedente grave, introduzindo um elemento de instabilidade no nosso sistema político, sendo, a partir de hoje, incerta a governação, mesmo com apoio parlamentar; até à data, para governar, bastava ter maioria no Parlamento; agora, adicionalmente, é necessário obter o "beneplácito" presidencial; significa, também, que os governos passarão a sentir que não é essencial governar num horizonte de quatro anos, pois podem ser julgados liminarmente no período intermédio;
d) Porque reforça desnecessariamente a vertente "presidencialista" do nosso sistema de governo, apelando a que, nas próximas eleições presidenciais, o valor da estabilidade seja corporizado de uma forma ainda mais vincada pela máxima, para mim indesejável, "Um Governo, Uma Maioria, Um Presidente".
Guerra de Corporações?
A ANF acusa os médicos de não receitarem genéricos.
Apenas serão prescritos por 12,9 % dos médicos.
Porquê?
Existirão razões poderosas, de caracter técnico-científico, de eficácia dos medicamentos, de segurança e saúde públicas? Haverá apenas
Estará em jogo, simplesmente, a transferência do papel de
Apenas serão prescritos por 12,9 % dos médicos.
Porquê?
Existirão razões poderosas, de caracter técnico-científico, de eficácia dos medicamentos, de segurança e saúde públicas? Haverá apenas
falta de hábitoe preguiça? Serão as pressões dos laboratórios?
Estará em jogo, simplesmente, a transferência do papel de
principal destinatáriodo
marketingdos medicamentos e da respectiva indústria, dos médicos para os farmacêuticos?
O Ambientalista Liberal XII
(continuação)
Dado que os problemas ambientais são essencialmente problemas de propriedade, o liberalismo tem uma contribuição muito importante a dar para a sua resolução. Isto é como o ovo de Colombo. Se os problemas ambientais são problemas de tragédia dos comuns então a solução não é a criação de um common administrativo para controlar o uso da propriedade comum, mas a privatização dos commons. Como isso deve ser feito depende das circunstâncias particulares de cada problema.
As soluções de inspiração liberal já estão a ser aplicadas por todo o mundo. Aqueles que um tanto jocosamente dizem que o que os liberais querem é privatizar o ar esquecem-se que, em parte o ar já está a ser privatizado. Os países membros da União Europeia acabam de conceder às empresas industriais direitos de emissão de CO2 transaccionáveis em bolsa. Assim, de certa forma algumas empresas têm direitos de propriedade sobre a atmosfera que mais ninguém tem.
Em Portugal, está em curso a privatização da caça. Os terrenos de caça livre estão abertos a todos. Nenhum dos caçadores está muito interessado na conservação da caça e todos estão interessados em caçar. Nas zonas de caça associativa, os caçadores têm que contribuir para a conservação da caça. Os terrenos de caça livre são commons vulneráveis à tragédia. Os terrenos de caça associativa são propriedade das respectivas associações, as quais têm um interesse em conservar os recursos para se manterem atractivas para os seus sócios e clientes.
(continua)
Dado que os problemas ambientais são essencialmente problemas de propriedade, o liberalismo tem uma contribuição muito importante a dar para a sua resolução. Isto é como o ovo de Colombo. Se os problemas ambientais são problemas de tragédia dos comuns então a solução não é a criação de um common administrativo para controlar o uso da propriedade comum, mas a privatização dos commons. Como isso deve ser feito depende das circunstâncias particulares de cada problema.
As soluções de inspiração liberal já estão a ser aplicadas por todo o mundo. Aqueles que um tanto jocosamente dizem que o que os liberais querem é privatizar o ar esquecem-se que, em parte o ar já está a ser privatizado. Os países membros da União Europeia acabam de conceder às empresas industriais direitos de emissão de CO2 transaccionáveis em bolsa. Assim, de certa forma algumas empresas têm direitos de propriedade sobre a atmosfera que mais ninguém tem.
Em Portugal, está em curso a privatização da caça. Os terrenos de caça livre estão abertos a todos. Nenhum dos caçadores está muito interessado na conservação da caça e todos estão interessados em caçar. Nas zonas de caça associativa, os caçadores têm que contribuir para a conservação da caça. Os terrenos de caça livre são commons vulneráveis à tragédia. Os terrenos de caça associativa são propriedade das respectivas associações, as quais têm um interesse em conservar os recursos para se manterem atractivas para os seus sócios e clientes.
(continua)
O marketeiro de Sócrates explica
Hoje, o marketeiro do Sócrates explicou à TSF como o ajudou a ganhar as eleições. Foram feitas sondagens sobre os vários temas que preocupam os portugueses e todas as ideias de Sócrates foram testadas perante "focus groups". O marketeiro de Sócrates destacou 3 informações chave:
Foi por isso que o Sócrates não falou nem em justiça nem em reformas e preferiu falar em 150 mil novos empregos e em 1000 licenciados nas PME.
Claro que, se não se fizerem reformas nem se melhorar o sistema de justiça, estes períodos de desemprego tenderão a agravar-se no futuro, mas o que é que isso interessa quando aparece um senhor a prometer a salvação sem dor?
- Os portugueses não consideram a justiça como uma prioridade;
- Os portugueses estão preocupados com o desemprego e com o sub-emprego;
- Os portugueses não querem reformas porque não querem mais instabilidade nas suas vidas;
Foi por isso que o Sócrates não falou nem em justiça nem em reformas e preferiu falar em 150 mil novos empregos e em 1000 licenciados nas PME.
Claro que, se não se fizerem reformas nem se melhorar o sistema de justiça, estes períodos de desemprego tenderão a agravar-se no futuro, mas o que é que isso interessa quando aparece um senhor a prometer a salvação sem dor?
ARISTOCRATAS
Uma leve passagem de olhos pelos jornais da manhã obriga-nos a entrar no pequeno mundo da sucessão de Pedro Santana Lopes. Barões e baronetes desdobram-se em declarações de apoio e rejeição, manifestações de adesão e repugnância, de entusiasmo e de tristeza, em torno das pardacentas figuras que sobejaram em disponibilidade para liderar o partido, após o tsunami de 20 de Fevereiro. Um fala bem, outro mal, aquele está no parlamento e o outro não, este é baixo, aquele é alto, um do Norte, outro do Sul, fulano é coxo, sicrano é manco, um terceiro é careca, e um quarto tem uma verruga no nariz. É neste interessante universo de questões que a aristocracia laranja vai flutuando, etérea, no seu pequeno e hermético mundo, acima dos comuns mortais. O partido é deles, as concelhias e as distritais são suas, os votos no congresso, também. O país, um dia, voltará a ser, como tantas outras vezes tem sido, ao longo destes últimos trinta anos. O bom povo português, ignaro e ingrato, se quiser, que siga o Congresso nas televisões. É sempre um espectáculo digno de se ver, que o partido generosamente, de tempos a tempos, oferece à populaça. Entretanto, deixem-nos continuar a tratar do que, de facto, interessa: ungir o eleito.
Como se pode medir pela amostra, continuam sem perceber nada do que se passa.
Como se pode medir pela amostra, continuam sem perceber nada do que se passa.
«A Reconstrução da Direita» II
Uma questão metodologica: Novo(s) partido(s) ou o(s) mesmo(s) partido(s) "mudados por dentro"?
Questão colocada a propósito deste comentário do Blasfemo CAA: "A grande questão é que utopia maior do que tentar fazer um partido novo é, sem dúvida, o esforço de Sísifo em tentar mudar por dentro os partidos velhos"
Questão colocada a propósito deste comentário do Blasfemo CAA: "A grande questão é que utopia maior do que tentar fazer um partido novo é, sem dúvida, o esforço de Sísifo em tentar mudar por dentro os partidos velhos"
Directas não! Primárias sim!
O PSD descobriu as directas, uma ideia santanista. Agora todos as defendem. Um dia vão descobrir as «primárias». As primárias são a solução para a renovação de todos os quadrantes políticos porque, ao permitirem que o candidato de um partido a um determinado cargo seja escolhido por todos os cidadãos e não apenas pelos militantes do partido, forçam a abertura dos partidos à sociedade. Acaba-se com essa instituição absurda que é o líder partidário, a qual será substituida pelo candidato ao cargo específico numa eleição específica. A dinâmica eleitoral fará o resto. As primárias são particularmente recomendáveis para partidos pequenos com falta de eleitorado. Que melhor campanha pode um partido fazer que a organização de primárias abertas a toda a população?
A "Economia Real" (portanto, NECESSARIAMENTE paralela) II
(Também a propósito da magna questão da «reconstrução da Direita» portuguesa»)
As reacções a este post reflectiram várias perspectivas, crenças e percepções da realidade portuguesa. A questão não é só económica, está, simultaneamente, antes e para além de uma análise económica (sobretudo, se se tratar unicamente de uma análise macroeconómica).
Não se pretendeu tipificar, generalizadamente, a "família portuguesa" - tão somente uma realidade muito nacional, diría, encarada, cada vez mais, como uma situação natural, bem "à portuguesa". A questão é que este é, no essencial - com estas ou com outras circunstâncias - o modelo, o tipo normativo da família que consegue beneficiar com o suposto Estado Social português.
O grande problema - quando está na ordem do dia, pelo menos aqui, a discussão sobre o que deverá ser a Direita portuguesa, como deverá reconstruir-se - é que, sistematicamente, este é o tipo de família e de portugueses para quem o discurso político se volta. Mesmo o dos partidos da dita Direita. Recorrentemente, as campanhas eleitorais, da Esquerda à Direita seguem o mesmo percurso pela esquerda. Sem diferenças significativas, no essencial.
Os operários (estes, que têm normalmente voz), a suposta e vagamente indefinida "classe trabalhadora", a população dos bairros sociais, onde estes casos de economia paralela, de chico-espertice, são - aí sim! - a regra e que merecem sempre, invariavelmente, honras de visita em todas as campanhas autárquicas, enfim, toda esta população "socialmente desfavorecida" é o alvo quase exclusivo do discurso político. Alvo e simultaneamente pretexto para chavões políticos de quem não tem ideias, nem conhece o seu espaço sociológico.
Isto significa que, politicamente, criou-se o mau hábito de se destruir e de se atacar (quanto mais não seja por omissão - entenda-se, por falta de atenção á realidade) a classe média. Seja por estupidez, seja por facilidade, seja por incapacidade de controlar o Estado cada vez mais autopoiético e mastodôntico (exigindo desenfreadamente mais receitas públicas que só se podem encontrar em quem ainda não consegue evitar ter que as suportar: a classe média!).
Isto também foi o que o último(s) governo(s) fez(fizeram). É também isso que justifica os resultados eleitorais de domingo.
O que resta da classe média, entre nós, só pode, cada vez mais, votar única e exclusivamente com um sentido punitivo. Se me vão aos bolsos, se me tratam mal, se me dificultam a vida e não me compreendem, então, nas urnas, levam um cartão vermelho.
Tão simples e tão básico (talvez, também, tão sábio), como isto!
É a democracia encarada e vivida, cada vez mais intensamente, como o poder de derrubar governos. Sem mais. Unicamente.
E é assim que votam, cada vez mais, as outras famílias como aquelas que o nosso leitor Caramelo (com a devida vénia) conhece:
"conheço famílias, em maior quantidade, em que o segundo emprego é uma necessidade de sobrevivência. Conheço inclusive funcionários públicos que em casa, à noite, fazem rissóis para vender aos cafés na manhã seguinte, não por ganância, mas como complemento para poder sustentar a família".
As reacções a este post reflectiram várias perspectivas, crenças e percepções da realidade portuguesa. A questão não é só económica, está, simultaneamente, antes e para além de uma análise económica (sobretudo, se se tratar unicamente de uma análise macroeconómica).
Não se pretendeu tipificar, generalizadamente, a "família portuguesa" - tão somente uma realidade muito nacional, diría, encarada, cada vez mais, como uma situação natural, bem "à portuguesa". A questão é que este é, no essencial - com estas ou com outras circunstâncias - o modelo, o tipo normativo da família que consegue beneficiar com o suposto Estado Social português.
O grande problema - quando está na ordem do dia, pelo menos aqui, a discussão sobre o que deverá ser a Direita portuguesa, como deverá reconstruir-se - é que, sistematicamente, este é o tipo de família e de portugueses para quem o discurso político se volta. Mesmo o dos partidos da dita Direita. Recorrentemente, as campanhas eleitorais, da Esquerda à Direita seguem o mesmo percurso pela esquerda. Sem diferenças significativas, no essencial.
Os operários (estes, que têm normalmente voz), a suposta e vagamente indefinida "classe trabalhadora", a população dos bairros sociais, onde estes casos de economia paralela, de chico-espertice, são - aí sim! - a regra e que merecem sempre, invariavelmente, honras de visita em todas as campanhas autárquicas, enfim, toda esta população "socialmente desfavorecida" é o alvo quase exclusivo do discurso político. Alvo e simultaneamente pretexto para chavões políticos de quem não tem ideias, nem conhece o seu espaço sociológico.
Isto significa que, politicamente, criou-se o mau hábito de se destruir e de se atacar (quanto mais não seja por omissão - entenda-se, por falta de atenção á realidade) a classe média. Seja por estupidez, seja por facilidade, seja por incapacidade de controlar o Estado cada vez mais autopoiético e mastodôntico (exigindo desenfreadamente mais receitas públicas que só se podem encontrar em quem ainda não consegue evitar ter que as suportar: a classe média!).
Isto também foi o que o último(s) governo(s) fez(fizeram). É também isso que justifica os resultados eleitorais de domingo.
O que resta da classe média, entre nós, só pode, cada vez mais, votar única e exclusivamente com um sentido punitivo. Se me vão aos bolsos, se me tratam mal, se me dificultam a vida e não me compreendem, então, nas urnas, levam um cartão vermelho.
Tão simples e tão básico (talvez, também, tão sábio), como isto!
É a democracia encarada e vivida, cada vez mais intensamente, como o poder de derrubar governos. Sem mais. Unicamente.
E é assim que votam, cada vez mais, as outras famílias como aquelas que o nosso leitor Caramelo (com a devida vénia) conhece:
"conheço famílias, em maior quantidade, em que o segundo emprego é uma necessidade de sobrevivência. Conheço inclusive funcionários públicos que em casa, à noite, fazem rissóis para vender aos cafés na manhã seguinte, não por ganância, mas como complemento para poder sustentar a família".
22.2.05
A RECONSTRUÇÃO DA DIREITA
O Doutor José Adelino Maltez, um dos mais habilitados académicos e pensadores da direita portuguesa, propôs no seu blogue, Sobre o tempo que passa, um interessante desafio: repensar o espaço político a que pertence, no seguimento da hecatombe do dia 20 de Fevereiro, deixando à margem e de lado, as sempre difíceis questões de filiação e simpatia partidária. Pela parte que me toca, na qualidade de simples cidadão eleitor e observador atento, aqui seguem algumas sugestões.
1. Questão prévia: ao contrário do que alguns analistas e protagonistas políticos, como Vasco Graça Moura, têm vindo a adiantar, o próximo governo de maioria absoluta do PS está aí para durar. Para durar, com mais precisão, quatro anos e meio. Quem espera que o Professor Cavaco Silva, uma vez eleito, se o chegar a ser, dissolva a Assembleia da República, como o fez Jorge Sampaio, ao fim de um ou dois anos da legislatura, está redondamente enganado. Por falta de motivo ? o PS saberá tomar meia dúzia de medidas populares que façam aguentar as expectativas dos cidadãos ? e porque não é da nossa tradição os primeiros mandatos presidenciais serem marcados por conflitos com o governo. A razão é evidente: para assegurar a reeleição, o presidente necessita de 50% dos votos, mais um. Por isso, é bom que os partidos e os dirigentes da direita se vão habituando a ente número ? 4 e ½.
2. Perder as ilusões: só se pode fazer jogo político democrático a sério dentro dos partidos do sistema. Como era mais do que previsível quando se fundou o PND, não existe espaço eleitoral para mais um partido de direita. Uma simples análise do mercado eleitoral (em que os liberais são, em regra, competentes), diria que não há procura suficiente para manter dois partidos de direita com vocação de poder, quanto mais três. Por conseguinte, qualquer intenção de influir politicamente, na III República, à direita, passará sempre pelo PSD e pelo CDS.
3. Abandonar os «carismáticos». Um dos mais irritantes tiques da direita portuguesa é o de aguardar sebasticamente pelo desejado, isto é, por um líder carismático que lhe dê sentido, orientação e poder. Ora, ao longo de trinta anos de democracia, a direita conseguiu produzir três genuínos carismas: Sá Carneiro, Cavaco Silva e, admito que nem todos concordem, Paulo Portas. É muito pouco para tanto tempo e, por outro lado, ficou agora provado, com os resultados do CDS, que não basta ter carisma para ter votos. Por outro lado, ficou igualmente demonstrado, com a estrondosa vitória de José Sócrates, que se podem obter maiorias absolutas esmagadoras sem carismáticos. O que é necessário é pôr-se a jeito, com jeito: saber a quem dirigir o discurso político e elaborá-lo de modo a satisfazer capazmente as expectativas dos «consumidores»-eleitores. Por outras palavras, definir princípios, objectivos e divulgá-los de forma inteligente, com gente credível e qualificada, que possa servir de garantia a quem se dispõem a dar o seu voto, sem ter a certeza de que o mesmo vai ser recompensado.
4. Forçar os partidos de direita a abrirem-se à participação dos cidadãos. Este é, salvo melhor opinião, o grande busílis da direita portuguesa e das suas estruturas partidárias: estão na mão de aparelhos que fecham o acesso aos cidadãos que neles queiram participar. Com excepção dos períodos eleitorais, os cidadãos não são importantes para os partidos. Quando se aproximam deles e querem, legitimamente, influir na sua condução e nos seus processos de decisão, são quase sempre cilindrados pelo aparelho, invariavelmente constituído por gente vinda das «jotas», cuja vida se esgota no partido e que, por conseguinte, têm de defender o seu território como babuínos famintos. Esta «mediocratização» da vida partidária portuguesa agravou-se com o tempo, com tácticas estatutárias e normas legais criadas para barricar os partidos e os reservar para uma oligarquia dirigente rigorosamente seleccionada.
5. Por isso, os partidos da direita portuguesa têm uma existência sociológica muito ténue. Admito que mais o CDS do que o PSD, mas mesmo este último, a seguir o caminho que vem trilhando há alguns anos, lá chegará em breve. Senão, observe-se a sucessiva perda de qualidade dos titulares dos órgãos políticos mais importantes, já para não falar nas lideranças. Um exemplo caricato de isolacionismo: na cidade do Porto, onde tem um eleitorado expressivo, um dos dois partidos da coligação governamental, o CDS para sermos claros, resolveu recentemente (já no governo) alugar um apartamento para se reunirem os seus órgãos de direcção, abandonando praticamente uma sede que, embora pequena, era bem maior e melhor localizada. Pelo menos, via-se da rua. Nesta última realizam-se esporadicamente assembleias concelhias e distritais. Fora isso, o partido não existe, para além da meia dúzia de dirigentes que se vão reunindo no dito apartamento, para traçarem ciclópicas estratégias.
6. É, pois, necessário abrir os partidos de direita a quem neles quisesse participar. Criar mecanismos estatutários que impedissem o seu domínio pelos aparelhos e a permanência ad vitam nos órgãos directivos de meia dúzia de figurões. Por exemplo, impedir a renovação de mandatos nas estruturas concelhias e municipais para além de um prazo razoável de quatro, cinco anos. Fazer desaparecer as «coutadas» das estruturas juvenis, traduzidas em privilégios de quotas em congressos e noutras estruturas. Impedir que os partidos sejam centros de emprego e, por exemplo, impor que quem desempenhe funções no Estado, na administração central ou local, ou na gestão pública ou em representação do Estado em empresas participadas, tenha de abandonar ou suspender funções partidárias. Querem um exemplo: Francisco Sá Carneiro que fez questão de abandonar a presidência do PSD, assim que foi indigitado primeiro-ministro de Portugal.
7. Por fim, a direita deve redefinir o seu discurso ideológico. Se repararem, o PS, o PSD e o CDS têm dito ultimamente praticamente o mesmo: querem justiça social, proteger os mais pobres, aplicar medidas sociais, para além de outras banalidades. Entre a democracia-cristã do CDS, a social-democracia do PSD e o socialismo democrático do PS, quais são as verdadeiras diferenças? Ninguém sabe. Entretanto, a classe média, que é quem verdadeiramente sustenta tudo isto, não tem quem lhe fale. Porque é que a direita, em vez de falar em nome do Estado, das dificuldades do Estado, das carências do Estado, não fala da classe média e das suas dificuldades? Quando é que algum partido se vira para a criação de condições de aumento da riqueza privada que permita a criação de empresas e de emprego. Será que alguma luminária dos nossos dirigentes partidários sabe o que foi o «capitalismo popular» da Srª Thatcher? Será que ainda não perceberam que os problemas do Estado só serão atenuados quando as pessoas viverem melhor e puderem acumular riqueza, em vez de a irem depositar quase integralmente nas mãos do Estado, como agora fazem?
8. Em suma, o discurso democrata-cristão esgotou-se e a social-democracia, também. O CDS e o PSD não têm de abandonar as suas matrizes fundadoras. Pelo contrário, elas são importantes e necessárias, embora não sejam já suficientes. Estes partidos e quem os dirige têm de olhar para outros lados e pensar segundo outros padrões ideológicos aos quais não estão habituados. Necessitam de criar causas que mobilizem e cativem as pessoas, para além dos períodos eleitorais. Mas, não podem depois, quando elas querem participar, fechar-lhes a porta.
Por hoje chega.
A anedota notícia da noite
Luis Filipe Meneses anunciou a sua candidatura à liderança do PSD, por ser uma pessoa «anti-sistema». Porque quer o partido «mais à esquerda». Porque defende políticas de «centro-esquerda, liberais».
Ah, como estes 4 anos vão ser animados.
Ah, como estes 4 anos vão ser animados.
A anedota notícia da noite
TVI avança com o nome de Diogo Freitas do Amaral para Ministro da Reforma da Administração e do Estado. (via Marretas) .
Balanço eleitoral
Passadas quarenta e oito horas sobre o fecho das urnas, um pouco distanciado das emoções, acho que é altura de fazer um balanço das eleições de domingo.
O vencedor das eleições é José Sócrates e o PS. Uma maioria absoluta, para quem sempre a pediu, em democracia, tem sempre de ser considerada uma vitória. "Agora é assim": o PS tem a responsabilidade absoluta de, "verdadeiramente", apresentar um "bom governo", e contrariar a histórica resistência que a esquerda tem de fazer reformas. Os blasfemos cá estarão, vigilantes...
Venceu também a CDU, que conseguiu ressuscitar a linha ortodoxa do marxismo para angariar votos. A CDU está num estado de vida vegetativa, mas teima em morrer.
Venceu também o BdE; se bem que, no imediato, foi uma vitória de Pirro, uma vez que já não vão poder condicionar, como pretendiam, o Parlamento. Mas vai ser divertido ver os "caniches" anacletos a ladrar no Parlamento, e a morder os calos ao PS... O mais importante para o BdE resulta do facto de estar a crescer de uma forma sustentada, bem integrado nos meios urbanos e em sectores importantes da sociedade portuguesa, onde cada vez mais há brigadas vermelhas. Como dizia alguém (ajuda-me AAA, não encontrei no meu arquivo o artigo em questão! Está na hora de assumires a tua função de "consultor"!), do outro lado do Altlântico, se bem que num contexto algo sui generis, a direita deveria ler Trotsky ... O grande desafio da direita, nos próximos anos, será combater o crescente peso cultural que o BdE começa a ter nos meios urbanos e nos jovens, dado o prejuízo irreversível que isso pode causar à sociedade portuguesa do futuro.
O PSD perdeu as eleições, mas ganhou a oportunidade única de se renovar; mas para se renovar terá de saber livrar-se de certos "sebastianismos". O PSD deve apontar rumo ao futuro, com uma nova geração de líderes que saibam ser capazes de comunicar com os eleitorados que permitem vencer eleições.
O PP está num momento dificil. Paulo Portas, nos últimos sete anos, recuperou o partido, e devolveu-lhe o amor próprio. Percebeu que, depois destas eleições, seria importante renovar. Tenho dúvidas que o PP tenha facilidade em encontrar outro líder com o carisma de PP. Seria importante que isso acontecesse. Vamos ver o que nos reserva o futuro.
Amanhã farei um post dedicado ao Presidente da República, que merece uma abordagem específica.
O vencedor das eleições é José Sócrates e o PS. Uma maioria absoluta, para quem sempre a pediu, em democracia, tem sempre de ser considerada uma vitória. "Agora é assim": o PS tem a responsabilidade absoluta de, "verdadeiramente", apresentar um "bom governo", e contrariar a histórica resistência que a esquerda tem de fazer reformas. Os blasfemos cá estarão, vigilantes...
Venceu também a CDU, que conseguiu ressuscitar a linha ortodoxa do marxismo para angariar votos. A CDU está num estado de vida vegetativa, mas teima em morrer.
Venceu também o BdE; se bem que, no imediato, foi uma vitória de Pirro, uma vez que já não vão poder condicionar, como pretendiam, o Parlamento. Mas vai ser divertido ver os "caniches" anacletos a ladrar no Parlamento, e a morder os calos ao PS... O mais importante para o BdE resulta do facto de estar a crescer de uma forma sustentada, bem integrado nos meios urbanos e em sectores importantes da sociedade portuguesa, onde cada vez mais há brigadas vermelhas. Como dizia alguém (ajuda-me AAA, não encontrei no meu arquivo o artigo em questão! Está na hora de assumires a tua função de "consultor"!), do outro lado do Altlântico, se bem que num contexto algo sui generis, a direita deveria ler Trotsky ... O grande desafio da direita, nos próximos anos, será combater o crescente peso cultural que o BdE começa a ter nos meios urbanos e nos jovens, dado o prejuízo irreversível que isso pode causar à sociedade portuguesa do futuro.
O PSD perdeu as eleições, mas ganhou a oportunidade única de se renovar; mas para se renovar terá de saber livrar-se de certos "sebastianismos". O PSD deve apontar rumo ao futuro, com uma nova geração de líderes que saibam ser capazes de comunicar com os eleitorados que permitem vencer eleições.
O PP está num momento dificil. Paulo Portas, nos últimos sete anos, recuperou o partido, e devolveu-lhe o amor próprio. Percebeu que, depois destas eleições, seria importante renovar. Tenho dúvidas que o PP tenha facilidade em encontrar outro líder com o carisma de PP. Seria importante que isso acontecesse. Vamos ver o que nos reserva o futuro.
Amanhã farei um post dedicado ao Presidente da República, que merece uma abordagem específica.
A nova vocação do CAA...
Necrófilo, ou perto disso.
O partido está, de facto, meio morto. Não precisa demais facadas. Vejo um certo prazer - perto da perversão - na forma como o CAA "bate" no PPD-PSD.
Caro amigo: o partido saberá reorganizar-se e encontrar um novo rumo, com um novo timoneiro e novos marinheiros.
O partido está, de facto, meio morto. Não precisa demais facadas. Vejo um certo prazer - perto da perversão - na forma como o CAA "bate" no PPD-PSD.
Caro amigo: o partido saberá reorganizar-se e encontrar um novo rumo, com um novo timoneiro e novos marinheiros.
A sucessão no PSD
Os candidatos para já conhecidos à sucessão de Santana são "mais do mesmo", é gente gerada no aparelho, que só sabe falar para dentro e que nunca serão nada nem ninguém fora do partido. Nota-se alguma preocupação na "angariação de apoios", cujo objectivo é ocupar o espaço e limitar o aparecimento de outras candidaturas. O suposto apoio de JPP a Marques Mendes hoje noticiado no Público e já desmentido por aquele, insere-se nesse âmbito e cheira nitidamente a notícia encomendada.
Eu tenho um critério na avaliação da credibilidade de um candidato: ela será tanto maior quanto mais ele tiver singrado por si só na vida profissional e na sociedade civil e não necessite da política para sobreviver. Só uma pessoa nessa situação poderá, amanhã no Governo, implementar as medidas adequadas sem medo de perder a próxima eleição.
José Pedro Aguiar-Branco enquadra-se neste perfil. Tem prestígio junto da sociedade civil, não precisa nem nunca precisou do partido, conhece-o bem por dentro e tem a humildade suficiente para arregaçar as mangas e lutar numa campanha interna, algo que não acontece com a maioria dos "notáveis" mais mediatizados, sempre na expectativa para se "colarem" àquele que melhor julguem poder influenciar. Rui Rio também reúne todos aqueles requisitos, mas não é deputado, é muito cioso do cumprimento dos mandatos e tem um a cumprir e porventura a renovar.
Irão felizmente aparecer mais candidatos, o que é saudável, e espero que um deles seja Aguiar-Branco ou Rui Rio. O pior que poderia agora acontecer ao PSD seria a existência de um candidato unanimista, que mais não representaria que o papel de guardião da paz podre.
Importante seria também que o futuro Presidente do PSD passasse a ser eleito directamente por todos os militantes, como JPP já propôs. Não só pela maior democraticidade e debate interno que implicaria, mas também porque a representatividade dos delegados ao Congresso está hoje pervertida pelos sindicatos de voto que as diferentes corporações internas sempre constituem e que, fatalmente, beneficiará os candidatos que falem "aparelhês".
Eu tenho um critério na avaliação da credibilidade de um candidato: ela será tanto maior quanto mais ele tiver singrado por si só na vida profissional e na sociedade civil e não necessite da política para sobreviver. Só uma pessoa nessa situação poderá, amanhã no Governo, implementar as medidas adequadas sem medo de perder a próxima eleição.
José Pedro Aguiar-Branco enquadra-se neste perfil. Tem prestígio junto da sociedade civil, não precisa nem nunca precisou do partido, conhece-o bem por dentro e tem a humildade suficiente para arregaçar as mangas e lutar numa campanha interna, algo que não acontece com a maioria dos "notáveis" mais mediatizados, sempre na expectativa para se "colarem" àquele que melhor julguem poder influenciar. Rui Rio também reúne todos aqueles requisitos, mas não é deputado, é muito cioso do cumprimento dos mandatos e tem um a cumprir e porventura a renovar.
Irão felizmente aparecer mais candidatos, o que é saudável, e espero que um deles seja Aguiar-Branco ou Rui Rio. O pior que poderia agora acontecer ao PSD seria a existência de um candidato unanimista, que mais não representaria que o papel de guardião da paz podre.
Importante seria também que o futuro Presidente do PSD passasse a ser eleito directamente por todos os militantes, como JPP já propôs. Não só pela maior democraticidade e debate interno que implicaria, mas também porque a representatividade dos delegados ao Congresso está hoje pervertida pelos sindicatos de voto que as diferentes corporações internas sempre constituem e que, fatalmente, beneficiará os candidatos que falem "aparelhês".
A opção dos salários baixos
Alguém introduziu este clichê na discussão pública e por arrasto uma catrefada de falácias. O chamado modelo de salários baixos não é uma opção. O governo não pode escolher entre um modelo de salários baixos e um modelo de salários altos. Os salários baixos são uma consequência dos factos da vida. E neste caso, o principal facto da vida é que a economia portuguesa ainda não acumulou capital suficiente para que os salários sejam altos. O investimento em educação, em formação profissional e em novas tecnologias não se cria do nada. Para investir é preciso ter o que investir. É preciso poupar mais e consumir menos. E quanto mais subsídios, quanto mais artificiais forem os aumentos dos salários, quanto mais se investir em actividades inúteis ou demasiado futuristas, quanto mais se estimular o consumo mais lentamente será a acumulação de capital e mais lentamente subirão os salários.
Aos meus amigos da esquerda...
"Mesmo no mais alto trono do mundo estamos sempre sentados sobre o nosso rabo"
Montaigne
Montaigne
POSTA PARA OS MEUS AMIGOS DO PSD
Estavam à espera de quê? Para que servem essas explicações "inteligentes" e tanta raiva mal contida?
Não se esqueçam que:
- Prometeram e não cumpriram.
- Geraram enormes expectativas e defraudaram as pessoas.
- Atacaram violentamente a classe média, o vosso eleitorado natural.
- Aceitaram as jogadas mais pantomineiras por parte dos vossos dirigentes.
- Encaixaram as explicações para o não fazer mais mal amanhadas da história desta democracia.
- Permitiram 3 anos de embuste.
- Governaram mal, mal, mal e mal, nunca o reconhecendo.
- Toleraram que o vosso partido fosse dominado pelos seres grotescos oriundos das distritais.
- Dançaram ao som da música do guerreiro-menino e até disseram que esta era "original".
- Bateram palmas quando o vosso líder dizia que ia ganhar "por amor a Portugal".
- Toleraram que Paulo Portas fizesse figura de estadista à custa dos desmandos do irresponsável que vos liderava.
Não se queixem mais - tentem é mudar a sério. As pessoas mostraram que não têm mais paciência para serem enganadas e isto já não vai operações de cosmética concebidas no aparelho que está.
Não se esqueçam que:
- Prometeram e não cumpriram.
- Geraram enormes expectativas e defraudaram as pessoas.
- Atacaram violentamente a classe média, o vosso eleitorado natural.
- Aceitaram as jogadas mais pantomineiras por parte dos vossos dirigentes.
- Encaixaram as explicações para o não fazer mais mal amanhadas da história desta democracia.
- Permitiram 3 anos de embuste.
- Governaram mal, mal, mal e mal, nunca o reconhecendo.
- Toleraram que o vosso partido fosse dominado pelos seres grotescos oriundos das distritais.
- Dançaram ao som da música do guerreiro-menino e até disseram que esta era "original".
- Bateram palmas quando o vosso líder dizia que ia ganhar "por amor a Portugal".
- Toleraram que Paulo Portas fizesse figura de estadista à custa dos desmandos do irresponsável que vos liderava.
Não se queixem mais - tentem é mudar a sério. As pessoas mostraram que não têm mais paciência para serem enganadas e isto já não vai operações de cosmética concebidas no aparelho que está.
Os leirienses, esses eleitores estúpidos e sub-desenvolvidos!
Escreve Vital Moreira, a propósito da vitória do PSD em Leiria, o único distrito do Continente que permaneceu "laranja":
O défice socialista em Leiria é tanto mais surpreendente quanto se trata de um distrito do litoral, com índices de desenvolvimento económico e urbano relativamente elevados. Um mistério.
Eu julgo ter uma explicação para o "mistério": o distrito de Leiria caracteriza-se, desde há vários anos, por uma capacidade empreendedora e de inovação, designadamente nos sectores do vidro e cristalaria e no dos moldes de plástico, sendo neste último o recurso intensivo às novas tecnologias porventura uma das chaves de sucesso. Este empreendedorismo, só terá paralelo em algumas "ilhas" dos distritos de Braga e Aveiro, onde têm despontado nos últimos anos PMEs nas áreas das tecnologias de informação.
O eleitorado do PSD sempre se caracterizou por ser maioritariamente constituído por self-made-(wo)men, que sobem na vida à custa do esforço e mérito próprios. Um tal espírito ainda subsistirá em Leiria, mas não resistirá a prazo ao cerco da total "funcionalização pública" para que o País tende. A isto acresce a ameaça que se anuncia para as empresas mais dinâmicas daqueles referidos sectores: muito em breve, irão ter de lutar contra os seus concorrentes mais ineficientes, beneficiados estes com "cabeça-de-obra" barata - os 1.000 jovens que Sócrates quer colocar em PMEs...
Mas o que choca naquela afirmação de VM é o maniqueísmo sobranceiro que lhe está subjacente: zona do litoral, urbana e desenvolvida, tem de votar necessariamente à esquerda; por contraponto, zona do interior, rural e atrasada, deverá então votar à direita, o que aliás não aconteceu no domingo.
Seria aliás interessante analisar os casos de Vila Real, Bragança e Viseu, distritos onde o PSD perdeu pela primeira vez em eleições legislativas. Eu acho que estes distritos tenderão a mudar definitivamente para o "rosa", à medida que faixas crescentes das respectivas populações passarem a viver do assistencialismo. No Interior Norte e Centro, a maioria sociológica é ainda constituída por pequenos proprietários agrícolas, grande parte dos quais estão hoje inactivos e a viver dos subsídios irracionais da PAC ou das pensões de velhice. A promessa demagógica de Sócrates do aumento destas, mais não faz do que consolidar esta subsídio-dependência e não terá sido despicienda nos resultados eleitorais de domingo.
O dramático disto tudo é a mentalidade que se vai enraizando em muita gente, promovida por políticos de todos os quadrantes: cada vez mais se acham no direito de viverem à custa da riqueza produzida por cada vez menos. Os 4,5 milhões de dependentes do orçamento que alarmaram Medina Carreira só podem subir e esta tendência é o caminho mais directo para a pobreza generalizada.
O défice socialista em Leiria é tanto mais surpreendente quanto se trata de um distrito do litoral, com índices de desenvolvimento económico e urbano relativamente elevados. Um mistério.
Eu julgo ter uma explicação para o "mistério": o distrito de Leiria caracteriza-se, desde há vários anos, por uma capacidade empreendedora e de inovação, designadamente nos sectores do vidro e cristalaria e no dos moldes de plástico, sendo neste último o recurso intensivo às novas tecnologias porventura uma das chaves de sucesso. Este empreendedorismo, só terá paralelo em algumas "ilhas" dos distritos de Braga e Aveiro, onde têm despontado nos últimos anos PMEs nas áreas das tecnologias de informação.
O eleitorado do PSD sempre se caracterizou por ser maioritariamente constituído por self-made-(wo)men, que sobem na vida à custa do esforço e mérito próprios. Um tal espírito ainda subsistirá em Leiria, mas não resistirá a prazo ao cerco da total "funcionalização pública" para que o País tende. A isto acresce a ameaça que se anuncia para as empresas mais dinâmicas daqueles referidos sectores: muito em breve, irão ter de lutar contra os seus concorrentes mais ineficientes, beneficiados estes com "cabeça-de-obra" barata - os 1.000 jovens que Sócrates quer colocar em PMEs...
Mas o que choca naquela afirmação de VM é o maniqueísmo sobranceiro que lhe está subjacente: zona do litoral, urbana e desenvolvida, tem de votar necessariamente à esquerda; por contraponto, zona do interior, rural e atrasada, deverá então votar à direita, o que aliás não aconteceu no domingo.
Seria aliás interessante analisar os casos de Vila Real, Bragança e Viseu, distritos onde o PSD perdeu pela primeira vez em eleições legislativas. Eu acho que estes distritos tenderão a mudar definitivamente para o "rosa", à medida que faixas crescentes das respectivas populações passarem a viver do assistencialismo. No Interior Norte e Centro, a maioria sociológica é ainda constituída por pequenos proprietários agrícolas, grande parte dos quais estão hoje inactivos e a viver dos subsídios irracionais da PAC ou das pensões de velhice. A promessa demagógica de Sócrates do aumento destas, mais não faz do que consolidar esta subsídio-dependência e não terá sido despicienda nos resultados eleitorais de domingo.
O dramático disto tudo é a mentalidade que se vai enraizando em muita gente, promovida por políticos de todos os quadrantes: cada vez mais se acham no direito de viverem à custa da riqueza produzida por cada vez menos. Os 4,5 milhões de dependentes do orçamento que alarmaram Medina Carreira só podem subir e esta tendência é o caminho mais directo para a pobreza generalizada.
Referendos e participação
No referendo à Constituição Europeia realizado em Espanha, no domingo, o SIM obteve uma vitória esmagadora (mais de 76%).
Porém, dos 34.535.470 eleitores inscritos, apenas 10.804.464 (menos de um terço) votaram SIM, repartindo-se os restantes pela abstenção (57,68% dos inscritos), pelo NÃO (17,24% dos votantes) e pelo votos brancos (6,03%) e nulos (0,86%).
Serão os resultados espanhóis bons ou maus para o Projecto Europeu?
Para quem, como Vital Moreira, entenda que " o que conta são os votos dos que se interessam, e não os demais", o resultado foi um rotundo sucesso, só comparável à vitória do PS em Portugal. Todavia, para quem defenda que o progresso europeu deve ser amplamente participado, os resultados não são muito animadores.
VM questiona-se ainda: "De resto, quantas questões "domésticas" conquistariam a atenção de tanta gente como este referendo em Espanha?". Bem, caro VM, todos os três referendos nacionais anteriores obtiveram participações muito superiores às de domingo passado. Até o da adesão de Espanha à NATO (59% de participação).
Porém, dos 34.535.470 eleitores inscritos, apenas 10.804.464 (menos de um terço) votaram SIM, repartindo-se os restantes pela abstenção (57,68% dos inscritos), pelo NÃO (17,24% dos votantes) e pelo votos brancos (6,03%) e nulos (0,86%).
Serão os resultados espanhóis bons ou maus para o Projecto Europeu?
Para quem, como Vital Moreira, entenda que " o que conta são os votos dos que se interessam, e não os demais", o resultado foi um rotundo sucesso, só comparável à vitória do PS em Portugal. Todavia, para quem defenda que o progresso europeu deve ser amplamente participado, os resultados não são muito animadores.
VM questiona-se ainda: "De resto, quantas questões "domésticas" conquistariam a atenção de tanta gente como este referendo em Espanha?". Bem, caro VM, todos os três referendos nacionais anteriores obtiveram participações muito superiores às de domingo passado. Até o da adesão de Espanha à NATO (59% de participação).
A CRISE DO PSD - ALGUMAS EVIDÊNCIAS
1. Estas não foram as primeiras eleições que o PSD perdeu após a formação do governo de coligação com o CDS/PP.
2. Em Junho de 2004, sob a liderança de Durão Barroso, a coligação do PSD com o CDS, que se submeteu às eleições para o Parlamento Europeu, obteve 33,20% dos votos. Na altura, Barroso disse que percebera muito bem o sinal que o povo português lhe dera e que agiria em conformidade. Três semanas mais tarde era indigitado presidente da Comissão Europeia.
3. Nas eleições legislativas do dia 20 de Fevereiro, o PSD obteve 28,69% dos votos expressos, enquanto que o CDS teve 7,26. No conjunto, 35,95%.
4. Poderá alegar-se que as eleições são diferentes, que os eleitores votam de modo distinto e que os índices de abstenção foram muito maiores nas europeias do que nas legislativas. Não é verdade: essas diferenças abrangem todos os partidos e, de resto, as posições relativas entre eles foram praticamente as mesmas, com uma diferença: nas legislativas a direita, apesar de tudo, subiu em percentagem
5. Isto significa que o eleitorado está zangado com a direita desde há muito, e não apenas com o governo Santana. A crise da direita é, por isso, muito anterior a ele, o que não significa que ele não tenha também responsabilidades e as não deva assumir.
6. A desilusão começou com o primeiro governo da maioria, com as medidas de austeridade que foram impostas aos portugueses, a falta de cuidado, direi mesmo, a arrogância com que foram aplicadas, e com o não cumprimento de algumas promessas eleitorais, nomeadamente, o famoso «choque fiscal», tema central da campanha eleitoral do PSD, que atraiu parte substancial da classe média. A mesma que, agora, foi votar no PS.
7. Mas, mais grave do que os sacrifícios exigidos, foi a convicção generalizada de que eles não serviam para nada, a não ser para compor a contabilidade nacional para apresentar em Bruxelas. As reformas de fundo não foram feitas e o Estado não deu o exemplo: boys em catadupa, salários milionários na alta administração do Estado, reformas principescas, organismos públicos parasitários intactos, etc.
8. A coisa excedeu os limites do razoável, quando foi nomeado para presidir à mais importante de todas as reformas, a da administração pública, o professor Deus Pinheiro. Este, a meu ver, foi o sinal mais claro de que Barroso não queria verdadeiramente proceder às reformas estruturais de que o país necessitava. O país, de resto, percebeu-o também e disse-lho sem rodeios em 13 de Junho de 2004, como lho voltaria a dizer em 20 de Fevereiro, se fosse ele o líder do partido.
9. O governo Santana, as trapalhadas, a horrível campanha eleitoral feita pelo PSD, tudo isso foram apenas consequências naturais do que se passara antes, com os necessários condimentos fornecidos pela personalidade do novo primeiro-ministro. Porém, mais tarde ou mais cedo, o PSD teria de experimentar esta via e, na verdade, vale mais agora do que mais tarde, por exemplo, no início de uma legislatura com maioria de esquerda.
10. Mas, a maior das trapalhadas foi a saída abrupta do governo de um primeiro-ministro que andara a pedir votos contra um partido cujo líder abandonara, também abruptamente, o governo. Por mais exaustivas que tenham sido as explicações dadas, não foram convincentes e o eleitorado não as aceitou. O próprio PSD não levou a bem: recorde-se, por exemplo, a reacção de Manuela Ferreira Leite.
11. Em conclusão, diga-se que é evidente que o futuro do PSD não passa (nunca passou) por Pedro Santana Lopes. Porém, ele está longe de ser o único e, até, o principal responsável pelo que aconteceu. Quem insistir noutra leitura dos factos está a cometer um imenso disparate ou uma desonestidade política. Desenganem-se, portanto, aqueles que possam pensar que o futuro do partido poderá estar nas mãos de alguns dos dirigentes que estiveram comprometidos com o governo anterior ao actual, como, por exemplo, Manuela Ferreira Leite. Se o PSD for por aí, se não optar por alguém descomprometido com os últimos três anos, dificilmente regressará ao poder nos tempos mais próximos.
O cobrador de promessas objectivos
Do programa do PS:
Nota: paridade nas listas e círculos de um só candidato? Só para hermafroditas.
Assim, o Partido Socialista defende uma modernização global do sistema político que:
- Reveja o sistema eleitoral para a Assembleia da República, com salvaguarda do
princípio da proporcionalidade e introdução dos círculos de um só candidato,
possibilitando a dupla escolha por parte dos eleitores ? de lista e de candidato ? como
forma de os aproximar dos eleitos;
- Evolua no sentido da paridade na composição das listas eleitorais;
Nota: paridade nas listas e círculos de um só candidato? Só para hermafroditas.
O modelo escandinavo
Portugal está mais perto do modelo escandinavo do que se pensa. Uma das características de alguns países escandinavos é a dimensão da economia paralela. Em Portugal, a economia paralela representa 24% do PIB. Na Suécia, representa 18%. Nos EUA, cerca de 8%.
Verdade e Mentira - Jornalismo Moderno, Ep. XXV
No Público: Pacheco Pereira apoia Marques Mendes para a liderança do PSD.
No Abrupto: Pacheco Pereira não apoia Marques Mendes para a liderança do PSD.
No Abrupto: Pacheco Pereira não apoia Marques Mendes para a liderança do PSD.
Círculos eleitorais
De acordo com os cálculos efectuados pelo Serafim, no caso de o « nosso sistema fosse mesmo proporcional e não houvesse círculos eleitorais, a distribuição dos 226 deputados conhecidos até agora seria:
PS 107
PSD 68
CDU 17
CDS 17
BE 15
MRPP 1
PND 1»
PS 107
PSD 68
CDU 17
CDS 17
BE 15
MRPP 1
PND 1»
Tal sistema levaria a que todos os governos teriam necessáriamente resultar de coligações. Como aponta VM, apenas Israel e a Holanda terão tal sistema. E sabe-se como na Holanda a formação de um governo chega a demorar meses, por ser tão dificil encontrar um consenso entre tantos partidos (este sistema favorece o surgimento de um maior número de formações partidárias), bem como em Israel que tem permanentemente governos com 5 e 6 partidos, num puzzle de dificil compreensão e permanente ar de «salvação nacional». O que é pouco saudável.
Mas das 5 razões apontadas por VM para a defesa do actual sistema, 3 são totalmente irrealistas. Veja-se:
«a) para permitir listas de candidatos mais pequenas, que os eleitores possam conhecer; (b) para dar expressão na AR a diferentes interesses territoriais (os interesses de Lisboa não são necessariamente os mesmos dos Açores); (c) para evitar que todos os candidatos e deputados sejam tendencialmente de Lisboa; (...)»
a) seria bem melhor resolvida pelos circulos uninominais, e tirando alguns casos de cabeças de lista, certamente o eleitor desconhece em absoluto e é-lhe totalmente irrelevante quem seja o titular da vaga de deputado no 5 do seu círculo.
b) é inconsistente com a CRP que afirma que cada deputado representa a «nação». Acresce que a actual divisão territorial em circulos distritais não tem qualquer relevância do ponto de vista da formação/expressão de interesses locais, pois que os distritos apenas existem exactamente para a distribuição dos eleitores e repartição de deputados (mais a nomeação de governadores civis e respectivos staffs).
c) Como se pode facilmente constatar pelos actuais eleitos, o sistema proporcional não evita que na sua grande maioria, e nos lugares elegíveis, os directórios partidários indiquem quem muito bem lhes apeteça, estando o parlamento cheio de deputados lisboetas, de origem ou ali residentes.
Curiosamente, todas as razões apontadas por VM em defesa do actual sistema seriam muito melhor concretizadas num sistema eleitoral exclusivamente constituído por circulos uninominais.
A "Economia Real" (portanto...paralela).
O pai, 51 anos e desde 1975 trabalhador da CP, reformou-se. Aufere uma pensão bastante superior à média geral das pensões dos operários (não especializado) que não foram bafejados pela sorte de trabalharem numa empresa do sector empresarial do Estado...
A mãe, 49 anos, inscrita no IEFP, recebe o subsídio de desemprego. Em paralelo, trabalha como empregada de limpeza e "dama de companhia", em várias casas de pessoas conhecidas que pagam os seus serviços informalmente, sem nada declararem. No fundo, nestes serviços, acaba por ser bem paga; recebe mais do que aquilo que previsivelmente receberia de ordenado, caso aceitasse (não aceita!) um dos vários trabalhos/empregos que já lhe têm sido propostos (agora, cada vez menos).
A filha, recém-casada, também ela trabalhadora (não qualificada) da CP ("filho de peixe sabe nadar"), está sistematicamente de "baixa" por doença, recebendo pela Segurança Social. No entanto, preenche o tempo livre (da "baixa") trabalhando como vigilante numa escola e recebendo uma remuneração sensivelmente equivalente ao ordenado que lhe confere o seu estatuto profissional "oficial"....sim, porque este, de vigilante, é naturalmente "clandestino" (nada é declarado).
O marido da filha - até há pouco tempo, um jovem saudável, ex-jogador de futebol no clube local ("Distritais") - encontra-se, também, de "baixa" (solidariedade conjugal?!), tentando, presentemente, percorrer os passos burocráticos necessários para beneficiar de uma reforma antecipada por invalidez (com a ajuda de um amigo que já trabalhou na junta de freguesia e que, também ele reformado antecipadamente por suposta doença cardíaca, explora um bar no bairro social onde reside, pagando 5 Euros de renda mensal).
Mas, bem vistas as coisas, tudo isto é normal; bem vistas as coisas, a actividade profissional da filha e respectivo estatuto (de "baixa"...para trabalhar) é comum a uma grande parte das raparigas vizinhas. Além disso, naquela zona e apesar do número elevado de trabalhadores inscritos no IEFP, quando alguém procura empregados para uma nova empresa/fábrica que tem o estranho projecto de pretender instalar-se por aqueles lados (sabe-se lá porquê...), invariavelmente, não consegue contratar ninguém...para além dos emigrantes ucranianos - que, provavelmente, daqui a mais algum tempo, serão quem suportará o que resta do tecido produtivo daquela zona do país, outrora pejada de micro, pequenas e médias indústrias têxteis, de atoalhados e de calçado....
Ah!....aquela família é (o pai é, logo, et pour cause....) votante da coligação que integra o partido de Odete Santos (desde 1975 e das sessões de esclarecimento político para os operários da CP)....
A mãe, 49 anos, inscrita no IEFP, recebe o subsídio de desemprego. Em paralelo, trabalha como empregada de limpeza e "dama de companhia", em várias casas de pessoas conhecidas que pagam os seus serviços informalmente, sem nada declararem. No fundo, nestes serviços, acaba por ser bem paga; recebe mais do que aquilo que previsivelmente receberia de ordenado, caso aceitasse (não aceita!) um dos vários trabalhos/empregos que já lhe têm sido propostos (agora, cada vez menos).
A filha, recém-casada, também ela trabalhadora (não qualificada) da CP ("filho de peixe sabe nadar"), está sistematicamente de "baixa" por doença, recebendo pela Segurança Social. No entanto, preenche o tempo livre (da "baixa") trabalhando como vigilante numa escola e recebendo uma remuneração sensivelmente equivalente ao ordenado que lhe confere o seu estatuto profissional "oficial"....sim, porque este, de vigilante, é naturalmente "clandestino" (nada é declarado).
O marido da filha - até há pouco tempo, um jovem saudável, ex-jogador de futebol no clube local ("Distritais") - encontra-se, também, de "baixa" (solidariedade conjugal?!), tentando, presentemente, percorrer os passos burocráticos necessários para beneficiar de uma reforma antecipada por invalidez (com a ajuda de um amigo que já trabalhou na junta de freguesia e que, também ele reformado antecipadamente por suposta doença cardíaca, explora um bar no bairro social onde reside, pagando 5 Euros de renda mensal).
Mas, bem vistas as coisas, tudo isto é normal; bem vistas as coisas, a actividade profissional da filha e respectivo estatuto (de "baixa"...para trabalhar) é comum a uma grande parte das raparigas vizinhas. Além disso, naquela zona e apesar do número elevado de trabalhadores inscritos no IEFP, quando alguém procura empregados para uma nova empresa/fábrica que tem o estranho projecto de pretender instalar-se por aqueles lados (sabe-se lá porquê...), invariavelmente, não consegue contratar ninguém...para além dos emigrantes ucranianos - que, provavelmente, daqui a mais algum tempo, serão quem suportará o que resta do tecido produtivo daquela zona do país, outrora pejada de micro, pequenas e médias indústrias têxteis, de atoalhados e de calçado....
Ah!....aquela família é (o pai é, logo, et pour cause....) votante da coligação que integra o partido de Odete Santos (desde 1975 e das sessões de esclarecimento político para os operários da CP)....
Multidão aplaude Odete Santos
A melhor análise política do dia. Público aplaude entusiasticamente intervenção de Odete Santos sobre economia. Odete Santos acaba de dizer que o que é preciso é subir os salários. Se os salários subirem, as pessoas consomem e a economia cresce. Foi neste tipo de magia que as pessoas votaram ontem.
21.2.05
«(...) com todo o orgulho, estava a exercer a cidadania e a cumprir o dever cívico de assinar o livro de ponto da resistência, contra a direita a que chegáramos e a esquerda que, afinal, já chegou.Prestei um serviço comunitário, dei e recebi, aprendi e fui ao terreno, com amizade e política, para poder julgar aquilo que experimentei, sem o higiénico do analista de um objecto astronomicamente distante.
Por outras palavras, cumpri a tradicional sina dos politólogos e repúblicos que costumam ser sempre péssimos políticos, desde o John Stuart Mill ao Antero de Quental, os quais sempre perderam todas as eleições onde se meteram (...)» (JAM)
Por outras palavras, cumpri a tradicional sina dos politólogos e repúblicos que costumam ser sempre péssimos políticos, desde o John Stuart Mill ao Antero de Quental, os quais sempre perderam todas as eleições onde se meteram (...)» (JAM)
JOSÉ
E agora José?
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse?
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
sem teogonia,
qual bicho-do-mato,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
a festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse?
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
sem teogonia,
qual bicho-do-mato,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
FANTASMINHA
Desde há muito que embirrava, sem saber porquê, com o novo «logo» do PSD (vd. «post» anterior do CAA). Finalmente entendi: faz-me lembrar o «Gasparzinho, o Fantasminha», personagem de bd que nunca estimei.
PSD - E AGORA?
O meu amigo RAF já anunciou as suas preferências: José Pedro Aguiar Branco para presidente do PSD e Manuela Ferreira Leite para a presidência da república.
Não me vou pronunciar acerca das pessoas em causa que, aliás, considero bem preparadas para os cargos em questão.
Apenas saliento que ambos partilham o mesmo estorvo (a meu ver, insuperável) - estiveram demasiado ligados à desgraça governativa dos últimos 3 anos. Ambos foram ministros. Ambos pertenceram a Governos que defraudaram as mais elementares expectativas do eleitorado não-socialista. Ambos estiveram ao lado de exemplos e acções que têm de ser suplantadas. Ambos reflectem a impossibilidade histórica de se virar verdadeiramente esta triste página que o PSD tresleu durante estes anos.
JPAB está, até, em situação bastante pior como já aqui escrevi, pois culmina estas razões com o facto de ter aceite ser cabeça-de-lista no Porto, nos deputados gerados por Santana.
Embora tal epíteto lhe possa ser repugnante, aos olhos de quase todos JPAB transformou-se num santanista e afundou-se - para já - naquelas areias movediças da canção do guerreiro-menino e do amor-a-tudo-e-a-mais-alguma-coisa daquele irresponsável que aceitou e apoiou como líder (como escrevi em devido tempo).
Logo, se o PSD quiser mudar, nenhuma destas figuras serve, não podem servir. Mais do que nunca, urge inovar, mostrar diferença.
O PSD ainda não o percebeu inteiramente mas está a lutar pela sua sobrevivência enquanto partido.
Os próximos actos eleitorais, autárquicas e presidenciais, serão decisivos e poderão ser fatais. Se não existir um sinal claro de mudança, se não surgir gente nova, de cara lavada e discurso desempoeirado, completamente liberta das grilhetas deste passado, os piores vaticínios serão verosímeis. O ego de Santana e a acefalia política dos seus seguidores aparelhísticos nunca deixarão perceber o que se passou ontem.
Os militantes terão de vencer a sua estrutura para salvar o seu partido.
A ver vamos.
Não me vou pronunciar acerca das pessoas em causa que, aliás, considero bem preparadas para os cargos em questão.
Apenas saliento que ambos partilham o mesmo estorvo (a meu ver, insuperável) - estiveram demasiado ligados à desgraça governativa dos últimos 3 anos. Ambos foram ministros. Ambos pertenceram a Governos que defraudaram as mais elementares expectativas do eleitorado não-socialista. Ambos estiveram ao lado de exemplos e acções que têm de ser suplantadas. Ambos reflectem a impossibilidade histórica de se virar verdadeiramente esta triste página que o PSD tresleu durante estes anos.
JPAB está, até, em situação bastante pior como já aqui escrevi, pois culmina estas razões com o facto de ter aceite ser cabeça-de-lista no Porto, nos deputados gerados por Santana.
Embora tal epíteto lhe possa ser repugnante, aos olhos de quase todos JPAB transformou-se num santanista e afundou-se - para já - naquelas areias movediças da canção do guerreiro-menino e do amor-a-tudo-e-a-mais-alguma-coisa daquele irresponsável que aceitou e apoiou como líder (como escrevi em devido tempo).
Logo, se o PSD quiser mudar, nenhuma destas figuras serve, não podem servir. Mais do que nunca, urge inovar, mostrar diferença.
O PSD ainda não o percebeu inteiramente mas está a lutar pela sua sobrevivência enquanto partido.
Os próximos actos eleitorais, autárquicas e presidenciais, serão decisivos e poderão ser fatais. Se não existir um sinal claro de mudança, se não surgir gente nova, de cara lavada e discurso desempoeirado, completamente liberta das grilhetas deste passado, os piores vaticínios serão verosímeis. O ego de Santana e a acefalia política dos seus seguidores aparelhísticos nunca deixarão perceber o que se passou ontem.
Os militantes terão de vencer a sua estrutura para salvar o seu partido.
A ver vamos.