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A evolução de tanta generosidade e abnegação conduziu, em Portugal e na generalidade das democracias ocidentais, a uma vida democrática pouco mais do que formal, baseada em dois ou três partidos que se alternam ciclicamente no poder, dirigidos por férreas estruturas de apparatchiks controleiros que dominam toda a vida interna do partido, cacicam as listas de filiados, controlam as eleições dos seus órgãos, a composição das listas de deputados e candidatos aos órgãos do Estado, as nomeações para os cargos públicos, etc.
Só por fina ironia se pode imaginar, nos dias de hoje, a vida interna dos partidos entregue aos velhos «militantes» do imaginário romântico da revolução. Nem aos «militantes», nem aos «quadros», outra ideia engraçada dessa época, muito querida a alguns dos nossos partidos. A caciques, talvez seja mais rigoroso.