Com todas as eventuais falhas que o novo regime do ensino superior possa deter, há um pressuposto inegável: o ainda vigente regime jurídico das Universidade portuguesas era insustentável. O meu maior espanto é ver a actual contestação excessivamente generalizada. Hoje, os funcionários e alunos possuem cerca de 50% dos órgãos de gestão e disciplina - como normalmente estes grupos votam em manada, basta uma aliança estratégica com um pequeno sector de docentes para controlar a Universidade e eleger um Reitor. Para além desta inversão lógica - se calhar por causa dela também - as Universidades tornaram-se instituições fechadas sobre si mesmas, de estrutura umbilical, geraram um sistema retraído, obscuro, pouco democrático. A grande objecção - mas não a única - parece-me residir no deficit de discussão: o tempo oferecido às Universidades (de 14.6 até 25.6) é propositadamente escasso. Lamentável.
No entanto, o Estado ainda não conseguiu perceber que a sua intervenção nunca é redentora; antes consegue transformar-se na base da próxima intervenção sempre destinada a corrigir os efeitos perversos da intervenção anterior. Isto gera uma espiral de intervenção correctiva, irracional e intrinsecamente maléfica. Mas o país e grande parte da Europa ainda estão na crença sebástica de que é ao Estado que compete resolver os problemas que o próprio Estado criou…