21.12.07

Coisas que fascinam

«Mas a ilegalidade da suinicultura era conhecida desde 2000. Cabe à DGV legalizar as explorações. Mas este caso, não tendo nunca sido legalizado, “não tinha de fechar”, disse Lopes Jorge. »

Pausa. Aprecie o momento, leia outra vez. Siga-se então a justificadamente estupefacta jornalista:

«A mesma resposta foi avançada pela veterinária municipal Antonieta Santos, quando questionada sobre o porquê do tardio encerramento da exploração: “Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.»

Repita agora para fixar bem: «Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.»; «Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.»; «Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.»; «Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.»

Ah, como estas coisas fazem bem.
Eu gosto dos «Lopes Jorge» e das «Antonietas Santos». Admiro-os mesmo. A sério!
Tem uma capacidade inata de objectividade, de simplicidade e pragmatismo verdadeiramente invejáveis. As suas tarefas são desempenhadas com aquele estilo, tão característico de resolver as coisas na hora, ali mesmo: «não é aqui», «terá que se dirigir às informações», «não posso fazer nada, falta um oficio», «está para despacho», «terá que aguardar». Simples e eficaz. Não há regulamento, portaria ou instrução, por mais complexo, obscuro ou ambíguo que seja encarado com dificuldade no seu dia-a-dia. É tudo pão-pão-queijo-queijo: “Nunca foi mandada fechar porque, oficialmente, nunca abriu.». É tão evidentemente cristalino. E pronto, não venham cá com coisas complicadas. Não foi comunicado oficialmente, não foi entregue qualquer ofício ou requerimento?, meu amigo, então não existe. O seguinte por favor......