6.4.07

Das «inspecções»:

Vem agora, (só agora?) Mariano Gago informar que vai proceder a uma averiguação sobre as licenciaturas e equivalências dos diplomas passados pela UnI.
Bem, uma outra coisa que podia fazer também era perguntar à Subinspectora-Geral do Ensino Superior, M. Helena Dias Ferreira do porquê de em Abril de 2005, não ter dado seguimento ás questões apresentadas pelo blog Do Portugal Profundo e, ao invés, dar a seguinte seca e burocrática resposta:
«Relativamente ao seu e-mail de 3 de Março último, venho comunicar que foi, na mesma data, exarado o seguinte despacho:
«Por não ser assunto da nossa competência, tanto mais que não se trata de qualquer queixa, arquive-se»
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Arquive-se. A palavra mágica da administração pública!

Mas, de acordo com o despacho de ontem de Mariano Gago, afinal sempre será da sua «competência».
É aliás curioso como Mariano Gago desde logo pretende ilibar o seu ministério de qualquer responsabilidade: «Confundir os actuais problemas da Universidade Independente – que deram de imediato lugar a acções inspectivas determinadas em 27 de Fevereiro de 2007 - com o seu normal funcionamento atestado pelas referidas acções de acompanhamento e controle é manifestamente abusivo e lesivo dos interesses dos seus alunos e dos seus diplomados.».

Ok, ponham então online os resultados das alegadas «acções de acompanhamento e controle», praticadas pelo ministério ao longo dos anos.

Quer o governo, quer aqueles que se prestam a servir de frontdesk da central de comunicação, insistem até à exaustão na ideia de que as dúvidas sobre o curriculo académico do PM estarão relacionadas com as «lutas internas da UnI». Nada de mais disparatado.

De facto, a primeira vez que se falou no assunto foi em 14 de Fevereiro de 2005 e em 22 do mesmo mês, no blog Do Portugal Profundo.
Quem ler aquelas postas, as questões e dúvidas então levantadas e todo o manancial informativo mais recente, não pode, de boa fé, deixar de admirar o labor e cuidado posto no assunto: sempre os factos surgem devidamente enquadrados pela legislação, por links para sites oficiais e com explicações que qualquer leigo facilmente entenderá. É um notável trabalho de investigação feito pelo autor com o auxílio dos seus leitores e comentadores. Não há qualquer boato, nem suspeita avulsa. É um trabalho de investigação. Do melhorzinho que já foi feito. E que os jornais tem vindo, embora tardiamente, a aproveitar.

Já agora e a esse propósito, não se deve deixar passar em claro o seguinte: o Expresso obteve informação em primeira mão sobre a data do diploma ser a um domingo por via do blog, sendo que este aceitou «embargar» a informação até à publicação da peça no jornal sob o compromisso de dar o devido crédito á fonte. A direcção do Expresso - que na semana anterior, pela pena de Nicolau Santos, tinha tentado levantar, ela sim, suspeitas infundadas sobre a razão de ser da polémica, não respeitou o compromisso e publicou a matéria como se fosse apenas de sua lavra. Salvou-se apenas a atitude honrada da jornalista Rosa Pedroso Lima que pediu desculpas ao autor do blog. Mas o Expresso fica obviamente mal na fotografia.