17.4.07

desertificação

O «Fórum da TSF» de hoje debate o problema da desertificação do interior do país. As conclusões, embora desagradáveis, não se podem considerar surpreendentes: interior desertificado, concentração da população nas cidades do litoral, com macrocefalia galopante de Lisboa. As razões são, também, óbvias: as pessoas e as famílias estão onde existem emprego e melhores condições de vida, o emprego surge onde estão as empresas, estas fixam-se nos locais com melhores infra-estruturas e mais desenvolvimento, que, por sua vez, se localizam inevitavelmente nos centros de decisão política e administrativa. Consequentemente, sair disto não exige grande imaginação e existem por essa Europa fora inúmeros exemplos que evidenciam bons modelos de desenvolvimento: é necessário que o Estado central transfira parte dos seus poderes de decisão para as várias partes do território nacional, para instituições com soberania própria e legitimidade democrática, isto é, que se regionalize. De facto, mais importante do que discutir o mapa geográfico de uma futura regionalização, torna-se necessário debater o seu mapa de competências.
Bom exemplo disto mesmo temo-lo aqui ao lado, em Espanha, cujo desenvolvimento económico e social se deu a partir da regionalização, mais propriamente após a criação das regiões autonómicas. Ainda ontem recebi por correio um enorme volume da Xunta de Galicia, com folhetos e livros diversos em português, para promoverem em Portugal as três Universidades da região: Corunha, Santiago e Vigo. O programa, denominado «Dá o Salto para o SUG (Sistema Universitário da Galiza)» é desenvolvido pelos órgãos próprios das Universidades e da Região, perante quem, de resto, elas dependem nos aspectos essenciais e não exactamente de uma qualquer Direcção-Geral madrilena. É por estas e outras razões que as Universidades espanholas estão cheias de alunos portugueses e que as portuguesas estão cada vez mais vazias. Com o resto, passa-se o mesmo.