Nunca tive dúvidas de que a esmagadora maioria dos portugueses se está nas tintas para o facto de José Sócrates estar a dizer a verdade, total parcial ou nenhuma, a propósito do modo como obteve a sua licenciatura. Disse-o, várias vezes, na RTPN.
Não me espanta, assim, este manto de opacidade quase unanimista que parece ter caído em cima de demasiadas pessoas, de entre aquelas que se interessam por estas coisas, após a entrevista de ontem.
Sejamos claros: o actual primeiro-ministro explicou pouco, quase nada de inovador adiantou e confundiu muito daquilo que já se sabia.
Sócrates empunhou documentos e certificados académicos - gesto materialmente ocioso mas que revela intuitos dolosos de desviar a atenção daquilo que era importante discutir. Nunca ninguém insinuou que Sócrates não possuía os certificados ou que os mesmos não eram verdadeiros: o que se discutia era a forma como aqueles certificados tinham sido obtidos, i.e. com favorecimento ou não. Aquele agitar televisivo de documentos transportou-me para alguns atrás, para um momento análogo e então peregrino de Vale e Azevedo a retirar do bolso a sua declaração de IRS...