20.4.07

os virtuosos (2)

«Antes de termos empreendido a obra de reorganização nacional, uma só palavra (desordem) definia, em todos os domínios, a situação portuguesa.» (...)
(...) «Desde logo, o funcionamento irregular dos poderes públicos - um pouco por causa e um pouco efeito de todas as outras desordens. Independentemente do valor dos homens e da rectidão das suas intenções, os partidos, as facções e os grupos políticos supunham ser, por direito, os representantes da democracia; e exerciam de facto a soberania nacional, mas simultaneamente conspirando.» (...)###
(...) «Estreitamente ligada à desordem política, que envenenava toda a vida portuguesa, havia na Metrópole e nas colónias a desordem financeira e a desordem económica, que, agravando-se mutuamente, agravavam a desordem política, num círculo vicioso de males nacionais.» (...)
(...) «Um pouco a miséria, muito a disciplina, a fraqueza dos governos, os compadrios e as cumplicidades equívocas, geraram a anarquia nas fábricas, nos serviços e na rua. Um regime de insegurança, de revoltas, greves e atentados estabelecera-se no País. Quando a fraqueza dos governos não lhes permite garantir eficazmente o direito dos cidadãos, estes tomam nas suas mãos, anarquicamente, a defesa da própria vida.» (...)
(...) «Estes eram os aspectos mais salientes da grave crise que a Nação atravessava. Tais os factos que, nas vésperas da ditadura, de todos os lados se reclamasse um esforço de salvação nacional que trouxesse a este pobre País a condição fundamental do trabalho e da prosperidade: a ordem.»


António de Oliveira Salazar (vencedor do concurso «Os Grandes Portugueses»), Como se Levanta um Estado, 1937 (Edição portuguesa da Atomic Books, 2007).