Há uma razão para o governo querer fazer o aeroporto de Lisboa o mais longe possível de Lisboa. Nos próximos anos haverá dinheiro europeu destinado ao desenvolvimento regional para gastar. Esse dinheiro serve para aproximar as regiões mais pobres da União Europeia das mais ricas e por isso só é atribuído a regiões pobres. Acontece que o rendimento da região de Lisboa e Vale do Tejo já está muito próximo da média europeia. As obras públicas dentro desta região não deviam ter direito a verbas para o desenvolvimento regional.
O governo teve então a brilhante ideia de redistribuir parte da região de Lisboa e Vale do Tejo pela Região Centro e pelo Alentejo. Desta forma, terrinhas a 30 ou a 50 km de Lisboa deixaram de estar numa região rica e passaram a estar numa região pobre. O que é excelente porque o governo poderá continuar a investir fundos que deviam servir para aproximar regiões ricas e pobres numa região que já é de longe a mais rica do país. Isto também quer dizer que verbas que deviam ser usadas no interior do Alentejo ou no Distrito da Guarda passam a ser usadas enriquecer ainda mais a região de Lisboa. Pode argumentar-se que não é bem assim, que Alcochete e a Ota ainda não foram bafejadas pelo progresso que irradia da capital. É certo que os investimentos públicos se estão a deslocar a cerca de 50 km por década em direcção ao resto do país, mas por este andar só chegarão a Bragança no início do século XXII. Para já, com a construção do aeroporto de Alcochete, o Alentejo fica estatisticamente mais rico.