O Ministro Mário Lino tem sido justamente criticado pela sua conduta no processo do novo aeroporto de Lisboa. Mais do que as suas declarações infelizes a propósito do território situado na margem esquerda do Tejo, era merecedora de censura a sua intransigência sobre a construção do novo aeroporto na OTA, face aos cada vez mais consistentes argumentos que, se não contrariam a solução escolhida, a colocam, pelo menos, seriamente em causa.
Mário Lino teve hoje o seu primeiro recuo digno desse nome, admitindo, tanto quanto me recordo pela primeira vez, outras localizações.
Saber a mudança resultou de uma tomada de consciência do Ministro ou da pressão da opinião pública, primeiro, da oposição e do próprio Presidente da República, depois, não é, por enquanto, o mais importante. Importante, isso sim, é notar que o Ministro pode mudar de opinião e, de evolução em evolução, pode mesmo vir a chegar à conclusão que o que Governo tem a fazer é não construir nenhum novo aeroporto que substitua a Portela, seja ele na Ota ou na "margem sul".
Não é, por isso o momento de o criticar, mas antes o de o elogiar pela mudança do estado de espírito que nos deu o primeiro vislumbre de sensatez neste processo. Prefiro um ministro capaz de ouvir e de ter em conta argumentos do que um outro que, em nome da maioria que o sustenta ou do poder de que está investido, tome decisões porque sim. É certo que os "estudos" podem "desresponsabilizar" o ministro. Mas não é menos certo que, qualquer que seja a decisão, não é o ministro quem vai pagar a factura.