5.6.07

Sonhos Otistas...(a propósito do Prós & Contras)

Depois de assistir ao Prós & Contras de hoje (cada vez mais, na actualidade, o grande e incontornável programa de debate televisivo nacional) convenci-me de que somos, realmente, um país de sonhadores!

Tal como Pessoa disse a respeito de si próprio, nós (Portugal) «não somos nada»,
«nunca seremos nada» (a não ser grandes sonhadores),
«não poderemos querer ser nada», mas,
«à parte isso, temos em nós todos os sonhos do mundo»! ###

Claro está que os nossos sonhos - ou talvez mais, ilusões - normalmente são muito caros, como convém a um país pobre!
Habitualmente transformam-se em grandes "elefantes brancos" que, verifica-se mais tarde, apenas aproveitam a alguns, se bem que abalem fortemente o erário público (supostamente de todos, ou, pelo menos, ao serviço do denominado "interesse nacional")!

Recorrentemente, para justificar qualquer coisa que, a todo o custo, se pretende fazer, lá vem o velho argumento do "eixo atlântico".

Agora e segundo esse argumento, na sua versão Ota, Portugal poderá ser "a porta de entrada, na Europa, para a América do Sul e do Norte"! É necessário construir-se, em Portugal, uma "grande plataforma inter-continental" que faça concorrência e se imponha mundialmente, em termos de ligações aéreas internacionais, ao velho eixo Paris-Londres-Frankfurt! Que se imponha a Madrid...uma vez que "somos a fachada atlântica da Península Ibérica" (argumento de Augusto Mateus).

E, portanto, acreditamos (há quem acredite) que a América do Sul (Brasil incluído) olha para nós como nós imaginamos; sonhamos que a grande maioria dos turistas norte-americanos prefere mesmo entrar, na Europa, por Lisboa, do que por Londres ou Paris; imaginamos um Chileno ou um Argentino feliz por finalmente conseguir chegar à Europa pela Ota e já não ter que ir a Madrid; etc., etc., etc...

O problema é sempre o day after, quer dizer, depois de termos perdido uns milhõezitos, depararmos com a crua realidade...que até poderia nem ser tão má como isso, se tivessemos feito as coisas sem hiperbólicas ilusões e com realismo!