"A pilot lives in a world of perfection, or not at all", escreveu Richard S. Drury quando narrava as suas experiências na guerra do Vietname. Enquanto olhava para os aviõezinhos amarelos, azuis e vermelhos a fazerem piruetas em cima do Douro essa frase não me saía da cabeça. Os pilotos e aqueles aparelhos que, ao longe, quase pareciam moscas coloridas em pleno ritual de acasalamento, agitavam-se numa redoma de perfeição.
A imagem da Ribeira acendida ao sol, emoldurada pela água do rio e pelo imenso mar de gente, era a mais bela que se podia ter. E a felicidade da multidão – com números equivalentes aos de Fátima, “o que atesta a devoção com que os portugueses olham para o céu”, como alguém já escreveu – afirmava a actualidade do adágio político romano tornado paradigma universal da governação.
Desemprego, mais impostos e menos dinheiro? Vrrruuum, lá vai mais um avião...
* Publicado no Correio da Manhã em 3. IX. 2007