Confesso que coisas como esta nunca tinha lido:
«Acompanhada pelo marido, o ex-presidente Bill Clinton, muito respeitado entre os negros, a senadora de Nova Iorque [Hilary] , procura pontos no terreno de Obama, cuja pele achocolatada lhe vale 44% das intenções de voto dos afro-americanos democratas, contra 33% da ex-primeira dama.», escreve Augusto Correia, no JN.
A cor da pele é que vale as intenções de voto? ###
Na interpretação deste jornalista, Obama seria popular entre os que com ele partilham a cor da pele, por ser simplesmente um «deles», e não por defender um qualquer projecto político. Os demais candidatos, Hilary especialmente, teriam a desvantagem, coitados, de ter de explicar programas políticos, vender ideias, convencer os eleitores….. Esta prosa, perfeitamente básica, transmite a ideia de que, apesar de tudo, Hilary consegue obter 33% (certamente pela validade das suas ideias….), face ao simples voto «étnico» que Obama congregaria.
E já agora, porque é que se diz que Bill Clinton é «muito respeitado entre os negros» e não entre entre os «achocolatados»? Ou porque não dizer que Obama «vale 44% das intenções de voto dos achocolatados»? Parece que a aplicação do termo «achocolatado» é criteriosamente seleccionada....
Umas vezes são «negros» (quando respeitam Bill Clinton), outras são «afro-americanos» (quando são um segmento de eleitores), e por fim podem ser «achocolatados», quando são opositores de Hilary Clinton e tem mãe branca. Ou será melhor dizer «amarfinada»?