18.3.07

aquilo que os espera


Os países que, pela sua indisciplina económica e financeira, mais estão a contribuir para arruinar a credibilidade da união monetária da Europa e do euro são Portugal (à frente de todos), a Itália, a Espanha e a Grécia - isto é, com excepção da Grécia, os países predominantemente católicos do sul da Europa e que nunca conseguiram viver duradouramente numa democracia liberal.###
.
Estes países não possuem opinião pública. Eles aderiram à UE porque os governantes lhes disseram que era bom aderir à UE. Eles aderiram ao euro porque os governantes lhes disseram que era bom aderir ao euro. Mas os governantes, nestas coisas, tendem a dizer apenas as coisas boas. É certo que as más - isto é a disciplina necessária para manter a adesão ao euro e à UE - essas, os cidadãos nem estavam interessados em as ouvir. Se algumas houvesse, na altura logo se veria, e os governantes que as resolvessem.
.
É claro que estes países, com Portugal à frente de todos, estão agora a ter aquilo que merecem. E nem sabem o que os espera - na realidade, a tragédia das populações destes países é que nunca sabem aquilo que os espera - porque eles sempre estiveram habituados a que viesse alguém de cima dizer-lhes aquilo que os espera.
.
Se fosse possível resumir numa só frase tudo aquilo que espera os portugueses nos próximos anos - desemprego, falências, emigração, endividamento crescente, déficits das contas externas, aumentos da idade da reforma, reduções das pensões de reforma, etc. -, eu diria: trabalhar mais por menos dinheiro (no jargão técnico: reduzir os custos unitários em trabalho).
.
Normalmente, os portugueses reagem a isto fazendo manifestações de rua. Portanto, durante os próximos anos, também existirão mais manifestações de rua em Portugal. Contra o governo, obviamente, porque os portugueses nunca assumem responsabilidade por aquilo que lhes acontece na vida em sociedade.
.
Contra o governo... qual governo? O que estiver lá na altura. Claro, este governo vai ser a primeira vítima, porque é o governo que está mais à mão - mas, muito provavelmente, não será o último.