Quando, em 1933, Salazar pronunciou a célebre frase segundo a qual "(os portugueses são) um povo de brandos costumes", eu penso que ele não estava a ser perfeitamente sincero. Nascido em 1889, ele assistiu a todas as lutas políticas que conduziram ao regicídio e à queda da monarquia.
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Depois, sob a I República, e já adulto, ele assistiu a um dos períodos de maior violência da nossa história recente: perseguições religiosas, saques de igrejas, devassas da vida privada, golpes de Estado e contra-golpes, fome, desordem civil e assassinatos políticos. Na minha opinião, a frase que proferiu representou um auto-elogio, como que a dizer ao mundo: "Reparem como eu os amansei".