3.3.07

«peanuts»



















O Engº também dá música. Logo, não pode comprar acções da PT.


Aí por baixo, nas caixas de comentários dos «posts» sobre a OPA, abundam comentários relativos ao suposto carácter dos membros da família Azevedo, em especial do patriarca Belmiro. O mimo mais frequente e com mais apoio da geral, é o de que Belmiro «traiu a família Pinto de Magalhães», num negócio ocorrido há umas décadas.###
Os portugueses são useiros e vezeiros em apreciações de caracteres alheios, sobretudo de gente que não conhecem, entretendo-se, depois, a interpretar o seu pequeno mundo circundante a partir dessas certezas. Não conseguem separar o que é pessoal do que é puramente público, profissional ou político.
Esta falta de capacidade para destrinçar o que lhes interessa - porque os pode afectar, do que lhes não diz respeito - porque puramente pessoal, explica em boa parte a pequenez mental do povo em que nos temos vindo a transformar. Em vez de enfrentarmos os problemas, contornamo-los com questões pessoais, as quais, obviamente, não são chamadas para o assunto. Como resultado, em vez de sermos uma sociedade com uma forte identidade comunitária, crítica do poder e com instituições civis fortes que defendam os interesses dos cidadãos, preocupamo-nos em dissertar sobre a honorabilidade alheia (frequentemente de gente desligada de qualquer poder real), a dar caneladas uns nos outros, e a deixar bovinamente o circo passar.
No caso concreto da OPA da PT, o que estava em causa era saber apenas duas coisas: se o negócio se faria no mercado ou numa assembleia geral condicionada por um sem fim de truques legais e estatutários, que levou, mesmo assim, mais de um ano a realizar-se; e se o preço oferecido pelos referidos Azevedos agradava ou não a quem detinha as acções, o que nunca chegaremos a saber. O resto são «peanuts».