
Como é evidente, não está em causa a pessoa do Dr. Portas, nem poderia estar, porque não é ela que se nos é oferecida, nem sobre ela temos qualquer espécie de direitos. Não está, tão pouco, em questão o direito de um político, no caso concreto especialmente talentoso, em querer voltar a fazer aquilo que sempre fez e sabe fazer.
Do que verdadeiramente se trata é da consciência cívica da sociedade sobre a qual este político, ou outro qualquer, quer verter os seus talentos. Para esse efeito, Portas não é um principiante, um novato imberbe a quem é legitimo autorizar toda a sorte de inabilidades ou tropelias. Portas é, desde sempre, um profissional com experiência e provas dadas, com responsabilidades passadas e presentes nos media, nos partidos, na oposição e no governo. Por isso, se se foi embora e se quer regressar, tem de o fazer de modo a honrar o seu passado e a acalentar expectativas em relação ao seu futuro. Não pode – não deve, fazer declarações vagas, imprecisas e rápidas, como se tivesse saído para tomar um café e regressado cinco minutos mais tarde.
Uma sociedade que não tenha perante os seus políticos uma atitude de exigência, não é uma sociedade forte e nunca será uma sociedade liberal.