Questão prévia: «Para felicidade dos adversários da União Europeia, o Tratado Constitucional continua por ratificar...»
- Pode-se ser adversário da "constituição" giscardiana e continuar a apoiar a União Europeia - bem vistas as coisas, no actual panorama, mais do que nunca, quem quiser que o projecto europeu prossiga deve estar contra aquilo que se converteu no seu maior obstáculo: precisamente, a dita "constituição" que a Convenção de M. Giscard D'Estaing, em má hora, entendeu obrar...
Resposta: O simples facto das 3 perguntas do Rui se colocarem, manifesta bem a crise constitucional que a vertente giscardiana da União Europeia engendrou e não consegue resolver. O melhor seria dar o salto para outra dimensão da construção europeia. Parecem-me existir duas hipóteses:
a) Ou esboçar um novo Tratado, sóbrio e desafrancesado, que resolvesse simplesmente a questão institucional, sem pomposidades constitucionais nem requintes napoleónicos, proposta ainda hoje subscrita pela Holanda e que já tinha sido afirmada por Prodi;
b) Em alternativa, abandonar de vez o enorme erro político e jurídico que foi a Convenção, Giscard e quase tudo o que se fez a partir de Nice.
O pior de tudo, claro, seria fazer aquilo que o Rui parece preferir: persistir neste enorme erro que foi a "coisa giscardiana", ratificar às escondidas e fingir que se inventou uma nova forma de integração democrática. A médio prazo, não o duvido, seria fatal para a União Europeia.
Conclusão: é preciso salvar o projecto europeu dos europeístas-militantes-faça-se-a-União a-todo-o-custo-não-importa-como, que tanto mal estão a fazer à Europa...