Em post anterior, sob o título não eram padres, argumentei que a tradição de intolerância existente em Portugal tem sido atribuída com excessiva frequência e exclusividade à Igreja Católica, e que a Igreja possui, nesta matéria como em várias outras, as costas largas. E disse que, pelo menos nos últimos séculos, seria talvez útil procurar essa tradição de intolerância em outras instituições e em outras profissões.###
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Numa série de posts seguintes tracei a origem da tradição moderna de intolerância em Portugal ao Marquês de Pombal, à Universidade de Coimbra e, principalmente, à sua Faculdade de Direito. Seria obviamente uma interpretação abusiva da minha tese inferir que todos os juristas são intolerantes. Aquilo que pretendi descrever foi uma tendência segundo a qual, quando se manifestam tendências ditatoriais no país, com elevada probabilidade elas são lideradas por juristas (e, já agora, com certeza quase absoluta, por universitários).
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Antes desta série, num post sob o título aquilo que uniu, já tinha chamado a atenção para o facto de os ditadores e candidatos a ditadores que Portugal conheceu no século XX - como Salazar, Marcello Caetano, Álvaro Cunhal, Afonso Costa - possuirem todos formação jurídica.
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Recuei agora ao século XIX para identificar, no meio desse século "liberal", os chefes dos governos que tinham sido considerados ditaduras. Nas obras de vários historiadores, encontrei essa referência em relação a três governos: a ditadura de Passos Manuel, a ditadura de Costa Cabral e a ditadura de João Franco.
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Estes três homens eram formados pela Universidade de Coimbra. Se a minha tese está correcta, será difícil adivinhar em que Faculdade?.