16.4.07

O Inimigo Entre Portas

Que vitórias poderá obter uma equipa de futebol se os defesas, sempre que conseguem apanhar a bola, preferem marcar golos na sua própria baliza? Que sucesso terá uma empresa em que, no Conselho de Administração, metade dos administradores gastam todo a sua energia para evitar que a outra metade consiga cumprir um único objectivo?

Não se pode esperar muito daquela equipa ou daquela empresa. Também não devemos esperar muita das nossas autarquias.

Veja-se o caso de Lisboa. Espera-se o quê, exactamente? Sucesso? Cumprimento de objectivos ambiciosos? Quem deve ser responsável por governar está em minoria. Os do PS só estão lá para atrapalhar, pedir mais estudos e adiar tudo o que puder ser adiado. A do CDS era uma trágica mistura de populismo, propaganda e auto-convencimento, com um ego do tamanho do mundo, e deu à luz um documento a que chamou Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado mas que poderia ter chamado, com mais propriedade, Solução Final para a Desertificação do Centro de Lisboa. E, para cúmulo, há um terrorista infiltrado no executivo.

Sem maiorias absolutas, nenhuma autarquia pode funcionar. Nenhuma organização pode ter sucesso quando os objectivos dos diversos membros da equipa de gestão são tão obviamente antagónicos como em algumas câmaras. É por isso que uma das mais urgentes medidas de reorganização administrativa é a mudança para executivos mono-partidários, à semelhança do que se passa com o governo central. O lugar das oposições deve ser a Assembleia Municipal.

Às vezes pergunto-me quem terá tido esta fantástica ideia de transformar os executivos camarários em albergues espanhóis...