Primeiro, decide-se definitivamente que o novo aeroporto vai ser na Ota. Decidi, está decidido. Os outros adiam, eu decido. Já está. É definitivo. É decisivo. É na Ota. Ota Olé, Ota Olá. Foguetório e comes e bebes e faz-se o anúncio. É irreversível.
Depois aparecem os estudos que confirmam quão adequada, perspicaz, avisada, tremendamente iluminada e supramente brilhante foi a decisão. A Ota tem TIR. A Ota tem VAL. A Ota tem yield. Agora é que é irreversível.
Entretanto, bora gastar umas centenas de milhões numa linha de metro até ao aeroporto da Portela. Desta é que eles não estavam à espera. Dotar o aeroporto de metro e assim que o metro chega lá, manda-se o aeroporto para outro lado. Digam lá se a política de obras públicas não é uma coisa divertidíssima?
Mais um entretanto, estoiremos mais uns milhões na Portela. São só 350 milhões, comparado com o que custa a Ota são amendoins. E é só até à grande Ota estar pronta. A Ota é um comprometimento pessoal do ministro. O ministro promete, pela sua honra, estoirar muitos milhões aos contribuintes. É de ministros destes que precisamos. Homens que actuam com convicção. Lino promete, Lino cumpre.
E um terceiro entretanto, mais uma ideia gira. Enquanto gastamos os milhões na Portela, no Metro e na Ota... vamos fazer um outro aeroporto, por aí.
Noutro tempo, chamava-se a isto trapalhadas. Agora é melhor chamar-lhe trampo-linadas.